OLHAR REQUINTADO
Como muitos brasileiros, Adriano Ávila respira futebol desde a infância. Quando garoto, passava a maior parte do tempo jogando peladas com os amigos e, como os polêmicos craques, só perdia a paciência quando lhe exigiam maior dedicação na marcação. O outro passatempo de Ávila era o “Futbox”, um jogo de botão adaptado com caixinhas, que ele mesmo inventou aos nove anos. O que ninguém sabia, no entanto, é que esse simples se tornaria o maior conteúdo ilustrado do mundo sobre futebol: o Projeto Futbox.
Com um talento fora do comum para uma criança, Ávila montava caprichosamente as equipes no futebol de botão. Os jogadores da seleção brasileira, por exemplo, eram formados por peças amarelas sobre as azuis. Assim como os alemães entravam em campo com as cores brancas e pretas.
– Com o tempo percebi que tinha uma ótima oportunidade diante de mim, que era juntar minha paixão, o futebol, com minhas expertises, que são ilustração, design e posteriormente gestão de marca.
A partir daí, passou a se dedicar ao projeto e as intensas pesquisas com o intuito de tratar o futebol da forma como ele merece, como ele mesmo define. Em 2006, junto com o amigo Fred Paulino, publicou a primeira investida com a marca e o acervo Futbox, tratava-se do futbox.art.br, site sobre a Copa da Alemanha.
Cinco anos depois, montou uma sociedade com os parceiros Salomão Filho e Bernardo Werneck para a criação do portal. Contudo, para organizar os 20 anos de pesquisas e ilustrações, além do desenvolvimento da navegação, design, iconografia, banco de dados, entre outros detalhes, contou com o apoio de cinco profissionais: Gustavo Varela, Ramon Nogueira, Angellys Silva, André Fidusi e Gabriel Godoy.
O projeto inovador partiu do princípio de pesquisar, catalogar e ilustrar a história do futebol brasileiro e mundial, ampliando o conhecimento do torcedor sobre a história dos clubes, como consta na descrição da página no Facebook. Para se tornar o maior acervo ilustrado do mundo, foram necessários 25 anos de pesquisas sobre simbologias e conquistas dos principais clubes dos cinco continentes, todas as seleções que participaram das Copas do Mundo desde 1930, além de todos os campeonatos que marcaram época no Brasil e no mundo.
– Minha relação com o futebol mudou muito depois do Projeto Futbox. Hoje assisto a poucos jogos, bem pontuais, e quando assisto, presto muita atenção no comportamento da torcida, sua interação com as arenas, quem são os patrocinadores que aparecem nas placas, o design dos uniformes, como a aplicação do escudo ou do patrocinador aconteceu, se está em harmonia com a camisa, etc.
De acordo com ele, o futebol moderno está muito menos romântico e tem afastado a “casa das máquinas” dos estádios, ou arenas.
– O Brasil está elitizando o acesso aos jogos e isso pode provocar um desinteresse do “povão” no esporte, exatamente o nicho que fornece os craques para a disputa de jogo.
Outra crítica feita pelo craque foi em relação ao calendário brasileiro. Segundo ele, a alternativa seria se espelhar no modelo europeu. Sobre o tema, Ávila, que diz ter tomado gosto pela escrita durante o desenvolvimento do Futbox, fez uma pesquisa detalhada e publicou uma análise bacana no site.
Vale destacar ainda que ele foi o responsável pela revitalização visual do América-MG. Com uma boa relação com o clube, desde que procurou os dirigentes para apresentar o Futbox há alguns anos, Ávila recebeu com orgulho o convite para desenvolver o projeto.
– Foram mais de seis meses de muita pesquisa, consulta em projetos internos e acervos do clube até chegar à fase final, onde apliquei o conceito dos 3T$: Tradição, Torcida e Troféus, metodologia de trabalho que venho desenvolvendo, que é a gestão da marca de um clube de futebol através da sua identidade visual.
Por fim, ao ser perguntado sobre quem era seu maior ídolo no futebol, provou que tem um olhar diferenciado ao eleger Tostão, não só pelo desempenho do craque dentro de campo, mas também por sua personalidade:
– O melhor do Tostão, para quem não conhece, não é rever seus lances no Youtube, e sim ir a qualquer livraria e ler um dos seus livros. É algo sensacional para quem gosta de futebol, mas não fica só olhando para a bola.
Futbox
O AEROPORTO DE ITABUNA
por Zé Roberto Padilha
Zé Roberto Padilha
Era um sábado ensolarado do mês de junho e o avião da Varig (lembram-se dela?) se aproximava do Aeroporto Luis Viana Filha, em Itabuna, Bahia, trazendo a delegação do CR Flamengo, que iria fazer um amistoso inaugurando o novo estádio do clube. E como se tratava de Flamengo, dava para ver da janelinha aquelas formiguinhas carregando suas bandeiras vermelho e preta em volta da pista. Estou falando de 1976, naquela época as pessoas recebiam os passageiros da Varig, Vasp e Transbrasil à beira da pista, não tinha aquela passarela suspensa, era olho nos olho, emoção do torcedor na cara do jogador.
Nas ultimas poltronas, após o sambinha do fundo homenageando nosso Merica para desespero das aeromoças, o filho daquela terra que chegara à Gávea ao lado do Dendê, eu e meu parceiro Toninho Baiano. Já jogador da seleção, Toninho, então assíduo do Charles de Gaulle, Orly, e aeroportos cheios de estilo como o de Roma e de Madrid, virou-se para mim e disparou:
– Já pensou, Zé, você chegando nesta “babinha” não mais para jogar, mas de mala, para ficar de vez por aqui.
Não concordei, nem discordei, apenas sorri. Meu silêncio foi de uma cumplicidade e arrogância do mesmo tamanho.
Aeroporto de Itabuna
E descemos aquelas escadas anestesiados pela glória passageira como eterna fosse. Porque jogador de futebol vive seus 15 anos máximos de glória fora da realidade econômica do seu país e da sua família, ou vocês acham que o Gum (120 mil reais/mês), Henrique (160 mil reais/mês) limitados zagueiros do Fluminense, que ganham 4 vezes mais do que nosso mais alto magistrado, não seriam protagonistas, hoje, da mesma história? Perguntem a eles, no fundo do jatinho fretado do Flu, durante a Copa do Brasil, se eles fossem jogar contra o Asa e desembarcassem no aeroporto de Arapiraca não para o jogo de ida, mas para ficar por ali, ganhando salário normal, de um jogador trabalhador da segunda ou terceira divisão do nosso futebol?
A partida entre Flamengo x Itabuna levou 40 mil pessoas ao também estádio Luis Viana Filho no dia 25/01/76, poderoso nome de uma raposa política capaz de batizar aeroportos e estádios, e o placar foi de 5×0 pro nosso time (Luizinho, aos 8, Zico, 17 do 1º tempo, e Caio aos 24, 27 e 32 do 2º), e saímos dali nos braços queridos dos baianos, levando aquele diálogo de fundo de avião como uma norma taxativa da irrealidade em que vivíamos.
Daí fui para o Santa Cruz, em Recife, dois anos depois machuquei meu joelho, operei em uma época em que a medicina retirava todos os meniscos no lugar de isolar apenas sua parte lesionada, preservando aquele fundamental órgão de amortecimento, e acabei colocado em disponibilidade no mercado esportivo. Minha esposa estava grávida da nossa primeira filha, a Roberta, quando desembarquei de uma excursão à Arábia Saudita com o Santa Cruz, onde meu joelho não mais respondia aos apelos do meu pulmão para correr pelo campo todo. Sem ele, restou-me o currículo para atrair clubes ainda interessados. O primeiro foi o Bahia. Fui para Salvador realizar exames médicos e escolher apartamento. Ainda arrumava as malas quando um diretor do Santa Cruz me abordou com aquele velho chavão:
– Tenho duas notícias, uma boa e a outra ruim. Qual delas prefere?
A ruim era que o departamento médico do Bahia vetara minha contratação. A boa era que um clube baiano, diante da recusa do seu rival no estadual, pagava o mesmo preço. Sem exames médicos. Este clube era o Itabuna FC.
Quando o avião me levou, três anos depois, de volta para aquele aeroporto, desta vez para ficar, com a mala cheia de vergonha e um pensamento no preconceituoso diálogo travado com o Toninho, não consegui esconder minhas lágrimas quando a cidade parou numa quarta feira para assistir nosso primeiro treino. Tratava-se da principal atração do clube do cacau para o estadual da primeira divisão baiana de 1979 e no primeiro toque na bola senti meu joelho. E eles respeitaram minha saída cabisbaixa do treino, ajudaram na minha recuperação pelo SUS, incentivaram meu retorno e a manter, até o final do contrato, um salário digno de um trabalhador já então pai de família.
Naquele ano não foi apenas a Roberta que nasceu, mas uma lição definitiva de humildade explícita foi incorporada a vida da gente. Aquela “babinha” foi o lugar que me acolheu e desnudou o quanto são “bobinhos” os que se deixam seduzir pelo efêmero poder de ser um dia jogador de futebol do Flamengo.
ADEUS, MARACANÃ!
por Zé Roberto Padilha
Zé Roberto Padilha
Estava de férias na casa de minha irmã, em Angra dos Reis, quando recebi um convite para defender o time dos marinheiros. O pessoal do cais soube por ela que jogara bola e havia um clássico local no sábado, no Frade, contra o campeão da liga amadora. Estava com 42 anos e havia encerrado minha carreira no Bonsucesso FC, sete anos antes, mas jamais deixei de exercitar-me, apesar do joelho trioperado requerer extremos cuidados. A chuteirinha, já desgastada, sempre nos acompanhou nas viagens e não seria problema, estava no carro além do kit sobrevivência formado por um tubo de Balsamo Bengué, com salicilato de metila, um envelope de Rehidrat e cápsulas de Cebion.
Quando cheguei ao estádio, modesto e pouco gramado, tomei até um susto. Casa cheia, gente saindo pelo ladrão, deveria ser o programa obrigatório daquele balneário simples que sustenta os hóspedes dos reis que Angra acolhe com seus marinheiros, cozinheiras, porteiros e babás. Ou se tratava de uma revanche que pouco comentaram a respeito. No vestiário, pedi a camisa 11 para ficar a vontade e me posicionei aberto na ponta esquerda aquecendo. O lateral direito que me marcaria, não estava em sua posição, mesmo diante da saída iminente da bola a nosso favor, batia papo com o zagueiro central. Seu comentário passava em letras garrafais no telão imaginário:
– Olha o coroa que vou pegar. Acho que hoje vou deitar e rolar!
Pedi que me passassem a bola, recebi um pouco a frente e parti em velocidade pelos caminhos abertos, e em cinco toques estava na cara do goleiro. O lateral só notou que a partida começara no terceiro toque, pois no quarto já passara por ele e no quinto chutava a bola com raiva para o gol (onde já se viu, não respeitar o meu passado?) .O goleiro defendeu, ela voltou em minha direção e entrei com bola e tudo. O silêncio do estádio só foi interrompido com a bronca que todo o time dera no lateral, que subestimara o velhinho, e o gol mais rápido da história do Frade fora registrado naquela tarde.
Gato preto contra rato calvo, a partir daquele momento começou a caça do lateral sobre mim. E ele pagou cada pré julgamento com deslocações constantes, passes precisos e um preparo físico que ele jamais imaginou enfrentar diante dos amigos que debochavam dele o jogo todo junto ao alambrado. Vencemos a partida e no dia seguinte meu joelho, inchado e dolorido, contrastava com o orgulho de ter feito um grande jogo.
Descobria ali que não é o ostracismo que nos atiram após a profissão que nos machuca. É o oxigênio do prazer de exercer uma vocação que desde menino se aflora e nos destaca. Sem a bola nos pés, somos mais um respirando o ar das multidões. Trata-se da meta atingida pelo caixa da Caixa, a petição triunfal, a nota 10 do doutorado, o reconhecimento do chefe. A promoção que pede um brinde e uma comemoração. Cada um com seu dom, e ele te diferencia, te faz importante e justifica sua presença aqui na terra.
(Foto: Flickr Fabian Ribeiro)
Demorei quinze anos buscando este oxigênio por gramados cada vez mais vazios. E trazendo de lá as articulações, e o conceito duramente alcançados, cada vez mais comprometidos. Até que meu pai, à beira de um dos últimos embates, nos chamou a atenção pelo tempo da bola que se perdia, a passada que se desconectava do lançamento, o domínio e a habilidade que as lesões impediam.
– Você, meu filho, tem um nome a zelar. Está na hora de parar!
Desde então resolvi estudar. Primeiro jornalismo, agora História. Escrever o que vivi e não mais empanar o que joguei. Nunca mais encontrei um lateral daqueles para enfrentar a não ser em sonhos, e das lembranças do Maracanã, nem ouso por perto passar. Dizem que é lindo no padrão FIFA, mas fico a imaginar o que fariam, hoje, Gerson, Rivelino, Paulo Cézar Caju e Zico com um gramado daqueles, um Rodrigo na zaga, uma bola tão leve e uma chuteira que parece uma pluma? Assistam Pelé Eterno, certamente se aproximariam do ET que faz o papel principal.
Adriano Gabiru
Como é a vida de Adriano Gabiru no Tupi, da segunda divisão gaúcha
texto: Rafael Diverio | fotos: André Ávila
Aos 39 anos, Gabiru está de volta ao futebol do interior gaúcho (Foto: André Ávila / Agencia RBS)
Os dirigentes do Tupi, de Crissiumal, tiveram acesso ao número do WhatsApp de Adriano Gabiru em 14 de janeiro. Queriam contratar o autor do gol que deu o título mundial ao Inter, em 2006, para disputar a segunda divisão do futebol gaúcho. No dia seguinte, mandaram uma mensagem de texto. Gabiru visualizou, mas não respondeu. Uma segunda mensagem foi enviada, sem retorno. Mais algumas tentativas ficaram sem resposta. Até que o diretor de futebol Junior Mujica resolveu mudar a estratégia: gravou um áudio e endereçou ao jogador de 39 anos, que àquela altura estava em Taboão da Serra, região metropolitana de São Paulo. Pouco depois, também por áudio, Adriano respondeu. Aceitava a proposta e se apresentaria dentro de alguns dias.
Começou assim a aventura em Crissiumal do herói de Yokohama, aquele camisa 16 que há pouco mais de 10 anos mudou a história do Inter — e da rivalidade Gre-Nal — ao receber passe de Iarley e marcar o gol da vitória sobre o Barcelona. No noroeste gaúcho, Carlos Adriano de Souza Vieira vive sua terceira passagem por times do interior do Estado.
Desta vez, o cenário não é o maior município da região da Campanha, Bagé, onde Gabiru defendeu o Guarany, ou Panambi, com quase 50 mil pessoas, terra do time homônimo ao qual o jogador também emprestou sua fama. Ele está em uma cidade pequena e pacata — são 14 mil habitantes, mais da metade na zona rural.
Esta nova aventura pode ser a última. Às vésperas de completar 40 anos, em agosto, o alagoano de Maceió pouco fala em aposentadoria. Apesar de ainda gostar de jogar, de treinar e da “resenha” com os colegas, o corpo não é mais aquele que o levou aos títulos de campeão brasileiro, pelo Atlético-PR de 2001, da América e do mundo, pelo Inter; não é mais aquele corpo que vestiu a camisa da Seleção Brasileira em três jogos nos primeiros anos do século. Gabiru está magro, participa de todas as atividades — um olhar mais atento, inclusive, nota que está em melhor forma do que praticamente todos os seus companheiros —, interage, até brinca. Mas, nesta idade, são raros os que continuam atuando profissionalmente. Mais raros ainda aqueles que ainda mantêm os salários altos, como Zé Roberto no Palmeiras.
Financeiramente, a proposta para deixar o Taboão da Serra não era a ideal — na teoria. Em São Paulo, Gabiru tinha previsão de ganhar R$ 4,5 mil por mês (o mesmo valor pago ao uruguaio Acosta, ex-Náutico e ex-Corinthians, a outra “estrela” do time). Mas o clube não é propriamente um centro de organização, e a terceira divisão paulista flerta com o amadorismo. Tanto que Acosta e Gabiru, apresentados à imprensa em um supermercado, não estavam com os vencimentos em dia.
Por isso, a oferta do Tupi de pagar R$ 2,2 mil a cada 30 dias acabou vindo em boa hora. O dinheiro é arrecadado pela Associação de Colorados de Crissiumal, um grupo de torcedores do Inter que convoca seus integrantes a contribuir com qualquer valor. O contracheque é um bom termômetro da carreira de um jogador. Na primeira passagem de Gabiru pelo interior gaúcho, em 2012, ganhou R$ 70 mil pelos três meses de disputa da Divisão de Acesso pelo Guarany de Bagé. Em 2015, o Panambi pagou cerca R$ 15 mil por três meses de contrato.
Com o salário de R$ 2,2 mil no bolso, Adriano deixa o Estádio Rubro-Negro (Foto: André Ávila / Agencia RBS)
Na manhã do dia 15 de março, horas antes de sua estreia, Gabiru e os demais jogadores foram chamados ao Estádio Rubro-Negro para acertar o pagamento do mês. Às 11h25min, Gabiru saiu do vestiário com o envelope nas mãos, guardou-o no bolso da bermuda, despediu-se dos colegas e deixou o estádio rumo a uma das cinco agências bancárias. Precisava depositar as notas na conta de sua mulher, Andrea, que mora em Curitiba com os filhos Lucas e Luís, gêmeos de 13 anos, e Isabelle, de 12 (o jogador tem ainda outro filho, Adriano, de um primeiro relacionamento. O rapaz de 19 anos vive em Maceió).
— Dá tempo de ir lá, é rapidinho. Depois te levo ali para cortar o cabelo e voltamos para almoçar — oferece-se o meio-campista do Tupi Giliardi, que virou um amigão de Gabiru há dois anos.
Os dois se conheceram quando jogaram juntos no Panambi. Natural de Pelotas, com passagens por mais de uma dezena de clubes — muitos deles no interior gaúcho —, Giliardi, 34 anos, é a referência local do alagoano. Foi, inclusive, o intermediário da negociação que o trouxe de Taboão da Serra para Crissiumal.
— Foi o Giliardi quem me disse para vir para cá. Ele é meu amigão mesmo, ajuda. Já até fui a Pelotas com minha família e fiquei na casa dele — conta Gabiru.
— Ele é meu irmão que conheci depois de mais velho. Trocamos ideia, nossas famílias se dão bem. Lá em Pelotas, levei na Lilian Lanches (tradicional casa de baurus). Ele disse que adorou — comenta Giliardi, que, a bordo de seu gol, empreendeu o circuito estádio-agência-barbeiro-estádio em 35 minutos.
Giliardi (sorrindo na foto) é o grande amigo de Gabiru em Crissiumal (Foto: André Ávila / Agencia RBS)
No primeiro evento de marketing, jogador provocou polêmica
Tudo começou quando Giliardi, depois da pré-temporada, decidiu sair do clube paulista. Insatisfeito com a estrutura, com a desorganização e com atrasos de pagamentos, entendeu que o sacrifício de ficar longe da família não estava sendo recompensado. Disse sim à sondagem do Tupi e à proximidade de casa. O que, se formos colocar na ponta do lápis (não do mapa), é uma meia verdade: para se deslocar do sul ao noroeste do Estado, são mais de sete horas de carro. No avião, seria possível fazer São Paulo-Pelotas, passando pelo aeroporto Salgado Filho, em menos tempo.
— Mas ia gastar mais, né? — argumenta Giliardi.
Já em Crissiumal, sugeriu aos dirigentes que buscassem Gabiru. Atestou que o amigo estava em boa forma física, havia disputado quatro partidas em São Paulo e ajudaria o time. Além, claro, de ser uma peça de marketing, sempre importante para uma comunidade que vive apartada dos olhares do futebol profissional.
A publicidade pesou para os dirigentes. Viram na contratação do jogador a possibilidade de atrair novos patrocinadores que permitissem aumentar um pouco a folha salarial — entre atletas e comissão técnica, o Tupi gasta R$ 29 mil mensais. Rivais diretos, como Pelotas e Esportivo, por exemplo, investiram mais do que o triplo para tentar retornar à elite do Gauchão.
Grades das arquibancadas viram varal: folha salarial do Tupi, de R$ 29 mil, é uma das menores da segunda divisão (Foto: André Ávila / Agencia RBS)
Neste acordo de marketing, há uma cláusula. Gabiru está autorizado pela direção a participar de eventos dos consulados e associações de colorados da região — desde que não interfiram em seu desempenho em campo. Pois já na primeira festa, o jogador se envolveu em uma polêmica. O consulado do Inter em Santa Rosa pagou R$ 600 para que ele comparecesse, contasse a história daquele gol sobre o poderoso Barça e tirasse fotos com dezenas de pessoas vestindo vermelho e branco. O problema é que o ídolo se empolgou, digamos. Os relatos são de que a cerveja de graça, a comemoração e, vá lá, o calor deixaram-no com muita sede. O excesso de tudo acabou transformado em um vídeo de torcedores. Que provocou um efeito cascata: uma pessoa recebe aqui, outra ali, outra põe em um grupo e, quando você vê, o Estado inteiro tem acesso às imagens de Gabiru segurando uma long neck e falando meio enrolado que vai “num pagode”.
A cena motivou uma reunião dos dirigentes. Eles decidiram mantê-lo no grupo. A justificativa: o atleta estava de folga, autorizado pela direção, e a festa não interferiu em seu desempenho, afinal ele não tinha condições legais de jogo e só entraria em campo dali a 10 dias.
— Eu não estava nem no BID (o registro oficial na CBF) — defendeu-se o jogador em entrevista às rádios locais, quando perguntado sobre a polêmica.
No fim das contas, até que tivesse condições de pisar no gramado e vestir a camisa, o único lance de marketing acabou sendo, mesmo, o vídeo viralizado. Porque, fora isso, clube e atleta entenderam que é melhor jogar primeiro e depois aparecer.
Daí que a chegada de Gabiru a Crissiumal não teve a celebração prevista. Ele viajou de Porto Alegre a Ijuí em um domingo. Integrantes da direção buscaram-no na rodoviária e o levaram à nova casa sem qualquer tipo de escolta de torcedores, foguetório ou alarde especial nesses 100 quilômetros de estrada.
Na cidade, Gabiru foi instalado no Parque Balneário Amorim, uma pousada bem conhecida. Há cabanas que, no verão, atraem turistas interessados em repousar, refrescar-se em piscinas com toboágua, preparar churrascos, jogar sinuca e isolar-se um pouco do resto do mundo. Além dessas cabanas, há também uma área que se assemelha a um hotel, com quartos individuais. É ali onde estão Gabiru e Giliardi, além do técnico Leco, do preparador físico Sílvio Rogério da Silva, dos atacantes Eraldo e Cléberson e dos zagueiros Léo Korte e Ílson, o Galo.
— É, ele está aqui, sim. Mas quase não aparece. Toma café na dele, conversa baixinho com o pessoal. Estou acostumado a receber o pessoal do futebol, não muda muito — pondera Luis Fernando Classmann, um dos donos da pousada, que prepara parte da comida e, apaixonado por futebol, faz companhia ao pessoal.
Gabiru trabalha envolto em um misto de idolatria, admiração e surpresa. Idolatria, claro, dos colorados. Admiração pela trajetória de clubes grandes — antes do Inter, defendeu Atlético-PR, Cruzeiro e Olympique de Marselha-FRA; depois, Sport, Figueirense e Guarani —, títulos e convocação para a Copa das Confederações de 2003 com a Seleção de Carlos Alberto Parreira. E surpresa pela humildade com que trata os companheiros e se dedica nos treinamentos. Como conta o atacante Mumuzinho, crissiumalense, 18 anos recém-completados:
— Ele me deu conselhos, falou comigo.
— Que tipo de conselhos?
— Ah, de vida. Disse para me cuidar, não sair na noite…
— O Gabiru te disse para não sair na noite?
— É.
— Ok.
O preparador de goleiros Beto, também campeão mundial, mas com o Grêmio em 1983, fala:
— Ele tem muita humildade, vai acrescentar e nos ajudar aqui.
O técnico Leco, que comandou a equipe nas duas primeiras semanas antes de ser demitido, no dia 20 de março, vai na mesma linha.
— Fiquei impressionado com a vontade dele. Não reclama de nada. Na verdade, ele nem fala muito — diz o treinador, fazendo referência à notória timidez de Gabiru.
Timidez que o acompanha desde a infância pobre e cheia de dificuldades em Maceió.
O futebol apareceu como chance de escapar da pobreza. Ao mesmo tempo, afastou-o da escola. Mas a aparência — corpo magro, pele escura — e, aos olhos do ex-goleiro Flávio, colega no Atlético-PR, a semelhança com os gabirus, uns ratos pretos típicos de Alagoas, motivaram o apelido. Que Gabiru adotou sem reclamar.
Não criticar, inclusive, é uma característica do jogador. A impressão, no fim das contas, é que enquanto Gabiru puder jogar, “tudo está bom”
— Fui entrevistá-lo na rodoviária de Ijuí. Mas ele só me disse: “Estou feliz, estou contente de estar em Crissiumal” — conta o jornalista Luiz Henrique Berger, da Rádio Progresso.
Ao repórter Renan Turra, de Zero Hora, as palavras no dia da confirmação de sua contratação foram:
— É bom demais, estou feliz pra caramba.
Sobre o Taboão da Serra, em nova entrevista a Zero Hora, disse:
— Não tenho muito o que reclamar de lá. Estava bom também.
O único desconforto que demonstrou, ao menos inicialmente, foi o de ter as lentes das câmeras apontadas para si no último treino antes da estreia. A toda hora, mirava o repórter fotográfico André Ávila, de Zero Hora, fazia uma expressão contrariada. Depois, ficou incomodado ao ser chamado para gravar uma entrevista. Ela seria no Parque Amorim, mas acabou sendo na arquibancada do Estádio Rubro-Negro.
Gabiru começou a conversa meio arredio, mas logo entregou a explicação para todo esse mal-estar: Adriano desconhece o tamanho que tem.
— Sabe que até hoje não me caiu a ficha? — responde ao ser perguntado sobre o que representou o gol em Yokohama.
Por não compreender sua proeza é que se julga apenas mais um atleta correndo atrás da bola no Interior. Por consequência, demora a perceber que cada passagem sua pelo Rio Grande do Sul sempre atrairá olhares.
É Giliardi quem tenta lhe explicar um pouco mais sobre sua importância:
— Sugeri que ele abrisse uma escolinha aqui no Estado depois de parar. Afinal, quem não iria querer jogar no time do cara que ganhou do Barcelona?
De fato, o único projeto sólido que Gabiru apresenta para quando largar a carreira é de ensinar crianças a jogar bola. E sabe que sua grife tem mais peso no Rio Grande do Sul. Por enquanto, tudo é imaginação. Adriano diz que ainda não pensa em parar, mesmo beirando os 40 anos:
— Quem sabe disso é Deus. Primeiro quero atingir meus objetivos aqui em Crissiumal.
Morar no Estado não será problema para o alagoano. Como sempre, alega estar “muito feliz” e ser “bem recebido” em solo gaúcho. Mas sua família, por enquanto, segue em Curitiba. O apartamento da capital paranaense é uma das duas propriedades que Gabiru diz ter. A outra seria uma casa na zona sul de Porto Alegre.
Boa parte do dinheiro que ganhou em polpudos contratos com alguns dos maiores clubes brasileiros, bem como os euros recebidos na passagem pela França, se perdeu em algum momento. Gabiru não quer falar disso aos jornais. A amigos, revelou que “foi roubado por empresários e dirigentes”. Além de ter gastado um pouco mais do que poderia. Segundo algumas pessoas próximas, se não fosse Andrea segurar a barra, a situação estaria ainda pior. Assim, os R$ 2,2 mil que Gabiru depositou no banco, na carona de Giliardi, fazem diferença no orçamento familiar. Para completar a renda, Andrea vende cosméticos Mary Kay.
— Ela está recém começando, ainda não é daquelas chefes que têm o carro rosa — comenta o jogador.
Há outra expectativa na família. Gabiru move um processo trabalhista contra o Inter. Os valores exatos não são divulgados, mas giram em torno de R$ 3 milhões. O caso está em segunda instância na Justiça gaúcha. O clube tentou um acordo, mas a proposta — que seria de dar um emprego ao ídolo como uma espécie de embaixador, a rodar o Brasil para falar do título, tirar fotos e agradar torcedores — não foi aceita.
— Tenho um advogado em Curitiba cuidando disso. Prefiro não falar do processo — avisa Gabiru.
Na estreia, camisa 8 personalizada acabou ficando no vestiário
15 de março: com o mesmo número que o celebrizou, Gabiru deixa o banco de reservas e estreia pelo Tupi, de Crissiumal (Foto: André Ávila / Agencia RBS)
Então, que se fale de futebol.
Gabiru, depois de um imbróglio burocrático envolvendo Taboão da Serra, Federação Paulista e CBF, finalmente foi inscrito na Divisão de Acesso gaúcha. Com a liberação dos trâmites, poderia, enfim, vestir sua camisa 8 personalizada: é a única do grupo que tem o nome atrás, “A. Gabiru”. O 16, que o consagrou no Inter, ficaria em segundo plano. Queria o número que usou no Atlético-PR e na Seleção. Mas não foi bem assim.
Na quarta-feira, 15 de março, pouco antes de receber seu salário, foi chamado para um bate-papo com Leco, que comandava sua segunda partida pelo clube e estava ameaçado depois de levar 4 a 0 do Lajeadense na estreia (Jair Galvão o substituiu na segunda-feira, 20). O treinador botou a mão sobre os ombros do jogador, e os dois caminharam em direção ao centro do campo. Conversaram, de costas para o túnel que dá acesso aos vestiários e à arquibancada. Mais cedo, no café da manhã, o técnico havia comentado:
— As pessoas acham que o que a gente faz é fácil. Não é. Muitas vezes, não entendem algumas escolhas. Mas é que temos que deixar peças como opção para mudar o jogo se precisar. Imagina se escalo tudo o que tenho de bom e não dá certo? Fico sem alternativas.
Às 15h, o recado fez sentido. A súmula da partida havia sido liberada, e a escalação do Tupi tinha Gabiru no banco. Vejam só, com a número 16.
A essa altura, o São Luiz já havia deixado o Parque Balneário Amorim. O clube usou as dependências da pousada, localizada a 500 metros do estádio, como vestiário. Lá, o técnico Leco deu sua palestra, explicou como queria atacar, pediu atenção na defesa e apontou o que considerava ser os pontos fracos do adversário.
A torcida organizada do Tupi (Foto: André Ávila / Agencia RBS)
Na torcida local, era inegável o entusiasmo. Apesar de certa decepção provocada pelo comportamento registrado naquele vídeo, ver Gabiru de perto motivava a comunidade. Às 16h de uma quarta-feira útil, as arquibancadas receberam entre 450 e 500 torcedores. As músicas da torcida organizada eram uma versão adaptada daquelas entoadas nos estádios da Capital — destaque para “minha camisa rubro-negra e a gelada na mão”.
Adriano posa para fotos no Estádio Rubro-Negro (Foto: André Ávila / Agencia RBS)
A partida era válida pela terceira rodada da Divisão de Acesso. Para o Tupi, seria apenas o segundo jogo: a estreia, contra o Panambi, fora adiada porque o adversário não tinha ainda juntado um time para disputar a competição. A decisão da Federação Gaúcha, aliás, contrariou bastante a direção do representante de Crissiumal. Pudera: acostumado a receber mais de 1,5 mil torcedores em partidas aos domingos, o clube terá os quatro jogos em casa do primeiro turno no meio da semana. Como o estádio não tem luz, o jogo tem de ser à tarde.
— Será que dá para vocês divulgarem no jornal uma solicitação nossa? Já que a FGF beneficiou o Panambi com o adiamento da primeira rodada, que pelo menos inverta o mando de campo. Assim, eles jogam na quarta-feira em casa, e tem iluminação. E no segundo turno, que vai ser domingo, nós fazemos em casa — pede Alberto Biasibetti, presidente do Tupi.
Dá. Feita, publicamente, a solicitação.
Do banco, Gabiru acompanha a apreensão do técnico Leco: Tupi estava perdendo por 2 a 0 em casa para o São Luiz (Foto: André Ávila / Agencia RBS)
Quando o juiz apita o início de jogo, Gabiru está sentado no último lugar do banco. Protegido do sol por uma telha de zinco que serve como cobertura e fecha as laterais da casamata, ele não pode se encostar. Os mais de 30ºC que assolam Crissiumal fervem as paredes.
O jogo é nervoso. Leco grita, pede atenção, orienta os comandados, debate com o quarto árbitro, esbraveja nos erros. É amparado pelo preparador físico Sílvio Rogério da Silva. O Tupi joga melhor, domina, perde chances e vê, no último lance do primeiro tempo, o São Luiz sair na frente, para a festa de 15 torcedores que saíram de Ijuí e conviveram pacificamente com os donos da casa. A conversa no intervalo não surte efeito: aos 12 minutos da segunda etapa, os visitantes ampliam.
No que a bola toca a rede do goleiro Josemar Shrek (o apelido vem do desenho animado), Leco chama Gabiru. Ele teria pouco mais de meia hora para mostrar seu futebol e convencer a torcida de que a aposta era uma boa — e, quem sabe, buscar um empate.
Logo após sua entrada, o Tupi diminui o placar, gol de Paim. E chega ao empate quando Giliardi cobra um escanteio e a zaga do São Luiz faz contra. O árbitro dá o gol para o amigo de Gabiru.
Adriano Gabiru não teve participação direta na reação. Movimentou-se pelo campo, carimbou a bola (jargão da linguagem do futebol para “dar passes curtos”), arriscou um ou outro drible. Mas não gritou com ninguém, não orientou, não reclamou. Entrou no campo e jogou bola.
— Estava com friozinho na barriga. A gente sempre sente isso. Depois passa, mas o começo é igual todas as vezes — disse, enquanto tirava fotos com torcedores, colegas de time, jornalistas e até adversários.
Aos 39 anos, talvez tenha sido sua última estreia. Mas não foi sua última “resenha”.
Mais tarde, no Parque Balneário Amorim, dividiu uma cervejinha com Giliardi, Ílson e Ronaldinho Gramadense, que joga no São Luiz. Conversaram, analisaram o jogo, contaram histórias. Perto das 21h, a Associação de Colorados levou Gabiru a uma “reunião”. Desta vez, sem vazamento de vídeo.
“Quero atingir meus objetivos em Crissiumal”, diz Gabiru (Foto: André Ávila / Agencia RBS)
Matéria publicada originalmente em 24 de março de 2017, no ZH Esportes.
ENTRE DELAÇÕES E SIMULAÇÕES
por Zé Roberto Padilha
por Zé Roberto Padilha
Estamos, desde quarta-feira passada, hipnotizados diante da televisão esperando o momento do presidente da república reagir diante de um empresário corrupto que se vangloria de aliciar juízes, procuradores e de obstruir investigações da Lava-Jato. Não contra a qualidade ou legalidade das gravações, como enfaticamente tem feito. Se ele, que se apossou ilegitimamente do trono republicano, acha tudo normal, e não chama a SWAT, a Interpol ou a Polícia Federal para prender o porta voz daquela carne estragada, o que seria anormal no Brasil? Troco de canal, fecho as obscuras manchetes de domingo e vou assistir Vasco x Bahia pela manhã em busca de algo mais decente.
Pelo WhatsApp recebo fotos dos amigos dos meus netos, Lucas e Miguel, chegando com seus pais a São Januário. A mãe, que as postou, dizia orgulhosa “Tudo pelos filhos!”. Realmente os gêmeos, duas figuras adoráveis, bons de bola e educados, mereciam assistir a um espetáculo, ao vivo, mais decente do que os reprisados incessantemente pela GloboNews.
Aos 23 minutos do primeiro tempo, porém, Kelvin entra em velocidade pela esquerda, cruza no primeiro pau e Luís Fabiano toca de primeira para o goleiro baiano, Jean, realizar uma grande defesa. O jogo prometia, vai valer a pena a viagem dos meninos, imaginei. Mas no lugar de se levantar, o arqueiro baiano lembra dos conselhos que recebeu de uma velha raposa da posição, talvez arqueiro da JBS Futebol Clube: “Após uma grande defesa, permaneça caído. E levante o braço pedindo atendimento mesmo sem ser atingido!”.
No meio isolado em que vivem e se postam, onde antigamente mal nascia grama, chama-se “O pulo da raposa!”. No lugar do escanteio, ou da rápida reposição de bola, a TV é obrigada a reprisar toda a defesa, várias vezes, enquanto durar a paralisação. E ela acaba imortalizada ao conceder aos goleiros replays apenas destinados aos artilheiros. E indo para a galeria do G10.
Pouco adianta, neste momento complicado do nosso país, tirar as crianças da sala para não assistir aos maus exemplos dos nossos políticos. Existem várias muralhas desabando fora dele, em campo, sob o menor impacto com o centroavante adversário. Mas e quando os tiramos da cama e os levamos cedo para São Januário a procura de bons jogos e belos exemplos?
Com um cigarro Vila Rica às mãos, nosso canhotinha de ouro, Gérson, então tricampeão mundial, afirmou certa vez em um comercial: “O negócio é levar vantagem em tudo, certo?” Errado. O Vasco ganhou por 2×1, amenizou a crise, mas deve ter sido difícil, na viagem de volta, Leonardo e Olivia explicarem para seus meninos novos gestos ilícitos privados tomados em causas públicas, como a do Jean, que logo se levantou após seus 30 segundos de simulação.
Então, meus goleiros, dar logo sequencia ao jogo e não simular a queda é um exemplo que precisa ser dado neste momento em que o nosso país precisa levantar rápido, sair jogando com ética e pegar a corrupção no contra ataque.