24 ANOS DO BI MUNDIAL
por Mateus Ribeiro
Houve um tempo em que time brasileiro metia medo em time europeu. E o São Paulo provou isso, não apenas uma, mas duas vezes.
Vinte e quatro anos atrás, o Tricolor conquistava o Bicampeonato Mundial de Clubes, ao bater ninguém menos que o Milan, que era uma máquina.
Um ano antes, já havia vencido o Barcelona, que era outro cachorro grande. Um time repleto de grandes jogadores e guerreiros, comandados por aquele que se não foi o maior, é um dos mais respeitados treinadores da historia do futebol nacional, o inesquecível Telê Santana.
O Museu da Pelada deixa os parabéns aos torcedores do São Paulo, e a todos os envolvidos nessa conquista, por terem deixado uma importante lição: jamais abaixar a cabeça e sempre enfrentar os adversários de cabeça erguida.
INCOMPARÁVEL
por Marcos Vinicius Cabral
Neste domingo (10), foi divulgado o resultado da eleição dos melhores jogadores do Grêmio Recreativo e Esportivo Barabá, referente ao ano de 2017.
Recebi o troféu como melhor meio campo neste maravilhoso grupo do qual faço parte desde o segundo semestre de 2015.
Fiquei surpreso com o resultado, ainda mais por estar prestes a completar 44 anos, daqui a duas semanas.
Tal honraria vai ficar no quarto da minha filha Gabrielle Cabral, que, sem sombra de dúvidas, é sempre merecedora de tudo que conquistei desde seu nascimento, em 2007.
Vivo por ela, e para ela, e ela sim, é a razão maior de tudo isso.
Contudo, livros publicados, exposições individuais realizadas, projetos em curso, faculdade no fim e esse prêmio, tudo tem sua grandeza assim como importância na minha vida.
Portanto, agradeço a Deus (sempre), por ter me abençoado cada vez mais de forma sobrenatural.
Sem Ele, eu nada seria!
Este troféu, apesar do seu valor simbólico e por que não dizer sentimental, deixa expostas algumas fraquezas que passamos durante os 12 meses do ano.
Mas mesmo nos momentos de lassidão, Ele nunca me abandonou e continua cada vez mais forte e onipresente na minha existência.
E para finalizar, essa homenagem em minha carreira de “boleiro” nos campos gonçalenses vem a ser a primeira no grupo e no campo da Brahma, no Porto Velho em São Gonçalo.
Luciano Veloso
A MARAVILHA DO ARRUDA
texto e entrevista: Evandro Sousa | fotos: Adriana Soares | vídeo: Rafael Alves edição de vídeo: Daniel Planel
Vivemos em um tempo que o sucesso de um jogador é instantâneo. Alguns gols, beijos na camisa, coraçãozinho na mão, alguns gritos “oooooh, fulano é o terror”, assim está pronto mais um “craque”, que logo é negociado, seguindo rumo à Europa, Oriente Médio, enfim, não existe lugar no mundo do futebol onde não exista um craque brasileiro.
Mas alcançar a alcunha de Maravilha do Arruda é necessário despertar grande admiração dos apaixonados torcedores do Santa Cruz. Assim aconteceu com Luciano Jorge Veloso, o Luciano Veloso.
Quando ainda jovem, aos 16 anos, foi levado pelo irmão mais velho, Paulo, de Pesqueira, cidade a 280 km de Recife, para o CRB, time da capital Macéio (AL).
Passou pouco tempo e despertou interesses de outros clubes, sendo levado ainda nas categorias de base para o Santa Cruz, do Recife, onde de 1965 a 1975 foi um dos protagonistas do pentacampeonato pernambucano, com 174 gols em 409 jogos.
O Talento
Meio-campo de armação, clássico camisa 10, excelente técnica e chute muito forte, Luciano Veloso é de um tempo em que a camisa 10 não era markerting, mas a marca de quem tinha qualidade e muito futebol. Uma geração que tinha Ademir da Guia (Palmeiras), Forlán ( São Paulo), Palhinha (Cruzeiro), Pelé (Santos) e tantos outros craques. Mesmo assim, conseguiu destacar-se, sendo pré-relacionado na lista dos 40 da CBF para a Copa do Mundo de 1970.
– Só em estar na mesma lista de Ademir da Guia representa muita coisa.
Corinthians Paulista
Após de dez anos de destaque no Santa Cruz, despertou interesse do Corinthians Paulista, para onde foi em 1977, tornando-se campeão estadual depois do clube passar uma “seca” de 23 anos sem um título. Um título inédito que não só mudou a história do clube, mas que também a sua vida.
– Quando fui contratado pelo Corinthians e cheguei no aeroporto em São Paulo, o motorista de táxi disse: “será que é mais um jogador?”. Então respondi que não vim para ser gozado, vim pra fazer história.
Luciano Coalhada
No Corinthians ganhou a alcunha de Luciano Coalhada, por dizerem que parecia com um personagem de Chico Anizio, chamado Coalhada, que fazia o papel de jogador de futebol famoso que estava sempre bêbado.
Mas Luciano não gostava e até hoje não gosta, pois para ele que tinha um alcunha de Maravilha do Arruda ser chamado de Coalhada era um desmerecimento, um desprezo com um nordestino.
O Segredo do chute
174 gols em 409 jogos pelo Santa Cruz tinha um segredo que Luciano nos revelou de forma inédita. O calo. Quem nunca teve um calo na vida ou tem? Luciano até hoje tem um calo ósseo que é a marca de muito treinamento de repetição de chutes a gol, que combinado com o birro da bola, era fatal para os goleiros.
Hoje com a tecnologia as bolas de futebol, são mais leves, não absorvem água como as antigas redondas de couro, que tinha no birro o meio da bola.
– Quando pegava no meio da bola (birro), com o calo, era gol!
Divisões de base
O ex-jogador também fez questão de ressaltar a importância do trabalho nas categorias de base e lembrou como era no passado:
– Antes as preliminares eram com as equipes de juniores, e todos consideravam como uma preparação. Hoje tratam a bola muito mal, me impressiona como erram passes!
Potências do Brasil
– Não é saudosismo, mas São Paulo, Palmeiras, Santos, Flamengo, Vasco, Fluminense, Atlético, antes podiam representar o Brasil.
Inovação
– Duque que colocou aqui em Pernambuco o treinamento de dois expediente. Diziam que era bomba que ele dava, mas o cara treinava mais que os outros, por isso ganhava.”
Hoje
Aposentado, depois de um tempo como treinador, Luciano Veloso, trabalha com uma comissão de ex-jogadores, a seleção de masters de Pernambuco, e articula sempre junto da Federação a melhoria do futebol da região.
CRUYFF, O IMORTAL
por Serginho5bocas
Se há na linha do tempo uma equipe que podemos chamar de moderna sem medo de ser feliz, foi a seleção holandesa da Copa de 74, na Alemanha, comandada por Cruyff. Pode não ter sido campeã mundial, nem a melhor de todas as Copas, mas não tenho dúvidas de que foi a mais inovadora.
Cruyff era o senhor do jogo, aquele que comandava todo o balé, era “o cara”, sobrava na turma e talvez em qualquer turma de futebol neste planeta e em qualquer tempo, pois já nasceu técnico, era o elo com o treinador Rinus Michels, de dentro do campo.
Esse cara era Cruyff, o gênio holandês, o maior jogador de futebol nascido na Holanda em todos os tempos.
Cruyff pode não ter sido o maior de todos, mas com certeza foi o mais versátil, o cara que jogava no campo todo, com inteligência e domínio de todos os fundamentos, um peão que fazia o time girar.
Estava em todos os lugares do campo e fazia todo mundo jogar bem, acompanhando e comandando os movimentos da equipe de longe e, quando necessário, mais de perto, sempre se apresentando para dar opção e demonstrando através de seus passes para gols dos companheiros, um altruísmo acima da média.
Driblava muito bem, tinha uma visão de jogo acima da média e uma velocidade espantosa quando arrancava com a bola, partindo para cima dos adversários.
Foi com certeza o rei dos três dedos, o mestre da trivela, e tudo sem tomar conhecimento da bola, olhava para cima, altivo e elegante, dono de um estilo de jogo monárquico, um deus da bola.
Cruyff foi o rei de sua época, o melhor da década de 70, venceu inúmeros prêmios individuais, mas a sua marca registrada era o jogo coletivo, todos juntos lá atrás se ajudando para ninguém tomar drible ou levar gols e todos juntos lá na frente, para ter e dar opção de jogo a todo instante. Sem contar a linha de impedimento perfeita e as “blitz” que faziam amiúde, roubando a bola dos adversários totalmente perplexos.
Cruyff e a Holanda poderiam jogar hoje, mais de 40 anos após o apogeu, que seria moderno, pois ninguém conseguiu fazer aquilo de novo, em nenhuma época.
Eu não tive a felicidade de vê-lo em ação ao vivo na sua melhor fase, mas ainda pude me maravilhar com lances de DVDs e pela internet que felizmente possibilita a qualquer um rever os melhores lances deste grande jogador.
O confronto da Holanda contra o Uruguai na Copa de 1974 deu a sensação de que os caras de laranja eram de outro planeta. Pela TV dava a sensação de que aquilo tudo era armação, efeitos especiais, mas não era, era futebol puro, completo, coisa de quem sabe das coisas, e muito. Era o jogo que ficaria conhecido como FUTEBOL TOTAL. O que muita gente não sabe, é que aquela formação de time, uma mistura do Ajax com o Feyenoord, nunca havia jogado junto, entraram cinco novos jogadores na estreia da Copa de 1974.
Quem viu aquele cara, o camisa 14 da laranja mecânica, comandando aquilo tudo dentro do campo, teve a noção exata do que ele era capaz.
Cruyff se despediu sem levar o título, mas no jogo final, apresentou ao mundo mais uma de suas jogadas fantásticas, uma amostra do seu imenso repertório. Arrancou do meio de campo em alta velocidade e foi se infiltrando pela zaga alemã, até ser parado com pênalti, que abriria o marcador do jogo. Para se ter uma ideia, a Holanda havia dado a saída de bola, trocou de pé em pé por quase dois minutos sem que a Alemanha tocasse na bola, até que o gênio holandês pintou sua tela, a tela mais bela e surpreendente das Copas, imortal.
SOBRE OS DEZ
:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::
Já dei diversas vezes minha opinião sobre o nível técnico do Brasileirão e vocês sabem bem qual é, mas na rua insistem que eu volte ao tema. Então, darei minhas impressões sobre os dez primeiros colocados.
Não há como negar que Fábio Carille montou um Corinthians coletivo, sem craques, mas bom de ver jogar. O time quase não erra passes e não pode ser considerado violento. Torço para que ele não seja influenciado pelos sabe-tudo e construa o seu próprio caminho.
O Grêmio é muito parecido, consegue ser coletivo e por conta de jogadores mais técnicos, como Luan, também apresenta um futebol vistoso.
O Botafogo poderia estar nesse grupo, mas o elenco é reduzido e na hora em que o bicho pega não tem poder de reação.
O Palmeiras ficou no meio do caminho, mudou tanto de técnico que perdeu a personalidade.
O Santos de Levir Culpi uma decepção. Aí entra o Elano, que foi bom jogador, com a chance de mudar tudo, colocar o seu estilo, e a mesmice continua.
O Cruzeiro, ao contrário de Grêmio, Corinthians e Botafogo, é um time sem sal, de uma escola ultrapassada.
Vasco e Flamengo estão no mesmíssimo barco e não por acaso terminaram com o mesmo número de pontos. Ganham sem convencer e não mereciam estar na Libertadores.
A Chapecoense vale por sua recente história, mas não encanta, só se defende e é um futebol insosso.
E o Atlético Mineiro valeu por ter nos apresentado Otero, atualmente o melhor chutador do Brasil. Hoje temos poucos bons cobradores de falta, pelo menos algum que marque gols com frequência, mas o venezuelano veio nos ensinar a fazer algo que já fomos professores. Ah, mas já demos aula de tantas outras coisas….
Precisamos ser humildes, aceitar que não somos mais os mesmos e entender que nossa chave na Copa do Mundo com Suíça, Costa Rica e Sérvia será duríssima. Nada mudou, ainda somos a seleção do 10×1, Alemanha + Holanda. Ou não somos?