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ANDRÉ DE NASSAU

por Zé Roberto Padilha


Aprendeu-se a liberdade, combatendo em Guararapes, entre flechas e tacapes facas, fuzis e canhões, brasileiros irmanados…..

Era assim que eu e meu irmão, Flávio, devolvíamos, com um samba de Martinho da Vila, as boas vindas que os meninos guias de Olinda nos davam por suas ladeiras. Assim recebiam todos os turistas. E jogadores de futebol.

Sem senhores, sem senzalas, e a Senhora dos Prazeres transformando pedra em bala, bom Nassau já foi embora, fez-se a revolução…..

O Santa Cruz Futebol Clube fez uma revolução em nossas vidas fluminenses e cariocas. O peixe vinha encomendado cedo aos jangadeiros. E a água de coco era paga por mês, fresquinha no quiosque da orla em frente ao nosso prédio. E o ar puro de Boa Viagem inflava nossos pulmões. E o carinho da torcida coral inflava nossos corações.

E a festa da Pitomba é a reconstituição, jangadas ao mar, pra buscar lagosta e levar pra festa em Jaboatão….

E a cada festa domingo no Arruda tinha o Nunes. Apelidado de “João Danado”, invadia áreas, derrubava retrancas com tiros certeiros e cabeçadas precisas. Era um fenômeno que surgia dentro de campo. E fora dele tinha a aura do nosso zagueiro Lula Pereira. A cara e a alma daquela gente querida e pernambucana.


Vamos preparar, lindos mamulengos, para comemorar a libertação…

As bolinhas iam surgindo na tela. Náutico e o Santa Cruz já haviam sido abatidos. Rebaixados para a terceira divisão. Só restava o Sport a impedir que toda aquela bonita história não desaparecesse como os holandeses. A esperança do futebol brasileiro de não perder uma das suas maiores referências culturais, artísticas e desportivas. O Frevo de Givanildo. O Maracatu de Ramon. E o carisma do Biro-Biro.

Cirandeiro, cirandeiro ó a pedra do seu anel brilha mais do que o sol…

Daí Diego Souza ganha a jogada e alça a bola sobre a área. E André de Nassau a transforma em bala. E afunda a nau campeã. A história do futebol brasileiro não permitiria a ausência daquele povo guerreiro na sua principal competição. E ao apagar das luzes fez-se a libertação. Seja bem-vindo Sport. Sejam bem-vindos nossos torcedores de uma Recife amada e querida.

Ita

paredão da colina

entrevista: Sergio Pug|iese | texto: André Mendonça | fotos: Marcelo Tabach vídeo e edição: Daniel Planel 

Para nós, do Museu da Pelada, poucas coisas são tão prazerosas quanto pegar a estrada para ir atrás dos nossos ídolos e ouvir grandes histórias de quem nos deu muitas alegrias no passado. O personagem da semana é Ita, goleiro do Vasco na década de 60, que nos recebeu com muito carinho em sua casa, em Guapimirim, município ao norte da capital do Rio de Janeiro, e nos fez voltar no tempo ao mostrar seu vasto acervo.


Com uma bela camisa azul do Vasco personalizada, o “Paredão da Colina” abriu um largo sorriso ao avistar nossa equipe. A iniciativa do encontro partiu de Márcio Figueiredo, nosso parceiro de longa data, que apesar de flamenguista não esconde a admiração pelo goleiro que teve uma grande passagem pelo rival.

O curioso é que a brilhante trajetória de Ita no futebol começou da pior forma possível. Devido ao fraco desempenho no ataque das peladas de Alfenas, no sul de Minas Gerais, foi obrigado pelos colegas a se virar embaixo dos paus:

– Eu era tão ruim de bola na frente que a rapaziada falou: “só joga se for no gol”. Era na época do Castilho (goleiro do Fluminense), eu era fã dele e passei a me inspirar nele nas peladas.

Antes de formar uma das defesas mais sólidas do Brasil, escoltado por Coronel, Bellini e Paulinho de Almeida, fez parte de um time semi-profissional montado por dois grandes fazendeiros de Alfenas e passou a se destacar, sobretudo, nas cobranças de pênalti.

Durante a resenha, o arqueiro fez questão de lembrar do dia em que o time misto do Fluminense foi disputar um amistoso cidade. Na ocasião, defendeu dois pênaltis cobrados por Telê Santana e garantiu a vitória do “azarão”.

– Eu era muito bom em pênalti, ficava me mexendo em cima da linha para desestabilizar os cobradores – lembrou antes de revelar o truque encenando.

 Aos 21 anos, após muitas defesas de cinema em Alfenas, despertou o interesse do Vasco e iniciou sua trajetória no clube. Em um dos maiores times do Brasil, com uma concorrência gigantesca, somente um milagre faria o quarto e jovem goleiro ter uma oportunidade entre os titulares, mas ela surgiu e não poderia ser melhor.

Tratava-se da partida que marcava o retorno de Didi do Real Madrid para o Botafogo e os concorrentes Barbosa, Hélio e Miguel, do Vasco, se lesionaram na semana que antecedia o clássico. A chance caiu no colo de Ita, que parou o poderoso ataque formado por Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo, e assegurou a vitória por 2 a 0 no Maracanã.


A boa atuação estampou as manchetes dos jornais que, junto com fotos históricas, Ita guarda com carinho no acervo: “EMERGÊNCIA REVELOU NOVO ÍDOLO DA TORCIDA VASCAÍNA: ITA”.

– Depois dessa partida, garanti minha vaga e nesse ano ainda fui o goleiro menos vazado do campeonato!

Vale destacar que a façanha ocorreu em uma época de ataques inesquecíveis como o do Botafogo, de Garrincha, e o Santos, de Pelé. Em relação aos duelos com o Rei do Futebol, Ita garantiu que nunca saiu derrotado, mas lembrou de uma história divertida.

– A gente estava ganhando por 2 a 0 e eu havia prometido para a minha mulher que compraria um fogão com o dinheiro do bicho. Faltando três minutos para acabar, Pelé fez dois gols, empatou o jogo e o bicho ficou pela metade – contou para a risada de todos.

A passagem pelo Vasco durou sete anos e quando começou a perder espaço se transferiu para o América-RJ. Depois disso, defendeu o Remo e encerrou a carreira no Ceará. Toda a carreira do goleiro está documentada através de fotos que tornaram a resenha ainda mais robusta.

No fim, ainda fomos brindados com a presença de Valda, mulher de Ita e lendária nadadora que também defendeu o Vasco. Aí a resenha ficou completa!

 

DEZESSEIS NO CINEFOOT

Temos muito orgulho da parceria que formamos com o CINEfoot. Nesses dois anos de Museu, tivemos, por duas vezes, a honra de participar ativamente do festival de cinema de futebol liderado pela fera Antonio Leal.

Se no ano passado recebemos a “Honraria Futebol Arte” como a mais brilhante iniciativa no campo cultural em defesa da identidade e promoção dos valores mais preciosos do futebol genuinamente praticados nos campos e fora das quatro linhas, em 2017, na oitava edição do CINEfoot, tivemos a oportunidade de apresentar o “Dezesseis”, um vídeo sobre Adílio e Mendonça.

Vale destacar que é o número da edição do festival que determina os homenageados e, por isso, a oitava edição relembrou os grandes camisas 8 do futebol brasileiro. Presente no evento, o craque Adílio subiu ao palco para agradecer a homenagem e, logo em seguida, assistiu ao vídeo emocionante.

Além de travarem grandes duelos por Flamengo e Botafogo, respectivamente, Adílio e Mendonça honraram a camisa 8 e comandavam o meio-campo, sempre de cabeça erguida, como manda o figurino.

Todo e qualquer tipo de homenagem a essas feras continua sendo pouco por todas as alegrias que eles nos proporcionaram!

Viva o CINEfoot e viva os donos do meio-campo!

O TEMPO, O ÍDOLO E O ESCUDO

por Claudio Lovato


Em 1983 eu estava no Olímpico com o meu velho e um dos meus irmãos mais novos. Um baita frio. Julho em Porto Alegre, quinta-feira à noite. Um a um com o Peñarol, jogo encardido, peleado, até que o nosso louco genial, o cara da camisa 7, deu o balão mais improvável de todos os tempos para dentro da área dos uruguaios, César voou, meteu a cabeça na bola e então estava decretado o nosso primeiro título da Libertadores. Em 1983 eu tinha 18 anos.

Neste 29 de novembro de 2017, dia em que conquistamos a nossa terceira Libertadores, lá estava ele de novo, o louco genial, o rebelde nascido em Guaporé. Em Lanús, na Argentina. Agora na beira do campo, como técnico.

O primeiro brasileiro a conquistar a Libertadores como jogador e como treinador – e pelo mesmo clube.

Marcelo Bielsa disse que o futebol pode prescindir de tudo, menos do escudo. Porque o escudo é o que emociona.

O escudo é o que nos identifica entre os nossos. O escudo é aquilo que somos.

Caras como Renato ajudam a tornar o escudo indestrutível.

Na quarta-feira, assisti à final com amigos e com os Borrachos de Brasília, no CTG Estância Gaúcha do Planalto, que virou uma extensão da nossa Arena aqui no Distrito Federal.

Crianças, jovens, gente de meia-idade, idosos. Todos por um escudo. Nossa identidade.

O tempo passou para Renato, passou para mim, passou para todos nós. Ou talvez seja mesmo como alguém já escreveu: “Não é o tempo que passa, somos nós que passamos por ele”.O jeito que passamos é o que conta.

Valeu, Portaluppi.


Obrigado pelo que fizeste pelo nosso escudo. Obrigado pelo que fizeste por todos nós, portanto. Tu e essa gurizada que está sob o teu comando – do garoto Arthur, craque pronto aos 21 anos, ao garoto-vovô Léo Moura, quase quarentão. 

Mas vamos em frente, que a vida segue. Na semana que vem já tem Emirados Árabes e lá enfrentarás aquele que provavelmente será o desafio mais extraordinário da tua vitoriosa carreira. E tu sabes bem o que significará para nós a superação dele.

LEILÃO SOLIDÁRIO


Localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o projeto Faixa Preta de Jesus assiste 400 jovens e mostra, através da luta, a capacidade da criança em se opor ao adversário, combatendo as adversidade com determinação e fazendo florescer uma força interior.

Comovido com a causa, o craque Neymar doou duas camisas e um par de chuteiras autografados para serem leiloados. Vale destacar que o valor arrecadado será revertido para o projeto que, no total, já atendeu cerca de 25 mil jovens nesses dez anos de existência.

O “Leilão Solidário” em prol da instituição vai até o dia 15 de dezembro e, para participar, os interessados deverão se cadastrar no site (https://leiloar.net/cadast), se habilitar para o leilão e inserir seus lances. Visto pelos colecionadores e amantes do futebol como verdadeiras relíquias, as camisas e a chuteira são do tempo que o atleta jogava no Barcelona. Toda a ação será realizada com apoio da Piraquê, do Museu da Pelada e da Leiloar.net.

Além do leilão, você pode ajudar de diversas maneiras, basta entrar em contato e começar a fazer a diferença. 

     Nova Iguaçu
     Instituto Brasil
     Avenida Roberto Silveira 1050
     Centro – Nova Iguaçu
     Rio de Janeiro
     Telefone: (021) 3488-5928