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FILOSOFIA

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

O que a seleção francesa e o PSG têm em comum? Técnicos retranqueiros. Desde os tempos de jogador Didier Deschamps lutava para impedir gols adversários e, hoje, no comando da seleção, preocupa-se mais em não levar do que fazê-los.

E olha que tem atacantes fantásticos, como Mbappé, Pogba, Lambert, Griezmann e Benzema, mas esse parece que não convocam mais. Ninguém se lembra, mas a França classificou-se para essa Copa no último jogo, assim como Portugal, duas escolas fraquíssimas. A França mais por conta da estratégia de seu treinador e Portugal pelo conjunto da obra.

No PSG não é diferente. Não adianta o dono do clube investir milhões em um timaço e contratar o Unay Emery. Ah, mas ele venceu três Ligas da Europa com o Sevilha! E daí??? Venceu como, jogando na retranca e lutando por um gol? E outra coisa, a Liga da Europa é uma coisa e a Liga dos Campeões é outra, completamente diferente.


Para ganhar o campeonato francês não seria nem preciso investir tanto. Quem assistiu Real Madrid x PSG e entende só um pouquinho de futebol percebeu a diferença de patamares. Me perdoem, mas é time grande contra time pequeno. A postura do Real Madrid enche os olhos, assim como a do Barcelona e, agora, a do Manchester City, com o Guardiola. A bola rola, o jogo é coletivo e todos participam. É muito mais difícil marcar.

O Cristiano Ronaldo é a estrela principal, mas e o resto? Meu Deus, o que o Marcelo está jogando de bola!!!!


E o PSG? É um time mediano com Neymar tentando decidir sozinho. Não vai conseguir, simples assim, não vai conseguir. O jogo emperra o tempo todo, ele segurando muito a bola, sofrendo a falta, reclamando, levando cartão e debochando. Filme repetido. Prefiro, disparado, o futebol do Marcelo. Mas sou apenas mais um torcedor.

Resumo da ópera, o dinheiro pode comprar tudo, mas a filosofia, esquece, essa se constrói.

OBRIGADO, DOUTOR!

por André Felipe de Lima


Assim, certa vez, contou Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira: “Sou introvertido. Por isso, quando garoto, punha apelido em todos os meus colegas. Era defesa para ninguém notar minha timidez”.

Obrigado, Doutor Sócrates, pela sua “timidez”. Obrigado, Doutor, pela sua história. Obrigado, Doutor, por ser nosso ídolo “Souza”, “Vieira”, “Oliveira”. Ídolo de todos os Silvas em cada canto de nosso Brasil, um país que você tão bem respeitava.

Obrigado, Doutor, por ser Brasileiro no nome, no sobrenome, no Sampaio, no raio e na alma.

Obrigado, Doutor, por ser eterno em nossos corações tão apaixonados pelo futebol-arte que desata o nó do angustiante dia a dia do Brasileiro torcedor.

“Se as pessoas não tiverem o poder de dizer as coisas, eu vou dizer por elas. Quando eu era jogador, minhas pernas amplificavam a minha voz.”

Falarás sempre, Doutor… e o escutaremos, sempre também.

Nosso Sócrates faria anos nesta segunda-feira, 19 de fevereiro. 
A merecida reverência a um monstro sagrado do futebol em todos os tempos.

Veja alguns vídeos sobre Sócrates:

CR7 X NEYMAR

por Serginho 5Bocas


Confesso que estava louco para ver este duelo, só não esperava que ocorresse tão precocemente. O sorteio das oitavas de finais da Champions League foi muito madrasta com as duas equipes e principalmente com os fãs, antecipando, sabe-se lá porque, até mesmo uma possível final, mas fazer o quê, se ela veio desse jeito?

Quando Neymar decidiu encarar o desafio de sair de um clube desejado, midiático, “trilhardário”, vitorioso e recheado de craques como o Barcelona para jogar no PSG, todos já sabiam o porquê dessa escolha. Todos fingiam que não sabiam e apresentavam opções lunáticas, mas vamos parar de palhaçada e pensar, o que ele queria de verdade? Digo, o que ele quer? Lógico que ser o melhor do mundo, e nem que a vaca tossisse ele seria, jogando como coadjuvante de Messi.

CR7 e Messi já possuem uma traulitada destes troféus em suas coleções particulares, mas continuam esta insana disputa, porque são dois “tarados”, que pensam que lotar a estante destas tacinhas da dona FIFA vão fazê-los superiores a Pelé, Maradona, Cruyff, Di Stefano, Puskas, ou só pelo pecado mais adorado pelo diabo: a vaidade.

O certo é que Neymar quer chegar lá, e tem cacife para isto. Chegou no PSG e com seus dribles, gols e passes para os companheiros marcarem gols, e mais do que isso, sua presença singular, fez o clube ganhar musculatura, queiram os críticos ou não.

Falem o que quiserem, mas só não dá para ficar indiferente a um jogador que dribla com extrema facilidade, fazendo fila entre beques como poucos, que faz gols com naturalidade e que tem uma facilidade espantosa em colocar seus companheiros na cara do gol. Mas que infelizmente, como efeito colateral, também traz consigo um caminhão de problemas extra campo.


Mas vamos ao que interessa, o jogo de ida foi no Santiago Bernabeu e nem parecia, tal a excelente atuação do PSG como visitante. O PSG não tomou conhecimento do mando de campo e se impôs, igualando as ações e até mesmo, em grande parte da partida, superando o Real em número de ações de ataque e na postura de avançar suas linhas, marcando no campo do adversário.

Neymar, mesmo muito marcado, criou várias jogadas de ataque para seus companheiros e comandou as ações de seu time. No único gol do PSG, foi ele quem deu o passe de calcanhar, mesmo que para os comentaristas da TV aberta, após vários replays, não tenham conseguido ver isto, miopia ou burrice, sei lá…. Ele mesmo não teve uma chance muito clara de gol, mas deixou Cavani e Mbappe em excelentes condições de marcar, sem sucesso.

Já CR7, é o cúmulo irritante da eficiência. Andava esquecido na partida, se resumindo a pedaladas sem sair do lugar e passes laterais, até pintar aquele pênalti “insosso” e cara de pau sobre Toni Kross, que nunca seria dado se fosse a favor do clube francês, principalmente se fosse sobre o ator pastelão, caçado em campo e ex-moicano, mas tá valendo. CR7 bateu e comemorou com sua pinta de galã de novela mexicana, cheio de delay no áudio.


Depois, quando o jogo ainda estava 1×1, veio o pênalti a favor do PSG que o juiz não quis ver. Chute do Rabiot, sei lá, que encontra o braço do zagueiro Sergio Ramos, que rapidamente tenta colar este membro ao corpo, sem êxito na cena pastelão. O arbitro não quis ver, mas aí era contra o poderoso Real em casa, deu ruim, né?

Toca o enterro, PSG vai mandando no jogo, até que Zidane coloca em campo Asensio e ele muda a partida em dois lances: no primeiro, aos 38 da segunda etapa, ele leva no fundo e chuta pro “foda-se” sem olhar e acha as mãos do excelente goleiro Aréola, que numa defesa que “Muralha” seria crucificado pelos rubro-negros, entrega aos joelhos ungidos do “gajo” português. Aí ele faz um quilo certo, e aquela cena esperada, e diz que está ali, sinceramente não tinha percebido, mas vale o “show man” e afinal de contas, o cara é o cara!


Aí, aos 41, novamente Asensio em jogada com Marcelo “Monstro”, fazem uma tabela em que a canela de gênio resolve a parada. Marcelo, que sobra na turma mundial pela ala esquerda, deu sorte, sorte de campeão. A bola de canela, quica no gramado, bate no zagueiro e ilude o goleirinho francês. Pronto! 3×1.

Prato cheio para os abutres, para os comentaristas babando sobre os corpos dos cachorros mortos.

Teve gente que disse que Neymar é mimado, que não jogou nada e que perdeu o duelo para o português.

O primeiro comentário tem até certa razão, o garoto é cheio de “MAMÃEZADA” mesmo, mas dizer que não jogou nada é brincadeira! O que é jogar muito?

O PSG não tomou conhecimento da casa do clube merengue e jogou à vontade até ser atropelado pelo juiz, pela sorte e pela qualidade do Real, mas deixou um gostinho de quero mais no jogo de volta em Paris.

Esse jogo promete, e será o dia “D” para o craque Neymar. Ali veremos se ele já entendeu a diferença que separa os meninos dos homens e se vencerá CR7 ou se permitirá ao português seguir a sua saga de artilheiro inigualável e inoxidável, mas que se encerrará em débito com a genialidade dos craques verdadeiramente completos.  

Concordem comigo ou não, Neymar jogou mais futebol, CR7 foi mais eficiente. Mas se Neymar quer tocar o topo do mundo, este é o degrau decisivo da escada.

Aos fãs do CR7, digo que Hugo Sanchez, artilheiro dos anos 80, também era assim, gols a rodo pelo merengue, mas sem convencer os deuses do futebol. Era só gol, que aliás não é pouca coisa, tá!

É que eu tenho esta mania de ser exigente pra karaiu!

6 de março tem mais, galera!!!!

Jair Marinho

O INCRÍVEL

entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | fotos: Marcelo Tabach edição de vídeo: Daniel Perpetuo 

 

“Trombava neles e ficava com a bola”. Quem lembra do imponente Jair Marinho em campo, com aquele estilão que amedrontava os mais variados atacantes do Brasil e do mundo, nem imagina a pessoa que ele é fora das quatro linhas. Simpático e brincalhão, o campeão mundial em 1962 lembrou histórias divertidíssimas durante a resenha e arrancou boas gargalhadas da nossa equipe no Horto Botânico de Niterói.


Aos 81 anos, Jair ainda impressiona pela força física mesmo após ter sofrido quatro AVCs transitórios. O biotipo invejável, vale ressaltar, nada mais é do que uma herança de família, já que sua mãe, Leonor Albina, morreu com incríveis 116 anos.

– Ela é um grande exemplo da força da família. Além dos nove filhos que botou no mundo, ela quebrou o quadril aos 92 anos e alguns meses depois já estava andando novamente. É mole? – indagou Jair Marinho Filho, que também foi jogador.

Embora fosse um verdadeiro touro dentro de campo, Jair Marinho nega qualquer tipo de fama relacionada à violência:


– Eu não era violento. Era um jogador que marcava bem. Eu marcava o tempo da bola. No terceiro quique eu já chegava junto. Usava muito a velocidade e o corpo de 90 kg! – justificou.

Se o porte físico avantajado já não fosse o bastante, o lendário lateral-direito revelou ainda um truque para não se dar mal nas divididas. De acordo com ele, entupia os meiões com o saudoso Jornal dos Sports para ficar ainda mais parrudo e proteger as canelas.

Em um dos muitos casos relembrados, Jair se divertiu contando o desentendimento com o ponta-esquerda Paraná. No dia anterior à partida, os dois se encontraram em uma barbearia e, sem notar a presença do rival, Paraná disparou que ia bagunçar Jair Marinho. Revoltado, o lateral avisou que ia ter troco.

– Falei para não tentar passar por mim porque eu ia levantar ele. Não obedeceu, joguei longe e ele teve que sair de maca!

Comandado por Zezé Moreira, Jair Marinho marcou época no Fluminense, onde atuou por dez anos e jogou ao lado de Castilho, Pinheiro, Clóvis, Altair, Edmilson, Telê, Maurinho, Valdo e Escurinho. Pelo clube, foi campeão carioca em 59 e bicampeão do Torneio Rio-São Paulo.

Nessa hora, ao lembrar dos grandes jogadores que atuaram ao seu lado ou contra, Jair Marinho fez questão de apontar a carência de craques no futebol moderno:

– Era uma maravilha entrar em campo com Pelé, Rivellino, Nilton Santos… e hoje? Hoje você nem sabe quem são os jogadores. A gente só se importava em jogar futebol. Se não tiver um bom empresário hoje em dia, nem entra em campo!

Vale ressaltar que no clube das Laranjeiras ele teve a oportunidade de jogar ao lado do grande amigo Altair, que hoje sofre de Mal de Alzheimer e já não fala mais. Por isso, levamos uma bela caricatura dos dois, feita pelo parceiro André Felipe de Lima, para presenteá-lo.

Com o desenho em mãos, Jair não mediu as palavras para falar do amigo:

– Ele é um irmão que admiro como jogador e como pessoa. A melhor fase da minha vida foi ao lado dele, jogamos juntos no Fluminense por oito anos. A gente fazia o trajeto Rio-Niterói sempre juntos.


Depois do Fluminense, teve boas passagens por Portuguesa-SP e Corinthians, antes de ser contratado pelo Vasco, onde formou uma zaga de respeito ao lado de Brito, Fontana e Aldair.

Após muita resenha sobre uma trajetória brilhante, ainda restou tempo para a chegada do colecionador Victor Raposo, que trouxe uma mochila abarrotada de camisas de jogo da época e não perdeu a oportunidade de garantir o autógrafo desse grande personagem do futebol brasileiro.

 

Donato

ESPANHOL DA COLINA

entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | edição de vídeo: Daniel Planel 

 

Em um dos muitos encontros em que marcamos presença, nos surpreendemos positivamente com a chegada de Donato, um grande personagem do futebol brasileiro e espanhol, que estávamos atrás faz tempo.

Cria do América-RJ, o jogador sempre se destacou por sua versatilidade em campo, se adaptando facilmente a qualquer posição e se tornando uma espécie de coringa por onde passou.


– Quando fui fazer meu teste para o América-RJ, que tinha um timaço de juniores, a única posição que o treinador Moacir Aguiar conseguiu me encaixar foi a de lateral-direito e eu agarrei a oportunidade, né?

Após se destacar na base ao lado de craques como Moreno, subiu para a equipe profissional e em 83 foi contratado por empréstimo pelo Vasco. Em São Januário, o garoto teria que mostrar muito futebol para concorrer a posição de titular com Edvaldo e foi o que aconteceu mesmo com a pouca idade.

Assim que apareceu uma brecha, teve um belo desempenho, garantiu a titularidade e foi comprado definitivamente pelo Vasco no ano seguinte. Por uma tragédia, no entanto, sua função dentro de campo seria outra:


– Passei a jogar de zagueiro quando o capitão Daniel Gonzáles faleceu naquele grave acidente perto da Rocinha. Disputei a posição e fui muito bem mais uma vez.

Com a chegada de Antônio Lopes, foi deslocado mais uma vez e passou a exercer a função de volante. Já na nova posição, se destacou no torneio Ramon de Carranza e despertou o interesse do Atlético Madrid, que nem deixou o craque voltar para o Brasil.

Permaneceu cinco anos no clube espanhol, conquistando duas Copas do Rei e, devido a falta de oportunidade na seleção brasileira, se naturalizou espanhol e jogou a Eurocopa de 96.

– A única espinha cravada foi não ter ido a seleção brasileira. Eu estava em um momento muito bom no Vasco.


Depois do Atlético de Madrid, conquistou diversos títulos vestindo a camisa do Deportivo La Coruña por dez anos.

– Estou há 29 anos na Espanha. O títulos são coisas importantes, mas o mais importante é o legado que eu deixei. Onde eu vou na Espanha eu ainda sou reconhecido!