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O PELÉ DA ARBITRAGEM

por Marcos Vinicius Cabral


– Eu também gostaria de fazer um agradecimento à TV Globo. Já apitei final de Copa do Mundo e desde então exerço a profissão de comentarista. É muito tempo e gostaria de um descanso porque é um trabalho muito desgastante! – disse um emocionado Arnaldo Cézar Coelho ao fim da transmissão no Estádio Lujniki, na Rússia, onde a França venceu a Croácia por 4 a 2 e conquistou seu segundo título mundial.

Filho mais velho de dona Sarah Sabat Coelho – funcionária dos Correios – e de seu Oswaldo Amazonas Cézar Coelho – um médico renomado da cidade -, nascia Arnaldo David Cezar Coelho, no Rio de Janeiro, naquele 15 de janeiro de 1943. 

Ainda muito jovem, aos 17 anos, começou a exibir seu talento nas praias cariocas e já cursando Educação Física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – apesar do talento natural para ser economista e controlado nos gastos, segundo amigos mais próximos – se tornou árbitro da Liga de Futebol de Praia no começo da década de 60.

– Jogo em praia é muito difícil. É preciso ser xerife, exercer autoridade, e claro, saber nadar. Era para o mar que eu corria sempre que o pau comia! – brinca Arnaldo.

Assim foi por cinco anos – dando braçadas à lá Michael Phelps no mar de Copacabana após correr à lá Usain Bolt dos mais exaltados por alguma falta mal marcada ou pênalti não assinalado – o tempo que levou para se profissionalizar, para três anos depois fazer parte dos quadros da FIFA, em 1968.

Se no meio futebolístico alguns jovens e talentosos jogadores em começo de carreira se espelham em algum ídolo e fazem de tudo para sê-lo, na arbitragem não seria diferente: sim, Armando Marques (1930-2014), foi sua grande inspiração.

Porém, temperamental e polêmico, quase uma antítese do conciliador que era Arnaldo, a lenda da arbitragem (falecido em 2014), fez sucesso na TV, como jurado de programas de auditório.


Assim como seu pupilo, estreou casualmente na Rede Globo em 1989, após ser convidado pelo diretor de jornalismo Armando Nogueira (1927-2010), para falar no Jornal Nacional, sobre os lances polêmicos do jogo entre Brasil e Chile, no Maracanã, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1990, na Itália.

Na ocasião, uma torcedora brasileira chamada Rosenery Mello, lançou um rojão no gramado, provocando a suspensão da partida após o goleiro chileno Rojas sair ensanguentado para o vestiário e o Chile se recusar a voltar a campo.

“Me cortei com uma gilete e a farsa foi descoberta. Foi um corte à minha dignidade”, afirmou o dono da camisa 1 do Chile à época de seu banimento no futebol – só em 2001, a FIFA o perdoaria -, que passou por graves problemas de saúde e recentemente fez um transplante de fígado em decorrência de uma hepatite C.

Já a “fogueteira do Maracanã” – que foi capa da edição 172, da Playboy de novembro de 1989 – acabou morrendo em 2011 de aneurisma cerebral, aos 45 anos. 

Mas se o seu ingresso à TV foi obra do acaso, não podemos dizer o mesmo do dia 10 de junho de 1978, na cidade de Mar del Plata, no Estádio José María Minella, quando a França venceu a Hungria por 3 a 1, na Copa do Mundo, em solo argentino.


Enfim, o apito talentoso do maior árbitro do país, era soprado pela primeira vez no torneio mais importante do planeta: Arnaldo Cézar Coelho, aos 35 anos, começava a escrever seu nome na história!

Porém, se naquela 11ª edição de uma Copa do Mundo, o Brasil fosse considerado o “Campeão Moral” da competição – Cláudio Coutinho, então treinador do Brasil, se considerava assim após os 6 a 0 da Argentina sobre o Peru – as eliminatórias se tornariam importantes para Arnaldo, que conheceria seu amigo inseparável Galvão Bueno, este, narrador da TV Bandeirantes.

– Galvão é um dos jornalistas mais profissionais que existem, capaz de transformar uma luta simples em um grande acontecimento e nos impressionar com tamanha emoção, elogia o parceiro de longa data.

Contudo, o ápice da carreira veio exatamente na Copa seguinte, a de 1982, em solo espanhol, quando todos acreditavam no Brasil de Telê Santana e ninguém – inclusive Arnaldo – imaginaria que a eliminação pudesse acontecer.

Mas aconteceu e a Seleção Brasileira que encantou o mundo, perdeu por 3 a 2 para a Itália, na “Tragédia do Sarriá”, que o Google mostra em toda pesquisa, belos registros fotográficos nos lances da partida daquele que foi, sem dúvida alguma, um dos maiores times brasileiros de todas as Copas.

Portanto, se centenas de milhares de torcedores brasileiros existentes naquele ano de 1982 – para ser mais exato, 127 milhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – sentiram o golpe, Arnaldo não teve tempo para isso, pois era escolhido para apitar a final do mundial na Espanha.   

Sua atuação na vitória da Itália sobre a Alemanha por 3 a 1, foi tão discreta (árbitro bom é o que não aparece, como Arnaldo costuma dizer nas transmissões), que só foi notada na hora do apito final quando entrou no meio de dois italianos, pegou a bola do jogo e com as duas mãos – repetindo os gestos de Bellini em 58, Mauro em 62 e Carlos Alberto Torres em 70 – ergueu a bola como se fosse uma taça.


– Eu queria dar a bola para o garoto (filho do rei da Espanha, Juan Carlos) mas o Havelange não deixou, se justifica, para em seguida dizer que a bola está em sua casa.

Mas não é de estranhar que o árbitro que mais apitou jogos nacionais – 26.190 minutos de jogo ou 291 partidas do Campeonato Brasileiro -, 360 minutos de jogo ou quatro partidas de Copas do Mundo – 1978 e 1982 – e nas outras três partidas como assistente, não tenha tido realmente a intenção de presentear o pobre menino fã de futebol.

Mesmo com tanto sucesso no país pentacampeão do mundo, Arnaldo não dependia apenas da atividade de árbitro, que jamais foi regulamentada no Brasil.

No entanto, conseguiu turbinar seus negócios, e depois de ser um simples operador autônomo na distribuidora de valores Multiplic, trabalhou duro e fundou em 1985, a Liquidez, que se tornou uma das maiores corretoras do país, vendida em 2009 para o grupo inglês BGC Partners, algo em torno de R$ 500 milhões, segundo informações veiculadas e também, a TV Rio Sul, afiliada da Globo na cidade de Resende (RJ), que cobre toda a região Sul Fluminense e o Vale do Paraíba. 


Pioneiro na profissão de comentarista de arbitragem, Arnaldo, que começou carregando malas com as câmeras na Copa da Alemanha em 1974, para Carlos Niemeyer (1920- 1999), responsável pelo Canal 100, sai de cena em definitivo da TV no fim do ano, quando termina seu contrato com a Rede Globo.

E já deixa em nós uma saudade imensa de quem se acostumou a ouvir “A Regra é Clara”, nas tardes de domingo ou nas quartas-feiras à noite, deste que foi o Pelé da Arbitragem!

NAQUELE TEMPO ERA ASSIM

por Victor Kingma


No próximo dia 7 de outubro os eleitores brasileiros estarão escolhendo através do voto secreto e soberano o novo presidente da república, que governará o país pelos próximos quatro anos. Um direito sagrado, que hoje é garantido pela constituição brasileira.

E foi justamente em defesa desse direito que aconteceu, em 1984, um dos mais marcantes movimentos da história política do Brasil: a luta pelo retorno das eleições diretas para presidente, sistema que havia sido interrompido após a implantação do regime militar, em 1964.

O movimento “Diretas já” tomou impulso após uma histórica entrevista do senador Teotônio Vilela, no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes.

A bandeira levantado pelo Menestrel das Alagoas, como ficou eternizado na canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, foi ganhando as ruas e arrastando multidões para os comícios organizados nas principais capitais do país. Animados pelo locutor esportivo Osmar Santos, contava com representantes de toda sociedade brasileira e clamava pela aprovação da emenda constitucional do jovem deputado mato-grossense Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para Presidente da República.

Apesar de todo o clamor popular, no dia 25 de abril daquele ano, a emenda  “Dante de Oliveira” embora tenha vencido a votação no plenário, não conseguiu os 2/3 dos votos necessários para a sua aprovação, causando uma grande comoção.

Finalmente, em 1989, após a nova constituição promulgada em 1988, foi realizada a primeira eleição direta para Presidente após 25 anos, sendo eleito pelo voto popular o alagoano Fernando Collor de Mello e seu vice, o mineiro Itamar Franco, quando foi definitivamente restabelecida a democracia no Brasil.

Na música internacional Michael Jackson estourava nas paradas de todo mundo com o mega-sucesso “Thriller.”  No Brasil, Roberto Carlos com a canção “Caminhoneiro” e Chico Buarque e seu clássico de protesto “Vai Passar” seguiam sua rotina de sucesso. O rock estava em alta no Brasil naquele ano e uma série de novas bandas despontavam com seus hits: Ultraje a Rigor, “Inútil”,  Paralamas do Sucesso, “Óculos” e Titãs, “Sonífera ilha.”  

Na televisão o SBT exibia o primeiro episódio de uma série mexicana, que veio a contrapeso num pacote de filmes comprados pela emissora. Silvio Santos jamais poderia imaginar que os personagens Chaves, Seu Madruga, Quico, Senhor Barriga, Professor Girafales, Dona Florinda, Chiquinha, etc. tornariam uma febre e fariam tanto sucesso por todos esses anos.

E no futebol?


No futebol, o Fluminense, com um time muito bem armado pelo técnico Carlos Alberto Parreira, e com uma defesa quase inexpugnável, que ficou os cinco últimos jogos da competição sem tomar um gol sequer, conquistou o Campeonato Brasileiro daquele ano, numa decisão contra o rival, Vasco da Gama. Venceu a primeira partida por 1 x 0 e empatou a decisiva por 0 x 0. Apesar da forte defesa, os destaques do time eram o meio campista paraguaio Romerito, autor do gol do primeiro jogo, e a dupla de ataque formada por Washington e Assis, que ficaria eternizada como o “Casal 20”, em alusão a uma série que fazia de muito sucesso na televisão, na época.

Naquele tempo era assim.

TUDO NA MESMA

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::

Felipão está voltando para o Palmeiras e Tite renovou o contrato com a CBF até 2022. Me perdoem os que consideram boas estas duas notícias, mas acho uma lástima. É o que costumam falar por aí, “você acha que está ruim, calma , pode piorar…”. E piorou, mas piorou muito.

Pelo menos até 2022 não teremos novidades em nosso futebol e a mesmice continuará reinando. As escolinhas passarão a ser chamadas de igrejinhas e serão lideradas por pastores, gestores e professores de Educação Física. CBF, patrocinadores e empresários se manterão no poder e a geração faniquito prosseguirá rolando pelo chão.

Tudo na mesma. Impressionante, mas conseguiram pôr mais tempero estragado em uma receita já fracassada. E depois não entendem porque não havia nenhum brasileiro na lista dos 10 melhores da Copa. Não havia e não haverá por um bom tempo porque os faniquitos chegaram para ficar.


O pai do “craque” seguirá passando a mão na cabeça do filhote e xingando jornalistas. Por falar em “craque”, e o anúncio dele, hein?!?! Kkkkkkkk!!! Só rindo, mas rindo muito!!! Será que a geração atual sabe o que era uma pisada com as chuteiras de antigamente??? Sinceramente, se a imagem estava queimada “os especialistas de marketing” conseguiram esturricar. Mas por 1 milhão vale tudo!

Há tempos cansei desse mundo marqueteiro, de fantasia, que tentam nos vender.

E o futebol carioca, alguma novidade? Os torcedores estão confiantes? O Vasco perdeu de quatro com três gols de Romero, que já já vão chamar de craque. Não duvido que o Tite convença o paraguaio a se naturalizar brasileiro e aí será mais um corintiano a ser convocado, kkkk!!!! O Fluminense perdeu do Ceará e o zagueiro Gum está procurando a bola até agora. E o Botafogo perdeu de um Inter bem ruim. O Flamengo segue sem novidades. Mas, PC, o Fla é líder e ganhou do Sport!!! A mim não convence! De qualquer forma, aqui vai meu conselho para o jovem Paquetá: não se deixe levar por essa geração faniquito. Em alguns jogos, reclama demais e faz muita cena. Concentre-se em jogar bola. Mas é importante que tenha alguma orientação e busque alguma referência, quem sabe a de meu caro amigo Afonsinho, que há muitos anos mora na ilha. Precisamos de craques, precisamos nos afastar desse mar de incompetência que afoga nossa arte.


Alexandre Gontijo

Como se não bastasse, ainda perdemos a doçura e a poesia do jornalista e pesquisador Alexandre Gontijo, que diariamente me enviava textos, artigos, matérias internacionais, fotos, tudo sobre o mundo do futebol. Mas ele selecionava. Sabia o que eu gostava de ler.

Era como se me pedisse “calma, PC!!!”, “Se aquieta, PC!!!”. Sei lá, era como se me puxasse pelo braço e desviasse o meu olhar de tudo ruim que estão fazendo com a nossa maior paixão.

EXPECTATIVAS DE UMA CAMPANHA

por Idel Halfen

A paz nos estádios, anseio de muitos, é o tema da campanha lançada recentemente pelo canal SporTV, a qual, por sua vez, serviu como inspiração para o presente artigo. 

Na verdade, aproveitaremos as críticas que foram feitas sobre a iniciativa – sim, elas existiram – para estruturar alguns argumentos que ajudarão na reflexão e no entendimento sobre o que se deve esperar de uma campanha e de como se dá o processo de desenvolvimento deste tipo de ação.

Uma das desaprovações fez menção à eventual possibilidade de os responsáveis pela criação da peça, ou mesmo pelo briefing, não serem frequentadores de estádios e, como tal, não terem a devida do ciência dos meandros do “produto” futebol. Esse tipo de raciocínio, para ser coerente, nos levaria a crer que apenas mulheres poderiam desenvolver campanhas para absorventes íntimos, por exemplo, ou, exagerando, que só crianças estariam capacitadas a criar anúncios sobre fraldas infantis. 

Evidente que não, aliás, talvez a isenção até seja útil em alguns casos, pois uma cabeça “limpa” de experiências e paradigmas pode vir a proporcionar, quem sabe, um quadro aonde as pesquisas e os estudos exerçam papel de relevância. Isso também não quer dizer que quem esteja por dentro do produto a ser trabalhado não deva exercer a função. Nada disso, na realidade sou contra os prejulgamentos acerca da capacidade de alguém quando baseados na relação, ou não, com o produto a ser anunciado. Em minha opinião, o importante é se ter a experiência na profissão, talento e estudo. 


Outro equívoco se deu na suposição de que o público que briga no estádio não tem acesso à TV a cabo. Nessa argumentação se tentou correlacionar a violência ao poder aquisitivo das pessoas, o que não pode ser visto como regra, óbvio. Foi ignorado também que, mesmo que fosse verdadeiro esse corolário, haveria a possibilidade de, sendo pessoas que trafegam à margem da lei, se conseguir acesso aos canais fechados através de práticas informais. Fora isso, foi esquecido que, com o advento de redes sociais, os conteúdos passam também a trafegar em diversas plataformas onde o acesso é gratuito. 

Ainda sobre essa observação, é importante lembrar que muitas das vezes uma campanha não é dirigida ao consumidor final daquilo que está sendo divulgado, mas sim ao influenciador ou até quem efetivamente pagará pela aquisição. Se assim não fosse, as propagandas de ração para cães deveriam ter latidos como linguagem. 


Por fim, há que se contestar as previsões pessimistas que foram feitas a respeito dos resultados que serão obtidos com a campanha, pois, para esse tipo de objeção fazer algum  sentido é mandatório se ter a ciência das expectativas quanto a números e prazos. Muitas vezes os objetivos das campanhas não são tão óbvios quanto parecem. Inúmeros são os casos de propagandas com mensagens dirigidas ao consumidor final que, na verdade, têm como objetivo convencer o varejista a comprar o produto, ou mesmo mostrar a fornecedores e instituições financeiras que a empresa está sólida para, com isso, obter melhores condições creditícias. 

É claro que a paz nos estádios não acontecerá pura e simplesmente em função dessa campanha, mesmo porque nem existe um plano de mídia com índices de cobertura e frequência adequados a esse fim, tampouco pode ser ignorado que o problema da violência passa por políticas relativas à educação, leis rígidas, punições exemplares e segurança. 

Achar que um mero filme resgatará de forma instantânea a paz no estádio é desprezar os outros 3 P’s do composto de marketing e apostar todas as fichas na Promoção. 

No entanto, devemos reverenciar a iniciativa do SporTV e torcer para que a campanha sirva para contagiar outros setores da sociedade.

O MERCADO DA BOLA

por Mateus Ribeiro


A vida do ser humano adulto é repleta de desafios. Particularmente, um desses desafios que menos me empolga é ir até um supermercado fazer compras. E dia desses, fui obrigado a encarar essa missão, que para mim é um verdadeiro martírio.

Antes que vocês, leitores e leitoras, imaginem que eu estou louco, esse texto é para o Museu da Pelada mesmo. Acontece que para deixar o meu passeio dentro do mercado um pouco mais divertido, tentei comparar uma tarde de compras de mantimentos para a casa com uma partida de futebol. E acredite se quiser, existem muito mais coisas em comum entre um mercado em dia de pagamento e um jogo de chutebola do que você consiga imaginar.

O primeiro passo do trabalho de Hércules foi verificar as finanças. E as semelhanças começam por aí. Fui com o intuito de fazer uma comprinha básica (mais alguns luxos), e tive que preparar uma boa grana. Isso já me fez lembrar do preço pornográfico de um ingresso para assistir qualquer pelada aqui no Brasil. Se o pão custa caro, o circo não fica atrás.

Juntei as economias, e adentrei no gramado, digo, no mercado. Como de costume, fiz como os treinadores brasileiros, e decidi cuidar do básico primeiro: se o Mano Menezes, o Carille, o Aguirre, e tantos outros preferem arumar a casinha primeiro pra depois partir pro ataque, resolvi fazer como eles, e tratei de garantir o arroz e o feijão antes de tudo. O problema é que só ali, meu orçamento já sofreu um baita desfalque. Tal qual os times dos citados treinadores, consegui garantir o essencial, mas tinha certeza de que não iria conseguir mais do que uma vitória magra nessa luta contra a balança da economia. É feio? Não. É eficaz? Extremamente.


Feito o básico, chegou a hora de dar uma enfeitada no carrinho. Afinal, o arroz é importante, o feijão carrega o piano, mas um tomate, um alface e uma mandioquinha, apesar de aparecerem com menos frequência, sempre dão um toque de elegância. São tipo os camisas 8 do time. O problema é que procurar verduras e legumes no mercado se assemelha bastante ao trabalho de um dirigente procurar um jogador: pouco dinheiro, e as opções boas normalmente são caras. A vida é feita de escolhas, e da mesma forma que o gerente (ou diretor) de futebol tem que garimpar um jogador de nível, eu tive que tomar muito cuidado pra não pegar nenhum legume ou verdura bichados. A grana tá curta, não se pode tomar decisões erradas nestes momentos. Usei todos os conselhos que mamãe e papai me deram quando eu era um dente de leite dos mercados, e consegui cumprir bem a tarefa. Ponto pra mim, já posso ser o diretor de futebol de algum time da cidade.

No meio do caminho, resolvi comprar uns ovos também. Só pra garantir. Estavam baratos, e sabe aquela vitória magra, contra o lanterna do campeonato, que você se esforça o mínimo possível? Pois bem, ia sobrar uns trocos, e investi ali. Se eu não compro, iria sentir falta de mistura no final do mês. E se o time do lado de cima da tabela perde pontos contra o último colocado, no fim do campeonato, os pontos fazem falta. Já estava começando a me divertir, quando cheguei em uma parte que eu simplesmente abomino: comprar carne.

Pensei em dar uma de Neymar (dar um migué), e furar a fila do açougue. Mas eu me sentiria mal, e preferi ir nas bandejas que ficam no freezer. Olhando para aquilo, pensei: aqui no freezer, temos o futebol atual. Plastificado, feito para ser vendido da maneira mais bonita possível. Até perdi a vontade de comprar. Fiz como o Karius, e comprei um frango.

Eis que eu chego na área de bebidas. Ali, havia refrigerantes e cervejas para todos os gostos. Como sou um Atleta de Cristo, fui para a parte dos refrigerantes. Fiquei assustado com o preço. Mas não com o preço dos refrigerantes de marcas maiores, mas com alguns que nem de longe justificam o valor estipulado. Digamos que Lucas Lima, Ganso, Gabigol estavam custando quase a mesma coisa que o Messi. Já que iria gastar dinheiro de qualquer forma, resolvi levar uma Messi Cola pra casa.


No final das contas, gastei o que não tinha, o que não poderia, e certamente não conseguiria agradar meus familiares com a compra que fiz. Certamente, eu iria ficar com cara de dirigente megalomaníaco que  contrata Deus e o Mundo, mas no final das contas, não consegue entregar nenhum resultado para os torcedores. Torcedores nunca ficam satisfeitos.

Sabe quem se dá bem nessas historias? Os donos dos mercados, os empresários de jogadores, e todo mundo que fatura nessa história. Quanto a nós, pobres torcedores e clientes, só nos resta gastar nosso rico dinheirinho, e ser feliz com o pouco que conseguimos comprar (e assistir).

Ainda bem que depois de pouco mais de 90 minutos, eu já estava voltando pra casa. O futebol, esse infelizmente não está voltando. E parece que dificilmente vai voltar.

Um abraço, e até a próxima!