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ACORRENTADOS

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

Quem me conhece sabe a irritação que tenho com os times que entram em campo para não perder. Os nossos professores ainda estão na idade da pedra na arte de defender-se e dão aulas de covardia e incompetência. Resultado: tomam na cabeça!

O Flamengo tinha a vantagem do empate contra o Fluminense e perdeu, o Fluminense tinha a vantagem do empate contra o Vasco e perdeu, o Vasco tinha a vantagem do empate contra o Botafogo e perdeu, o Palmeiras tinha a vantagem do empate contra o Corinthians e perdeu, o Atlético-MG podia perder por um gol e levou dois. Ou seja, quando os times entram decididos a ganhar, a jogar bola, a chance de vitória é bem maior.

Defender-se bem é uma arte e nossos professores estão longe de serem artistas. O Vasco beirou o ridículo e chegou a ter quatro zagueiros em campo, o time inteiro dentro da grande área, acuado, acorrentado, acovardado, escondido atrás dos móveis esperando o tiroteio passar.

Será que não passou pela cabeça do Zé Ricardo que se o Vasco fizesse um golzinho a missão do adversário complicaria? Até o Mano, conhecido retranqueiro, foi obrigado a colocar o seu Cruzeiro para a frente. E é bem melhor ver os times buscando o gol!

O Maracanã lotado e os vascaínos vendo seus “soldados” refugiando-se atrás das trincheiras. Lamentável!

O Carli, autor do gol, montou uma barraca de camping dentro da área do Vasco e deve ter dito “só saio daqui quando fizer um gol!”. E fez. Garanto que a torcida do Vasco não teria ido embora tão frustrada se visse um time corajoso, buscando o gol, partindo para dentro, correndo atrás.

Sabemos que no cenário atual do futebol brasileiro não temos mais super-heróis, mas se os personagens das histórias pelo menos não forem covardes os fãs reconhecerão esse esforço. E foi o que aconteceu com o Botafogo.  


DEZ CURIOSIDADES SOBRE A COPA DA RÚSSIA

Por Mateus Ribeiro

Dez curiosidades que farão você ter muito assunto para o debate na mesa dos bares antes, durante e depois da Copa do Mundo!

1. A Seleção de Marrocos acabou com a “Maldição de 1998”.


Em 1998, a Seleção Brasileira enfrentou Escócia, Marrocos e Noruega na fase de grupos da Copa. De lá até 2014, nenhuma dessas seleções conseguiu participar de um Mundial. Os marroquinos quebraram essa tradição, e chegam no Mundial cotados para conquistar o 32º lugar (ou a última colocação).

2. A Seleção do Peru dá sorte aos adversários.


Enfrentar a Seleção Peruana costuma ser um bom sinal. Nas quatro Copas em que participou, a seleção campeã enfrentou o Peru. Em 1930 e em 1982, o Peru estava no grupo das campeãs (Uruguai e Itália, respectivamente). Em 1970, enfrentou o Brasil nas quartas de final. Em 1978, Peru e Argentina se enfrentaram na segunda fase, e protagonizaram aquela partida “polêmica”, que terminou com o resultado “suspeito” de 6 a 0 para a Argentina. E esse ano, qual será a Seleção felizarda que encontrará o Peru no meio do caminho?

3. A Seleção Inglesa dá muita sorte para o Brasil. Muita mesmo.


A Seleção Brasileira possui cinco títulos mundiais, e é a maior campeã. Dessas cinco conquistas, em quatro nosso querido Brasa enfrentou os súditos da Rainha: em 1958 e 1970 na primeira fase. Já nas Copas de 1962 e de 2002, os encontros foram válidos pelas quartas de final. Me arrisco a dizer que só não enfrentamos a Inglaterra em 1994 porque os Ingleses não se classificaram para o Mundial.

4. ACREDITE SE QUISER: VAI TER ARGENTINA E NIGÉRIA DE NOVO!


Repetindo um confronto que já aconteceu em 1994, 2002, 2010 e 2014, os nigerianos tentam vencer a Argentina pela primeira vez. O confronto já virou praticamente uma verdade absoluta na historia dos Mundiais.

5. É uma Seleção estreante em Copas? Vai pro grupo da Argentina.


Em 1994, Nigéria e Grécia estreavam em Mundiais. Caíram no grupo da Argentina.

Já em 1998, Croácia, Japão e Jamaica eram debutantes em Copas. Adivinhe: sim, as TRÊS seleções tiveram o prazer de perder para nossos vizinhos.

Oito anos depois, na Alemanha, foi a vez da Costa do Marfim.

No Brasil, em 2014, a Bósnia ocupou a vaga de “estreante que cai no grupo da Argentina”.

Este ano, na estreia da Seleção Islandesa em Copas, você ganha uma camisa do Messi se adivinhar em qual grupo eles caíram.

6. A Alemanha eliminou os três adversários do seu grupo em Copas seguidas.


México, oitavas de final, 1998.

Coréia do Sul, semifinal, 2002.

Suécia, oitavas de final, 2006.

7. Tim Cahill pode igualar marca de Pelé.


O australiano Tim Cahill poderá ser o quarto jogador da história a marcar gols em quatro Copas do Mundo.

Apenas os alemães Uwe Seeler e Miroslav Klose, além de um tal de Pelé conseguiram atingir tal marca.

O experiente jogador, que ajudou a Austrália a ir para a Copa, tem tudo para atingir essa marca histórica.

8. A Rússia pode atingir uma marca! Negativa.


Caso aconteça o que todos imaginam, os Russos serão eliminados na primeira fase. Apesar do grupo fraco, todos sabem que a Seleção Russa é uma draga das mais horripilantes.

Se a previsão se concretizar, a Rússia será a segunda dona da casa a ser eliminada na fase de grupos (a primeira a conseguir a duvidosa honra foi a África do Sul, em 2010). Pra piorar, a Rússia manterá a escrita de nunca ter passado da primeira fase.

Pelo menos ninguém vai usar a expressão “voltaram mais cedo pra casa”.

9. A Bélgica é a Grande Família da Copa!


A Bélgica poderá atingir uma marca histórica no Mundial: Os famosos Eden Hazard e Romelu Lukaku possuem dois irmãos menos famosos, Thorgan Hazard e Jordan Lukaku, que eventualmente são convocados.

Talvez seja a primeira vez na historia do futebol que uma equipe vá para um Mundial com duas duplas de irmãos.

Será que as brigas familiares vão atrapalhar os planos da querida ÓTIMA GERAÇÃO BELGA?

10. É BOM A ALEMANHA ABRIR O OLHO!!!


Nas últimas duas Copas, as Seleções campeãs na edição interior rodaram na primeira fase.

A Itália, campeã em 2006, saiu de forma melancólica na primeira fase em 2010 (e em 2014 também).

Já a Espanha, que venceu a Copa em 2010, foi eliminada na primeira fase em 2014, com direito a uma chinelada da Holanda.

É bom a Alemanha ficar esperta.

ZÉ SÉRGIO E A REDENÇÃO QUE VESTE A 11 EM 1981…

por Marcelo Mendez


E como Luciano havia sugerido, agora, a Rua Tanger era um time só.

Nós da “Tanger de Baixo”, nos juntamos com eles, da Tanger de Cima, e nosso time ficou muito foda de bom.

Atrás, depois do nosso goleiro Denis, vinha a linha dos “Ão”; Jadão e Tocão na zaga. Na frente deles, tinha o Sandrão, volante, e o meia que era o Pedrinho. Depois, como ponta de lança, vinha eu e os dois da frente eram Carlão e Luciano.

Pedrinho era fã do Ailton Lira e embora tivesse muita classe, se fazia necessário dar uns berros nele vez por outra. Era um jogador que se recusava a jogar feio. Na frente, o Luciano gostava de jogar dos lados, abrindo espaço e dando passes, enquanto o Carlão era um taque de guerra.

Jogador alto, forte, sabia jogar e era sem miséria:

– Ó é o seguinte; como vai ser esse jogo? Na bola ou no pau? Aqui tem pros dois!

E com esse aviso do Carlão, fomos até o campinho da Cidade dos Meninos para o embate contra a Rua Camerum.

Foi o primeiro, de muitos jogos da “Tanger Unificada”…

Projeto Tocão, parte 2

O time da Rua Camerum era o que a gente mais gostava de ganhar.

Tinha lá uns moleques metidos, os pais pagavam os clubes do centro da cidade pra eles nadarem em piscinas aquecidas, eles tinham tênis all color novos pra jogar na rua, enquanto a gente, com nossos pobres kichutes remendados de esparadrapo, fazia o que podia.

Mas era um bom time. Todavia a gente num tava muito preocupado com isso e, então, Luciano falou antes do jogo:

– Mas então, vai ser vira 4, acaba 8. Hoje tem jogo do Brasil contra a Alemanha e a gente vai querer ver!

Os caras toparam e então ele virou pra mim e falou:

– Marcelo, vamos ganhar logo desses caras, temos que ir ver o jogo e convencer o Tocão de levar a gente lá!

– Ué; Mas por que?

– Porque a mãe dele faz um lanche mó bom, porque tem refrigerante de litro e a TV é a cores e funciona. Eu num quero ir em casa ficar virando antena, então vamo lá!

– Vamo…

O Baile de bola

O jogo foi uma festa.

Placar final 8×2 pra gente e quase saímos no tapa por causa desses “2”.

– Va tomar no cu, Tocão! Como pode tomar dois gols de um time de merda desses?

– Va se fuder, Marcelo, ganhamo de lavada!

– Ma num pode! A gente num pode tomar dois gols desse time zuado. Aqui é Tanger, caraio!

Nesse momento, Luciano encostou no bate boca e mandou:

– Marcelo, num briga com o Tocão…

– Que é? Ce é pai dele?

– Não. Mas eu quero ver o jogo na casa dele e se você estragar, vamo deixar você la no bar do Gêra, pra ver em preto e branco, espetando Bombril na antena….

Todos rimos. Acordo firmado e então fomos para casa do Tocão. Naquele 10 de janeiro de 1981, nos juntamos de novo pra torcer pra Seleção e dessa vez ia ser dura a coisa…

Jadão, o Alemão


No caminho falávamos do jogo:

– Do jeito que tá esse time era melhor nem jogar contra os alemães. Vai ser um baile.

– Para de falar merda, Jadão. Quantas vezes ce viu a Alemanha, jogar?

– Eu vi contra o Uruguai e eles são campeões da Europa. E a gente ganhou o que, Luciano?

– Fala baixo! Meu pai tá dormindo pra trabalhar à noite!

Prometemos ao Tocão que sim, não acordaríamos o Renato. Prometemos o mesmo pra Dirce, sua mãe, e ela não só liberou a sala pra gente ver o jogo, como fez um monte de lanche pra gente comer, como havia previsto o Luciano.

Do jogo, claro que seria duro. O time alemão era bom, veio com a base campeã em 1980, tinha craques, como Fischer, Klaus Allofs, Felix Magath, Rummenigge, tinha Breitner e um goleiro insuportável de nome Schumacher e a gente, bom a gente…

– Então vão ganhar dos caras com Edevelado Cavalo na lateral direita, Chulapa na frente mais umas rezas né? Porque vai ser um desespero…

– CALA A BOCA, JADÃO! – pedimos em uníssono. Mas num adiantou…

Em uma jogada de fundo de campo, a Alemanha fez 1×0 gol de Klaus Aloffs. Jadão tava certo, mas só no primeiro tempo. No segundo, viria o cara que fez valer toda aquela tarde.

Zé Sérgio, o redentor


Numa arrancada da ponta para o meio, Zé Sergio sofreu uma falta.

Ponta rápido, ambidestro, decisivo, Zé Sergio era uma flecha. E naquele dia, deu todos os dribles do mundo no lateral alemão. Na cobrança de falta, Júnior bateu e fez. O jogo tava empatado:

– Tá vendo? Esse time é isso tudo, não!”– falou Denis. E ele tava certo.

Numa jogada do Edevaldo Cavalo, Toninho Cerezo virou o jogo. E num outro contra ataque, Zé Sergio, Sócrates e Serginho botaram os alemães na roda pra fazer o 3×1.

Inacreditável!

Mas faltava o gran finale…

Em uma arrancada sensacional, Zé Sérgio driblou todo meio campo alemão, a zaga, o goleiro e todo o império prussiano!

Que golaço!

Era um 4×1 clássico e a gente gritando, comemorando, obviamente, acordamos o Renato:


– Quanto tá o jogo?

Com medo da cara de bravo dele, respondemos baixinho:

– Tá 4×1, Seu Renato!

– Aeeeeeeeeeeeee!!!

E nessa hora, ele se juntou nos “olés” que a gente gritava pra TV. Fez festa e a gente junto. Era a primeira vitória de peso da seleção que começava se preparar para 1982.

O caminho estava bonito…

CENAS DE UM APAGÃO

por Zé Roberto Padilha


A caixinha de surpresas do futebol também possui um relógio. Uma caixa de luz comandada não pelos homens da Light, mas pela energia dos Deuses do Futebol. Tão intensa, potencializadas em decisões, jogando pelo empate, então, cega seus comandantes pela emoção a ponto de, ao final do seu trabalho acadêmico de tantas linhas, e de tantas rodadas, não evitar que um pico de luz desapareça com páginas de conquistas. E de viradas. Bastava ter apertado a tecla salvar toda a campanha e jogar para o ataque. Mas o receio da derrota e um cochilo da zaga, sobrecarregada, assistiu vir por terra a bela trajetória do time da virada.

Apenas quem perdeu um texto após horas de digitações, na solidão de suas salas, inconformados diante dos seus computadores, ou no cantinho dos seus vestiários, pode avaliar a noite que passou Zé Ricardo. Por que entrei com quatro laterais, utilizei quatro zagueiros e não ousei um pouco mais? Por que convidei o Botafogo, mesmo jogando mal, a ocupar nosso terreno? E o Paulinho? Ah! se tivesse o Paulinho seria diferente, prenderia um pouco mais a bola lá na frente….E as horas vão passando. Os títulos também. Vice, de novo. E cadê o sono que não vem chegando?


Muitas vezes, os Euricos Mirandas que jamais deram um só peteleco na bola, em meio ao apagão de uma derrota, convocam às pressas outro eletricista. E trocam o treinador. A torcida, em meio à escuridão da perda de um título, mal enxerga um palmo à frente para defender seu comandante. Quando a luz se acende, já caiu o Paulo César Carpegiani. E o interino vai permanecer enquanto houver um novo rastilho de luz. Esquecem todos os nossos cartolas que a caixinha de surpresas não vem com manual de instruções. Só quem perdeu, ao apagar das luzes, o brilho do seu trabalho, após tantas páginas treinadas, pode saber o que é jogar com o coração na ponta das chuteiras e ver tudo se perder aos 48 minutos do segundo tempo.

Portanto, Zé Ricardo, não se desespere. O destino, e não a força das águas, o imprevisível, e não os moinhos de ventos, o imponderável, e não um palito de fósforo, serão sempre as baterias que acenderão ou apagarão a paixão do nosso futebol. Além disto, para provocar o brilho no olhar do meu filho botafoguense, o Guilherme, que ontem reluziu por toda a noite, só mesmo a energia de uma caixinha de surpresas será capaz de gerar.


Ela, e não o árbitro de linha e o de vídeo, a comunicação eletrônica, instantânea, e o Padrão FIFA de tornar comuns às suas normas, serão capazes de entender. Pelo bem de todos nós, que amamos, e não entendemos, e somos surpreendidos a cada semana, por um novo facho de luz jogados sobre esta magia chamada futebol. Que os deuses a tenham para que o mundo não seja tão previsível dentro e fora das quatro linhas.

FUTEBOL É POESIA

por Ricardo Dias


(Foto: Custodio Coimbra)

Meu avô treinou no São Cristóvão; meu pai, no Bonsucesso; eu, no Fluminense. Como não tenho filhos, essa falta de intimidade com a bola termina em mim. Nenhum de nós servia para a coisa.

Meu avô, apesar de minúsculo, lutou boxe (imagino que peso pum-de- pulga), e foi bem sucedido. Meu pai, vôlei, e também muito bem sucedido (a não ser que contemos o jogo Mackenzie X Flamengo; ele, contundido, foi escalado para ser juiz – estamos falando da década de 50. Com o senso de justiça e destemor que lhe são peculiares, roubou o Flamengo o quanto pôde, tendo que sair fugido do ginásio. Já a salvo, tomando um caldo de cana no Engenho de Dentro, teve que novamente fugir da torcida adversária, cujo bonde passou na frente da pastelaria onde estava meu imprevidente ancestral).

Já eu… Tentei o judô, meio a contragosto. Adorei as primeiras aulas. Na turma da minha idade, eu era o maior, ganhava de todo mundo sem sequer me mexer, coisa que aliás não sabia fazer muito bem. Aí me colocaram com os de meu tamanho, e passei a apanhar regularmente. O judô perdeu todo o seu charme.

Tentei o vôlei, como meu pai, mas um saque dado para trás, desaparecendo com a bola, abreviou minha carreira. No basquete, Clube Municipal, onde amigos jogavam, fui tentar a sorte. Primeira bola, já saindo, corri e devolvi-a para a quadra de costas, única jogada possível. Seguiu o jogo, bola de novo comigo, marcado por um monstro gigantesco, passei a bola de costas. soa o apito de Jorjão, o técnico: PRIIIIII!

– Fora. Globetróti não é pra branquelo!


Só sobrou o futebol. Já contei das minhas desventuras por aqui, então não vou me repetir. Mas o fato é que esse jogo me pegou de um jeito que jamais pude imaginar. Descobri naquele jogo uma poesia, uma dança, uma beleza da qual nunca suspeitei. Ainda mais que comecei a acompanhar futebol justamente com a Máquina Tricolor, de 1975. E olhando o futebol de hoje, fora no gol, por conta da preparação mais apurada que temos, acho que nenhum jogador no futebol brasileiro atual teria vaga naquele time. Talvez no banco, um ou outro. Aliás, nem no Flu nem no Inter daquele ano, ou no Cruzeiro, ou… Acho que se eu fosse criança hoje ia insistir no vôlei.

Assistir a um jogo no Brasil é uma prova de amor ao esporte acima de tudo. Não há prazer envolvido, há suspiros e ranger de dentes. E não é saudosismo! É apenas ver as coisas como são.

Assistir a um jogo do Barcelona ou do PSG é mais ou menos o que a gente via toda semana aqui. E não é exagero, esses caras iam ter que suar e muito para ganhar de um bom time daquela época. O Bayern, campeão da Europa, tomou um passeio no Maracanã. Nossos times excursionavam por lá e iam enfiando goleadas. Todos nos temiam.


O que mudou? Eu pergunto e eu respondo: tudo. Não temos mais campos de peladas, não dá para jogar na rua, não há mais terrenos baldios, e sobram técnicos de escolinhas que precisam de resultados. Quando vêem um talento, vira volante. Caneludo vira atacante. Se corre muito, lateral. E quando se destaca um pouquinho, enchem de mimos.

É só isso? Não. Temos dirigentes ladrões, nossos grandes times viraram pequenos, estão tentando nos espanholizar da pior forma, deixando apenas dois ou três times grandes, a imprensa ajuda isso…

Amigos, aqui é o lugar para reagir. Museu não é só velharia, é resistência! Vamos correr atrás, vamos encher o saco das estações de TV para que os jogos ocorram em horários civilizados, para que todos os times tenham espaço igual, para que cada clube brigue com a CBF e as federações.

Vamos… Ok, desculpem, minha função aqui é falar bobagem. Mas futebol é tão bonito… Então ao menos termino como craque, com um poema de João Cabral de Melo Neto:

Bola de futebol… é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher) usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mãos.