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Zico

varandão da saudade

entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | fotos: Marcelo Tabach | vídeo e edição: Daniel Planel

 

A ansiedade pelo encontro com a fera nos fez chegar uma hora antes do horário combinado. Ansiedade desperta o apetite, então o time do Museu da Pelada aproveitou o tempo livre, abrigou-se numa pensão próxima e devorou os deliciosos PFs. Foi rapidinho e pontualmente estávamos em frente ao número 7 da Rua Lucinda Barbosa, onde seus três irmãos e uma irmã já o aguardavam. Desde o primeiro suspiro do Museu da Pelada sonhávamos em fazer uma resenha caprichada com esse craque, por isso quando aquele carro estacionou e Zico, o gênio rubro-negro, desceu e colocou os pés na rua onde deu seus primeiros passos no futebol eu, Pugliese, Tabach, Márcio, Alf, Rafinha e Toninho nos entreolhamos orgulhosos como se falássemos “conseguimos”. A vontade era de socar o ar, repetir seu gesto que encantou milhares de torcedores ao longo de sua brilhante carreira.

– Fala, rapaziada! – nos cumprimentou.

No portão da casa, Eduzinho Coimbra, outra lenda da bola, Nando, Tonico e Zezé o recepcionaram e nos convidaram para sentarmos na aconchegante varanda da casa. Parecia que o relógio girava ao contrário. As distantes lembranças surgiam junto aos sorrisos no rosto.

– Era aqui que a gente se reunia depois dos jogos, né? O saudoso Antunes gostava de me cornetar aqui. Sorte que o Edu me defendia! – recordou Zico.

Zezé, a única mulher, não escondia o orgulho dos irmãos. Durante todo o papo, manteve no colo um retrato do Atlético Clube Lucinda, time que surgiu antes do tradicional Juventude. Por ser mais velha, era ela a encarregada pela mãe de acompanhar e tomar conta dos irmãos nas peladas. Extremamente habilidoso e veloz, o mirrado Eduzinho despertava a ira dos marcadores em Quintino, que apelavam para a violência vez ou outra. Em uma dessas confusões, foi salvo pela irmã:

– Teve uma vez que eu quebrei a bandeira da torcida na cabeça do juiz. Começou uma briga e eu fui defender o Eduzinho que tinha apanhado.

O irmão Tonico, o mais alto de todos, garantiu que era o responsável por dar a forra nos adversários.

– Eu avisava antes que se dessem porrada nos meus irmãos eu ia revidar lá atrás! – lembrou o zagueirão, para gargalhada geral.

Desde pequenos, Zico e Eduzinho demonstravam um tratamento à bola muito diferente dos demais colegas. Mais velho, Edu despontou primeiro, no América-RJ, e sempre contou com a admiração do Galinho, que garantiu ter se espelhado no irmão. De acordo com Zico, a extinção dos campos de pelada do Rio de Janeiro é extremamente prejudicial para o futebol profissional.

– Joguei muita bola aqui na Rua Lucinda Barbosa e na Franco Vaz, que era mais retinha. Nunca abri mão de jogar aqui. A pelada é importante para a formação dos jogadores, pois ela exige a superação da diversidade do campo, buracos, calçadas, poste… Não teria feito vários gols que fiz no campo se não tivesse jogado as peladas – ressaltou.

O Juventude era o time de pelada em que os irmãos jogavam e maltratavam os adversários com lindas jogadas. Por conta disso, as partidas reuniam diversos curiosos, que não se cansavam de admirar o verdadeiro futebol-arte proporcionado por Tonico, Antunes, Zico, Eduzinho e Nando. O último, aliás, fez questão de vestir a tradicional camisa vermelha do Juventude durante a resenha.

Vale lembrar que, embora não tenha feito o mesmo sucesso que os fenômenos Zico e Eduzinho, Nando surgiu no Fluminense, passou por Madureira, América-RJ, Ceará e Belenenses, de Portugal, antes de ter a carreira prejudicada por conta do regime militar, história contada em seu livro “Futebol e Ditadura: Nando, o jogador anistiado”.

O curioso é que por muito pouco nenhum dos irmãos se tornou jogador. É que seu Zeca preferia que os filhos focassem nos estudos.

– Nosso pai não queria que nenhum filho dele fosse jogador. Dizia que era coisa de vagabundo. Quando começamos a fazer sucesso, ele passou a dizer que todos eram vagabundos menos a gente – revelou Eduzinho.

Se antes da fama os talentosos meninos já movimentavam o bairro, imagina depois do sucesso? Em um determinado momento da resenha, Nando lembrou uma história que só quem estava na Rua Franco Vaz consegue acreditar. Logo assim que começou a fazer sucesso no Flamengo, Zico armou um churrasco em Quintino com os companheiros de clube e João Nogueira. Eduzinho, por sua vez, convocou os amigos do América-RJ para participarem da festa.

– Depois de muita cerveja e samba, PC Caju deu a ideia de armarmos uma pelada na rua. Pegamos os calções do Juventude, distribuímos e foi uma coisa doida. O primeiro carro que passou na rua tomou um susto! Em poucos minutos tinha uma porrada de gente assistindo e a pelada comendo solta. Um monte de craque descalço fazendo miséria com a bola, no meio-fio, na calçada… – lembrou Nando.

Durante a resenha, Sergio Pugliese lembrou ainda da provocação de César Maluco, Luisinho e Caio Cambalhota, os artilheiros da família Lemos que garantiram ter mais gol que qualquer outra família no Maracanã. De bate-pronto, como nos velhos tempos, Zico emendou:

– Quantos gols eles têm? Se bobear, eu sozinho fiz mais que eles todos! Eu fiz 335! Não é pouca coisa, não! – comentou para mais gargalhada de todos.

– A nossa família está no Guinness Book! Ninguém fez mais gols que a gente! – reforçou Edu.

Ao ser perguntada sobre qual era a sensação de reunir todos os irmãos naquela varanda novamente, Zezé não conteve a emoção:

– Tivemos uma vida muito feliz e bem vivida! A gente vê o fruto do ambiente familiar que a gente teve. Meus pais gostavam muito de ficar nessa varanda. Se minha mãe ainda estivesse aqui, ela estaria muito orgulhosa da vida que nós levamos.


No fim da resenha, o fotógrafo Marcelo Tabach convidou os irmãos para a tradicional, mas sempre surpreendente, sessão de fotos. Descendo a Rua Lucinda Barbosa, os irmãos continuavam o papo e Zico, agora ídolo de uma nação, conduzia a bola como nos tempos de menino. Tudo registrado pelas lentes fotógrafo!

   

FALTA JOÃO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

E bastou chegar ao calçadão para um torcedor disparar: “PC, como o João Saldanha comentaria o futebol de hoje?”. Kkkkkkkkkkkkkkk!!!! Dessa eu tive que gargalhar!!! Olha, o Saldanha se excedia além da conda e pegou pesado em algumas situações, mas era uma figura maravilhosa.

Se nos áureos tempos ele fumava 40 cigarros por dia, hoje em dia, com certeza, triplicaria o nível de nicotina no pulmão. Tenho certeza que, de 94 para cá, ele ficaria com calos nos pés de tanto chutar o balde. Mas acho mesmo é que ele viveria só para curtir seus cavalinhos, sua segunda paixão, e desistiria do futebol.

Alguém me enviou outro dia sua primeira coluna publicada na revista “Placar”. Ele reclamava da ausência de pontas. Saldanha, sabe como é hoje? Os jogadores não malham mais pernas, acredita? A onda, agora, é deixar os braços fortinhos para, na cobrança de lateral, conseguirem arremessar a bola dentro da grande área, kkkkkk!!!

Mas se não for dessa forma como a bola chegará ao centroavante? Centroavante? E quem precisa mais dessa peça? Teve um jogo outro dia em que o técnico do Vasco, tirou o artilheiro e colocou um zagueiro. Saldanha, os zagueiros e volantes estão comandando o espetáculo e já chegou a hora de ganharem a Bola de Ouro como os melhores do mundo.

Vocês viram Vasco x Santos, que horror!!! Ah, João, agora quando o jogador é substituído, a TV mostra quantos quilômetros ele percorrer, kkkkkk!!!! Mas quem tem que correr não é a bola?


João Saldanha

O Rogério Ceni trouxe dois estrangeiros para ajudá-lo na formação do São Paulo, mas passou o tempo se explicando nas coletivas e apresentando números, estatísticas, posse de bola, blá blá blá. Na última, reclamou até da distância da barreira. O Zidane antes de assumir o Real Madrid passou dois anos treinando o time B, depois foi auxiliar do principal. Os técnicos brasileiros parecem estar brincando de bonequinhos e casinhas. Rabiscam e desenham em suas pranchetinhas. Só faltam os lápis de cera coloridos. Futebol virou totó com um monte de jogadores engessados dando bicudas na bola.

João Saldanha colocou Tostão para jogar com Pelé e foi criticado, João Saldanha batia boca com presidente da República. Hoje, o profissional um dia está no Bom Senso criticando a CBF e no outro vira técnico da seleção e não abre mais o bico. O que falta no futebol de hoje é arte, mas, acima de tudo, falta atitude, falta João Saldanha.

FUTEBOL É PARA POBRE, RICO E ATÉ MESMO PARA ALGUNS IDIOTAS

por Mateus Ribeiro


Vivemos dias difíceis em todos os aspectos de nossas vidas. Seja no âmbito social, seja no pessoal, seja no econômico, já diria aquele ditado, “não está fácil para ninguém”.

Como se não bastasse o Celtic x Rangers da nossa política, a crise social, o Tsunami de preconceito e intolerância, nossa maior paixão, o já judiado futebol, passa por um período nebuloso.

Não é de hoje, todos nós sabemos, que passamos por dificuldades dentro e fora de campo. A qualidade foi para o fundo do poço, seja dos nossos jogadores, seja dos nossos queridos cronistas que aprenderam futebol através de jogos eletrônicos. Como se todo esse cenário todo não bastasse, nosso bolso também sofre.

Ingressos com preços de uma cesta básica (não só aqui, mas em qualquer lugar do mundo) para assistir um futebol tão empolgante quanto um acústico do Julio Iglesias representam um crime hediondo da pior espécie. É o fenômeno dos estádios faraônicos, construídos para atender a vontade de dirigentes e empresários gananciosos ,atingindo quem deveria ser espectador, e virou vítima: o pobre torcedor.


Qualquer um que seja um pouco mais esperto sabe que para se assistir qualquer partida de futebol hoje, uma mísera nota de 50 reais já não é mais suficiente. Se você tiver o azar de torcer para algum time de primeira divisão, o buraco é mais fundo, uma vez que alguns ingressos ultrapassam os três dígitos na hora do pagamento. Uma pornografia. Um valos obsceno.

Estamos falando do futebol. o esporte que um dia uniu povos. O esporte que faz o dono da empresa sentar ao lado do desempregado. O esporte que faz o presidente da nação abraçar quem ganha mil vezes menos que qualquer político na hora do gol. O esporte que não precisa de mais do que uma bola para ser praticado. Acredite se quiser, o futebol é tudo isso, apesar de ter virado essa balada top nos dias atuais.


O mais triste de tudo: existe quem defenda isso. E não estou falando de “torcedor” que paga 500 reais pra gritar que é brasileiro com muito orgulho e com muito amor. Estou falando de cachorro grande. Mais precisamente de Alexandre Kalil.

Alexandre é uma das personalidades mais abomináveis e desnecessárias do mundo do futebol. Um falastrão, que sempre se notabilizou por suas opiniões polêmicas . A sua diferença para dirigentes antigos é que Kalil não tem carisma. E provou também não ter caráter, ao afirmar que “… no mundo inteiro, futebol não é coisa para pobre…”, dentre outros impropérios. Para quem tiver estômago, segue o link : https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/14/deportes/1500068233_300420.html

Pois bem, vamos aos fatos. Realmente, o ingresso é caro, muito caro. Acontece que pessoas que já vivenciaram (e talvez vivenciem ainda) o meio do futebol, DEVERIAM fazer o mínimo de esforço para mudar o quadro. Como é que quem ganha um salário mínimo vai ter a oportunidade de levar os filhos, o par amoroso, os pais, ou até mesmo ir sem companhia ver seu time do coração? Chega a doer os olhos ler uma declaração dessas, ainda mais vindas de quem sempre se mostrou torcedor do clube que dirigiu. Porém, tais palavras se mostram fundamentadas partindo de alguém que aparentemente gosta muito de dinheiro, já que o fanfarrão ajeitou seu burro na sombra através da maneira mais fácil de se ganhar dinheiro sem fazer nada, ao conseguir se tornar prefeito da capital mineira.

É claro, óbvio e evidente que essa banana podre não vai se importar com o torcedor, com o povo, com a situação do futebol atual, que seja. Não apenas ele, mas grande parte dos dirigentes, gestores, políticos que poderiam mudar a situação dos fãs de um dos maiores PATRIMÔNIOS CULTURAIS do nosso país estão se lixando. O importante é o bolso cheio, mesmo que seja com o estádio vazio.


(Foto: Agência O Globo)

O plano de transformar estádios em camarotes vips para a turma mais abastada continua a todo vapor. Em Minas Gerais, em Itaquera, e em todo lugar do planeta, como disse o já citado mandatário. A elitização só não é um fato consumado porque ainda existe quem sacrifica o lazer para se martirizar em uma partida de futebol do clube do coração.

Apenas para finalizar, é legal ver o rico no estádio. Mas é legal ver o pobre também. Da mesma forma que é legal ver todo mundo. Afinal, o futebol é para todo mundo. Para o rico, para o pobre, e para alguns imbecis. você pode se encaixar onde quiser, Kalil!

FILLOL, O ESCOLHIDO DO ‘DEUS’ MARADONA

por André Felipe de Lima


Quando o assunto é estritamente futebol, a palavra de Maradona é quase uma oração. Pelo menos para os argentinos, que o levam tão a sério a ponto de fundarem uma “igreja” para o craque. E se o camarada é “santo” para eles, respeitemos. Não se questiona a “fé” alheia. Uma vez perguntaram ao Maradona sobre o que achava dos goleiros. Isso, creio, por volta de 2000. Virada do milênio, todo o mundo com o pé atrás… sei lá. Maradona dirigiu-se ao repórter e devolveu a pergunta: “E você, quer ser goleiro?”. O cara sempre os desprezou. Mas há uma exceção para Maradona: Ubaldo Matildo Fillol, que completa hoje 67 anos. “O único goleiro normal”, referia-se o “deus” Maradona ao Fillol. Coberto de inquestionável e “sacrossanta” razão. Fillol é, pelo menos aos meus olhos (pela TV ou livros) o melhor goleiro que os argentinos produziram. Foi espetacular. O Flamengo teve a honra de tê-lo no time.

Chegou à Gávea em novembro de 1983. Não conquistou nenhum título expressivo com o Flamengo. Apenas uma Taça Guanabara (primeiro turno do Campeonato Carioca) e uma Taça Rio (segundo turno). Mas isso foi apenas um detalhe. Estreou em janeiro de 1984, contra o Palmeiras. Fechou o gol e garantiu a magra vitória de uma a zero. Mas era uma época sem Zico, sem Júnior. O Flamengo, embora ostentasse um bom time sem as feras citadas, não era mais o Mengão “papa-tudo” do comecinho da década de 1980. O time da hora era o Fluminense, de Assis, Washington, Romerito e Cia., craques que perturbaram (e muito!) o Fillol nos Fla-Flus.


Mesmo permanecendo apenas um ano no Flamengo, a torcida o idolatrava. Ocorreu com Fillol um fenômeno mais ou menos parecido com o de outro argentino, Oscar Basso, mas só que no Botafogo. Basso disputou pouco menos de 20 jogos pelo alvinegro, em 1951, porém o suficiente para ser considerado um dos mais brilhantes zagueiros da história do clube. Muitas décadas depois, Fillol, para muitos rubro-negros, é um dos melhores arqueiros que já pisaram na Gávea.

Mas quando falamos do grande arqueiro, vem imediatamente à nossa mente a Copa do Mundo de 1978. Nela, Fillol foi soberano. Estupendo. Recordo as grandes atuações naquela Copa. Tanto quanto os craques Kempes, Luque, Ardilles ou Passarella, foi Fillol, para mim, o melhor dentre os argentinos naquela campanha.


Quem descobriu Fillol foi outro grande ídolo do futebol argentino, o mago Renato Cesarini, que também entrou para a história do futebol italiano pelas impecáveis atuações com a Juventus de Turim. Como jogador, Cesarini foi excepcional. Um dos melhores nas décadas de 1920 e 30. O mesmo sucesso obteve como treinador, principalmente do River Plate. Em 1964, quando regressou à Argentina, Cesarini resolveu, certo dia, parar em um restaurante de San Miguel del Monte, um pouquinho mais distante da cidade de Buenos Aires. Mirou com incômoda fixação um rapaz, com presumíveis 14 anos de idade e mãos enormes, que trabalhava ali como garçom. Olhou paras as mãos do menino… olhou, olhou… e emendou para o garoto: “Serás, ‘chico’, um grande arqueiro!”. Tudo começou ali, com o vaticínio de Cesarini, que entendia um pouco e muito mais de futebol.


Fillol, que rivaliza com Amadeo Carrizo no posto de maior goleiro da história do River Plate, defendeu 26 penais pelo escrete argentino. Somente o exótico Gatti, ídolo do rival Boca Juniors, fez o mesmo. Mas os dados estatísticos são imprecisos. Há registros de que Fillol jamais foi superado por quem quer que seja embaixo das traves da seleção argentina. Concordo com o empirismo, e às favas as estatísticas! Fillol, o “El Pato”, foi genial. O maioral!

AS NOVAS DEMARCAÇÕES DO CAMPO DE FUTEBOL

por Adriano Ávila


Apresentamos as novas demarcações do campo de futebol propostas pelo Futbox. O nosso objetivo é o de sempre, a discussão para a melhoria do futebol brasileiro, agora expandido para a evolução do palco onde é praticado o jogo mais popular do mundo.

Em relação aos tamanhos do campo e das traves nada foi alterado, continuam com a padronização 105mx68m (campo) e 7,32mx2,44m (traves dos gols). Mudanças apenas na delimitação da grande área, eliminação da pequena área (como no futsal) e a criação do setor sem impedimento.

Os estudos para as novas demarcações foram baseados nos desempenhos das personagens em cena: jogadores, árbitro, auxiliares (bandeirinhas) e claro, torcedores! Dois objetivos estratégicos: aumentar o dinamismo da partida e a atratividade do espetáculo, o que é bem diferente de correria pelo gramado sem tática alguma.

Levamos em consideração os avanços praticados nas regras de três esportes de grande penetração mundial:

1º) Vôlei: introdução do ataque dos 3 metros (na Olimpíada de 1976 em Montreal – Canadá, a Polônia utilizou essa jogada pela primeira vez em uma competição oficial na partida contra a União Soviética). E venceu;

2º) Basquete: zona de três pontos (em 1984 a FIBA decidiu adotar a regra dos três pontos, utilizada pela NBA desde 1979);

3º) Futebol Americano: demarcações presentes em seus campos, principalmente a área do touchdown (End Zone).

Importante frisar que não se trata da substituição da cultura brasileira pela norte-americana, o foco aqui é o desempenho dos atletas, a beleza do jogo e a satisfação do torcedor. Tudo em harmonia com a comercialização do futebol sem perder suas essências histórica e cultural, promovendo cada vez mais o espetáculo e a ativação das marcas, patrocinadores e parceiros dos clubes e dos campeonatos. 

Três pontos fundamentais para a proposta do Futbox em questão:

O primeiro observado foi a Regra 11: o impedimento. Fundamental para o jogo. Com o condicionamento físico cada vez mais aprimorado dos jogadores, o erro na marcação do impedimento fica mais evidenciado, pois o atacante aguarda o último segundo para partir após o passe e muitas vezes o bandeirinha não tem condições humanas para perceber esse instante, atualmente muito mais rápido, marcando o impedimento de forma equivocada.

O segundo ponto é o avanço tecnológico que evidencia e muito os erros de arbitragem. Uma solução seria retirar os bandeirinhas do campo e recolocá-los em cabines de transmissão com comunicação direta com o árbitro que continuaria presente em campo. De certa forma isso já acontece e está em testes com os árbitros auxiliares. 

O terceiro e último ponto, talvez a espinha dorsal de tudo isso, é a audiência do jogo. Ela impacta na qualidade do que é entregue ao torcedor e na sua experiência no estádio ou pela WEB, pois a TV como conhecemos está com os dias contatos. Pouca audiência significa pouco investimento. A taxa de ocupação e a presença de público nos estádios brasileiros, com exceção à Corinthians, Palmeiras, Vasco e Flamengo, estão longe do que poderiam.

Soma-se a esse terceiro ponto o acesso aos grandes jogos e campeonatos europeus. Quando assistimos a esses jogos e depois aos praticados no Brasil, a sensação que temos é um pouco frustrante, pois além dos nossos grandes talentos jogarem no velho continente ou na ásia, o jogo praticado aqui é mais truncado, com muito mais faltas e poucos lances de habilidade e, quando acontecem, são criticados por técnicos defasados ou zagueiros sem qualidade alguma. Entretanto, a proposta para a nova demarcação do campo não é para nivelar o esporte por baixo, se aplica também para o futebol em alto nível, onde inclusive, seria bem mais impactante para a “satisfação de consumo” do torcedor.

Por perceber o jogo dessa forma o Futbox propôs as seguintes mudanças nas demarcações do campo de futebol. A seguir o passo a passo em ilustrações que iniciam com o campo atual, com o detalhamento das suas medidas, até à proposta final.


Demarcações atuais do campo de futebol

Iniciamos com a grande área, preservando sua largura, mas diminuindo seu comprimento de 16,5m para 13,5m. A distância da cobrança do pênalti permaneceu a mesma, 9,15m do cobrador para os demais jogadores. Com isso a “meia lua” aumentou preservando a sua função, manter o cobrador a uma distância segura para os demais jogadores adversários.

A diminuição da grande área, consequentemente da zona de marcação do pênalti, foi ocasionada pela criação do setor sem impedimento, onde o jogador poderá receber o último passe em qualquer lugar dentro desse setor, sem estar em posição irregular.


Diminuição da grande área e eliminação da pequena área


Introdução do setor SEM impedimento

O setor sem impedimento irá provocar uma mudança tática considerável nos esquemas de jogo, aumentando o número de gols sem descaracterizar a tradição do futebol, pois o impedimento continuará existindo na área nobre, o meio de campo, possibilitando os grandes lançamentos, os passes em profundidade e as penetrações dos laterais e demais atacantes.


Nova demarcação do campo de futebol

A preservação do impedimento foi o alicerce para a proposta da nova demarcação do campo de futebol, como ilustrado nos exemplos a seguir. Abaixo os 11 jogadores de cada time dispostos no campo com as novas demarcações e a área de cobertura dos bandeirinhas. Essa área agora é menor e passa a ser “vigiada” pelos dois ao mesmo tempo, bastando apenas um deles para assinalar alguma irregularidade.


Disposição dos jogadores em campo com a nova demarcação

Algumas situações e comparativos para ilustrar a proposta. Lembrando que nas cobranças de escanteio e arremessos laterais o impedimento continua não existindo.


Situações mais comuns COM e SEM impedimento

Enquanto a tecnologia não abranger todas as divisões, com auxiliares (bandeirinhas ou segundos árbitros) em cabines eletrônicas, por exemplo, erros como a marcação ou não do impedimento ou demais faltas serão muito mais prejudiciais ao jogo/espetáculo do que antes, pois o futebol está muito mais valioso, dentro e fora de campo e com muito mais responsabilidade social em relação à formação de jovens atletas e cidadãos no Brasil e no mundo.

Essas novas demarcações podem contribuir muito para o jogo de futebol, pois reduzirão os erros e aumentarão o número de gols, sem quebrar a tradição do futebol e nenhuma regra atual. Criarão apenas um setor dentro do campo com uma nova possibilidade tática com o intuito de promover o gol, a expectativa máxima de qualquer torcedor de futebol.