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FUTEBOL PLAYBACK

por Mateus Ribeiro


Muitas pessoas com mais de trinta anos se lembram de um fenômeno musical chamado de Milli Vanilli. Caso você não se lembre, vou refrescar sua memória:

No final da década de 1980, um produtor musical alemão chamado Frank Farian criou um projeto musical. A princípio, tinha convocado cantores e cantoras extremamente talentosos para dar prosseguimento ao seu grande plano. Porém, Frank não considerava a imagem de nenhum desses músicos a ideal para vender o grupo. Foi aí que ele teve a (não tão) brilhante idéia de chamar dois dançarinos com pinta de modelo para levar a parada nas costas. Resumidamente: Frank Farian chamou Fabrice Morvan e Rob Pilatus apenas e simplesmente pelo visual deles.

Tudo estava dando certo demais. A dupla vendeu discos mundo afora, ganhou um Grammy, e até música em novela do Plim Plim emplacaram. Nada parecia estragar o sucesso da dupla…

… Até que depois de playbacks enroscando e muitas declarações polêmicas, o mundo descobriu que os dois dançarinos e líderes do novo sucesso mundial apenas faziam dublagem. Detalhe: dublagem de vozes que não eram deles. Saca os cantores e cantoras que falei no início do texto? Então, eles continuavam cantando, e os bonitões apenas dublavam.

A casa caiu pra todo mundo. Tiveram que devolver o Grammy, e a carreira de todo mundo ali se tornou um fracasso, afinal de contas, ficava difícil confiar em qualquer parte dessa historia.

Agora, vamos lá, por que diabos um site de futebol está veiculando um texto que tem uma introdução gigante falando de música? Bom, ao menos em minha opinião, a história dessa farsa tem muito a ver com o momento atual do futebol. Vem comigo que no caminho eu te explico.

A ditadura da imagem


Conforme dito no início do texto, Frank Farian colocou Fabrice e Rob como figuras centrais por um único motivo: o impacto visual que eles causavam. E foi justamente esse impacto que os fez ganhar o Grammy mais vergonhoso de todos os tempos. O que isso tem a ver com o futebol atual? Muito mais do que você imagina.

Ou você acha que se o Márcio Araújo tivesse a mesma pinta de integrante do Backstreet Boys que o Diego tem ele seria achincalhado como é? A não ser que você ache justo que o craque que ganha um salário astronômico pra fazer jogo bom contra time de baixo da tabela receba o valor astronômico que recebe para justificar derrotas com seu topete impecável.

Sendo um pouco mais extremo, tente imaginar que fraco e perseguido (sim, perseguido, afinal, nem na segunda divisão do Japão esquecem o cara) Muralha fosse comprado pela fortuna que o Liverpool torrou no goleiro modelo da Seleção Brasileira na última Copa. Já, por outro lado, tenha certeza absoluta que qualquer falha de Alisson sempre terá um fator externo que livre a cara do regular goleiro que saiu do Internacional de Porto Alegre. Bom, pudemos ter um exemplo no jogo entre Liverpool e Leicester. Faça um exercício de imaginação, e imagine qualquer goleiro em atividade no futebol brasileiro cometendo a presepada que Alisson cometeu. Parou pra pensar o festival de críticas e “memes” (que coisa insuportável) que começaria a brotar? Não adianta ser o sabichão e falar que isso é achismo da minha parte. Todos sabemos que o mundo do futebol, começando pela bancada da mesa redonda, até discussão de mesa de bar, direta ou indiretamente, age com esse pensamento de dois pesos e duas medidas.


Exemplos como esse existem aos montes, e basta você usar a cabeça, que vai encontrar vários deles. Apenas para terminar essa parte: imagina só se Rivaldo tivesse a mesma fachada que o David Beckham? Creio que talvez ele tivesse um busto do tamanho do Pão de Açúcar em sua homenagem na sede da CBF.

Dito isso, vamos para outra parte.

A VENDA DO PRODUTO

Voltando a falar do grupo em si, quando ficou decidido que a dupla de dançarinos estaria ali para angariar fãs com o poder da imagem, tanto o produtor quanto os outros envolvidos possivelmente não imaginaria que algo pudesse dar errado. Venderam uma idéia, muita gente abraçou, e pronto. O mundo tinha dono, e nada de ruim poderia atrapalhar.

Pois bem, é mais ou menos o que acontece por aqui. Uns montes de especialistas que nunca chutaram uma bola na vida estão dominando o universo do esporte bretão, seja com algum cargo em departamento de marketing, seja em mesa redonda. E alguns desses mestres são tratados como deuses, ou mitos, simplesmente por gastar o dinheiro (dos outros) com negociações bombásticas. E partindo disso, dá lhe “melhor elenco do Brasil”, “elenco para 120 partidas no ano” e “time para brigar em três frentes”. Uma conversa pra boi dormir, que acaba convencendo parte dos admiradores do 4-2-3-1. Pior de tudo isso: no caso de derrota, não existe problema. Afinal de contas, o que importa é poder estufar o peito e vender a ideia de que um time é bom pelo simples fato de ser caro no papel. Os títulos? Eles são conseqüência, afinal, quando um clube gasta zilhões de reais, euros, pesos, dólares, a intenção é “dar sequência ao planejamento”, e sempre pensar no ano seguinte.

Sorte de quem vive disso, e azar de torcedor que cai nesse conto do vigário, e comemora contratação cara. Vale deixar como exemplo o carnaval que muitos torcedores do Corinthians fizeram no final de 2012, quando o clube contratou o dublê de jogador de futebol, que tal qual seu xará do reino animal, não faz nada direito.

O PLAYBACK

Para encerrar, vamos para a última parte. Novamente, volto a falar do Milli Vanilli. O barraco começou a desabar quando descobriram que a dupla vivia fazendo playback, dos outros.

E isso se parece demais com o futebol brasileiro dos últimos anos. Tudo é um playback. Todos nós já sabemos o que esperar (principalmente quando se fala de Seleção Brasileira): baixa qualidade nas partidas, programas esportivos tão qualificados quanto a maioria dos jogos dos campeonatos nacionais, péssimas arbitragens, ingressos com preços pornográficos.


Tal qual a dupla do final dos anos 80, o futebol daqui segue fazendo “dublagens” do trabalho dos outros. O problema é que copiamos tudo da pior maneira possível.

E no fim das contas, sabe o pior de tudo? Fãs tontos, como eu, merecem sofrer, pois mesmo sabendo desse futebol playback, ainda se matam assistindo os times do coração.

Ah, e o Milli Vanilli? Não existe mais. De certa forma, o futebol também não.

Agora, com licença, que vou vestir minha roupa multicolorida para dançar ao som fake do Milli Vanilli.

Um abraço, e até a próxima.

A LIRA DOS 16 ANOS. DE QUANDO SURGE O AMOR EM PALESTRA ITÁLIA

por Marcelo Mendez


Era um tempo de menino na minha vida.

Aos oito anos de idade, eu tinha como única preocupação, o campeonato de fubecas que acontecia no quintal da minha tia Marieta. Fubeca, que no mundo por aí a fora chamam de “bolinhas de gude”. Não…

No Parque Novo Oratório em 1978, o nome era fubeca. Uma, entre tantas outras peculiaridades da vida nossa, naquele bucólico e prosaico bairro da Cidade de Santo André. Ali começava a minha vida.

Rua de terra, bola de capotão numero 5, kichute no pé, todos os sonhos na cabeça. No rachão do “Larguinho”, onde se davam nossas batalhas épicas, a minha camisa já era verde, o número das costas já era o 10, o qual eu já havia sido ensinado que pertencia ao Divino Ademir Da Guia e o escudo que ia do lado esquerdo do meu peito…

Palmeiras.

Do lado esquerdo do meu peito, de dentro da minha alma, ainda que eu tentasse fazer diferente não seria possível. Antes de descobrir e ser qualquer coisa na vida, eu já era Palmeirense. E ainda que não soubesse disso, sem duvida, já sentia isso fortemente. E 1978 foi fundamental para que tudo isso se consolidasse.

– Filho, tenho uma coisa boa pra você; Domingo vamos na casa do Landau ver a final na TV em cores!!

– Aeeee!!! – Respondi ao pai, vibrando. Foi ali, que começaria uma história que duraria 16 anos…

Um Vice no Banco de um Landau


A semana não havia sido boa para o Palmeiras.

Além da derrota em casa na primeira partida da decisão do Campeonato Brasileiro para o ótimo time do Guarani, o nosso Verde não teria o goleiro Leão e tinha que vencer o Bugre dentro de Campinas. Mesmo assim, meu Pai manteve a esperança e a palavra. Quando o domingo chegou, fomos até a casa do Landau.

Um dia frio.

Era Agosto de 1978, a Copa do Mundo havia acabado de maneira frustrante e estranha, as pessoas ainda ruminavam aquela patacoada da armação Peru/Argentina para eliminar o Brasil e na volta, um Campeonato Brasileiro foi disputado e agora chegou ao fim. Na vida dos Palmeirenses, algo corriqueiro.

O Palmeiras teve uma década de 70 gloriosa e podia fechá-la com chave de ouro. Mas ali não se jogava a vida. O nosso Verde havia sido campeão dois anos antes em 1976, o torcedor da época tinha uma certa barriga cheia e talvez por isso, outras coisas me importavam naquele domingo. O Landau, por exemplo.

Era amigo do Velho, trabalhava como Ferramenteiro na Scania e o apelido se dava por conta de ele ter um carro homônimo, um Landau Branco 1975, tinindo. Chegando na sua casa, na Vila Lucinda, poucos quilômetros da nossa, ele nos recebeu, me abraçou e me disse que o carro estava aberto. Corri para lá e, no banco do motorista, comecei a me imaginar um Fittipaldi.

Brincava ali como brincam os meninos, como se faz quando é menino. Pouco me importei com o tempo, esqueci completamente do jogo que ali começaria e enquanto o Palmeiras levava gol do Guarani, eu pouco sofria.


Em 1978, derrota não era a regra no Palmeiras. A sensação que tínhamos é que em breve isso passaria, que tão logo começasse os campeonatos, venceríamos como sempre acontecia.

Mas não foi assim.

E para contar como foi, começa aqui a série em 16 Crônicas que contará a história dos anos mais duros da história do Palmeiras. Da escassez que fez florir as mais belas flores no jardim suspenso do saudoso Parque Antártica. Vamos falar da Fila, mas também vamos falar dos sonhos.

Do amor que surge no peito de uma geração de Palmeirenses esculpida a machadadas. De uma Geração que teve seu amor se consolidando na fase de miséria ludopédica, plena.

Geração esta, o qual esse Cronista orgulhosamente fez parte.

Venham comigo amigos, começa aqui “A Lira dos 16 Anos Verdes”

FUTEBOL TRANSPORTADO EM AMBULÂNCIA SEM BATERIA

por Marcos Vinicius Cabral


O encontro entre os defensores vascaínos Bruno Silva e Luiz Gustavo, aos 27 minutos do segundo tempo, no clássico carioca Vasco x Flamengo, mostrou o choque de realidade de duas das principais equipes do futebol brasileiro.

Se por um lado, vascaínos e rubro-negros fizeram um jogo ruim tecnicamente, o empate em si mostrou aos 54.288 pagantes que estiveram nas arquibancadas do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, que as próximas partidas da competição serão de emoções e decepções cada vez maiores.

O Flamengo, que ocupa a 4° colocação neste campeonato brasileiro com 45 pontos, está longe de ser o protagonista que a mídia esportiva quer que ele seja.

Já o Vasco, que amarga 25 pontos, tem a luta real e imediata contra o rebaixamento, que – se ocorrer – será o quarto de sua história.

Mas algumas peculiaridades transformam o Flamengo – imortalizado por Zico, Júnior e Leandro – e o Vasco – respeitado com Roberto Dinamite, Edmundo e Romário – em motivos de chacotas.


O Flamengo, há quase uma década sem o titulo de campeão brasileiro, comemora como título uma mera classificação à Libertadores, para mais uma vez, participando, fazer vergonha.

O Vasco, que deixou há tempos de ser o “Gigante da Colina” ou o “Time da Virada” – para ser exato desde 2000, quando foi campeão brasileiro pela última vez contra o São Caetano – viveu uma entressafra nefasta com Roberto e Eurico à frente do clube de 120 anos, com dívidas megalômanas.

Enquanto o Flamengo de hoje tem Eduardo Bandeira de Mello, que tira selfie com torcedores (as) sem representatividade alguma com as tradições rubro-negras e faz do clube trampolim para ser eleito Deputado Federal pelo Rede – pelo amor de Deus, não votem no número 1818 – se contenta com conquistas regionais e acha o máximo ter colocado as contas em dia.

É como se fosse um favor ao clube, e não uma obrigação, equacionar dívidas.

Já pelo lado da Nau Vascaína, o ditadorismo de um Eurico Miranda, que por anos, soube apenas jogar no ar fumaças carregadas de prepotência nas baforadas dadas em seus charutos, disputas internas e medindo forças com Roberto Dinamite – a estátua do Romário em São Januário foi em retaliação ao eterno camisa 10 – marcado suas passagens em campanhas esdrúxulas.


Portanto, queridos vascaínos e rubro-negras de verdade, devemos agradecer ao Flamengo de 81, por ter nos permitido bater no peito e gritar a plenos pulmões: “Sou campeão da Libertadores e Mundial”; ao Vasco de 97, por ter permitido a cada torcedor a satisfação em dizer que tem uma Libertadores.

E por fim, não esquecer de enaltecer grandes jogadores como Raul, Acácio, Zico, Roberto Dinamite, Júnior, Edmundo, Nunes, Felipe, Leandro, Jorginho, Mozer, Mauro Galvão, Angelim, Mazinho, Tita, Geovani, Pet, Juninho, Adriano e tantos outros que conquistaram títulos, e sendo assim, souberam extrair de nós, torcedores, um sentimento que há tempos perdemos: a alegria de torcer!

Leônidas + Gottardo

ZAGA DOS SONHOS

entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | fotos: Marcelo Tabach | vídeo: Daniel Planel 

Falar do futebol do passado sem ao menos citar o Botafogo é missão quase impossível. Não foram poucos os craques que vestiram a camisa alvinegra e recentemente tivemos a honra de reunir, em General Severiano, Sebastião Leônidas e Wilson Gottardo, dois dos maiores zagueiros que atuaram pelo clube!

O primeiro é sempre lembrado quando se discute sobre os maiores defensores do futebol brasileiro e nosso padrinho PC Caju já afirmou diversas vezes que nunca viu ninguém parecido. Gottardo, por sua vez, foi bicampeão carioca e campeão brasileiro pelo clube.

Durante o passeio pela sede de General Severiano, “Seu Léo”, como é conhecido, passou por um painel com fotos de craques que atuaram pela Selefogo e fez uma viagem no tempo.

– Dá muita saudade desse time! – disparou após lembrar histórias de cada uma das feras.

Enquanto Gottardo fazia de tudo para se livrar do trânsito do Rio, Leônidas, sentado na arquibancada com o olhar fixo para o campo, parecia estar se vendo naqueles garotos dos juniores.

– Fizemos muitos jogos aqui em General Severiano e éramos quase imbatíveis! Nosso time era uma covardia!

O encontro finalmente ocorreu e foi celebrado com um longo abraço. Se não bastasse o fato de serem ídolos no clube, a dupla esteve junta na campanha do inesquecível título carioca de 1989. Na ocasião, Leônidas era o auxiliar de Valdir Espinosa e Gottardo lutava como um leão dentro de campo ao lado do parceiro Mauro Galvão para encerrar um jejum que durava 21 anos.

O curioso é que o último torneio havia sido conquistado justamente com a participação de Leônidas, em 1968. A pressão para vencer o Flamengo de Zico era enorme e Gottardo fez questão de lembrar os bastidores daquela decisão.

– A gente estava carregando uma herança pesada de vários elencos e nós éramos era o alvo do momento. Éramos a chacota, tinha musiquinha e tudo. Mas a gente tinha convicção que a taça seria nossa, apesar da qualidade do rival.


Mais de duas décadas antes, atuando por uma verdadeira seleção, Leônidas teve mais facilidade para bater o Vasco e levantar o Carioca de 1968.

– Era um timaço: Cao; Moreira, Zé Carlos, eu e Waltencir; Carlos Roberto e Gerson; Rogério, Jairzinho, Roberto Miranda e Paulo César Caju. Eu nem avançava para tentar marcar meus golzinhos porque eu ia atrapalhar, né? – brincou.

Ao longo da resenha diversos temas foram abordados e, no final, os craques, abraçados, foram caminhando lentamente pelo gramado em direção ao portão de saída. Naquele momento, a equipe do Museu da Pelada só tentava imaginar como seria essa dupla atuando nos dias atuais!

 

ZIZINHO OU, COMO MOSTROU JAPIASSU, UM PROFESSOR DE FUTEBOL

por André Felipe de Lima


Fui fã do Moacir Japiassu, da pessoa, do jornalista, do mestre. Lia-o frequentemente nos jornais ou revistas. Aprendi um pouco mais da nossa maltratada língua com ele. Nesta sexta-feira, dia 14, comemoramos o aniversário de outro mestre, mas do futebol. O Mestre Ziza, o Zizinho, o ídolo do Pelé e de muitos meninos e marmanjos que o viram iluminar o futebol. Mas, afinal, o que tem a ver o Japiassu com o Zizinho? Ora, a paixão pelo futebol e o fato de o Japiassu ter escrito sobre ele, em 1965, quando ainda engatinhava na carreira. Zizinho acabara de chegar ao Bangu para assumir o cargo de treinador, e coube ao Japiassu escrever a vida e obra do Ziza para o Jornal do Brasil. “Zizinho foi durante 10 anos o ídolo que a torcida chamava de Mestre e em 1950 obrigou um jornalista inglês a usar, para defini-lo, uma palavra até então reservada aos cientistas: gênio”, escrevera Mestre Japiassu.

O pai do Zizinho tinha um sonho: ver o filho jogador de futebol, mesmo que somente no time que organizava: o Carioca. Zizinho tinha apenas seis anos quando perdera o pai. A infância, acreditem, não foi com muita bola. Para ajudar à mãe viúva, Zizinho teve de trabalhar ainda garoto. Foi ajudante de mecânico e tempos depois funcionário na Lloyd Brasileiro. Difíceis tempos que o ensinaram, moldaram-no, tornando-o um grande ser humano, um amigo, pai, irmão, companheiro que todos queriam um dia ter.


O que aprendera ainda rapaz, tristemente longe do pai, foi essencial para garantir-lhe serenidade após a Copa do Mundo de 1950. A derrota na final para os uruguaios deixou um amargo ensinamento ao Zizinho: o excesso de otimismo é o maior inimigo de um time de futebol. Dali em diante, Tomás Soares da Silva não seria apenas Zizinho. Seria muito mais que apenas um homem e sua alcunha. Seria Mestre Ziza. Inquestionável testemunho autorizado do futebol, com teses essenciais para quem se diz pretensamente jogador de futebol, e mais que isso: arvora-se craque:

“Craque é o jogador que, não importando o seu porte físico, pode com a categoria desequilibrar uma partida, definir um jogo, mudar um resultado. Craque é aquele que sabe limpar uma jogada na defesa, vislumbrar a jogada num relance, criar o espaço — mínimo que seja — entre uma floresta de pernas, na pequena área, e bater na bola com a certeza do gol.”


“A humildade levou o Brasil às Copas de58 e 62. A humildade que aliada à confiança e vontade de vencer nos tornou invencíveis, porque nossa capacidade técnica sempre foi e será indiscutível, inigualável.”

“Desprendimento é não pensar primeiro no dinheiro e depois ganhar a Copa. Coragem é não ter medo de perder o jogo, porque este é sem dúvida um dos maiores inimigos de um time de futebol.”

Ah, Zizinho… que saudade, e parabéns para você, seja lá em que hoste celestial esteja, defendendo-nos, com amor e bons fluídos, do mal futebol que nos aflige.