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O MERCADO DA BOLA

por Mateus Ribeiro


A vida do ser humano adulto é repleta de desafios. Particularmente, um desses desafios que menos me empolga é ir até um supermercado fazer compras. E dia desses, fui obrigado a encarar essa missão, que para mim é um verdadeiro martírio.

Antes que vocês, leitores e leitoras, imaginem que eu estou louco, esse texto é para o Museu da Pelada mesmo. Acontece que para deixar o meu passeio dentro do mercado um pouco mais divertido, tentei comparar uma tarde de compras de mantimentos para a casa com uma partida de futebol. E acredite se quiser, existem muito mais coisas em comum entre um mercado em dia de pagamento e um jogo de chutebola do que você consiga imaginar.

O primeiro passo do trabalho de Hércules foi verificar as finanças. E as semelhanças começam por aí. Fui com o intuito de fazer uma comprinha básica (mais alguns luxos), e tive que preparar uma boa grana. Isso já me fez lembrar do preço pornográfico de um ingresso para assistir qualquer pelada aqui no Brasil. Se o pão custa caro, o circo não fica atrás.

Juntei as economias, e adentrei no gramado, digo, no mercado. Como de costume, fiz como os treinadores brasileiros, e decidi cuidar do básico primeiro: se o Mano Menezes, o Carille, o Aguirre, e tantos outros preferem arumar a casinha primeiro pra depois partir pro ataque, resolvi fazer como eles, e tratei de garantir o arroz e o feijão antes de tudo. O problema é que só ali, meu orçamento já sofreu um baita desfalque. Tal qual os times dos citados treinadores, consegui garantir o essencial, mas tinha certeza de que não iria conseguir mais do que uma vitória magra nessa luta contra a balança da economia. É feio? Não. É eficaz? Extremamente.


Feito o básico, chegou a hora de dar uma enfeitada no carrinho. Afinal, o arroz é importante, o feijão carrega o piano, mas um tomate, um alface e uma mandioquinha, apesar de aparecerem com menos frequência, sempre dão um toque de elegância. São tipo os camisas 8 do time. O problema é que procurar verduras e legumes no mercado se assemelha bastante ao trabalho de um dirigente procurar um jogador: pouco dinheiro, e as opções boas normalmente são caras. A vida é feita de escolhas, e da mesma forma que o gerente (ou diretor) de futebol tem que garimpar um jogador de nível, eu tive que tomar muito cuidado pra não pegar nenhum legume ou verdura bichados. A grana tá curta, não se pode tomar decisões erradas nestes momentos. Usei todos os conselhos que mamãe e papai me deram quando eu era um dente de leite dos mercados, e consegui cumprir bem a tarefa. Ponto pra mim, já posso ser o diretor de futebol de algum time da cidade.

No meio do caminho, resolvi comprar uns ovos também. Só pra garantir. Estavam baratos, e sabe aquela vitória magra, contra o lanterna do campeonato, que você se esforça o mínimo possível? Pois bem, ia sobrar uns trocos, e investi ali. Se eu não compro, iria sentir falta de mistura no final do mês. E se o time do lado de cima da tabela perde pontos contra o último colocado, no fim do campeonato, os pontos fazem falta. Já estava começando a me divertir, quando cheguei em uma parte que eu simplesmente abomino: comprar carne.

Pensei em dar uma de Neymar (dar um migué), e furar a fila do açougue. Mas eu me sentiria mal, e preferi ir nas bandejas que ficam no freezer. Olhando para aquilo, pensei: aqui no freezer, temos o futebol atual. Plastificado, feito para ser vendido da maneira mais bonita possível. Até perdi a vontade de comprar. Fiz como o Karius, e comprei um frango.

Eis que eu chego na área de bebidas. Ali, havia refrigerantes e cervejas para todos os gostos. Como sou um Atleta de Cristo, fui para a parte dos refrigerantes. Fiquei assustado com o preço. Mas não com o preço dos refrigerantes de marcas maiores, mas com alguns que nem de longe justificam o valor estipulado. Digamos que Lucas Lima, Ganso, Gabigol estavam custando quase a mesma coisa que o Messi. Já que iria gastar dinheiro de qualquer forma, resolvi levar uma Messi Cola pra casa.


No final das contas, gastei o que não tinha, o que não poderia, e certamente não conseguiria agradar meus familiares com a compra que fiz. Certamente, eu iria ficar com cara de dirigente megalomaníaco que  contrata Deus e o Mundo, mas no final das contas, não consegue entregar nenhum resultado para os torcedores. Torcedores nunca ficam satisfeitos.

Sabe quem se dá bem nessas historias? Os donos dos mercados, os empresários de jogadores, e todo mundo que fatura nessa história. Quanto a nós, pobres torcedores e clientes, só nos resta gastar nosso rico dinheirinho, e ser feliz com o pouco que conseguimos comprar (e assistir).

Ainda bem que depois de pouco mais de 90 minutos, eu já estava voltando pra casa. O futebol, esse infelizmente não está voltando. E parece que dificilmente vai voltar.

Um abraço, e até a próxima!

CLUBE DE REGATAS DO FERNANDINHO

por Marcos Vinicius Cabral


Muitos jogadores passam por um clube de futebol e deixam saudades, enquanto outros, nem são lembrados.

Alguns se tornam ídolos e conquistam respeito com aquilo que fizeram dentro de campo, enquanto outros, passam ser ser notados.

Poucos marcam a vida de um torcedor que, movido à paixão desenfreada chamada futebol, vai ao estádio, grita, xinga, comemora, sorri, chora, enquanto outros, nem tanto.

Portanto, no solo sagrado esverdeado de um campo de futebol, pés e mãos se tornam heróis ou vilões, neste esporte apaixonante. 

Mas raríssimos atletas têm o privilégio de escrever seu nome na história de um clube, além de, conquistar o status de querido no “Mais Querido do Brasil”.

Assim foi o ex-goleiro Fernandinho, que aos 105 anos, nos deixou na madrugada deste sábado (28), no Hospital São Lucas, em Copacabana, Zonal Sul do Rio de Janeiro.

Seu nome – apesar de ser diminutivo – em nenhum momento nos faz duvidar de sua grandeza para o Clube de Regatas do Flamengo, mesmo com nenhum título conquistado.

Ao longo de seus 1,85 metros de altura – era grande não só em estatura mas também em servir ao manto rubro-negro – trocou os pés pelas mãos e as usou com maestria, formando um belo caso de amor com a bola.


À frente da zaga, era comum ouvir sua voz que chamava atenção como o solo da guitarra de um B.B King (1925-2015) ou de um Jimi Hendrix (1942-1970), nas vezes em que instruíu aos seus beques.

Nascido e registrado naquele 2 de março de 1913, no Rio de Janeiro, Fernando Ferreira Botelho fez história.

Em 1919, foi às Laranjeiras para assistir o “Clássico das Multidões”, e ali, pela primeira vez, no mítico estádio do tricolor carioca, sentiu na alma o significado da palavra tristeza.

Com um choro incontido, viu das arquibancadas Marcos, Vidal e Chico Netto; Lais, Osvaldo e Fortes; Mano, Zezé, Welfare, Machado e Bacchi, comemorarem o tricampeonato na tradicional volta olímpica com a goleada de 4 a 0 imposta sobre o Flamengo.

Apesar da decepção com o resultado sofrido pelo clube de coração, aquele 8 de junho seria marcante na vida do menino de apenas 6 anos de idade, carinhosamente chamado de Fernandinho.

O futuro lhe reservaria surpresas e ele faria justiça com as própria mãos!

O tempo passou…

Já em 1927, levado por Japonez – jogador que mais vezes havia vestido a camisa do Flamengo nos anos 10 e 20 e que havia se tornado campeão em 1920/21/25 – passou a amar o rubro-negro como poucos.

Impressionou a todos tamanha devoção ao clube de maior torcida do país, ao jogar de graça, por quase 6 anos, até o esporte se profissionalizar em 1933.


Usou a camisa 1 pela primeira vez no time principal na última rodada do Carioca de 1931, no dia 20 de dezembro, quando o Flamengo venceu o Fluminense por 1 a 0. 

– O Fla-Flu era a maior rivalidade (da época), o Vasco chegou depois, na época era segunda divisão. Mas o América era um time forte. Eu nunca perdi para eles (Fluminense), ganhei todas as partidas que joguei contra eles, pois o tricolor era um bom freguês. Eu estreei contra o Flumiense ganhando de 1 a 0, foi uma estreia boa! – disse certa vez numa entrevista.

A justiça com as próprias mãos começava a ser feita, já que Fernandinho fechou o gol naquela partida, e com isso, o Flamengo vencia o arquirrival, ajudando a quebrar um jejum contra o tricolor que já durava três anos.

Já como titular absoluto do gol do Flamengo, fez o melhor jogo da sua vida e “se vingou” dos tricolores, devolvendo o mesmo placar de 1919.

Orgulhoso do feito, veio à mente a imagem nas arquibancadas das Laranjeiras e do choro mais triste que dera na vida, naquela tarde que preferia não ter que existido.

Portanto, em todas às vezes que enfrentou o Fluminense no tempo que foi profissional – sem nunca ter perdido –  usou as mãos para se vingar nas inúmeras defesas que fazia embaixo das traves.

A vida seguiu e continuou a fazer história, como por exemplo, ao elevar o nome do clube na 1ª excursão internacional em 1933, no Uruguai, enfrentando a equipe do Peñarol (base da Seleção Uruguaia que conquistou a Copa do Mundo de 1930), no estádio Centenário. 

A partida foi vencida em um heróico 3 a 2, com Fernandinho operando milagres, o que para ele era normal, já que estudava Medicina.

– Eu estudava medicina, fui jogar no Uruguai e ganhei deles, era tudo de navio, não tinha avião. E foi em Montevidéu, eles eram campeões do mundo – gabava-se o último goleiro amador e primeiro profissional do Flamengo.

A tristeza daquele menino sucumbiu no pequeno espaço de tempo em que viu a sede do clube mudar da rua Paissandu para a Gávea, a construção do Maracanã, o surgimento da lenda Zico e praticamente todos os goleiros que passaram pelo Flamengo.

No mais, Deus foi tão generoso com Fernandinho, que o fez nascer em março, um dia e quarenta anos antes de um certo Arthur Antunes Coimbra.

Em 1934, uma lesão nos joelhos lhe obrigou a pendurar as luvas.


Desde então, vinha frequentemente à sede do clube para passar belas tardes, jogando conversa fora com os amigos que fez na curta carreira.

Agora no céu, disputa com o ex-goleiro Zé Carlos – falecido em 2009 – a titularidade do time que já conta com Toninho Baiano, Figueiredo, Domingos da Guia, Reyes, Carlinhos Violino, Doval, Zizinho, Leônidas, Geraldo e Gaúcho.

Luizinho das Arábias

O SUBSTITUTO DO REI

entrevista: Sergio Pugliese | texto: Charles Garrido | fotos e vídeo: Daniel Planel 

Sendo um leitor assíduo da página Museu da Pelada, aquilo que sempre me chamou atenção foi o fato da mesma, preferencialmente, voltar seus olhos para aqueles que, infelizmente, hoje encontram-se esquecidos pela grande mídia. Porém, em um passado não muito distante, contribuíram sobremaneira, para o engrandecimento do esporte mais popular do nosso país.

Foi então onde percebi que esse seria o caminho ideal para prestarmos uma homenagem, sobretudo, fazermos uma retratação para um dos maiores “Camisas 9” do futebol brasileiro, na década de 80, o saudoso e inesquecível Luizinho das Arábias.


De viagem previamente marcada para o Rio de Janeiro, e já pensando em unir o útil ao agradável, decidi perguntar ao jornalista Sérgio Pugliese, se haveria a possibilidade de gravarmos uma entrevista com a irmã do referido atleta, pois a mesma seria a pessoa ideal para narrar a trajetória desse grande personagem. A resposta foi imediata e mais do que positiva.

Aliás, coincidentemente, fui convidado a participar de um evento no Canto do Rio, onde o clube homenagearia o Gérson, o eterno “Canhotinha de Ouro”. Que privilégio poder estar ao lado desses vultos consagrados, pois além do homenageado, outros ex-jogadores fizeram-se presentes na ocasião.

Terminado o evento, tivemos a “árdua tarefa” de almoçar no Mercado do Peixe, em Niterói, onde deliciosos frutos do mar estavam à nossa espera.

Após o almoço, partimos para o bairro de Vista Alegre, onde a Sra. Vânia Duarte e o biógrafo Jackson Lacerda já aguardavam a nossa equipe.

Durante a gravação, a emoção tomou conta de todos que participaram com seus depoimentos.

Não há nada melhor do que a sensação do dever cumprido e, certamente, de agora em diante, fica registrada com mais ênfase, a história de um grande artilheiro, campeão em praticamente todos os clubes que defendeu e, sem sombra de dúvida, será sempre lembrado por aqueles que tiveram o privilégio de vê-lo em campo.

Para finalizar, não poderia deixar de citar o modo como fui recebido pelo meu grande amigo Sérgio Pugliese, cujo qual, considero um abnegado, sobretudo um guardião do futebol de outrem, já que o atual deixa muito a desejar. Faço também uma menção à sua equipe altamente competente, composta pelos profissionais: André Mendonça e Daniel Planel.

Um momento que jamais sairá da minha memória.

Museu da Pelada – Onde Todas As Torcidas Saem Satisfeitas.
 

 

 

Aniversário do Flu

116 anos de flu

entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | vídeo: Daniel Planel 

 

No último sábado, o Fluminense completou 116 anos de existência e as Laranjeiras, como era de se esperar, ficou em festa. Torcedores e ex-jogadores se misturaram para celebrar o aniversário do Tricolor e é claro que estávamos por lá. Dessa vez, no entanto, fomos não só convidados, mas também um dos patrocinadores que ajudaram a viabilizar o evento.

Búfalo Gil, Vika, Cláudio Adão, Romerito, Édson Souza, Jeremias, Paulo Goulart, Ricardo Cruz e muitas feras marcaram presença e colocaram a resenha em dia, com direito a churrasco e cerveja gelada.

Antes de chegarmos a essa confraternização dos ex-jogadores, demos um passeio pela sede do clube e reverenciamos grandes nomes como Nelson Rodrigues, a dupla Washington e Assis e o goleiro Castilho, que amputou um dedo para não ficar fora das partidas.

– Não consigo imaginar um jogador do atual elenco fazendo isso pelo Fluminense! – disparou um torcedor.


Se não bastasse ser aniversário do Flu, 21 de julho também é dia de Argeu Affonso assoprar as velinhas. Conhecido como a Enciclopédia das Laranjeiras, o lendário jornalista tem uma linda história dentro do clube e conta com o carinho de torcedores e ex-jogadores. Por isso, um bolo personalizado o esperava perto da churrasqueira.

– O Fluminense é aprendizado! Eu sei de histórias que nenhum Tricolor sabe. Quem sabe um dia…

Em um certo momento, conseguimos reunir dois artilheiros que honraram a camisa tricolor: Búfalo Gil e Cláudio Adão. Alem de terem feito história pelo clube, a dupla tira onda na resenha.

– Um dos maiores centrovantes que eu vi jogar na minha vida foi Cláduio Adão! – confessou Gil, antes de ouvir belas palavras de Adão!

A festa varou a noite, com direito à discoteca e muita animação. O Flu, seus ídolos e torcedores merecem! São 116 anos de muita história!

A FALÁCIA DESMENTIDA

por Israel Cayo Campos


No Brasil criou-se o velho jargão de que política, religião e futebol não se discutem! Quando na verdade, talvez sejam na atualidade os três assuntos mais discutidos das mesas de bares reais a aquelas virtuais que permeiam a nossa tão próxima, mas ao mesmo tempo distante sociedade. Pior que isso, são aqueles que alegam que futebol e política não se misturam! Quando na verdade estão mais entrelaçadas na história do que linhas de um casaco de tricô que nossas amadas e antigas vovós faziam.

Aqui não cabe uma discussão como a que dividiu o país, entre direita e esquerda, até porque na minha humilde opinião de professor pós-graduado, a maioria das pessoas sequer sabem o significado dessa simetria. Mas apenas mostrar que na história do futebol, a política e os políticos sempre aproveitaram do esporte bretão e obviamente de sua popularidade para promoverem seus regimes ideológicos, ou até mesmo simplesmente para se perpetuarem em seus cargos.

A FIFA, organismo maior do futebol mundial, possui dezoito nações reconhecidas a mais do que a Organização das Nações Unidas (ONU). São 211 membros da entidade futebolística contra 193 membros do organismo criado no pós-guerra com o objetivo de mediar os problemas entre as nações da maneira mais pacífica possível (o que mais 70 anos depois de sua criação, não parece ter ainda alcançado seu êxito completo!).

É claro que é mais fácil ser reconhecido enquanto nação por uma entidade futebolística do que por uma política. Pois para um órgão político reconhecer qualquer país, esse deve passar por um trâmite burocrático muito maior do que para ele entrar em um organismo esportivo! Entretanto, países como Kosovo, Porto Rico e a Palestina, não reconhecidos enquanto estados nacionais pela ONU, são aceitos como tais pela FIFA (Kosovo ainda dando os primeiros passos). O que denota que a busca da soberania nacional se dá primeiro por meio do esporte para essas nações! O que num futuro, contribui para um reconhecimento político! Colocando, portanto, um organismo de menor importância como a FIFA, com um status tão importante quanto o da ONU no quesito aceitação!

Não pretendemos aqui contar toda a história da relação entre política e futebol existente. Daria uma coleção de livros! Por isso, mais uma vez utilizaremos o recorte das Copas do Mundo, e a partir desse, tentaremos explicar o quanto política e futebol andam de mãos dadas, para tristeza do esporte e a alegria de alguns déspotas que já passaram pela história da humanidade nesse “Breve Século XX” (Frase do historiador Erick Robsbawn, de quem sou fã), e início do século XXI.

1934 e 1938 – A vitória do Fascismo!


A Itália de meados dos anos 1930 até o início dos anos 1940 possuía a melhor seleção de futebol do mundo. Sílvio Piola, Meazza, Colaussi, Ferrari, Orsi, Guaita e Schiavio formavam o melhor ataque daquele período! Sabendo disso, o ditador italiano Benito Mussolini resolveu aproximar o regime fascista ao qual o estado italiano estava sendo comandado, a aquela brilhante seleção. Para 1934, conseguiu trazer a disputa do campeonato para a “Bota”, e a partir daí tonou-se obrigação dos italianos a vitória do torneio.

No torneio, Mussolini tentou mostrar as qualidades de seu país, e consequentemente do seu regime fascista para o restante do mundo (Para quem desconhece o que é fascismo, resumimos ao dizer que o mesmo é um regime autocrático, centralizado na figura do ditador, onde há uma valorização dos conceitos de nação e raça sobre os demais valores, muitas vezes por meio da força bruta). Ao final do torneio, recebeu elogios do também ditador brasileiro Getúlio Vargas, o qual enaltecia a recuperação da moral do povo italiano, esquecendo-se ou não que aquilo era um jogo de futebol, e não um reflexo das condições de vida do povo italiano!

Nas quartas de final, o técnico italiano Vitório Pozzo já havia enaltecido as qualidades do fascismo após a dura vitória contra os espanhóis nas quartas de final. Mas o mais curioso desse torneio veio na partida final contra a Tchecoslováquia. Pouco antes dos jogadores italianos entrarem em campo, receberam um bilhetinho enviado pelo próprio “Duce” onde estava escrito: Vitória ou morte!”. Para bom entendedor meia palavra basta! E para a sorte dos italianos, o país saiu vencedor do mundial.

Até hoje não se sabe ao certo o contexto da frase enviada por Mussolini aos seus jogadores, mas o desabafo do próprio Pozzo ao final da partida cria ao menos uma linha de entendimento mais óbvia: “Como teria sido terrível perder, e como é belo o futebol quando se ganha.”

 Para Mussolini, a derrota da seleção italiana em casa também seria a derrota de seu regime político, e daí muito provavelmente a frase de alívio de Pozzo, único técnico bicampeão do mundo até os dias atuais.

Em 1938, no primeiro mundial da França, os italianos jogaram de preto, um uniforme alusivo as cores do fascismo. Mussolini não tinha mais o mesmo controle sobre os bastidores do mundial como quatro anos antes. Mas ainda exigia de sua ótima geração mais um título mundial! A Itália dois anos antes, na casa do seu aliado Adolf Hitler, já havia conquistado a medalha de ouro frente aos austríacos por 2 a 1. Mas para o embusteiro ditador italiano, mais uma vitória era necessária!

Os italianos, independentemente das ameaças fascistas eram os melhores, e mesmo sobre risco de surra da torcida francesa, principalmente em Marselha, cidade que abrigava muitos refugiados da guerra civil espanhola, entravam em campo e faziam a saudação fascista com a mão estirada ao estilo dos antigos imperadores romanos e dentro de campo passavam como tratores sobre os adversários! Mesmo vaiada, a seleção de Pozzo e Mussolini conseguiu seu bicampeonato mundial, e o triunfo, ao menos no esporte, do fascismo italiano sobre as demais “raças”.

Para Mussolini, as vitórias no futebol eram maravilhosas, pois em meio a um país endividado e cheio de problemas sociais, as vitórias no futebol seguiram como um alento para o povo italiano, o que para azar dele, acabou com o início da Segunda Grande Guerra em 1939.

Sobre 1938, apenas um adendo. Até hoje o único jogo vencido por W O em uma fase final de Copa do Mundo se deu nesse mundial. E por motivos políticos! O jogo entre Suécia e Áustria fora vencido pelos escandinavos pois a Áustria, meses antes (março de 1938), havia sido anexada pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler ao seu território (a Anschluss), e com isso, os melhores jogadores austríacos foram pela seleção alemã! Menos um! MatthiasSindelar.O “Homem de papel” se recusou a jogar pela seleção nazista, o que provavelmente (não há provas concretas) levou ao seu falecimento por envenenamento em janeiro de 1939 enquanto dormia com sua namorada italiana.

1950 – A política brasileira ajuda no “Maracanazzo”

O Brasil ser campeão do mundo em 1950 era importantíssimo não só para nossos jogadores, bem como, nossos políticos que almejavam promoverem-se às custas do que seria então o primeiro título mundial brasileiro! Brasil que já começara seu processo de industrialização e nacionalização de nossos recursos minerais, que já possuía artistas se destacando com a famosa “Semana de arte moderna de 1922” …,mas faltava o triunfo esportivo.

Com os países europeus devastados após a Segunda Guerra, conseguimos o direito de sediar o mundial em casa, construímos o até então maior estádio do mundo! A mania de grandeza era enorme que outro resultado não era aceito, ainda mais depois de duas goleadas históricas sobre Espanha e Suécia! O título da Copa do Mundo era o que faltava para um Brasil queria se mostrar no cenário internacional!


Faltava o jogo contra o rival Uruguai, o clima de já ganhou tomava conta do povo brasileiro, e aí era o momento que todos os políticos e candidatos a políticos resolverem aparecer! Ao invés de se prepararem adequadamente para o jogo final, os jogadores brasileiros tiveram que passar por uma sequencia de protocolos com deputados, senadores, candidatos a presidentes…Todos prometendo “mundos e fundos”!O que na palavra do goleiro Barbosa, ficaram só os “fundos” para os jogadores brasileiros, que sequer se alimentaram adequadamente para a final. É claro que não foi esse o motivo principal para a derrota brasileira, mas como disseram todos os jogadores que estiveram naquela final, o Brasil começou a perder a Copa do Mundo de 1950 graças aos políticos que resolveram aparecer na hora errada!

Os tanques em Budapeste impedem uma segunda chance para a brilhante geração húngara.

A Hungria havia perdido o mundial de 1954 no que ficou conhecido como “O milagre de Berna”. Aquela geração excepcional húngara saia como melhor seleção do torneio, mas derrotada!

Entretanto, havia uma nova chance! 1958 na Suécia! Claro que aquela geração estaria quatro anos mais velha, mas ainda assim contaria com jogadores excepcionais em boa idade para a disputa do torneio. O grande goleiro Grosics teria 32 anos, Lantos 29, Tóth 29, Kocsis 28, Czibor 28, Kubala 29 e Puskás 31 anos. Sem contar os jogadores que surgiriam a base dessa seleção e os que estavam no banco do mundial da Suíça. Se seria campeã não há como saber, mas que seria ainda uma grande Seleção não há nenhuma dúvida…

Só não foi por um motivo.Em 10 de novembro de 1956, tanques soviéticos invadiam Budapeste, a capital húngara, e tomavam o poder no país. A Hungria passava a ser membro dos países do Pacto de Varsóvia, aliados diretos da União Soviética. Era o progresso do que ficou conhecido como “Guerra Fria”, onde o país passou a fazer parte do que ficou conhecido como “Cortina de Ferro!”

Após a morte de mais de 20 mil pessoas que defendiam a Hungria da invasão soviética, mais os milhares de presos e condenados políticos, uma rendição era a única coisa possível a se fazer! Para os jogadores de futebol da magistral seleção húngara só uma coisa restava… Fugir do país e ir tentar a vida em outros locais da Europa. Nunca mais vestindo a camisa da grande seleção do leste europeu.

Kubala foi ser ídolo do Barcelona, Puskás do Real Madrid, Czibor e Kocsis foram respectivamente para a Roma e o Barcelona…E assim foi com todos os jogadores daquela geração. Alguns chegaram até a se naturalizar por outros países como o caso de Puskás que virou “espanhol”, mas a maioria mesmo não se naturalizando jamais voltou a vestir a camisa de sua seleção natal!

Graças a União Soviética e a Guerra Fria, não podemos ver a segunda chance da geração de ouro húngara em uma Copa do Mundo que poderia ter sido a sua redenção! Como o “se” não joga, o Brasil ficou com aquela taça, mas nenhuma decisão política foi tão direta para definir a história das Copas do Mundo como os tanques de Budapeste!

1970 – 90 milhões em ação e as eleições do parlamento inglês…


Em 1970, a Inglaterra, então atual campeã do mundo chegava ao México como favorita ao título. A classificação no “grupo da morte” daquela Copa continuava a manter a esperança dos inventores do futebol, que mesmo perdendo para o Brasil na fase de grupos, tinham um time melhor do que o que fora quatro anos antes campeão em casa.

A derrota para a Alemanha Ocidental nas oitavas de final por 3 a 2 e a precoce eliminação para uma seleção que acreditava que aquela seria a Copa da confirmação do futebol Inglês como o maior de todos foi um balde de água fria até para os esnobes ingleses! Ao ponto do primeiro ministro britânico Harold Wilson por a culpa da sua não reeleição cinco dias depois do jogo no fracasso inglês naquela Copa!

Quanto ao Brasil, depois do vexame na Copa da Inglaterra, uma grande desconfiança tomava conta da Seleção nas eliminatórias! Um novo técnico era chamado para montar uma nova Seleção brasileira. O comunista assumido João Saldanha, o “João sem medo”.

Ao tomar o comando do time, o futebol brasileiro se reencontrou. Com uma base de jogadores formada por Santos e Botafogo, Saldanha classificou o Brasil para o mundial do México com “os pés nas costas!” Mas aí começaram os problemas!

O Brasil passava por um período de ditadura comandada pelos militares, e mesmo sabendo da ideologia de Saldanha, o governo militar o aturava devido aos bons resultados da Seleção nas eliminatórias. Mas com a chegada do General Médici ao poder, Saldanha foi ficando cada vez mais encurralado em seu cargo. Médici queria que Saldanha convocasse Dário do Atlético Mineiro. Saldanha respondia dizendo que isso era uma imposição feita com o propósito de o tirar do comando da canarinho, pois Médici nunca havia visto Dário jogar e ele enquanto presidente da república não deveria dar pitacos na Seleção, assim como ele Saldanha, não dava pitacos no ministério de Médici.

Foi a gota d’agua! Histórias sempre negadas por Saldanha como o suposto problema de visão de Pelé foram alegadas, mas o fato é que o presidente da república de extrema direita não queria receber em Brasília a Taça Jules Rimet das mãos de um inimigo político assumido! Saldanha estava fora da equipe e no lugar dele assumia Mário Jorge Lobo Zagallo.

Naquela Copa, os comunistas brasileiros, perseguidos pelo regime militar, torciam declaradamente para os países da cortina de ferro e contra o Brasil do Médici. Só na primeira fase haviam dois adversários para quem torcer: Tchecoslováquia e Romênia! Ver o Brasil campeão enquanto passava uma situação política terrível em seus “porões” era inaceitável para quem vivia tais perrengues!


A musiquinha “Pra Frente Brasil” do compositor Miguel Gustavo, que pouco falava de futebol, mas mais parecia uma alusão ao governo militar enraivecia tresloucadamente quem estava contra o regime. Entretanto não teve jeito, com a melhor seleção de futebol da história o Brasil conquistou o tricampeonato em 1970, e até muitos comunistas que antes torciam o nariz para a Seleção saíram para comemorar!

Para Médici e os militares, aquela vitória significava bem mais do que um título esportivo. Era o progresso que o regime militar estava trazendo para o Brasil. Receber a taça das mãos de Zagallo ao invés de Saldanha também foi bem menos constrangedor para o presidente de olhos azuis.

É óbvio que aquela Seleção era merecedora do título, com certeza foi a seleção de futebol que mais mereceu vencer uma Copa do Mundo até hoje! Mas o governo militar aproveitou-se dessa conquista para cada vez mais esconder os crimes cometidos nos porões do Dops e em outros departamentos de tortura! Enquanto a maioria do povo brasileiro festejava o tricampeonato, Médici e companhia aproveitavam para gerar o momento de maior perseguição política e torturas de todo o regime militar brasileiro.

1978 – A Copa de Videla e das mães da praça de maio.


Em 1978, a Argentina passava por uma das ditaduras militares de direita mais ferrenhas da América do Sul. Enquanto as Mães da Praça de Maio buscavam o paradeiro de cerca de 30 mil de seus ‘filhos”, a Argentina por força de Videla, e conivência do presidente da FIFA João Havelange, conseguia sediar a décima primeira Copa do Mundo de futebol. Mais que somente sediar o torneio, o ditador argentino queria mostrar ao mundo um país que não existia! Uma profunda paz, harmonia e apoio a seleção argentina, além é claro de conseguir o primeiro título mundial do país, abafando de vez o grito dos torturados e mortos do país do Rio da Prata.

Para alcançar esse objetivo, Videla não mediu esforços. A tabela da Argentina levou o país a jogar 4 jogos no Munumental de Nuñez em Buenos Aires e mais 3 jogos no Gigante de Arroyito em Rosário. Se a Argentina tivesse sido a primeira do grupo como esperado antes do início do torneio, teria jogado suas sete partidas no estádio do River Plate! A derrota para a Itália no último jogo da fase de grupos impediu tamanho favorecimento planejado!

Além da tabela, o controverso jogo entre Argentina e Peru pela última rodada da segunda fase do torneio. Em um jogo contra uma boa seleção peruana, que na primeira fase vencera o Irã e a Escócia com facilidade, além de empatar sem gols com a Holanda, que viria a ser a vice-campeã mundial daquele ano, era inimaginável que mesmo desclassificados matematicamente, aquela geração iria perder por quatro gols de diferença para os argentinos!


Como só os desavisados não sabem, o Peru não perdeu por quatro gols, mas por seis tentos a zero! A Argentina, que até então jogaria contra o Peru no mesmo horário em que o Brasil que enfrentaria a Polônia, teve a hora do seu jogo estranhamente alterada para quase três horas depois do jogo brasileiro. Sabendo do resultado que precisava, logo os gols foram saindo, alguns de maneira bizarra por parte dos defensores peruanos, e com tal goleada os argentinos garantiram vaga na final!

Ao apitar do juiz, as suspeitas de que o jogo teria sido entregado por parte dos peruanos já pairava em todo o mundo futebolístico. De fato, nunca houve uma prova cabal sobre a marmelada, mas há muitos indícios de que Videla estava por trás do “negócio” que colocou os Hermanos na final. Acusações de que o Peru recebeu caminhões de trigo a mando do General após a partida, e que as negociações entre os dois países para o resultado combinado teriam sido intermediadas pelo cartel de Medellín com o tempo foram aparecendo. E até hoje, aquele 6 a 0 manchou o nome dos peruanos no futebol, e deu um estigma de campeão manchado aos argentinos de 1978! Para o General Videla, provavelmente isso pouco importava.

A Argentina chegou a final contra a Holanda. Venceu o jogo na prorrogação por 3 a 1 e se sagrou campeã mundial pela primeira vez na sua história! Festa nas ruas de Buenos Aires, festa em toda Argentina para o time de Luque, Ortiz, Passarela e Kempes! As Mães da Praça de Maio e seus desaparecidos filhos e parentes estavam caladas mediante a euforia do povo argentino! Era o que Videla queria e conseguiu!

1982 – O Sheik que anulou um gol!


Essa situação não mostra um lado negro da relação entre política e esporte, no máximo um lado cômico! A França enfrentava e vencia por 3 a 1 a fraca seleção árabe do Kuwait treinada pelo brasileiro Carlos Alberto Parreira ainda pela primeira fase do mundial da Espanha em 1982. O jogo prosseguia quando o atacante francês Giresse entrou sozinho na cara do gol kuaitiano para marcar o que seria o quarto gol francês!

Enquanto o baixinho atacante avançava, os zagueiros árabes pararam como se tivessem ouvido um apito do árbitro. Giresse que nada tinha a ver com isso marcou o gol e saiu comemorando!

Foi aí que o presidente da federação kuaitiana de futebol e Sheik do pequeno país, Fahad Al Sabah, resolveu entrar em ação. Atendendo aos pedidos de seus jogadores que alegavam ter ouvido um apito e por isso parado diante do ataque francês, o mandatário árabe manda que o seu time se retire de campo (Algo que seria inédito na história das Copas do Mundo!), e os jogadores em plena revolta atendem!

Seria uma das maiores pataquadas da história das Copas se não fosse o juiz ucraniano Miroslav Stupar, que incrivelmente cedeu a pressão do Sheik (que já havia entrado em campo para peitar o juiz) e anulou o gol francês! Não há notícia até hoje que em um jogo oficial da FIFA, um representante político tenha descido das tribunas e feito um árbitro anular um gol legal! De todas as mãozinhas políticas na história das Copas, essa foi a mais direta! Ao menos filmada! Pena que não adiantou muito, pois a França marcou mais um gol (esse valeu!) e acabou por golear o Kuwait por 4 a 1 naquela curiosa partida!

1998 – A vitória da Black-blanck-beur.


No tocante a revoluções políticas, a terra da liberdade, igualdade e fraternidade é o berço do mundo ocidental moderno! Em 1998, a situação social dos negros, árabes e até de alguns brancos do país erade sérios conflitos! Conflitos entre a polícia e imigrantes de origem africana árabe em bairros compostos por essas etnias separavam de vez os “franceses puros” dos imigrantes!

No futebol, duas Copas do Mundo em que a seleção estava ausente criavam desconfiança entre os já pessimistas por natureza torcedores franceses. Um time formado por jogadores nascido em Guadalupe (Thuram), Nova Caledônia (Karembeu), Senegal (Vieira), Gana (Desailly)… e um nascido na França, mas com antepassados argelinos (Zinedine Zidane), mostravam uma seleção nacional, sem uma unidade nacional!

Dentro de campo, essa seleção mostrou um profundo respeito as heranças da Marselhesa! Com muita aplicação tática e técnica passou fácil na fase de grupos, sofreu para eliminar o defensivo Paraguai, passou nos pênaltis contra a Itália e com dois gols do “estrangeiro” Thuram, virou o jogo para cima dos croatas e garantiu o país em sua primeira final na história! Que seria contra o temível atual campeão do mundo, o Brasil.


Na final, o filho de argelinos brilhou! Marcou dois gols de cabeça, fez grandes jogadas, e garantiu o primeiro título mundial francês! Nem a poderosa geração de Giresse, Tigana, Platini e Rocheteau conseguira ir tão longe! E a política aproveitou o triunfo francês!

Era a vitória da integração nacional! Era a vitória do Branco-Negro-Árabe! Ao menos nos campos de futebol, todo eram iguais perante os franceses! O termo liberdade, igualdade e fraternidade nunca esteve tão em moda desde a queda da Bastilha! O time de futebol se tornava o exemplo para uma nova França, e porque não, para uma nova Europa! Cada vez mais tolerante e miscigenada!

Essa foi uma atitude politicamente positiva. E quando a França conquistou o bicampeonato europeu em 2000, com mais jogadores oriundos de outras partes do planeta do que em 1998, a consciência de que todos eram franceses era inquestionável por todos! Entretanto, ao primeiro fraquejar daquela geração, a certeza de que a unidade do povo francês estava concretizada foi por água abaixo.

Se nas vitórias todos eram franceses, nas derrotas, a culpa era dos descendentes de africanos que não honravam a camisa azul, ou dos muçulmanos que se amontoaram nos arredores de Paris! O negro e muçulmano Anelka em 2010 foi excluído da Seleção ninguém sabe ao certo o motivo! E o que parecia ser a vitória da política utilizando o esporte para o bem, virou  apenas uma bravata que vai servir sempre que o resultado for positivo, mas que vai ser um tiro pela culatra quando lamentavelmente as derrotas vierem!

O racismo está muito longe de ser vencido não só na Europa como em todo o mundo, e não é o futebol, por mais que os políticos o utilizem dessa forma na hora dos triunfos, que vai conseguir acabar com esse lamentável problema humano!


2018 – A seleção africana da França!

Ainda sobre os efeitos do Branco-Negro-Árabe, logo que vencida a Copa do Mundo da Rússia pelos franceses, surgiram críticas sobre pelo menos 14 jogadores da Seleção campeã serem de origem africana, das antigas colônias que a França construiu através do seu imperialismo iniciado no século XVI.

Essa seleção em tese para os críticos era mais miscigenada ainda do que a campeã mundial de 20 anos antes! Mas o que deveria ser motivo de orgulho para um país cada vez mais multiétnico, virou assunto de estado. Com ministros defendendo os jogadores franceses em suas escolhas, e críticos falando que os mesmos jogadores representam um país que não os representa! Onde os imigrantes ou filhos de imigrantes são maltratados, entre outras acusações que novamente remetem ao período em que a França colonizou grande parte do continente africano.

Mesmo que apenas dois jogadores da Seleção campeã tenham nascido fora do país! Os críticos e aproveitadores não perdoaram! É como se os jogadores brasileiros fossem criticados por vestirem a amarelinha, mesmo eles tendo nascido aqui, só pelo fato de terem pais, avôs ou bisavôs oriundos de países europeus (principalmente Portugal), africanos e até de países árabes!


A verdade é que por mais que se diga que devam ser dissociados, o esporte, no caso levantado o futebol, e a política andam de mãos dadas! E por muito tempo será assim, pois o futebol enquanto jogo, representa a territorialidade. E esse sentimento de pertencimento comum aos primatas que somos, sempre vai associar os elementos do nosso cotidiano ao sentimento de inserção das vitórias que o futebol nos causa! Portanto, aquele que diz que  futebol e política não se misturam, ou entende pouco de futebol, ou não entende nada de política!