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ANCHETA, UM DOS MELHORES BEQUES DA HISTÓRIA GREMISTA

por André Felipe de Lima


Estava cansado. E tinha motivos de sobra para chatear-se com os cartolas do Nacional. Afinal, chegara ao tradicional e campeoníssimo clube de Montevidéu com apenas 15 anos. Cresceu e, com a tradicional camisa branca, ajudou o Nacional na conquista de quatro campeonatos uruguaios [1966, 69, 70 e 71] e de uma Taça Libertadores da América [1971] e, de quebra, era titular absoluto da seleção uruguaia. Nada mal para quem era ídolo da torcida e um dos melhores zagueiros de seu tempo e o melhor do mundo em 1970. Mas como tolerar quatro meses sem receber um salário de apenas 1100 cruzeiros, ninharia para sua época? Prêmios por vitória, os chamados “bichos”? Ah, aquela dívida era monumental, algo em torno de 120 mil cruzeiros. Ancheta, definitivamente, cansou. Pediu as contas e decidiu que no Nacional, que devia cerca de 5 milhões de cruzeiros na praça, não ficaria mais.

Se for para ser ídolo, seria em outro lugar, ganhando o que realmente merecia um craque de sua estirpe. Foi assim que, em outubro de 1971, o Grêmio herdou do Nacional aquele que faria de sua trajetória nos campos brasileiros um dos melhores jogadores da história gremista.

Se o Grêmio teve dificuldade para comprar o passe de Ancheta? Nenhuma.
Quem aparecesse com dinheiro na sede do Nacional levava qualquer um dos craques do time. Que tal um Cubillas? Ou um Artime? Quer o Montero Castillo e o “cobra” Espárrago? A “feira” uruguaia era farta. Mas os cartolas gremistas só tinham olhos para Ancheta. E botaram preço.

Luís Silveira Martins e Luiz Carvalho [grande ídolo do passado Tricolor] ofereceram 250 mil cruzeiros, o passe de Chamaco [comprado ao River Plate, em março de 71, por 100 mil] e a renda de um jogo em Porto Alegre que garantisse, no mínimo, 200 mil. A soma de 550 mil foi muito em conta. Ancheta, um craque, à preço de banana. Melhor, impossível. Negócio da China para o Grêmio e um grande alívio para Ancheta. Nem mesmo a disputa do Mundial de clubes, no mês seguinte, contra o grego Panathinaikos, comovera-o. Muito menos a chiadeira da imprensa uruguaia. O El País estampou a manchete “Ancheta, o melhor jogador do futebol uruguaio vai embora”. Já o El Día intimou a Associação Uruguaia de Futebol pra que evitasse que mais ídolos locais debandassem. “Olha, eu tinha direito a 20% sobre o preço do passe. Mas abri mão para facilitar o negócio. Também aceitei receber apenas a metade do que o Nacional me devia em prêmios. Era o único jeito de sair de lá.”

O Nacional acabou campeão do mundo. E Ancheta? Estava muito feliz com a nova casa, em Porto Alegre.

O Inter, quando soube que o Grêmio comprara o passe de Ancheta, então o melhor zagueiro do planeta, tratou de acelerar a vinda do antagonista do uruguaio: o defensor Elias Figueroa, chileno e um dos ídolos do Peñarol, arqui-rival do Nacional.

NA VAGA DE UM ÍDOLO


Atilio Genaro Ancheta Weiguel nasceu no dia 19 de julho de 1948, na cidade de Florida, no Uruguai. Sua primeira experiência futebolística foi aos sete anos de idade, na sua cidade natal, no Clube San Lorenzo, e seu ídolo, desde pequeno, era o zagueiro Emílio Alvarez, do Nacional.

Quando completou quinze anos, foi convidado por um amigo para fazer um teste no Nacional, onde ingressou nas categorias de base como centromédio. Gostava tanto da posição que recusou várias tentativas de o escalarem na zaga. Só se convenceu de que deveria recuar ainda mais quando percebeu que Montero Castillo, grande ídolo do Nacional e titular na zaga da seleção uruguaia, estava em fim de carreira.

Em 1966, já se destacava como um zagueiro seguro e de futebol refinado, incapaz de chutões ou entradas violentas nos atacantes. Após se destacar pela seleção uruguaia na Copa do Mundo de 1970, no México, como um dos melhores zagueiros da competição, ao lado do italiano Cera e do alemão Franz Beckenbauer, Ancheta seguiu para o Grêmio, em 1971.

Fez boas temporadas, mas nada de títulos para o Tricolor, que caía sempre diante do rival, o Internacional de Falcão e Figueroa, ganhador de tudo o que era troféu que via pela frente. Se era de prata e brilhava, o Inter ia lá e papava. Para o Grêmio nada sobrava. Mas para Ancheta, o reconhecimento viria em 1973 — e em dourado —, com a “Bola de Ouro”, da revista Placar , de melhor jogador do Brasil. Nem mesmo os dolorosos cálculos renais impediam-no de jogar. Curvava-se de tanta dor, mas não dava moleza para atacante algum.

No ano seguinte, o melhor zagueiro do planeta queria disputar novamente a Copa do Mundo, mas o Grêmio não queira liberá-lo para a seleção do Uruguai. “Então os dirigentes uruguaios ficaram irritados comigo e disseram que eu não era patriota. Quando fui a Montevidéu para explicar, ninguém quis me ouvir, não me deram microfones nem espaço nos jornais”. Somente três anos depois do episódio, Ancheta comentou o imbróglio entre os cartolas do Uruguai e do Grêmio.

Em 1975, quando o rival conquistou o primeiro título nacional de sua história, o Grêmio quase entrou em colapso e Ancheta com ele. O jogador vivia às voltas com uma série de lesões. Ficou até 90 dias fora de ação e por pouco não venderam seu passe ao Fluminense. A imprensa especulava e a torcida também. Diziam que Ancheta pedia para não jogar e que o seu caso estava mais para um psiquiatra que para um técnico de futebol. Havia exagero? Evidentemente que sim, mas Ancheta realmente trocou uma ideia com um psiquiatra. O próprio craque confirmou, na ocasião, a história, dizendo-se amigo do médico, mas sem sequer saber o nome do camarada. Há explicação para — se é mesmo que existe — a teoria do ato falho? Freud talvez explique. Ancheta tratou, porém, de encontrar solução caseira para suas contusões, que o perturbavam desde os tempos de Nacional, como a calcificação óssea na coxa direita que o obrigou a uma cirurgia.

A quem garantisse que o tal “problema psicológico” de Ancheta começou quando ele perdeu a bola para o ponta Valdomiro, que acabou marcando o gol do título estadual do Inter, em 1974. Ou seja, Seria o Gre-Nal o maior tabu na carreira de Ancheta?

Sua fibra em campo nunca foi questionada, mas o jogador começou, nos primeiros meses de 1976, a enfrentar um novo problema físico que muito o incomodava: uma insuportável dor nos quadris. Como era magro, os constantes choques com jogadores adversários provocavam dores na região. Por conta disso, ficava fora do time por alguns jogos seguidos. Para contornar a situação, chegou a usar uma grossa faixa de espuma na cintura durante as partidas e até treinos.

Parece que a solução de Ancheta dera certo. Para ele e todo o time do Grêmio, que, no dia 28 de julho, acabou campeão do primeiro turno do Campeonato Gaúcho para cima do Inter. Seria aquela vitória o começo do fim do jejum de títulos estaduais?

Naquela partida, Dario, o “Dadá Maravilha”, centroavante colorado, elogiou Ancheta. O zagueiro retribuiu a gentileza: “Gostei do Dario. É um cara sensacional”. Mas a recente amizade — se realmente podemos afirmar que há alguma entre um zagueiro e um centroavante — acabaria prematuramente em outro Gre-Nal, do qual o Inter saiu vencedor e, de quebra, campeão do segundo turno. Talvez a vitória não compensasse o estado em que Dario se encontrava quando deixou, mancando, o campo. O saldo foi um olho inchado e a orelha esquerda inchada. O clássico, que de clássico não teve nada, foi uma verdadeira guerra. Hermínio e Falcão, do Inter, e Eurico e Alcino, do Grêmio, foram expulsos, onze receberam cartão amarelo e Dario prometeu vingar-se de Ancheta, que, segundo o centroavante, chutou-lhe, com vontade, a bunda. “Já se viu disso? Senti a dor mais terrível da minha vida. Cansei de apanhar e bati nele. E tem mais: ele não perde por esperar. Depois dessa, posso afirmar que nunca senti um título tão perto.”

Dario cumpriu a ameaça e o Inter levantava novamente o caneco de campeão gaúcho. Ancheta, eu detestava que o comparassem ao chileno Figueroa, zagueiro e ídolo colorado, teve de engolir seco. Um dia haveria de ir à forra, mas como campeão. Quando Figueroa chegou ao Inter, ingressou em um time que já era campeão e que conquistaria o Brasil. Definitivamente, o melhor time nacional dos anos de 1970 foi o Inter de Falcão, Figueroa e companhia. Já Ancheta veio para um Grêmio sempre atrás do rival. Não foi fácil para ele aturar as comparações com o craque do Inter, que existiam desde o duelo entre ambos, quando defendiam Nacional e Peñarol.

Mesmo sem conquistar títulos com o Grêmio, o clube proporcionou a paz de espírito e a grana necessária para que Ancheta fizesse um bom pé de meia. Na mesma época das seguidas contusões, acabara de comprar uma mansão e três casas no Uruguai e trocara um apartamento em Camboriú, no litoral catarinense, por um posto de gasolina.

Custou a ser campeão pelo Grêmio, o que aconteceu somente em 1977, ao erguer o troféu do Campeonato Gaúcho. Apesar de ser um dos homens de confiança do treinador Telê Santana, Ancheta não disputou o jogo que garantiu o título ao Grêmio. Até hoje especula-se que o zagueiro foi sacado do time na final, dando lugar a Cassiá, por tremer em Gre-Nais. Maldade. Ancheta nunca tremeu contra o Inter. Dario que o diga.

Após o título de 77, o zagueiro, que se naturalizou brasileiro em 1976, conquistou os campeonatos estaduais de 1979 e 80, este último na reserva do jovem Newmar.


Após nove anos no Olímpico, Ancheta deixou o Grêmio sob uma indisfarçável amargura. “Não pelo Grêmio, que tem um ambiente sensacional, mas pelo que perdi financeiramente. Hoje sei que poderia ter ganho 50 por cento mais se tivesse saído antes”. Ancheta deixou o Grêmio para defender o Milionários, da Colômbia, em 1980. No ano seguinte, voltou ao clube que o projetou: o Nacional.

Não foi uma estada amena. O clima com o técnico Basile azedou e Ancheta mostrou-se disposto a sair novamente do Nacional. Dono do próprio passe, Ancheta recebeu proposta do São Paulo, em agosto de 1982, com aval do treinador do Tricolor paulista, Poy.

A situação no Nacional foi contornada e Ancheta permaneceu no clube de seu coração para lá encerrar, em dezembro de 1982, uma extraordinária carreira de craque e de ídolo do futebol uruguaio e, por que não, brasileiro. Retornou a Porto Alegre em 1983. Tornou-se empresário até 1987, quando resolveu ser auxiliar técnico, no ano seguinte, do Clube Avaí de Florianópolis, onde se consagrou campeão estadual. Em 1996, começaram as reverências ao legado esportivo de Ancheta: colocou os pés na calçada da fama do Grêmio e recebeu um troféu de “Gaúcho Honorário”. No ano seguinte, outro troféu de reconhecimento por ter sido o melhor zagueiro central da seleção uruguaia nos últimos 25 anos. Em 1998, o Nacional o considerou um dos melhores atletas de sua história. Com a camisa da celeste olímpica, Ancheta entrou em campo 20 vezes.

Aposentado, o ex-zagueiro “descobriu-se” cantor de boleros. E o faz até hoje em clubes e churrascarias. Já gravou, inclusive, alguns CD’s, mas não deixou o futebol de lado. Administrou uma escolinha no clube Força e Luz e arrumou um “bico” na TV Pampa, canal 4, de Porto Alegre, como comentarista esportivo.

Ancheta tornou-se uma lenda do futebol gremista. Quem o viu em campo, garante: uma zaga de sonhos seria Ancheta e Aírton Pavilhão. Realmente seria extraordinário. Sonhar, afinal, não custa nada.

***

Esta é a biografia de Ancheta, um dos maiores ídolos gremistas, que está no primeiro volume (a letra “A”) da enciclopédia “Ídolos – Dicionário dos craques do futebol brasileiro, de 1900 aos nossos dias”, que será lançado até dezembro, pela Livros de Futebol.com, do editor Cesar Oliveira.

CHORO, FESTA E SILÊNCIO: RELATOS DE 16 DE JULHO

por Pablo Lima


Brasil x Uruguai

Aos 22 minutos do segundo tempo, o placar eletrônico do Maracanã divulgou o público presente na final da Copa América de 1989: 148.068 torcedores. A vitória brasileira sobre os uruguaios aconteceu no dia 16 de julho e seria vista por muitos como revanche de outra final, 39 anos antes, também em um 16 de julho e com público ainda mais estrondoso: cerca de 200 mil torcedores assistiram ao bi mundial uruguaio pelos pés de Gigghia, Schiaffino & cia sobre o Brasil na final do Mundial de 1950.

Um outro 16 de julho, agora em 2017, não teve Maracanã e a cidade do Rio de Janeiro não recebeu a seleção brasileira e nem uruguaios. Muito menos: no estádio também não teve torcida, nem gols, nem nada.

Ironicamente, a data em que uma partida de futebol recebeu seu maior público da história amargou, 67 anos depois, a ausência total de torcedores em um jogo oficial. Se em 50 choramos pela derrota e em 89 a tarde foi de regojizo, em 2017 não houve drama nem festa: só silêncio.


Vasco e Santos entraram em campo pelo Campeonato Brasileiro com a triste missão de encarar um Engenhão vazio, de portões fechados aos torcedores, impedidos de assistir ao jogo por conta de episódios de violência. Há duas semanas, no clássico Vasco e Flamengo, em São Januário, torcedores entraram em confronto com policiais e entre si mesmos, e um deles acabou sendo assassinado nos arredores do estádio. E nessa o Vasco da Gama foi proibido de ter público em jogos realizados na cidade. E o agora silencioso clássico,o belíssimo Santos versus Vasco de outrora, repleto de histórias marcantes e personagens históricos – uma delas presenciou o milésimo gol do rei do futebol – fechou a porta para suas testemunhas mais ilustres.

Estádios foram feitos para multidões. Contrariar isso é viver do avesso, é estar em desacordo com as leis da natureza. Jogo de futebol sem torcida é vida sem propósito, como o arco com flecha não lançada: é navio ancorado no porto, sem licença para navegar; é típico de pássaro sem voo, árvore sem fruto. É como se o mundo parasse, em um tempo dominado pela pausa: relógios com ponteiros sem movimento.


No futebol, torcedor é da esfera do sagrado, do visceral e do indispensável. É aquele que vai do radinho de pilha ao aparelho de telefone mais moderno, o que transita entre o chinelo atirado no treinador e o que invade o campo para abraçar o ídolo.

São os “torcedores por conta própria”, do Mário Filho*; ou os “pobres-diabos”, de José Lins do Rego*. Torcedor é o fôlego fiel que falta ao time sem forças em campo, é a última voz que exige o gol nos acréscimos, ainda que ilegal. É o suprassumo da energia que jamais se cala, mesmo impotente diante da batalha perdida.

E se o torcedor é o todo, é a própria instituição, é o próprio futebol em si, algo está fora de ordem com ele ausente.

“De todos os empates, o mais exasperante é o de 0 X 0.  O torcedor se sente roubado no dinheiro da entrada e inclinado a chamar os jogadores, o juiz e o bandeirinha de vigaristas”, emplacou certa vez Nelson Rodrigues. Mas no último domingo o que menos importou foi o placar, porque não havia quem se sentisse roubado. O estádio calado se curvou a uma medida judicial, ao palco sem plateia. E o escore zerado não teve torcida para humilhar. E por mais que tentassem, os jogadores, passados de ofensores a ofendidos, jamais conseguiriam sair do zero com tanto espaço vazio e silêncios no lugar das multidões imortais.

Que venham novos 16 de julhos, e nunca mais vazios de gente, de alma e de existência.

 

  * “Torcedores por conta própria, que não se integram na multidão, que não se perdem no meio da multidão, que se destacam, conservando a personalidade”, Mário Filho, cronista esportivo.

 * “Vou ao futebol,e sofro como um pobre-diabo”, José Lins do Rego, escritor brasileiro.

FRIEDENREICH, O QUE JOGAVA COM O CORAÇÃO NO PEITO DO PÉ

por André Felipe de Lima


“Arthur Friedenreich jogava futebol com o coração no peito do pé. Foi ele quem ensinou o caminho do gol à bola brasileira”, escreveu o cronista Armando Nogueira. Foi o introdutor da finta curta, do passe improvisado e dos “floreios barrocos” de que sempre falava o sociólogo Gilberto Freyre. Seu drible era curto, com os pés e com o corpo. O chute? De indizível efeito. Se me permitam a ousada tese, talvez tenha sido o precursor da folha seca de Didi.

Friedenreich mostrou ao Brasil o verdadeiro desenho do futebol dos trópicos, metade europeu, metade africano, mas “brasileiro por inteiro”, como frisou João Máximo. Até o começo dos anos de 1950, cerca de dez anos antes de não ser reconhecido por aqueles meninos do mercado municipal, poucos no Brasil eram reverenciados como Friedenreich. Reportagem da revista O Globo Sportivo descrevia logo nas primeiras linhas: “Muitas vezes tem-se dito que Arthur Friedenreich foi dos mais populares homens do Brasil. Sim, mesmo mais conhecido do que muitas figuras célebres da política e de outras atividades. Foi ele, sem dúvida, uma bandeira, um exemplo. Foi uma figura, enfim, nacional, desde aquele célebre campeonato sul-americano de 1919 […] Fried tornou-se um dos maiores beneméritos do esporte em nossa terra.”


Pena que lembravam pouco do ídolo do passado. Em 1970, durante entrevista ao repórter Paulo Mattiussi, dona Joana, companheira de Fried durante 57 anos, lamentava: “Ele foi muito esquecido e ninguém nunca se lembrou que tinha sido o El Tigre, rapaz de futebol perfeito, elegante, melhor até que Pelé. Vi poucas vezes Fried jogando. Mas assim mesmo lembro que era um futebol diferente: mais elegante, humano. Não era tão violento como dos jogos dessa Copa [Copa do Mundo de 1970, no México] […] Na Revolução [Constitucionalista] de 32, ele foi como sargento, voltou como tenente e herói. Comandava o pelotão dos esportistas e subiu um morro debaixo de tiros para tomar a posição. Nos últimos anos, eu e meu filho notamos que Fried estava sentindo muito o esquecimento em que vivia. Quando havia futebol na televisão, virava o rosto ou fingia dormir. Não gostava de comentar nada. Só uma vez, em 65, foi assistir a um jogo de futebol, do Santos.”


Incômoda lembrança da sra. Fried. O craque teve de pagar ingresso para entrar no estádio e só conseguiu sentar-se na tribuna de honra após muita confusão. Ninguém reconhecera El Tigre. Isso o amargurava, relembrou dona Joana: “Fried não gostava de falar, mas, pelo fato de nunca ter recebido dinheiro para jogar, não aceitava a profissionalização do esporte. Dizia que assim tudo perdia o amor. Ele nunca pensou, ou admitiu, que a gente pudesse andar por aí pedindo ou lembrando o seu passado para conseguir alguma coisa. Certa vez, quando trabalhava na Antarctica, Fried foi a Brasília, em 62. Como era muito amigo de Juscelino [presidente Juscelino Kubitschek], recebeu convites do presidente para ir mais vezes a Brasília e até mesmo para trabalhar lá. Mas Fried nunca aceitou. Nesse tempo, até fins de 62, Fried ainda tinha disposição para tudo. Vivia intensamente em cada viagem ou serviço que tinha de fazer. Mas, depois, quando a arteriosclerose começou a atacá-lo, ele mudou. Dizem que as pessoas que têm essa doença não sofrem. Acho que é verdade mesmo. Fried não demonstrava ser um homem doente, pelo contrário. Aos 77 anos usava touca de meia para ainda tentar alisar os cabelos rebeldes e encaracolados. O que ele demonstrava era que se sentia esquecido. E como aqueles troféus não tinham importância para ninguém, passaram a não ter para ele também.”

***

O texto acima é um pequeno trecho da biografia sobre Friedenreich, que consta do VI volume de “Ídolos – Dicionário dos craques do futebol brasileiro, de 1900 aos nossos dias”, com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2018. Em breve teremos no mercado os dois primeiros volumes, as letras “A” e “B”. A enciclopédia, que consiste em 18 volumes, está sob a edição do querido Cesar Oliveira, que gentilmente me convidou para ajudá-lo na organização da autobiografia de Friedenreich, que está na ponta da agulha para também chegar às livrarias.

Hoje, dia 18 de julho, comemoramos o nascimento do maior jogador brasileiro da era amadora e um dos maiores em todos os tempos: Arthur Friedenreich, “o ídolo que não foi de barro”, como estampou, certa vez, a revista O Globo Sportivo.

VÍDEOS RAROS DE FRIEDENREICH

 

 

O GOL DE MAX E A SAGRAÇÃO DO DOMINGO

por Marcelo Mendez


Domingo último no caminho da cobertura do jogo entre DER x Unidos do Morro, me peguei envolto a pensamentos e apreensões dos tempos que vivemos.

A saudável teimosia de se ter alguma responsabilidade e o sol por testemunha de tudo.

No trólebus a caminho do estádio Baetão em São Bernardo, repousei a cabeça na janela, liguei o fone e ouvi Jhonny Shines cantar; “Two Steeps to Hell”…

O lamento profundo de um Blues rasgado do peito de um homem que viveu um milhão de mortes como Shines viveu tem toda densidade onírica necessária para entender e se aproximar do que se sente nos terrões e arrabaldes de onde se pratica o futebol da bola marrom. A várzea…

O futebol de várzea é um universo paralelo de homens que “quase foram”, de meninos de 20 e uns poucos e parcos anos que não podem mais sonhar em ser jogador de futebol profissional por conta do avançado da idade.

O que pode então ser mais melancólico do que um “velho” de 20 e poucos anos? O que pode ser mais triste do que se ver podado do seu direito de sonhar?

Sim, caros, esses meninos não servem mais para o futebol profissional e elitizado. É nesse momento que a várzea os acolhe.

É ali então, onde se tem meninos de 20, de 40 ou 50 anos a jogar pela mesma camisa. Gordos, magros, pretos, brancos, amarelos, pobres sim, porém felizes por profissão de fé. Na várzea vem o réquiem necessário para o sonho que todo humano precisa. Que todo mundo tem que ter direito de viver. E domingo foi a vez de Max vivê-lo.

E como viveu…

Jogados lá um punhado de minutos os quais não faz a menor diferença. O Estádio do Baetão lotado das gentes humildes e simples, com entrada grátis, churrasquinhos e drinks psicodélicos nas tribunas, tinham em seus rostos, risos de plenitude. O jogo comia; tudo era extasiante e a beleza do espetáculo de humanidade era tanta que eu custava a me concentrar no que acontecia na cancha.

Eis que a bola chega no fundo no campo…

Tal e qual os bons laterais antigos, Daniel vai ao fundo, levanta a cabeça e cruza a bola na área em direção a Max. O atacante do DER podia fazer tantas outras coisas apenas burocráticas… Podia escorar a bola para quem vinha de trás, podia deixar a bola passar para tentar dominá-la, podia ter tentando um chute apenas comum, mas não…

Max estava na várzea. Ela, a várzea, não o perdoaria se ele não fizesse o que fez:

Com a beleza de mil Nureyevs a bailar, com a leveza dos malandros bailarinos da Lapa carioca, brasileiro como os grandes do futebol, Max deu apenas um passinho para trás, lançou seu corpo de menino ao alto e então, como um guepardo, finalizou em um voleio épico a estufar as redes do Unidos do Morro.

Épico!

Os instrumentos de samba o saudaram, o bebum se desfez de sua cerveja arremessando o copo de plástico cheio ao alto, o casal apaixonado se beijou nas arquibancadas, o cronista se emocionou! Todos saudaram Max e sua obra de arte.

A grama de plástico do Estádio Baetão teve a honra de ver um menino do terrão ser maior que Gaudi, Truffaut, Ticiano, Monet e Goya. Sua obra de arte foi muito maior que todas dos Mestres!

Que lindo aquele gol!

Depois dele, o jogo seguiu. O DER de Max venceu por 2×1 e vai para a final do campeonato de São Bernardo.

Ao término outras conveniências se cumpriram, mas nenhuma delas importava. Então me desviei delas para observar Max indo para o vestiário. Vi que no seu rosto havia toda uma imensidão de um sorriso.

Nesse momento o domingo passou a ser completamente, Santo…

BALTAZAR ANDA COM FÉ… E GOLS!

por André Felipe de Lima


No início da década de 1980 uma geração de jogadores proclamou-se “representante digna da fé religiosa” nos gramados. Eram os “atletas de Cristo”. Um dos expoentes chama-se Baltazar, o centroavante presbiteriano que marcou época no Grêmio e foi um dos protagonistas da conquista do primeiro campeonato brasileiro do tricolor gaúcho, em 1981. Nenhum jogo seria ganho, reforçava o artilheiro “pastor”, caso não houvesse uma “intervenção divina” graças às leituras dos “Salmos”. Jogos, títulos, troféus… tudo tem, afinal, o “dedo de Deus”. “Quando não faço gols, é porque Deus não quis. Quando marco, é porque estava em Seus planos. E olha que fui artilheiro do Campeonato Goiano. Tudo começou a acontecer quando descobri Deus […] Tornei-me titular, meu salário aumentou, fui artilheiro, o Grêmio me quis. Puxa, isso diz tudo!”, declarou, em maio de 1979, Baltazar, ainda jovem craque, que acabara de chegar ao Grêmio, convicto de que entraria para a história do clube gaúcho. Fé e, sobretudo, muito trabalho o garantiram no panteão de ídolos imortais do tricolor.

Baltazar Maria de Morais Júnior nasceu no dia 17 de julho de 1959, em Goiânia. Converteu-se graças à influência dos pais, seu Baltazar e dona Conceição. “Um dia, entrei no meu quarto, ajoelhei-me diante de uma imagem de Cristo e pedi, com muita fé, que Ele me ajudasse, que desviasse minha mente de namoricos e festinhas. Senti que havia um grande vazio no meu coração e só Deus poderia preenchê-lo.”

O ainda menino Baltazar deixou de lado o carteado das concentrações dos juvenis, as festinhas e os namoricos. A fé veio junto com o sucesso no futebol, com um alvissareiro começo de carreira no Atlético Goianiense, em 1978, time de sua cidade natal, Goiânia, aos 17 anos. Logo no primeiro ano como profissional, foi artilheiro estadual, marcando 31 gols no campeonato, um recorde até hoje imbatível no futebol goiano.


No mesmo ano em que explodiu no Atlético Goianiense, Baltazar cursava Matemática. O sonho era ser engenheiro, mas o talento com a bola parecia seduzir-lhe mais que os números e equações. Em maio do ano seguinte, na maior transação da história do futebol goiano, o centroavante seguiu para o Grêmio, que pagou três milhões de cruzeiros para tê-lo no Olímpico. No clube gaúcho, conquistou, de cara, campeonato gaúcho de 1979, marcando 19 gols em apenas 20 jogos. Logo após o título, a Federação Goiana de Futebol reconhecera o valor de Baltazar, premiando-o com cinco mil cruzeiros, pelos 31 gols do campeonato goiano do ano anterior. O craque doou todo o dinheiro à sede goiana do Movimento de Recuperação de Viciados em Tóxicos.

Em 1980, Baltazar seria “bi” gaúcho e artilheiro principal da competição, com 28 gols. Seus gols garantiram uma vaga nas seleções brasileiras das categorias de base. A fé e, sobretudo, os gols de Baltazar foram exaltados também no Palmeiras, Flamengo e Celta de Vigo, na Espanha.

Todo gremista que viu Baltazar vestir a camisa tricolor vibrou com seus gols. O único lamento era, porém, a escassez de gols do artilheiro em clássico Grenais. Durante os anos em que esteve no Olímpico, Baltazar marcou apenas três gols contra o Internacional. O saudoso Luiz Carvalho, outro ídolo gremista e maior artilheiro tricolor contra o Inter, pedia, em outubro de 1981, às vésperas de mais um embate encarniçado contra o arquirrival, paciência aos torcedores mais exaltados. Dizia que Baltazar, embora goleador nato, nada poderia fazer se não tivesse um bom “garçom” a lhe servir bolas à vontade para estufar as redes coloradas: “Ele precisa de alguém que o ajude, porque sozinho não dá”. Os meias Paulo Isidoro e Vilson Tadei, companheiros de Baltazar em 1981, rechaçaram a opinião do ídolo Luiz Carvalho e garantiram que a sorte estava era mesmo do lado do paraguaio Benitez, goleiro do Inter. Foguinho, outro ídolo imortal do panteão gremista, alertou para uma insegurança de Baltazar diante do Inter: “O problema é que Baltazar não tem uma personalidade marcante. Por isso, sente as críticas e perde a segurança. Eu o aconselho a ter mais confiança nele mesmo”.

O conforto de Baltazar ficava por conta de Myrna, a dedicada companheira do craque, tanto nos momentos mais felizes ou nos duros da carreira do grande atacante. De Myrna, Baltazar nunca se separaria, e com ela, teve dois filhos.

TUDO PELA FÉ

A credulidade exacerbada de Baltazar rendeu algumas histórias, no mínimo, surreais e lendárias. Ainda no Grêmio, o craque artilheiro se preparava para embarcar com a delegação do time para o Rio de Janeiro, onde haveria um jogo contra o Flamengo pelo campeonato brasileiro. Ele se recusou a embarcar por que teria esquecido sua bíblia em casa. A situação foi extremamente desconfortável e o chefe da delegação teria oferecido ao centroavante a sua bíblia particular. Baltazar recusou. “Tenho que buscar o Livro de Deus. Nem que seja para pegar o vôo seguinte, pagar a passagem do meu próprio bolso, e me encontrar com vocês lá no Rio”, teria dito o craque.

Ao desembarcarem, os companheiros compraram imediatamente uma bíblia para Baltazar, que aceitou mais por educação do que por convicção. Prenúncio de “tragédia” no Maracanã? O Grêmio realmente jogou muito mal no primeiro tempo, Baltazar idem. No segundo tempo, porém, há algo no ar. O “Artilheiro de Deus” retornou ao gramado renovado. E não foi por causa da preleção do técnico. “Foi Deus”, teria alegado.

Marcou o gol da vitória do Grêmio e garantiu que a mão divina estava nos seus pés, graças ao “perdão obtido por ter esquecido a bíblia em Porto Alegre”. Jogo terminado, Baltazar concedeu as costumeiras entrevistas no campo e seguiu para o merecido banho no vestiário. Ao remexer sua bolsa, a surpresa: A bíblia… a sua bíblia estava ali, diante dele, como uma espécie de milagre. O autor? Deus? Que seja, mas a colaboradora de Deus no milagroso transporte do texto sagrado foi a esposa de Baltazar, que após conversar com o centroavante pelo telefone, horas antes do jogo, pegou um avião imediatamente rumo ao Rio, desceu no aeroporto e, de táxi, chegou rapidamente ao Maracanã. Autorizada pelo roupeiro do Grêmio, entrou no vestiário e colocou a bíblia de Baltazar na bolsa do craque minutos antes do final do primeiro tempo. Correu para a arquibancada e ainda presenciou o feito do renovado marido durante o segundo tempo. Estava consumado o milagre do Grêmio, dos pés de Baltazar, da perseverança da esposa do ídolo e, vá lá, com mão do chefe lá de cima.


Mas a carreira de Baltazar sempre esteve muito acima de milagres. Seus gols nada tinham de metafísicos ou subjetivos. Eram reais, para a alegria do futebol nacional. Foi dos pés do craque que o Grêmio iniciou sua trajetória de títulos para além dos pampas. Na final do campeonato brasileiro de 1981, contra o São Paulo, no lotado estádio do Morumbi, um golaço de Baltazar, após uma jogada que começou com o lateral direito Paulo Roberto, passou por Renato Sá, que, de cabeça, levantou na área para a “matada” de bola seguida por um chute certeiro de Baltazar contra a meta de Waldir Peres. A “Máquina” do Morumbi caiu diante do tricolor gaúcho.

Em agosto de 1982, o jogador, sem um bom clima no Grêmio após a perda do título estadual de 81, foi transferido, por empréstimo, para o Palmeiras [para onde regressou no segundo semestre de 1983]. Sua passagem, que durou até dezembro, foi, no entanto, curtíssima e aquém do seu farto futebol. Nas duas fases em que esteve no Verdão, disputou 70 jogos, venceu 26, empatou 28 e marcou 25 gols. Antes de se transferir para o futebol espanhol, vestiu ainda as cores de Flamengo, em 1983, após um troca-troca entre os clubes envolvendo também o meia Tita. Na verdade, Baltazar tinha chances de permanecer no Palmeiras, mas a diretoria gremista queria o craque do Flamengo a todo custo. “O que eu não queria mesmo era voltar para o Grêmio, porque me sentia rejeitado pela diretoria que acabara de assumir. Como eles estavam loucos atrás do Tita, acabaram melando minha contratação pelo Palmeiras para poderem fazer a troca com o Flamengo.”

Ao lado de Zico e Júnior, Baltazar ajudou o rubro-negro a conquistar o tri-campeonato brasileiro, em 83. Poderia ter ficado mais tempo no Rio de Janeiro, mas, logo que chegou à cidade, assustou-se com o verão carioca, como descreveu a repórter Maria Helena Araújo: “Passeando pelas areias quentes de Ipanema, Baltazar parece tão à vontade quanto um torcedor do Fluminense perdido no meio da galera flamenguista, em pleno Fla-Flu. A brancura de sua pele o deixa encabulado e produz um contraste chocante com o bronzeado dos corpos seminus que desfilam diante dos seus olhos. De súbito, como que fareja algo estranho no ar, ele franze o nariz e indaga: ‘Que cheiro estranho é esse?’ O cheiro era inconfundível e vinha de um cigarro de maconha que corria de mão em mão, num grupinho de pessoas ao lado. Baltazar balança a cabeça num gesto de reprovação e vai embora.”

E foi mesmo, um ano depois, após a segunda e curta passagem pelo Palmeiras, no segundo semestre de 83, para o Botafogo, com o qual foi artilheiro do campeonato estadual de 84, com 12 gols, ao lado de Cláudio Adão, do Bangu.

Do Rio à Espanha, Baltazar chegou a Vigo em agosto de 1985 para defender o Celta. No ano seguinte, no dia 21 dezembro, em jogo válido pela segunda divisão espanhola, sofreu uma grave contusão após involuntariamente chocar-se com o goleiro Gallardo, do Málaga, que sofreu uma comoção cerebral e morreu dezoito dias após ficar internado, em coma. Muito abalado, Baltazar o visitou duas vezes no hospital. Na temporada seguinte [1986/87], enfim, a volta por cima. Baltazar recebeu elogios e a reverência da torcida e crítica espanholas, ajudando ao Celta a retornar à primeira divisão, com 34 gols, um recorde da segundona italiana, que perdurava desde 1969. Baltazar era chamado de “El rei”, pelos fanáticos torcedores.

Baltazar gostou do “milagre”, e quis mais. Em outubro de 1988, já pelo Atlético de Madrid, a revista Don Balón — que o batizou de “El Diós del gol” — concedeu a ele o prêmio de melhor jogador estrangeiro na terra do flamenco. Não era para menos. Os 35 gols assinalados na temporada 1988/89 garantiram ao “Artilheiro de Deus” o troféu “Chuteira de Ouro” do futebol europeu, desbancando o mexicano Hugo Sanchez, ídolo do rival Real Madrid, principal artilheiro espanhol nos três anos anteriores. Sua missão estava cumprida na Espanha: marcou 53 gols em duas temporadas. Do Brasil, o técnico da seleção brasileira, Sebastião Lazaroni, não ignorou o feito e o convocou. Mesmo na reserva de Romário, Baltazar esteve presente na conquista da Copa América em 1989, realizada no Brasil.

O ex-goleador anunciou, em outubro de 1990, ao presidente do Atlético de Madrid, Jesus Gil, que deixaria o clube. Baltazar trocou a Espanha por Portugal. No Porto, jogou em 91. Não se adaptou e foi para o Rennes, onde permaneceu até 1993. Regressou ao Brasil em 1993 para defender o Goiás. Foi campeão goiano em 1994, realizando o sonho de levantar um troféu em sua terra natal, e deixou o clube no ano seguinte, seduzido pelo futebol japonês. No Goiás, Baltazar percebera que a idade já lhe comprometia a carreira. Simplesmente, o treinador do time era mais novo que ele. Era o sinal.

O craque terminou a carreira em 1996 no Kyoto, evidentemente longe do brilho de outrora, mas com uma marca invejável de 412 gols ao longo da jornada nos gramados.

Na seleção, apesar do sucesso nas divisões de base, raramente era lembrado. Telê Santana foi quem mais deu oportunidades a ele. Já aposentado da bola, Baltazar tornou-se empresário de jogadores e presidente da “Missão Atletas de Cristo do Brasil”.

Quando Baltazar abandonou os gramados, sofreu, como todo jogador, com o fim da carreira: “Orei pedindo uma direção, foi um tempo difícil. E me recordei que, quando jogador, participei sem cobrar nada de transferências [de outros jogadores] para a Europa. Tive satisfação em ajudar e resolvi experimentar de novo, desta vez profissionalmente”. Um dos craques que Baltazar levou para a Espanha, nos tempos em que ainda era um “empresário amador”, foi o amigo Donato, que na época brilhara no Vasco. Donato tornou-se um dos maiores ídolos do futebol espanhol em seu tempo. E Baltazar continua inesquecível, como um dos melhores atacantes que o Brasil produziu nos anos de 1980.

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