ASSIM PARECE SER
por Marcos Vinicius Cabral
Numa época em que a qualidade técnica de um jogador era mais importante do que a parte física (isso começou a ganhar novos conceitos e ter contornos sutis com a derrocada da seleção brasileira na Copa da Espanha, em 82), alguns jogadores emergiram e cravaram seus nomes na galeria dos imortais.
Independentemente da posição, fosse goleiro ou ponta—esquerda (espécie hoje em extinção nos gramados), havia ali, um número considerável de jogadores que tiveram uma carreira vitoriosa e muito antes disso, foram campeões na vida.
Sem maquiagem ou roteiro com final feliz, ele foi à luta e superou algumas intempéries que nem o destino, conseguiu fazê -lo desistir.
Peremptoriamente, o destino não foi seu marcador mais implacável!
Assim foi Júlio César Uri Geller, que vendia sonhos (assim como todo garoto de sua idade), nos sinais de trânsito da vida e os transformou em realidade, nos gramados dos estádios do Brasil, principalmente no Maracanã, onde fazia diabruras com os indefesos marcadores.
De tanto se virar nas ruas, se virava como podia para treinar com os meninos da escolinha do Flamengo, nas décadas de 60 e 70, após inúmeras escapulidas dos imponentes muros do clube.
Diante de tal história e com uma perseverança incomum, digna de grandes vencedores, conquistou a torcida rubro—negra e dois jornalistas em especial: Ari Lopes (tricolor mas amante do futebol bem jogado) e Marcos Vinicius Cabral (torcedor do ‘Mais Querido’ e saudosista por si só).
A receita fora prescrita, assinada pela obra do destino e sem saídas para livrar—se da marcação dos dois, o camisa 11 foi marcado de forma limpa, na bola e sem pontapés.
Não havia como fugir da gente! (risos)
Portanto, dessa vez, um dos maiores pontas do futebol brasileiro, que entortava facilmente seus pobres marcadores (assim como o mágico homônimo que entortava talheres), Júlio César Uri Geller vai virar livro.
Uma história de vida sofrida e que se assemelha ao seu eterno parceiro Adílio, com quem mantém laços de uma amizade que começou lá atrás, quando se enfrentaram nas ruas das comunidades onde foram criados para saber quem era o melhor, até envergarem juntos a camisa vermelha e preta, com as iniciais C.R.F mal costuradas no peito.
Com isso, quero aproveitar o ensejo e lhe agradecer por nos confiar tamanha responsabilidade.
Esperamos que sua vida, que será escrita através dessa biografia, seja tão bacana o quanto você é.
E eu, particularmente, me sinto honrado de fazer parte da biografia do Leandro e agora, fazer parte da sua biografia.
Que confronto bacana seria entre vocês, o Leandro te entortando e você, ora o entortando; ora sacudindo o ‘peixe—frito’ pra lá, e ora sendo sacudido pra cá…
Brincadeiras à parte, em primeiro lugar, quero agradecer a Deus por essa oportunidade única e também, lhe agradecer, por ser esse ser humano nota 11.
Abraços, abraços e abraços, Júlio César Uri Geller!
O JOGO QUE ADIOU UM GOLPE
Pimpão comemora o gol que deu a classificação ao Botafogo
O Botafogo conseguiu ontem uma classificação heróica para a próxima fase da Libertadores, com um gol de Rodrigo Pimpão nos minutos finais do duelo contra o Colo-Colo no Chile. Um verdadeiro teste para cardíaco!! Nossa parceira que sabe tudo de futebol, Solange de Albuquerque deixou de ir ao tradicional ensaio da Vila Isabel, segundo ela, por motivos de força maior. Embora a escola de samba seja uma das maiores paixões de Solange, não chega nem perto ao amor pelo Botafogo.
Apesar da comemoração dos vizinhos, em Laranjeiras, a alvinegra não se abalou com o gol sofrido logo aos dois minutos de jogo, que dava a classificação ao Colo-Colo e passou a jogar junto com o time: mudando de canal para ver se dava sorte e segurando um Santo Antônio. E não é que deu certo?
– GOOOOOLLLLLLLL DO GLORIOSOOOO!!!!!!! DÁ-LHE, RODRIGO PIMPÃO!! ESTUFANDO A REDE DO COLO COLO!!!!!!!!!!
A ausência no ensaio da Vila Isabel, que havia desagrado Christian, seu marido, ficou em segundo plano quando o juiz apitou o fim do jogo e o Botafogo seguiu firme e forte na competição mais importante da América do Sul.
O que muitos não sabem, e Solange fez questão de lembrar, é que o duelo entre Botafogo e Coco-Colo tem muita história por trás, e já foi capaz de adiar um golpe militar.
Confira na íntegra o texto enviado por Solange que relembra o duelo histórico de 1973:
por Felippe Rocha e Vinícius Perazzini
Revista chilena ‘Estadio’ exaltou empate que deixou o Colo-Colo perto da final: ‘Já cumpriu’
Santiago, Chile, 8 de maio de 1973. O estádio Nacional tinha capacidade para receber 40 mil pessoas de maneira confortável, mas cerca de 80 mil estavam nas arquibancadas naquela noite. Em campo, Colo-Colo e Botafogo decidiam seus destinos no triangular semifinal da Copa Libertadores daquele ano. O time da casa abriu 2 a 0, mas o Glorioso conseguiu uma virada impressionante para 3 a 2. Com este placar, restaria à equipe brasileira somente derrotar o Cerro Porteño, na última rodada, no Maracanã, para chegar à decisão. Porém, no último lance, o atacante Leonardo Véliz surgiu livre dentro da área e empatou a partida. Para o time de General Severiano, ali foi adiado o sonho de ser campeão da Libertadores. Para o país banhado pelo Oceano Pacífico, o gol adiou um golpe militar que seria dado meses depois.
Explica-se: em 1973, enquanto o Colo-Colo encantava a América, o Chile vivia momentos de tensão, com blocos de esquerda e direita em choque. O socialista Salvador Allende era o presidente do país desde 1970, mas a posse dele fora contestada pela extrema-direita. Entre 1970 e 1973, grupos extremistas tentaram a queda de Allende por meio de ataques terroristas. O Chile vivia crise econômica e os protestos nas ruas de Santiago geralmente acabavam com mortos e feridos. Porém, a boa campanha do Colo-Colo na Libertadores havia gerado comoção entre a população. Militares já tinham arquitetado o golpe em maio daquele ano, mas era preciso esperar a eliminação dos colocolinos: qualquer ação que pudesse atrapalhar o time poderia gerar uma revolta ainda maior contra a tomada do poder. O gol de Véliz no fim foi um balde de água fria nos militares. O Colo-Colo ainda precisava que o Cerro Porteño não vencesse o Botafogo para ir à final. E deu Botafogo, 2 a 0. O golpe teve que ficar para depois.
VALEU, ORLANDIVO!
Os amantes da boa música acordaram mais tristes nesta quarta-feira. Ícone do sambalanço, o cantor, compositor e percussionista Orlandivo morreu hoje de madrugada aos 79 anos.
Embora o futebol não fosse o forte dele, de acordo com Betinho Cantor, Orlandivo estava sempre presente nas peladas e era um grande animador de resenha no saudoso Caxinguelê, nos anos 70. Seus grandes parceiros, Silvio Cesar Paulo Silvino também comandavam os papos após as peladas!
Nascido em Itajaí, Santa Catarina, Orlandivo se mudou para o Rio de Janeiro aos nove anos, onde iniciou sua carreira. De acordo com o “O Globo”, o músico estava prestes a lançar um novo disco celebrando seus 80 anos, que seriam completados em agosto.
Valeu, Orlandivo!
NOVO FENÔMENO CHAMADO JESUS
por Pedro Redig, de Londres
Nos estádios, nos bares e pubs todo mundo só fala do novo craque do Campeonato Inglês: Gabriel Jesus! O menino brasileiro já está fazendo tanto successo no Manchester City que começa a ser comparado com Ronaldo ‘Fenômeno’ quando jovem.
O começo avassalador na poderosa Premier League, inclusive, derruba dogmas sobre os jogadores do país pentacampeão mundial.
– É um mito achar que os brasileiros não são fortes fisicamente – diz o ex-lateral do Manchester United Gary Neville.
Neville e outos comentaristas estão impressionados com a valentia, a determinação e a energia do jovem de 19 anos que lembra o vigor de Ronaldo na mesma idade.
Até agora, tudo parece um grande sonho para o atacante da seleção comandada por Tite. Depois de três gols em dois jogos na Premier League pelo Manchester City, a adoração dos torcedores não para de aumentar.
– Jesus está sempre no momento certo. Exuberante! É um prazer vê-lo jogando com aquele grande sorriso – emenda o ex-centroavante irlandês Niall Quinn, que vestiu a camisa dos ‘Citizens’ na década de 90.
O novo “Brazilian Boy” da Premier League acaba de dar sua primeira entrevista exclusiva desde que chegou à Inglaterra. Ele contou que está realizando um sonho e que escolheu o Manchester City porque recebeu uma atenção especial do novo chefe.
– O Guardiola telefonou para mim. Foi o único técnico que ligou para falar comigo – disse Jesus à ‘Sky’ britânica.
A gentileza do catalão encheu o brasileiro de moral, e Jesus tem deixado o ex-genro de Maradona Sergio Aguero no banco, com cara de poucos amigos, aliás. O técnico que contratou a chamada “jóia brasileira” está mais do que satisfeito.
– Estou muito contente com o que ele vem fazendo – disse Guardiola. “É um lutador e tem faro de gol. Perguntado se Jesus fica no time se continuar marcando, o comandante do City ironizou: “O que você acha?”
Dentro de campo ele esquenta correndo muito, mas Jesus admite estar sofrendo para se adaptar ao temido mau tempo de Manchester.
– Tô tentando me acostumar, mas é frio, muito frio.
Ele lembrou aos ingleses que veio de uma família ligada ao futebol e que jogava bola na rua de manhã, de tarde e de noite.
– Às vezes eu ficava o dia todo sem comer – brinca o atacante.
Jesus admite que chega a se surpreender com a trajetória fulminante, já que, há um ano, ainda estava despontando no Brasil.
– Há quatro anos eu estava jogando na várzea, depois veio o Palmeiras, o ouro olímpico e agora o Manchester City.
Jesus impressiona pela confiança, pelo futebol direto, por correr atrás e estar sempre alerta. No City, ele tem jogado de centroavante, enfiado na área. Os dois gols na vitória de 2 a 1 sobre o Swansea foram marcados quase debaixo da trave.
Fora das quatro linhas, o companheiro Fernandinho tem ajudado na adaptação de Jesus e funcionado como tradutor para a nova atração brasileira da Premier League.
– Até agora tudo tem sido melhor do que eu esperava. Todo mundo tem me apoiado e essa boa vinda é importante – finaliza o brasileiro, sorridente com o primeiro de muitos troféus de ‘Craque do Jogo.’
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Pedro Redig cresceu driblando paralelepípedos na rua da concentração dos aspirantes do Botafogo. Foi da Globo, Reuters e continua levando fintas da alegria que só o futebol traz. É correspondente do Museu, em Londres
A BOLA E O RÁDIO, JORGE CURI
por Marcelo Mendez
“La vai o Vampiro!!”
Houve um tempo em que a rádio que você escolhia era mais importante que o próprio jogo. E nesse tempo cada emissora tinha lá a sua fera. Hoje, como vamos falar de Flamengo, a fera tinha que ser ele, tinha que ser o cara que parou com essa onda aí de zagueiro de nome Mozer para imortalizar o Vampiro…
Jorge Curi, o canhão da Globo AM Rio, é o personagem do ” A Bola e o Rádio” de hoje.
Curi era mineiro de Caxambu, onde começou sua carreira. De lá saiu para o Rio de Janeiro para fazer um teste na lendária Rádio Nacional, ficando por lá até 1972 quando se transferiu para fazer história na Rádio Globo. Com ele não tinha muito isso de parcialidade nada… nunca escondeu que seu maior amor era gritar gol para seu Flamengo.
Para o dia de hoje, vou aqui relembrar de uma noite de dezembro de 1981 quando a gente lá em casa lutava para virar a antena (em 1981 tinha isso viu, gente? Virar a antena de cima da casa pra acertar a imagem e televisão ainda tinha seletor de canais) pra acertar a imagem do jogo e o super rádio de meu avô, fincado pra caçar a Rádio Globo Rio.
Foi o dia que Flamengão do Curi ganhou o mundo e botou a inglesada pra correr atrás da bola. Segue a narração do Mestre para o dia do 3×0 em cima dos gringos e o Flamengo campeão do mundo.