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QUEM NÃO QUERIA SER IGUAL AO SIMONAL?

por André Felipe de Lima


Charge: André Felipe de Lima

A seleção brasileira se preparava para ir à Copa do Mundo de 1970. O mês era fevereiro. No Brasil, sofríamos com a ditadura militar, e nos palcos, embora censurados como tudo no país, o destaque popular era o cantor Wilson Simonal ou, como diz o título da série de reportagens sobre ele assinada pelo grande Sérgio Noronha, “aquele cara que todo mundo queria ser”. Arrazoada verdade. Simonal era o showman na crista da onda do final da década de 1960, e entre os seus grandes amigos, um especialíssimo. Um rei. O Rei Pelé I e único. 

Simonal era tão parceiro de Pelé que gravou, em 1967, uma composição (Gosto tanto de você) assinada pelo Rei. A música integra o  LP “Alegria Alegria vol. 2”, lançado pela Odeon. Mas a relação entre os dois estava acima da música. O futebol os uniu no momento que se tornaria o mais importante da história do esporte bretão no Brasil: a Copa do Mundo de 1970, no México.

Simonal foi convidado pelos cartolas da antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos) para acompanhar a delegação na Copa. Evidentemente que o cantor topou na hora. “Simona”, como era carinhosamente chamado pelos amigos, adorava futebol. Cabia ao showman entreter a moçada na concentração. Lucro dele, que estaria perto de alguns dos melhores jogadores do planeta, mas lucro também dos próprios craques, que se deliciariam com o cara que todo mundo queria ser no país.


No documentário “Ninguém sabe o duro que dei”, de Calvito Leal, do “casseta” Cláudio Manoel e de Micael Langer, Pelé confessou o grande carinho que tinha por Simonal e a importância dele na delegação rumo ao “tri”. Os dois eram queijo com goiabada. Combinação perfeita. Cantaram, tocaram violão e alegraram os jogadores. No México, a amizade entre Simonal e Pelé estava devidamente consolidada. 

“Pô, eu chegava no aeroporto e todo mundo pedia autógrafo pra ele [Simonal]. Quer dizer, parecia que ele era um jogador de futebol. Aquela coisa que você sabe, né, de boleiro com cantor. Ele dizendo que era bom de bola, que gostava de bater bola. Eu tinha um [campo de futebol] society lá na minha casa, aí nós brincamos lá. Aí começou nossa amizade. Pô, é impressionante. Todo cantor quer ser jogador e todo jogador quer ser cantor”, declarou Pelé, em depoimento para o filme.


No mesmo filme, o jornalista Nelson Motta confirma a importância do cantor entre os craques de 70: “Simonal foi uma espécie de cantor oficial da delegação [do Brasil, na Copa de 70]. Ele fazia um imenso sucesso no México tanto quanto Pelé”.

Simonal foi mais que o cantor oficial da delegação. Foi a mascote, um querido amigo de todo mundo. O clima descontraído permitiu aos jogadores promoverem uma brincadeira com o cantor. Durante um treino, ele deveria jogar para um leve e descompromissado “teste”. Os craques deixavam o cantor se sentir “jogador”. Simonal passava a bola, conduzia a pelota… só dava o “craque” Simona na pelada dos cobras da seleção. 
No documentário, o humorista Chico Anísio recupera uma história surreal. Zagallo tinha dúvidas se levava para o México o ponta-direita Rogério, do Botafogo, ou o terceiro goleiro, no caso o Leão, do Palmeiras. Carlos Alberto Torres, o “Capita” de 70, emendou a sugestão, naturalmente na maior galhofa: “Zagallo, pra que levar o Rogério se o Simonal está aqui? O ‘Simona’ entende, joga uma bola redonda”. 


Zagallo embarcou na piada do Capita e perguntou ao Simonal: “Você joga, Simonal?”. O treinador do escrete ouviu na lata: “Bato uma bola…”. Um todo prosa Simonal mordeu a isca, e Zagallo o convidou para uma “preparação física pra valer” na manhã do dia seguinte. Tudo à vera, sem “brinca” nem delongas. “Se você estiver bem, eu te inscrevo”. Um confiante Simonal acreditou.

“Ele [Simonal] achava que estava bem, que era atleta e ele falou assim: ‘Pô, vou fazer uns dois toques’, porque a gente fazia brincadeira de dois toques, né? Aí, recreação… ele falou: ‘Vou fazer dois toques com vocês aí’. Aí eu falei: ‘Tá legal’, aí arrumamos pra ele fazer o dois toques. Botou o uniforme, botou a chuteira, tudo. Eu me lembro como se fosse hoje. Aí, ele foi fazer o dois toques. Quinze minutos de aquecimento, pô, ele se sentiu mal. Lá no México é alto, pô, deu um piripaque nele. Aí, ficou lá, teve que vir o doutor dar um oxigênio e tudo pra ele”, recordou Pelé, às gargalhadas, para o documentário do cantor.

Simonal desmaiou. Somente quando acordou é que percebeu que tudo não passava de uma gozação. Até ali, o cantor acreditava piamente ser ele o ponta-direita da seleção na Copa de 70.

Simonal, cujo apelido de “Pilantra” foi uma forma jocosa inspirada no agente 007 interpretado pelo ator Sean Connery, era um camarada tímido e até certo ponto ingênuo. Um dos maiores showman da MPB alegava ter medo de encarar a plateia. Só decidiu enfrentá-la devido à necessidade de ganhar dinheiro. 


Wilson Simonal contou ao Sérgio Noronha que o estilo malandreado surgiu após assistir a um filme do famoso agente britânico. Quando as luzes do cinema acenderam, ele imaginava a sala de projeção cheia de mulheres devido à fama de galã da personagem. Pelo contrário. Só havia homens. Aí, Simona refletiu: “Como é que é? E comecei a descobrir que o 007 faz aquele gênero que todo homem gostaria de fazer. Ele não é bonito. Pode ser um tipo machão, mas isso não é difícil de ser. Conquista todo mundo, bate a torto e a direito, é polícia mas transgride a lei e ainda leva esculacho. É um irreverente, um irresponsável. Foi lá na Rússia e atacou a embaixatriz, tem reunião ele chega atrasado, com aquela roupa. Os outros de terno azul marinho e camisa branca, e ele chega de azul claro e camisa cor de rosa. Uma pasta diferente, uma ar cínico. Todo mundo se projeta nele, e foi aí que eu senti que dava pé […] e você acaba sendo aquele cara que todo mundo queria ser”.

Simonal foi um mágico da MPB. Encantava até mesmo os mais resistentes ao seu estilo. Impagável vê-lo dando um show de simpatia ao lado da diva do jazz Sarah Vaughan, ambos cantando a célebre e maravilhosa The Shadow of Your Smile. “Por favor, não tumultuem. Repita comigo, Sarah: ‘Vou deixar cair'”. A cantora arrastou o português, repetiu a frase e a plateia cedeu em risos e efusivos aplausos. A diva, certamente, jamais esqueceu do dueto com Simonal, que tem o nome graças ao médico que cuidou de sua mãe, Maria Silvia de Castro, três meses antes do nascimento do futuro cantor: “O médico gostou de mim, só me chamava de ‘Gorda’, e disse que fazia questão que eu botasse o nome dele no meu primeiro filho. Tanto é assim que, quando meu marido veio me ver, depois do nascimento, tinha um papelzinho identificando a criança: Paulo Roberto Simoná, que era o nome do médico todinho. Meu marido não queria, mas ele tinha me tratado tão bem que eu pedi para deixar ao menos um nome dele na criança, e ele voltou com o registro: Wilson Simonal de Castro”.


No mais, a vida de Simonal tem como síntese a letra de “Sá Marina”, composta por Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, uma das mais lindas da MPB, imortalizada na voz do mais deliciosamente malandro da história do showbiz nacional: “Deixando versos na partida/ E só cantigas pra se cantar/ Naquela tarde de domingo/ Fez o povo inteiro chorar”.

O povo chora a falta do querido “pilantra”, mas sorri até hoje ao ouvi-lo cantar.

OBRIGADO, SIMONAL!!!

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

O futebol brasileiro vive uma terrível fase e, hoje, comemora-se até derrota de 4×0. Mas essa escassez de talentos, infelizmente, não resume-se aos gramados. A música também anda um terror.

Sempre apreciei um som de qualidade e um de meus grandes ídolos foi Wilson Simonal, que completaria 80 anos hoje. Que suingue, que balanço!!! “Descendo a rua da ladeira, só quem viu que pode contar….” ou “Sim, sou um homem de cor….”.

Na década de 70, ninguém fazia tanto sucesso. Internacionalmente, apenas Jorge Ben disputava ombro a ombro. Vendia muitos discos, reunia milhares de pessoas em seus shows, comandava a cidade! Éramos muito amigos. Ele morava em Ipanema e eu no Leblon. Nas noites cariocas, eu saía com minha Fiat Spider e ele com uma de suas três Mercedinhas.


Conheci Simonal nas eliminatórias da Copa do Mundo, do México. Era muito amigo do Pelé e de Saldanha, e nos treinamentos participava do bate-bola com os jogadores. Só depois de um tempo percebi que ele realmente achava que tinha chance de estar entre os convocados, ser uma das feras do Saldanha, Kkkkk!!!

Quando Roberto Miranda contundiu-se _ sem gravidade _ ele viu ali sua grande oportunidade, kkkkkkk!!! Não jogava nada e seu balanço era só nos palcos, zero chance!!!

Na Copa, no México, foi contratado para apresentar-se no Hotel Camino Real e vivia em nossa concentração. Na final, houve uma grande festa no hotel e os jogadores dos quatro primeiros colocados viraram a madrugada dançando ao som de Simonal! Até Tostão deu seus requebrados, kkkkk!!!!


Simonal era rubro-negro e ficou feliz da vida, quando em 72, fui contratado pelo Flamengo e, melhor, fui campeão!!! Imaginem as comemorações com o Simonal, o Rei do Rio??? Era garoto-propaganda de várias marcas, inventou a bandana, curtiu adoidado até que viu-se envolvido em um trama mentirosa, nojenta e covarde com os militares. Foi chamado de espião para baixo e entrou em depressão.

Que falta faz. Nunca surgiu um balanço parecido. Sua música enfeitiçava, tinha a ver com o drible do Jair, com o elástico do Riva, com o lançamento do Gerson, com a magia do futebol.

Que bom ter vivido isso! Obrigado, Simonal!!!!

INTERVENÇÃO NA FEDERAÇÃO DE FUTEBOL

por José Roberto Padilha


A violência contra o futebol transcende as ruas, favelas, presídios e alcança estádios abandonados pelo interior. Com a falta de espaço para desenvolver sua arte, sem oportunidades para mostrar seu talento, milhares de adolescentes, matérias primas do nosso melhor produto de exportação, vagam hoje pelas ruas procurando uma escolinha de futebol. E não encontram. A eles, expostos à ociosidade e ao tráfico de drogas, e são milhares entre os 92 municípios, só resta fazer um teste em Xerém, onde a fila está na subida da serra. Ou comprar um bilhete de loteria e ser sorteado para ter dois minutos para mostrar sua bola na peneira do Ninho do Urubu. Quem sabe um bilhete influente para treinar meio tempo no Vasco? A sorte de conhecer alguém nas divisões de base do Botafogo.

O descaso da Federação de Futebol do Rio de Janeiro é tamanha com o interior do nosso estado, eterno berço dos grandes craques do nosso futebol, como Mané Garrincha, que há uma década dezenas de clubes, sem incentivo ou apoio, fecharam seus departamentos de futebol. Aqui em Três Rios, como em Barra Mansa, Araruama, Teresópolis, amantes e abnegados da bola foram até onde suas prefeituras aguentaram. Isto é, suportar anos de uma terceira divisão que ninguém sabe que existe para alcançar patrocinadores, taxas de arbitragem caríssimas para disputar uma segunda divisão que nenhuma rádio, ou jornal, noticia. Oito anos como secretário de esporte e lazer de Três Rios, e só vi membros da federação por aqui quando de suas reeleições, buscando votos, promovendo jantares. Depois….mal nos recebem. Só enviam taxas, suas e da CBF, e são pródigos a punir, suspender, cassar filiações. Jamais ajudar. Ou estender as mãos.


A violência também é contra o lazer e o entretenimento. Sem ter no cardápio do final de semana uma ida aos estádios, o futebol do interior vai perdendo espaço para o Rugby, para um palco que se arma e recebe a Anitta, monta um Parque de Diversões que estraga sua grama, Rodeios cuja boiada invade a grande área e estraga o gol. Futebol, ao vivo, não tem preço. Tem emoção, tradição e outros ingredientes que o Show do Intervalo jamais conseguirá captar por melhor que seja o seu pacote premiére.

Por isto, em nome dos meus netos, já que meus filhos não tiverem as oportunidades que tive de me tornar um atleta profissional, primeiro defendendo o meu América FC local, peço, como ex-atleta, treinador de futebol e jornalista que seja feita uma intervenção também na FERJ. Que ocupem sua sede, afastem seu presidente como afastaram o Pezão, o Crivella, e espalhem tropas pelos estádios de futebol do interior e lhes devolvem a vida. E a esperança.

Eduardo, Felipe e Gabriel, os meus netos, sonham em jogar no PSG. E no Real Madrid. Mas só poderão fazê-lo no Playstation. Na vida real, só se uma tropa federal lhes reabrir o curso primário, o Estádio Odair Gama, do Entrerriense FC, a preparação secundária, no Estádio Tiezão,do América FC, ambos fechados pelas saudades que temos de Octávio Pinto Guimarães, que era nosso Darcy Ribeiro. E do Dr. Eduardo Augusto Vianna da Silva, o Caixa D água, que era Leonel Brizola. Estes, sim, amavam o interior, acendiam refletores dos CIEPS da bola. Dignificavam o futebol como um todo, não apenas o da capital, e transformavam sonhos dos meninos fluminenses em realidade.

UM PERU EM NOSSAS VIDAS E O ROCK DO MAVERICK COR DE SANGUE

por Marcelo Mendez

Era mais um dia de Copa do Mundo.

Eu já estava me acostumando com o fato de sempre acontecer algo bacana nos dias de jogos do Brasil. Naquele dia não seria diferente e a novidade da vez era a vinda do Paulinho pra buscar eu e meu Pai pra gente ir ver o jogo lá no bairro Campestre, do outro lado da cidade de Santo André

– Mauro, por favor, fala pra aquele doido do seu amigo não correr com aquele carro!

– Calma, Mulher. Paulinho sabe o que faz. É gente boa…

– É um doido! E você é outro! Cuida do teu filho!


Depois dessa rápida prosa com minha mãe, meu pai veio até meu quarto me pegar. Paulinho já buzinava na frente de casa e então partimos. Do quintal, vi aquele carrão vermelho no nosso portão e Paulinho lá encostado no carro. Com uma calça boca de sino verde, uma camisa azul, umas correntes no pescoço e um bombom na mão, me convidou:

– E aí, Marcelo! borá la ver o jogo. Entra aí…

Levantou o banco para ir na parte de trás do seu Maverick vermelho. Íamos novamente para casa de um amigo, ver aquelas cores via aparelho de televisão, em mais um dos jogos do tal torneio o qual eu já começava me simpatizar…

A descoberta do rock and roll

Da janela do carro, via o mundo passar. Era outra cidade.

Santo André em 1978 não tinha muitos carros, muitos viadutos, trânsito stress, nada. Era uma cidade que relutava em ser urbana, que mantinha as coisas de cantinho do interior e andar por suas ruas pouco habitadas era muito legal.

Na parte da frente do carro, enquanto o Paulinho dirigia, meu Pai brigava com ele para abaixar o volume do toca fitas último tipo, que tinha no Maverick:

– Mauro, isso é Bachman Turner Overdrive. Não se ouve em volume baixo…

Hoje eu sei que ouvíamos “Down The Road” e que o BTO é uma bandaça. Mas aos 8 anos aquilo era tão somente uma barulheira deliciosa. Devo ao Paulinho os primeiros rocks da vida, portanto. Mas ele abaixou o volume e então ele e meu Velho passaram a falar do jogo que veríamos logo mais. Eu ouvi.

A partida seria contra um time que tinha nome de frango de Natal: Peru. Eu anotava mais um lugar do mundo que a Copa me apresentava, agora esse; Peru. Eles falavam de um time muito bom, que tinha uns jogadores de nomes estranhos, Oblitas, Chumpitaz, Manso e um outro, que segundo eles, era um craque de bola, Cubillas.

Concluí que seria um jogo complicado, que mais uma vez meu Pai ficaria nervoso, fumaria um cigarro atrás do outro, mas não foi o que houve. Pelo menos não por conta do jogo…

A queda…

A casa do Paulinho estava lotada. Ele trabalhava com meu Velho na mesma firma, gostava de rock, de cerveja, tinha cabelão comprido e falava muito de umas pessoas que já não estavam mais conosco, que por alguma razão meu Pai evitava falar comigo;

– Pai, cadê fulano?

– Ele foi viajar, já já volta!

Minha mãe, ao contrário do meu pai, dizia que essas pessoas estavam sumidas e eu não entendia o porquê… Seja como for, o jogo rolava.


Ao contrário do que meu pai e Paulinho falavam no carro, o tal Cubillas, pelo menos naquele jogo, não jogou nada. No Brasil, ao contrário da expectativa de ter Rivellino, de Zico sair jogando, de Reinaldo voltar como titular, quem arrebentou com o jogo foi um cara de nome Dirceu.

Um canhoto magrinho, cabeludo, esperto, que batia na bola como poucos. Foi Dirceu quem carregou o time do Brasil para o 3×0 final daquele jogo. Mas sentia que naquela casa cheia, algo não estava lá muito alegre. Piorou com a notícia que alguém na casa contou para todos:

– Fulano caiu!

Na minha cabeça de menino de 8 anos, pensei que as pessoas ficaram chateadas, talvez por conta de o tal fulano ter se machucado com a queda, eu mesmo, vivia caindo lá nas peladas da rua. Meu pai era um dos tristes, então eu decidi dar esse alento a ele:

– Pai, num fica assim; A gente cai mesmo, depois a mãe passa mercúrio e sara!

De olho marejado de água, meu pai me fez um afago no rosto e me abraçou. Eu retribuí e depois o Paulinho nos levou embora. Ao contrário da alegria da ida, na volta, não teve rock, não teve prosa, não teve nenhuma festa. O Brasil seguia vendo os seus caírem e nada era feito com relação a isso. No carro, Paulinho tenta quebrar o gelo:

– Esse Peru, hein? Que time estranho, Mauro.

– Pois é, não entendi a partida que eles fizeram.

O Peru seguiria em nossas vidas naquela Copa, de uma outra maneira mais estranha ainda. Mas isso é uma outra história…

FILOSOFIA

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

O que a seleção francesa e o PSG têm em comum? Técnicos retranqueiros. Desde os tempos de jogador Didier Deschamps lutava para impedir gols adversários e, hoje, no comando da seleção, preocupa-se mais em não levar do que fazê-los.

E olha que tem atacantes fantásticos, como Mbappé, Pogba, Lambert, Griezmann e Benzema, mas esse parece que não convocam mais. Ninguém se lembra, mas a França classificou-se para essa Copa no último jogo, assim como Portugal, duas escolas fraquíssimas. A França mais por conta da estratégia de seu treinador e Portugal pelo conjunto da obra.

No PSG não é diferente. Não adianta o dono do clube investir milhões em um timaço e contratar o Unay Emery. Ah, mas ele venceu três Ligas da Europa com o Sevilha! E daí??? Venceu como, jogando na retranca e lutando por um gol? E outra coisa, a Liga da Europa é uma coisa e a Liga dos Campeões é outra, completamente diferente.


Para ganhar o campeonato francês não seria nem preciso investir tanto. Quem assistiu Real Madrid x PSG e entende só um pouquinho de futebol percebeu a diferença de patamares. Me perdoem, mas é time grande contra time pequeno. A postura do Real Madrid enche os olhos, assim como a do Barcelona e, agora, a do Manchester City, com o Guardiola. A bola rola, o jogo é coletivo e todos participam. É muito mais difícil marcar.

O Cristiano Ronaldo é a estrela principal, mas e o resto? Meu Deus, o que o Marcelo está jogando de bola!!!!


E o PSG? É um time mediano com Neymar tentando decidir sozinho. Não vai conseguir, simples assim, não vai conseguir. O jogo emperra o tempo todo, ele segurando muito a bola, sofrendo a falta, reclamando, levando cartão e debochando. Filme repetido. Prefiro, disparado, o futebol do Marcelo. Mas sou apenas mais um torcedor.

Resumo da ópera, o dinheiro pode comprar tudo, mas a filosofia, esquece, essa se constrói.