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Dodô

O DOS GOLS BONITOS

entrevista e texto: Paulo Escobar | fotos e vídeo: Johnny Jamaica e Ruth Bessa

Dodô, aquele apelidado acertadamente de o artilheiro dos gols bonitos, pois tinha uma mania de marcar golaços, começou sua carreira oficialmente no Nacional de São Paulo. Mas ele mesmo observa que o seu verdadeiro começo foi na várzea, mais precisamente no Cruzeirinho da zona leste.


Um dos motivos que vale a pena ressaltar seu começo na várzea se deve ao fato de grande parte daquela casca e raça característica daqueles jogadores que saíram do terrão. Talvez essa seja a casca que mais faz falta em muitos dos jogadores atuais: o contato que o jogo na várzea cria em quem passa por ela.

Dodô que teve passagens importantes pelo São Paulo onde marcou 94 gols, e formou um ataque temido com Aristizábal, além de ter atuado também por Santos, Fluminense e clubes do exterior. Mas foi no Botafogo que Dodô ganhou o apelido que viria ser aquele que o consagraria, o de “artilheiro dos gols bonitos”.

Um time que Dodô passou e que vale ser lembrado foi o Palmeiras, onde o atacante viveu de contusões e que talvez foi aonde ele mesmo pensava que poderia ter sido diferente. Pois foi ali que Dodô viveu talvez uma das fases mais duras da sua carreira, estando no elenco que viria a ser rebaixado.

Dodô era artilheiro nato, daqueles que sabia se posicionar e arrematar ao gol de onde estivesse posicionado, além de rápido tinha o faro e vontade de balançar as redes, que talvez seja um dos quesitos que faltam aos atacantes de hoje. Teve passagens pela seleção brasileira e, na conversa com ele, reclama que hoje atacantes com poucos gols já vestem a amarelinha. Sobre o assunto, o craque lembrou que na época dele havia que ser artilheiro pelas suas equipes e ter um bom desempenho antes de uma convocação. Ao ser perguntando sobre atacantes brasileiros de hoje que ele gosta de ver jogar, ficou sem reação e não respondeu por falta de opções.

Dodô, sem duvida, é o atacante que faz falta nos dias atuais, nessa escassez de gols que o futebol brasileiro vive. Esperamos que curta e assista a resenha deste que foi sem duvida um goleador à moda antiga.

 

VAR TOMAR UMAS PROVIDÊNCIAS, VAI…

por Serginho 5Bocas


Antigamente os árbitros tinham a vida mais suave, não haviam tantas câmeras lhes monitorando, tanto “Big Brother” para caguetar os homens de preto quando faziam das suas, de propósito ou não, e assim a vida dos caras era bem mais tranquila. No máximo, eram arremessadas algumas pilhas de rádio da geral ou ouvia-se na rádio, o trepidante potente a gritar: ERRRRRRROUUUUUU, como diria a plenos pulmões, o saudoso Mario Vianna.

Árbitro já é por essência uma espécie de Robson Cruzoé, um solitário, são diferenciados pela cor preta, são distintos e identificados no meio de 22 jogadores, tem suas mães desrespeitadas constantemente e, como se não bastasse, passaram a ser monitorados por uma infinidade de câmeras dispostas pelos quatro cantos do campo, sem dó nem piedade.

Agora, surgiu o tal do VAR ou árbitro assistente de vídeo, mais uma parafernália que, me parece, veio pra ficar. Uma sala cheia de recursos de TI, com vários árbitros auxiliares, munidos de telas, que monitoram cada centímetro do campo, com câmeras especiais que são capazes de captar e registrar detalhes, que passam despercebidos pela visão humana.

Bom ou ruim, é certo que vem se firmando a passos largos no futebol, já esteve na última Copa do mundo e, agora, vem sendo apresentado aos mais diversos campeonatos de vários países.

Pessoalmente, acho que a ferramenta é boa e ajuda aos juízes de futebol a se protegerem da exposição das inúmeras câmeras que registram os lances das partidas, considerando as limitações humanas que em que nunca seria possível a nossa retina se comparar a uma máquina com inúmeras possibilidades, porém, acho que devem ser efetuados alguns ajustes.


Em primeiro lugar, para dar mais transparência e confiabilidade ao sistema VAR, deveria ser estabelecida a seguinte premissa: as equipes que se sentissem prejudicadas é que deveriam solicitar o recurso, retirando a discricionariedade do árbitro e seus auxiliares. Talvez dois pedidos por tempo de jogo, mas nunca partindo da vontade dos próprios árbitros.

Outra sugestão, seria a colocação de um telão no campo, para que todos os torcedores, possam ver as imagens que permitiram a tomada de decisão do árbitro e da turma de auxiliares do VAR, já que hoje já é assim no vôlei e no tênis, por que não?

Entendo que hoje o que mais incomoda, que é mais dolorido para os torcedores nesta história toda, é que sempre que mais precisamos do VAR, a mesa dos especialistas e o árbitro não pedem o seu apoio, será o Benedito?


Até hoje não me sai da cabeça o pênalti que Gabriel Jesus sofreu do zagueiro Company da Bélgica. O defensor vem na cobertura do colega que acabara de tomar uma caneta e chega atrasado, acertando com a sua chuteira a canela do atacante, pênalti claríssimo mas não foi marcado, o recurso estava disponível, o Brasil perdia o jogo, então por que o árbitro não poderia dar o direito da dúvida para os brasileiros?

Acho que temos muito a aprender e evoluir com a tecnologia, mas, em hipótese alguma, deveríamos abrir mão de toda a sua capacidade. O futebol com certeza após os devidos ajustes, irá agradecer, pode apostar…

Forte abraço

Serginho5Bocas

OBRIGADO, OLDEMÁRIO

por Luiz Augusto Nunes


Oldemário se dizia um operário da notícia. Era muito mais do que isso. Tinha com a informação uma intimidade própria àquela que só os grandes craques têm com a bola. Que começou desde o primeiro dia em que pisou na redação do Jornal do Brasil, ainda na Avenida Rio Branco, e foi se estreitando com o passar dos anos, companheira inseparável durante tantas jornadas e coberturas. Sem formação acadêmica alguma, tinha a noção exata do que chamava “hierarquia das notícias” – ele não errava nunca o que era ou não manchete. Sonho de todo jornalista, Oldemário o realizou várias vezes: parou as máquinas para mudar uma edição. Maior repórter esportivo que conheci, Oldemário tinha autorização dos donos do jornal para tal. Eles confiavam no seu talentoso “operário de notícias”.

Oldemário Touguinhó, que nesta quinta-feira faria 85 anos, tinha quatro grandes amores na vida: a família, a Seleção Brasileira, o Botafogo e o Jornal do Brasil. Nesta ordem.


PERGUNTAR NÃO OFENDE

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Não sou jornalista e nem especialista em estatísticas. Sou apenas um observador do futebol e hoje venho deixar no ar algumas dúvidas e questões.

  1. Odeio com todas as minhas forças falar sobre arbitragem, mas o que tem acontecido nas competições comandadas por argentinos é para ser discutido seriamente. Os dirigentes estão sempre envolvidos em polêmicas. Teve a Copa de 78, a mão de Deus, em 86, a Conmebol comandando o espetáculo e nada muda. Por que não é realizada uma séria investigação a esse respeito?

  2. A CBF não gosta do VAR, mas o VAR tem servido para alguma coisa? Outro dia me disseram que na sala do VAR havia 12 pessoas. Tanta interferência pode dar certo?

  3. Após o jogo contra o Vasco o dirigente do Inter soltou o verbo contra a arbitragem e, agora, contra o Atlético Paranaense, ele falou alguma coisa ou apenas comentou entre os amigos: “Tá vendo como foi bom reclamar?”.

  4. Qual o orçamento de Boca e River comparado aos de Palmeiras e Flamengo?

  5. É sério que vou ter que continuar ouvindo os comentaristas tentando nos convencer de que o Vitinho é craque?

  6. A torcida do Flamengo concorda no valor pago por ele?

  7. É fake news a entrevista do Maradona, na Fox, em que ele diz que não convocaria mais o Messi porque não dá para acreditar em um jogador que vai dez vezes ao banheiro antes de cada jogo importante? KKKKKKKK, isso é maravilhoso! Muitos podem achar Maradona maluco e inconsequente porque todo dependente químico é visto dessa forma. Passei por isso, mas entendo o que ele diz e de futebol ele sabe muito!

  8. Vocês acham que ex-jogadores de qualidade podem ser bons técnicos? Acho que devemos apostar nisso. Adoro ver o futebol argentino. Atualmente, o Boca é dirigido por Guillermo Barros Schelotto, atacante de seleção, muito inteligente, e o River tem Marcelo Gallardo, um meia excepcional que dava gosto de ver, da geração de Saviola e Ortega. Fantástico, o futebol tocado por quem entende do riscado! E o toque de bola é bonito de ver.

  9. Sou doido ou a qualidade dos jogadores trazidos de nossos países vizinhos está abaixo da média? Pouquíssimos, mas pouquíssimos mesmo, se salvam. Chará e Cazares, do Atlético Mineiro são bons, mas não são regulares. Bom D´Alessandro ainda estar em atividade. Gosto do Nico López e gostava do Cuevas. Seria bem mais vantajoso investir nos jogadores da base.

  10. Por falar em base por que só nas últimas rodadas o técnico do São Paulo lançou o jovem Helinho? Não suporto essa história de não lançar “meninos” por medo de queimá-los. Frescura!!! Quem sabe jogar bola já nasce com personalidade!

  11. O Cruzeiro quando levou a tríplice coroa, em 2003, ficou poupando time?

  12. Quem merece ser campeão brasileiro? Por mim, o campeonato podia acabar agora, sem vencedores. Seria mais justo com o futebol. A vitória do Palmeiras, claro, animará a sua torcida, mas será mais um retrocesso, afinal ninguém suporta mais time-canil, aquele em que os cães de guarda são as maiores atrações.

Ê, SAUDADE!!!!

por Sergio Pugliese


Da beira do campo 3, do Aterro do Flamengo, o pernambucano João Barbosa da Silva, de 76 anos, desabafou:

– O futebol está em crise…

Nosso atento fotógrafo, radar ambulante, Guilherme Careca Meireles, ouviu e freou, afinal a declaração partira de um dos maiores especialistas no assunto da cidade, João da Laranja, o vendedor mais antigo do parque.

– Por que tanto pessimismo, João? – questionou o lambe-lambe.

– Já assisti a grandes jogos aqui! O nível vem caindo muito – lamentou o tricolor, que há 45 anos vende laranjas e bebidas, no trecho entre os campos 3 e 5.

– Não tem visto nada de especial? – insistiu Guilherme Careca Meireles.

– Hoje tem uma garotada que corre muito e é tudo meio mecânico – respondeu.

O papo virou resenha e João da Laranja nos convidou para sentar. Perguntou se tínhamos visto o Embalo do Catete jogar. Naquela época, décadas de 60 e 70, os campeonatos do Aterro, organizados pelo Jornal dos Sports, atraíam milhares de torcedores. Todos queriam ver os chutes certeiros de Luisinho, bicampeão pelo Embalo, a técnica apuradíssima de Zé Brito, o lateral rechonchudo, campeão em 1972, e os dribles arrepiantes de Jacaré, do Xavier, da Tijuca, outro grande campeão.


– Não é exagero, mas as pessoas deixavam de ir ao Maracanã para assistir os jogos aqui – recordou João, que naquele tempo chegava a vender 500 laranjas por dia.

João chegou ao Rio com 26 anos e trabalhou como servente de pedreiro, mas logo passou a vender laranjas no Aterro. Morador da comunidade do Santo Amaro, no Flamengo, também encantava-se com o futebol do Ordem e Progresso, de Filé & Cia, um dos representantes do bairro, nos torneios.

– O que acha que mudou de lá para cá? – questionou o fotógrafo bom de bola.

– O campo era de terra. Esse sintético é um horror. Arriscavam-se mais dribles, os caras jogavam mais bola, sei lá…

Alguns desses caras eram Hugo Aloy, Xanduca e Roni, do Capri, Tonico, do Xavier, Joaquim e Cícero, do Naval, Álvaro Canhoto, do Milionários, e o goleiro Dinoel, do Pedra Negra. Segundo ele, o 10 do Baba do Quiabo também infernizava. Também lembrou do divertido time Morrone (Movimento dos Oito Rapazes que Vivem Rindo Onde Ninguém se Entende), do trio Hamilton Iague, Marcelo e Wilson Fragoso, o Onça. Levaram a maior goleada do Aterro, 47 x 0 do Embalo. Luisinho deitou e rolou!


– Sinto saudade, mas vai melhorar – apostou.

Enquanto isso, vai jogando seu dominó com os amigos, os também nostálgicos Shell, grande árbitro, Oscar, campeão pelas Drogarias Max, e o conterrâneo Zé Faria. Já não vende mais laranjas, só bebidas. Aproveita nossa equipe para reivindicar mais segurança e banheiros para o local. De repente, uma gritaria. Pênalti! Ele levanta-se para ver a cobrança. Na lua!!! Ele riu e comentou com os parceiros:

– O Luisinho jamais perderia.

Crônica publicada originalmente na coluna “A Pelada Como Ela É”, do Jornal O Globo, em 13 de junho de 2015.