AMIGOS DO GASPERIN
texto: Cândice Gasperin | fotos e vídeo: Alex Racor e Freddy Paz | edição de vídeo: Daniel Planel
Desde 2010, quando o goleiro Gasperin – e meu pai – faleceu, eu comecei a buscar seus amigos do futebol para saber mais sobre a história de quem eu só vi jogar por vídeos e fotos (tinha quatro anos quando ele largou as luvas). Quando bate aquela saudade, eu ligo ou visito jogadores, técnicos, jornalistas e dirigentes pedindo que me contem como ele era dentro e fora de campo, bastidores de concentração e aquelas histórias engraçadas que só quem conviveu com ele sabe.
Conversando com o ex-zagueiro Larry Chavese, eu e minha família decidimos organizar encontros com os ex-jogadores pelos clubes onde o Gaspa passou: Inter, Grêmio, America-RJ, Botafogo-SP, Cruzeiro… Imagina a resenha! A ideia inicial era escrevermos um livro, que ainda será lançado, mas vimos que os encontros significam mais: é uma maneira de reunir também amigos que não se veem há algum tempo e relembrar os momentos felizes que tiveram no futebol. O Larry até criou um grupo no WhatsApp chamado Amigos do Gasperin, para que os craques da bola mantenham contato.
O último encontro aconteceu em 24 de julho, em Porto Alegre, e o Museu da Pelada não tinha como ficar de fora. Batista, André Luis, Cléo Hickmann, Príncipe Jajá e Chico Spina foram alguns dos craques do Internacional que participaram da resenha. Juntos com Gasperin, eles conquistaram dois campeonatos brasileiros (sendo o único time a vencer o campeonato invicto!), três títulos estaduais, um vice-campeonato da Libertadores e vários torneios internacionais.
A alegria e felicidade de se encontrarem era visível no rosto de cada um! Lino e Luis Fernando ainda relembraram a época em que Gasperin foi presidente da “caixinha” do Internacional e Amauri Knevitz contou algumas brincadeiras e o exemplo de liderança do goleiro dentro e fora dos gramados.
O mais difícil foi suportar a emoção quando eles falaram sobre a importância dos conselhos de Gasperin, o amor pela família e a dedicação para garantir o número 1 nas costas.
Além do bate-papo lembrando as conquistas, os craques ainda contaram várias histórias dos bastidores do Inter na época, brincadeiras de concentração, conquistas individuais e claro, várias histórias do Gasperin, nosso eterno guerreiro!
OS 45 ANOS ME LEMBRAM OS 43 MINUTOS
por Marcos Vinicius Cabral
O domingo tão aguardado, havia enfim chegado.
Na redação do jornal O São Gonçalo, estava eu fazendo charge (ou tentando fazer) naquele domingo, o que era uma tarefa não muito fácil.
Como de costume, em ocasiões especiais, eu sempre fazia duas charges, pois Flamengo e Vasco decidiam o Campeonato Carioca naquele ano de 2001.
Enquanto o Flamengo decidia pela terceira vez consecutiva contra o Vasco, para saber qual o melhor time do Rio de Janeiro (havia ganhado as últimas duas), o tricampeonato seria muito bem-vindo.
Com um super time, o Vasco era favorito e após vencer o primeiro jogo por 2 a 1, era (quase) certo que São Januário receberia mais um troféu de campeão carioca.
Com isso, o time rubro-negro, dirigido por Zagallo, precisaria vencer por dois gols de diferença.
Confesso que naquele 27 de maio de 2001, havia em mim um certo ceticismo, mesmo com meus 28 anos de idade e com tantos títulos já comemorados.
Mas aquele campeonato era muito difícil, convenhamos!
Após descer os nove andares – já que o elevador demorava muito – do prédio do relógio, tradicionalmente conhecido aqui em Alcântara, fui já pegando meu vale-transporte, que era ainda em papel e me encaminhei para o ponto de ônibus.
No trajeto, carros buzinavam fazendo um grande estardalhaço e a maioria deles, com bandeiras cruzmaltinas nos tetos dos veículos, que tremulavam.
Nas janelas dos prédios, os gritos de “é campeão, é campeão!”, me chamavam atenção e corroboravam com a certeza da vitória.
Nas esquinas das ruas que antecediam o lugar onde pegaria meu ônibus, o vento soprava os papéis para longe de mim, demonstrando com isso a pocilga deste tradicional bairro da cidade de mais de um milhão de habitantes.
Já dentro do ônibus, meu celular toca e do outro lado da linha era Wellington querendo saber se eu assistiria o jogo no bar de Paulo, lugar sagrado dos flamenguistas nas vezes em que o “Mais Querido” jogava.
Lembro que respondi sim, mas a verdade é que queria assistir em casa aquele Flamengo e Vasco.
Por tal motivo, passei celeremente em frente ao bar e fui beneficiado pela enorme bandeira do Flamengo, que escondia as pessoas no interior do estabelecimento e as que passavam em frente a ele.
O time do Jovem Fla, marcou época em São Gonçalo
Graças a Deus, passei sem ser visto pela turma do Jovem Fla, um dos times mais respeitados da cidade, em que Wellington era o técnico, seu irmão Wallace, o presidente, e eu, o camisa 8, no qual me orgulho de ter envergado com maestria.
Uma pena esse time ter existido tão pouco tempo, apesar do bicampeonato no campo do Gradim (2003 e 2005) e diversos títulos, entre campeonatos e festivais.
Mas ao chegar em casa, faltando poucos minutos para o início do jogo, tomei um banho, peguei minha camisa do Flamengo número 10 do Zico e por que não dizer, número 10 do Petković (escrito corretamente, com acento agudo no c, sem erro, pois ele foi a peça nevrálgica naquele jogo), e fui para a casa da minha sogra.
O Flamengo entrou em campo e contava com a minha confiança, sempre fui um torcedor fanático pelo Flamengo, apaixonado mesmo.
Tem certas paixões que não se pode explicar e o Flamengo é uma delas, algo assim inexplicável.
Não sei, mas alguma coisa parecia que ia acontecer de positivo naquela tarde para nós, flamenguistas.
O que sempre buscava, era sentir as emoções dos grandes tempos áureos do time da década de 80 de Zico e Cia.
Apesar do Vasco ter na época um super time, muito bem treinado por Joel Santana, no primeiro jogo os dois gols vascaínos foram de bola parada.
Um de pênalti, convertido pelo atacante Viola e outro de falta, em que Juninho Paulista contou com o desvio da barreira para enganar Júlio César.
No segundo jogo, o Flamengo entrou em campo de mãos dadas como a Seleção tetracampeã de 1994 e aquele simples gesto balançou minhas estruturas, pois havia percebido em se tratar de uma ideia do Zagallo, nosso técnico na ocasião.
Só aí, a emoção já ia à flor da pele, com o Maracanã lotado, torcida inflamada empurrando o time e fazendo uma linda festa como sempre.
O jogo estava muito tenso e aos 23 minutos do primeiro tempo, pênalti para o Flamengo e o “capetinha” Edilson fez 1 a 0.
Faltava mais um gol, mas ao 40 minutos, em grande bobeira da zaga rubro-negra, o talentoso Juninho Paulista empatou a partida.
(Foto: Eurico Dantas
Aquele gol não foi um balde de água fria e sim uma cachoeira, que de tão gelada me fez lembrar as águas da região serrana de Nova Friburgo, onde dei meu primeiro choro em vida ao nascer.
Sendo assim, voltávamos a depender de mais dois gols para levar a taça para a Gávea.
Aos oito minutos do segundo tempo, o nosso camisa 10 Petković, fez uma belíssima jogada pela esquerda e botou a bola na cabeça do “capetinha” Edilson.
Resultado: 2 a 1.
Entretanto, com um jogo bem aberto e com Euller, “o filho do vento” causando estrago no lado do nosso esforçado lateral Cássio, temi que, nos 37 minutos restantes, tomássemos mais um gol.
O tempo foi passando, passando, passando…
(Foto: Hipólito Pereira)
Com meus olhos atentos na TV, via o velho lobo Zagallo, que na beira do gramado, naquele espaço destinado aos técnicos, incentivava o time e com sua fé irrestrita, segurava uma imagem de Santo Antônio, beijando-a a todo instante.
Seria o presságio do terceiro gol?
Na hora, me veio à mente a Copa de 1998, quando nas semifinais, o supersticioso treinador do número 13, incentivava os jogadores brasileiros na decisão de pênaltis contra a Holanda.
Se há 19 anos, na Copa da França, deu certo, por que não daria agora, em 2001?
Ansiedade, ansiedade, ansiedade e aos 42 minutos, o árbitro Léo Feldman interrompeu o silêncio fúnebre e devastador na nação rubro-negra no estádio à espera do gol do título.
E assim, apitou a plenos pulmões uma falta de Fabiano Eller, cabeça de área vascaíno, no “capetinha” Edilson.
Apesar de ser muito distante, é verdade, a esperança estava ali, diante de olhos vermelhos e pretos.
Como sempre faço, em jogos que são testes para cardíacos, tirei o som da TV (nada contra os narradores esportivos e nem ao Luís Roberto, que narrava aquela partida pela Rede Globo), e liguei o rádio, para ouvir o Luiz Penido ou o José Carlos Araújo.
Até porque, as maiores emoções vividas no futebol, foram nas vozes dessas duas lendas do Radiojornalismo.
Enquanto Luiz Penido, o “Garotão da Galera”, me fez chorar de emoção com os Brasileiros de 1992 e 2009, com narrações memoráveis no microfone da Rádio Tupi, José Carlos Araújo, o “Garotinho”, expôs de forma direta, momentos inesquecíveis como o Brasileiro de 1987 e o tetra da seleção brasileira em 1994, nas ondas sonoras da Rádio Globo.
Lembro que ao sintonizar na AM 1220 kHz, um misto de nervosismo e adrenalina, tomavam conta de mim, ainda mais com o “Garotinho” narrando.
O sérvio da camisa 10 se apresentou, ajeitou a bola e com um carinho especial, esperou o árbitro autorizar a cobrança da falta.
Um suspense tomou conta de nós e lembro da vibração da torcida tremulando as mãos para passar enegria positiva, e eu, repeti aquele ato litúrgico, como se estivesse nas arquibancadas apinhadas de flamenguistas e não na sala da casa da minha sogra, que me olhou sem entender nada.
Por um instante, confesso que pelo pragmatismo daquele olhar, pensei em se tratar de uma vascaína e descobri, anos mais tarde, ser flamenguista.
Na cobrança daquela falta, a Rede Globo, que transmitia o jogo, mostrou por alguns segundos no banco de reservas, o lateral Alessandro – que havia sido substituído por Maurinho – que olhava intensamente sem piscar, com as mãos juntas, rezando, acreditando no último lance do jogo e Zagallo beijando o santinho nas mãos.
Aos 43 minutos, o árbitro autorizou, Petković caminhou para a bola e bateu… a bola fez uma curva incrível e ainda toca na ponta dos dedos do goleiro Hélton.
Viagem insólita da bola, que foi no ângulo, indefensável, era o gol salvador com a inesquecível comemoração do Petković, se jogando no gramado e sendo tomado pelos outros jogadores.
Entrei em êxtase, era como se estivesse revivendo o que outros torcedores na década de 80 viveram.
Desci as escadas e desembestado fui correndo comemorar o tricampeonato com meu amigos do Jovem Fla, no bar de Paulo.
Na TV, a torcida entoando o canto de “vice de novo”, a imagem do Zagallo aos prantos, a torcida… enfim, foi mágico!
Entrou para a história esse gol do Petković, que passou a ser chamado carinhosamente, e diga-se de passagem, merecidamente, apenas de Pet.
Assim, três letras, de um tri, na falta sofrida a três minutos do fim do jogo.
Hoje, esse talentoso ex-jogador completa 45 anos.
Foi genial, foi exemplo, foi craque e foi decisivo nas passagens que teve pelo Flamengo.
Em 2009, solidificou de vez seu nome na galeria de ídolos imortais do clube, com a conquista do Brasileiro.
Portanto, a geração que não teve a oportunidade de ver Arthur Antunes Coimbra, ou melhor, Zico, teve a felicidade de ver este sérvio, que conquistou os 40 milhões de corações espalhados pelo país, com atuações, títulos e gols marcantes, como este contra o arquirrival Vasco da Gama.
Parabéns para você Pet e obrigado por tudo!
DIA DE FINAL
Logo mais, às 21h45, no Maracanã, o Flamengo recebe o Cruzeiro no jogo de ida da final da Copa do Brasil e a equipe do Museu da Pelada decidiu relembrar duas partidas para apimentar ainda mais o duelo.
A primeira lembrança é especial para os cruzeirenses. Em 2003, o time comandado por Vanderlei Luxemburgo ganhou a tríplice coroa, derrubando o Flamengo na final da Copa do Brasil.
A segunda é mais recente, em 2013. Desacreditado, o Flamengo se aproveitou da massa rubro-negra que lotou o Maracanã para vencer o Cruzeiro e se classificar para a final da Copa do Brasil daquele ano com um gol heroico de Elias.
SAINDO DO GOL
Em um final de semana de novembro de 2016, Júnior Farias estava assistindo a um programa esportivo e percebeu que, assim como todos os programas do gênero, o âncora e os comentaristas falavam sobre táticas, atacantes, zagueiros, laterais, sobre a quantidade de passes, chutes a gol, enfim, sobre tudo o que ocorria no campo, menos sobre um item importantíssimo: o goleiro. Apesar de muitos não repararem, no programa não havia um comentarista especializado no mundo dos goleiros.
A partir daí, Júnior decidiu que era a hora de fazer algo para reverenciar uma das posições mais ingratas do futebol. O Goleiro fica quase que 100% do tempo durante uma partida sozinho; quando sua equipe faz um gol, ele comemora solitário, no máximo acenando de longe.
Em cima dessa solidão midiática que, em geral, os goleiros sofrem, Júnior começou a pensar em algum veículo de comunicação onde o assunto principal seria o goleiro. Assim nascia o projeto “Saindo do Gol”.
Conversando com um amigo, surgiu a ideia de nomear o projeto com alguma ação que um goleiro exerce durante uma partida. Foi aí que surgiu a ideia do “sair do gol”, dando uma ambiguidade bacana ao trabalho. Com o nome criado, o objetivo era claro desde o início: dar voz ao goleiro, aos preparadores, mostrar a suma importância do camisa um e o quão difícil é o seu dia-a-dia.
Desde janeiro de 2017, o canal Saindo do Gol vem dando essa voz aos “esquecidos”. Lembrando que não só o atacante perde o gol: o goleiro também o evita. Hoje, além do canal, temos o site, onde colocaremos as entrevistas, os desafios, um varal com as camisas que os entrevistados nos presenteiam e que, de acordo com uma meta alcançada, as colocaremos para sorteio entre os inscritos. Também temos um blog onde escrevemos sobre curiosidades do mundo dos goleiros, mostramos camisas, luvas e o perfil de lendários arqueiros do Brasil e do Mundo.
A ideia é justamente fazer uma ligação entre os inscritos e os goleiros, além de fazer essa aproximação dos paredões com seus fãs.
Se inscreva no canal: https://www.youtube.com/channel/UCX3ShrZ1ZcA6wQDtVGMurug
O ÍNDIO DA RUA BARIRI
por Victor Escobar
Olaria é um charmoso e agradável bairro do Rio de Janeiro que integra a conhecida Zona da Leopoldina junto com Penha, Bonsucesso, Manguinhos e Ramos – a qual, segundo alguns historiadores, é a mais antiga região da Zona Norte carioca.
Vem dessa região, inclusive, uma das maiores rivalidades do futebol carioca, protagonizada por Olaria Atlético Clube e Bonsucesso Futebol Clube, dois times centenários que há tempos não se enfrentam na divisão de elite do campeonato estadual, mas que ainda conseguem balançar com os moradores dos bairros que deram nome às equipes. Mas isso é assunto tão importante que só pode ser tratado num balcão de bar, com cerveja e jiló frito de testemunhas.
O bairro recebeu esse nome porque os senhores de engenho estabeleceram diversas olarias –“lugar onde são fabricados artigos de barro” – naquela região. Embora não tenha nada de indígena no nome e na história, Olaria é composta por um bom número de logradouros com nomes dessa origem, como Paranapanema, Jandu, Itajoa, Aimoré, Iriguati, Merendiba, Itaúna e algumas outras.
A rua mais famosa do bairro, inclusive, vem de origem indígena: a mitológica Rua Bariri, sede do já citado Olaria A. C.– última equipe defendida por Mané Garrincha, em 1972 – que, em tupi (e em rápida pesquisa no Google), significa “água agitada”.
Então, pela lógica, nada mais previsível do que um índio ser o mascote de um clube instalado numa rua com nome indígena, certo? Não, coisa nenhuma! Não passa de mera coincidência. Se essa fosse a história verdadeira, eu não estaria escrevendo essa crônica.
Pois bem, um simpático senhor – que, dentre outras qualidades, chega a ser o atual presidente – do clube me contou o porquê de um bravo e atlético (me desculpem pelo trocadilho) índio armado ser o mascote do time. E, por incrível que pareça, jurando de pés juntos, dedos cruzados e outras mandingas mais, trata-se de uma história real. Pelo menos me disseram que é real. E lá vai!
Mais ou menos nos anos 50, com a retomada da industrialização do Rio de Janeiro, uma família vinda de Mato Grosso se instalou nas proximidades da Rua Bariri para trabalhar em uma fábrica nos arredores da região.
Acontece que, alguns anos depois, não sei por que cargas d’águas a família teve que trazer um parente indígena para morar nas bandas de lá. O problema é que o índio, que andava pintado, de tanga, de cocar e portanto arco e flechas, não conseguiu se adaptar à vida na cidade grande.
Como a família não conseguia prendê-lo em casa, o jeito era deixá-lo nas imediações do clube, que era bastante extenso e que, na época, ainda não tinha muros. Lembrava um pouco a sua terra natal. Assim o índio se sentia livre e tinha quase toda a liberdade do mundo. Também era uma questão de segurança, porque a vizinhança ficava de olho nele. E ele, sempre empunhando arco e flecha, de olho em tudo, se vocês bem entendem. Melhor para todo mundo.
O tempo foi passando e os frequentadores do clube, quase todos moradores do bairro, começaram a se apegar ao índio, que acabou virando símbolo e mascote do Olaria.
E quem disse que só jogador cai nas graças da torcida? O mascote também tem esse poder, e nada melhor do que o exemplo do índio da Bariri.
Um jogador pode cair nas graças da torcida por vários motivos: pela raça, pelo amor e identificação com o clube, pelos gols decisivos, pelos canecos levantados, pela irreverência etc e tal. Disso o torcedor bem sabe. Mas e o mascote? Bom, o índio tinha um motivo único para ser aclamado pelos apaixonados torcedores do azul e branco da Leopoldina.
Lembra de quando eu falei que o índio andava de arco e flecha? Então, nos dias em que o azulão da Bariri estava no gramado e quando o árbitro desagradava a torcida da casa, os torcedores davam agrados ao índio, bem nos moldes do descobrimento do Brasil, para que ele atirasse flechas no juiz e nos bandeirinhas, que, aliás, eram as presas mais fáceis por estarem à beira do campo. O que bandeirava do lado da arquibancada então… esse era o alvo preferido e o que mais sofria. Nem preciso dizer que o índio se divertia e os olarienses mais ainda!
A cada flechada acertada, a torcida delirava como se fosse um gol de final de campeonato. Nada mais justo. Devia ser por isso que o grande Olaria Atlético Clube supostamente se tornou um dos times menos prejudicados pela arbitragem da história do futebol.
A flecha do índio refletia a vontade, a paixão e a indignação da torcida. Garanto que, se cada clube tivesse seu próprio índio nas arquibancadas, não estaríamos discutindo hoje o uso de tecnologia na arbitragem. O videotape pode ser burro, mas a flecha jamais!
(Crônica dedicada a Augusto Pinto Monteiro, o Pintinho, presidente do Olaria A.C. que gentil e divertidamente me contou essa história. Valorize o clube do seu bairro!)