OS GRANDES PERDEDORES
por Serginho 5Bocas
ZIZINHO
Quando menino, meu pai (tricolor) dizia que Pelé havia sido o maior jogador de futebol que tinha visto jogar, mas que não tinha toda a certeza disso porque houve um jogador chamado Zizinho, que por sinal era o ídolo do rei Pelé e de muita gente boa. Meu pai dizia que Zizinho, ou Mestre Ziza, era um eterno condenado e sem prescrição da pena, ele, ao lado do goleiro Barbosa, eram os líderes de toda uma geração de condenados, os “perdedores” da Copa de 50.
Mestre Ziza foi um gênio de futebol, entretanto carregou o gosto amargo da derrota em casa na final da Copa de 1950. O pior é que depois disso, ainda teve que pagar um alto preço por liderar um protesto, que culminou com seu afastamento de novas convocações do escrete canarinho, mas talvez a seleção do Brasil tenha se saído pior nesta história, pois abrir mão de um talento como aquele tem muito a ver com a insensatez que reinava e ainda reina nos meandros do poder do futebol brasileiro.
Assim, fez falta demais na Copa de 1954, pois com ele certamente teríamos mais munição para enfrentar os temíveis húngaros, fazer o quê?
Já no final de carreira quando jogava no Bangu, foi contratado pelo São Paulo e aos 37 anos, liderou o time rumo ao título do Campeonato Paulista, um feito e tanto se considerarmos a idade e a qualidade dos jogadores da época.
Em entrevista anos depois, ele disse que após a convocação de todos os jogadores para a Copa de 1958, ligaram para ele e fizeram um convite para que ele fosse a Copa da Suécia comandar a seleção em campo, mas educadamente ele recusou, disse não achar justo tirar a vaga de alguém que já estava sonhando com a participação na Copa, o jovem Moacir.
Justo, ético e humano, só mesmo um gênio para praticar um gesto de nobreza e altruísmo como esse, algo raríssimo nos dias de hoje, coisas de uma época mais romântica do futebol.
Zizinho foi considerado o melhor jogador da Copa de 1950 e um dos maiores de todos os tempos.
PUSKAS
O major galopante foi o grande líder do grande time do Honved e da seleção húngara, a inesquecível e quase invencível “magiar”.
Um time quase perfeito que tocava a bola com rapidez e objetividade impressionante. Muitos dizem que foram eles que inventaram o aquecimento antes das partidas, e que por isso entravam em campo a 1000 por hora e decidiam as partidas nos minutos iniciais, pois enquanto os adversários precisavam de um tempo para aquecer, eles já entravam em ponto de ebulição e isso fazia uma enorme diferença.
Ficaram por longos anos invictos e foram perder justamente na final da Copa do Mundo de 1954, ficando com o vice após derrota por 3×2 para os alemães ocidentais, num jogo que ficou conhecido como a “batalha de berna”, pela sua dramaticidade.
Puskas sofreu uma entrada violenta no segundo jogo da Copa, justamente contra os mesmos alemães ocidentais, ainda na primeira fase, quando venceram por 8×3. Essa contusão tirou-o de quase toda a Copa, só retornando na final, em que marcou o primeiro gol e “quase” fez o que seria o gol de empate (3×3) e que foi infelizmente anulado pelo árbitro.
Puskas ainda fez muito sucesso no futebol, desfilando sua enorme categoria e precisão, jogando pelo Real Madrid na Espanha, também deu ares de sua graça atuando pela fúria espanhola após ter se naturalizado, em razão de problemas políticos internos e gravíssimos no levante que ocorreu na Hungria que o obrigou a se asilar em outro país.
O canhotinha foi um dos maiores jogadores de todos os tempos e possui um recorde que nem Pelé tem, o de maior artilheiro de seleções nacionais em jogos oficiais com 84 gols em 85 jogos.
Puskas é o melhor jogador húngaro de todos os tempos e é considerado um dos maiores jogadores de futebol do mundo de todos os tempos.
CRUYFF
Foi o revolucionário do futebol, o maestro da laranja mecânica, nome dado ao time holandês durante a Copa de 1974. Uma equipe que mudou conceitos futebolísticos e que nunca mais o mundo viu nada parecido.
Cruyff era jogador de todo o campo, buscava a bola lá atrás e a levava até a outra área com enorme facilidade. Era difícil definir em que posição Cruyff jogava, tal sua impressionante movimentação por todos os espaços e sua capacidade de executar funções distintas.
Corpo esguio e elegante, se destacava num grupo de virtuosos, no meio de várias feras ele era a “FERA” das feras.
Cruyff colocou, juntamente com seus companheiros, a Holanda no mapa do futebol, nunca antes nem depois se formou uma equipe nas terras baixas com tamanha qualidade e capacidade de enfeitiçar os torcedores.
Cruyff não venceu a única Copa em que participou, pois perdeu a final para a Alemanha ocidental, mas ninguém que presenciou aqueles sete jogos dos laranjas irá esquecê-lo. Uma pena que ele não quis participar da Copa de 1978, dizem que por motivos políticos, pois era totalmente avesso ao regime ditatorial do general Videla que presidia a Argentina na época.
Aquele início arrasador na final da Copa de 1974, em que a Holanda deu a saída de bola e ficou com ela por mais de um minuto, só parando no pênalti cometido por Volks em Cruyff, ficou na antologia do futebol, coisa de almanaque.
Ele ainda jogou e reinou no Barcelona e nos Estados Unidos, de volta para a Holanda encerrou a carreira passando pelo Ajax e Feyernood.
Cruyff foi o maior jogador holandês de todos os tempos e um dos melhores do mundo.
ZICO
Foi o craque da melhor seleção pós 70 (era Pelé), aquela que encantou o mundo na Copa da Espanha em 1982. Seleção que ficou conhecida pelo jogo bonito e envolvente, de movimentação constante, posse de bola e belíssimos gols, uma pequena amostra do que se convencionou chamar de futebol arte.
Zico era craque, arco e flecha, aquele que arma no meio de campo e corre até a área para concluir com perfeição.
Zico tinha a facilidade do drible, uma visão privilegiada do campo e do jogo, a capacidade de conclusão apurada e o passe como suas maiores qualidades. Apesar de ser um artilheiro mortal, ele não esquecia dos companheiros e não se cansava de dar passes milimétricos para que marcassem seus gols.
Zico foi cidadão do futebol no mundo, sendo rei na Itália e Deus no Japão, ídolo do esporte e pessoa admirada pelo futebol e pelo caráter fora das quatro linhas.
O futebol foi sua forma de se expressar, de mostrar ao mundo todo o seu talento e seu profissionalismo.
Zico foi o maior artilheiro do Flamengo e do Maracanã e para muitos o melhor jogador de futebol brasileiro pós Pelé e um dos maiores do mundo.
PLATINI
Foi o comandante da maior geração de futebol francês de todos os tempos. Capitaneava um grupo que tinha ninguém menos do que Giresse e Tigana como companheiros e coadjuvantes.
Esse grupo apresentava um futebol refinado e de toques precisos e de alta categoria. Pareciam não fazer esforço para jogar bola. Apesar de não terem vencido uma Copa do Mundo, não há como esquecer as lindas apresentações que fizeram principalmente em 1982. Pena não termos presenciado uma final entre a França e o Brasil naquela Copa, a de 1982, seria uma ode ao futebol arte.
Platini tinha extrema classe e categoria que era demonstrada quando se relacionava com a bola. Simplificava o que aparentemente era dificílimo no jogo e o fazia com tal qualidade que fazia parecer a coisa mais simples e possível a qualquer mortal.
Jogou 3 Copas do Mundo e encantou nas de 82 e 86, apesar de ter sido eliminado pela mesma Alemanha nas duas ocasiões, mas nada disso foi capaz de apagar seu brilho.
Comandou a maior vitória de seu país até então, a Copa Europeia de Seleções de 1984, sendo também o artilheiro da competição.
Iluminou os gramados italianos quando comandou a Juventus e foi eleito o melhor jogador europeu por três vezes consecutivas.
Foi sem sombra de dúvidas o maior jogador da França de todos os tempos com sobras e um dos mais clássicos do mundo.
O que todos estes supercraques tiveram em comum?
Todos foram mestres da coletividade sem abandonar e exprimir suas potencialidades individuais.
Todos eles foram legítimos representantes do futebol arte;
Todos eram os líderes incontestáveis de suas equipes.
O futebol bem jogado por eles está acima de qualquer suspeita e que nem mesmo o título de campeão do mundo que eles tanto desejaram e não conquistaram apagou todo o legado que eles deixaram para o futebol ao redor do mundo.
O mais intrigante disto tudo é que todos eles são mais lembrados do que muitos vencedores de Copa e são respeitados em todo o mundo como grandes do futebol mesmo sem ter alcançado a sua maior glória.
Pena da Copa do Mundo!
Nielsen Elias
NIELSEN, O GOLEIRO MÃO QUENTE
entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Felipe de Lima | fotos e vídeo: Daniel Planel
Nielsen é o melhor goleiro do Brasil. Essa era a opinião de qualquer pessoa que minimamente conhecia futebol lá por volta dos primeiros anos da década de 1970. O rapaz era o titular dos juvenis do Fluminense e da campeoníssima seleção de novos. Não havia, naquela época, nenhum outro garoto no arco melhor que ele. Nem no Flamengo e tampouco no Vasco ou no Botafogo. Só para falarmos de Rio de Janeiro. Nielsen era mesmo o melhor. Mas o destino não permitiu que o jovem talentoso fosse mais do que realmente merecia embaixo das traves. Era a promessa, mas os dirigentes tricolores o seguraram, impedindo-o de alçar voos maiores no começo da carreira.
Foi grande, sem dúvida, um campeão na Máquina Tricolor e no Flamengo do Zico, porém poderia ter sido ainda mais gigante caso não tivesse também nascido em uma geração de grandes arqueiros brasileiros e sofrido um revés contratual com o Flamengo no final dos anos de 1970. Azar? Essa palavra definitivamente jamais fez parte da vida pessoal e da carreira do Nielsen, que teve no pai, um apaixonado torcedor do América, sua maior referência em toda a existência. Um espelho, como o do magistral samba do João Nogueira: “Eh, vida voa/ Vai no tempo, vai/ Ai, mas que saudade/ Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade/ E orgulho de seu filho ser igual seu pai”.
O goleirão fez de sua camisa verde e preta um símbolo incomum de sorte. A mesma sorte de ter tido um pai maravilhoso que o ensinou ser um grande filho e… um grande pai.
Com aquele pedaço de pano verde com retalhos pretos, espantara o azar para sempre. Não há parâmetro na história do futebol mundial do que foi capaz aquela camisa do Nielsen, que está para o futebol como a veste rubra de Cristo inspirou o roteiro de cinema do famoso “O Manto sagrado”, obra-prima dirigida por Henry Koster, em 1953. A verde e preta do Nielsen operou milagres tão intensos quanto aquele manto vermelho que cobriu a personagem do estupendo Richard Burton na telona.
Nielsen vestiu-a com galhardia no Fluminense, no Flamengo, no Vasco, no Botafogo e derradeiramente no São Cristóvão. Ainda jovem, com trinta e poucos anos, foi treinar outros goleiros. No Vasco, Acácio, seu pupilo, também a vestiu. O mesmo fez o saudoso Zé Carlos, no Flamengo. E com a surrada, porém mágica camisa verde e preta do Nielsen, o arqueiro fechou o gol e o Rubro-negro foi tetracampeão brasileiro em 1987. Foi Nielsen quem fez do Vágner, do Botafogo, um goleiro extraordinário. Levantou-o quando ninguém mais acreditava nele. Com essa injeção de ânimo do Nielsen, Vágner fechou o gol e o Alvinegro foi campeão em 95. E Taffarel? Com ele, Nielsen fez o mesmo e o Brasil voltou a ser o maior.
Deixe estar, Nielsen, que Gylmar dos Santos Neves, o seu ídolo, está muito orgulhoso de você. Afinal, qual goleiro, além de você, foi tão “mão quente”, tão iluminado pelo destino? Tão fantasticamente verde e preto? Ao contrário do desfecho do samba do João Nogueira, você jamais teve medo de o espelho se quebrar. Ele nunca quebrou… nem quebrará.
O BRASIL E A COPA DO MUNDO: A ARROGÂNCIA FUTEBOLÍSTICA
por Paulo Henrique Gomes
A ideia do documentário “O Brasil e a Copa do Mundo: a Arrogância Futebolística” surgiu de um sentimento de revolta do autor em relação à cobertura da imprensa brasileira na Copa do Mundo de 2018. O clima ufanista, a ignorância coletiva e desinformação que vimos nessa cobertura é o que me motivou a fazer esse trabalho.
Apesar de 20 anos sem uma final de Copa, apesar de não eliminarmos um europeu desde 2002, apesar de já não termos o melhor futebol do mundo, grande parte ainda acha que o Brasil tem a obrigação de ganhar a Copa do Mundo toda vez, ignorando totalmente a qualidade de outras equipes.
Cria-se sempre uma expectativa muito alta, quando vem a eliminação a cobrança também triplica. A torcida é bombardeada o tempo todo ouvindo que a Seleção é favorita, quando perde, se instaura um clima de revolta, dessa forma, demonizam jogadores, culpam o extracampo e inventam teorias da conspiração pra amenizar a derrota.
No Brasil não há meio-termo, os jogadores voltam como heróis ou como vilões. Esses são os temas centrais do documentário, destrinchar os motivos que levam o Brasil a ter essa arrogância no futebol e as consequências disso.
QUERIA RIVELLINO, MAS QUEM ME GANHOU FOI ROMERO
por Marcelo Soares
Roberto Rivellino, o maior jogador da história do Corinthians na minha opinião, infelizmente ficou marcado por não ter ganho um título expressivo com a camisa alvinegra. Um dos maiores jogadores da história do futebol e de sua época, foi campeão do Mundo em 1970 no México com uma das melhores formações da Seleção Brasileira, apresentando ao mundo a patada atômica.
Participou de um dos episódios que mais marcaram a história do futebol e do lendário Maracanã: a invasão da torcida do Corinthians em 1976, na partida contra o Fluminense, levando mais de 145 mil pessoas ao estádio.
Canhoto para o bem do futebol, por onde passou, brilhou! Encantou a todos e se tornou ídolo por onde jogou. Rivellino brilhou tanto que até mesmo Maradona, considerado por muitos o melhor de todos os tempos, se rendeu aos talentos do Reizinho do Parque e o elegeu como seu ídolo no futebol.
A falta de um título paulista com a camisa Corinthiana sempre perseguiu Rivellino, fato que o levou a declarar que trocaria a perdida taça Jules Rimet por um título paulista com o maior vencedor do campeonato. Acredito eu que até a troféu do Campeonato Paulista tenha pedido por esse encontro com Rivellino, mas fato é que nunca aconteceu.
Que injustiça do futebol, o time que mais venceu o campeonato não pôde ganhar mais uma edição enquanto Rivellino vestia sua camisa, não entrou para a lista de ídolos com a letra R que o venceram pelo Corinthians, como os Ronaldos (Giovanelli e o fenômeno) e o colobiano Rincón. Quem diria que até mesmo Romero ganharia esse título.
Depois disso, aconselho Rivellino a esquecer isso. O futebol está mudado, você não precisa fazer parte em hipótese alguma de um grupo que conta Romero. Com sua perna direita que nem era a boa, daria elásticos em cães de guarda da moda e ganharia 10 títulos paulistas nos tempos de futebol moderno. Só para mostrar aos Deuses do Futebol que eles também erram.
PROPOSTA DIVINA
por Émerson Gáspari
Perdoem-me todos do Museu da Pelada, se desvio do assunto futebol nessas primeiras linhas, mas é que julgo importante explicar de onde surgiu a ideia dessa crônica.
Tudo começou na observação de uma daquelas discussões recorrentes que você certamente já presenciou por aí: dois caras conversando sobre a hipótese de Cristo voltar a Terra e o que aconteceria a seguir, caso isso de fato se concretizasse.
Para os que não sabem Dostoiévski – um dos maiores escritores que a humanidade produziu – já aventava essa possibilidade em 1880, em mais um de seus brilhantes textos, no qual descreve – de modo fictício – sua santa reaparição na cidade de Sevilha (Espanha) por ocasião da terrível Inquisição do século XVI.
Pois bem: após causar verdadeiro furor entre o povo, Jesus é atirado numa masmorra pela guarda real e, ao ser visitado à noite por um inquisitor que o interroga ameaçando-o inclusive de queimá-lo vivo, permanece enigmaticamente calado, mantendo nos lábios um sorriso compreensivo, aja visto que sabe as frases que aquela autoridade vai dizer, antes mesmo que possam ser pronunciadas.
Então, num arroubo de cólera, o teólogo insiste que ele compreenda que “um homem não pode ser senhor de si” e que “é mais fácil seguir a mentira institucionalizada, que o caminho do amor incondicional”. O insulta, o agride e promete que irá por fim à sua vida, ao raiar do dia seguinte, em praça pública.
Então, o dono daquela “Santa Face” (que não se alterou em momento algum, a despeito das provocações) serenamente se levante e… abraça (!) calorosamente seu algoz.
Aturdido, o inquisitor se dá por vencido e, atormentado por seu coração turvo não obter êxito perante o Messias, abre a cela, ordenando aos gritos que o prisioneiro saia imediatamente e nunca mais retorne. Jesus então caminha em silêncio em direção à saída, desaparecendo na escuridão, para não mais voltar.
Dito isso, vamos às minhas indagações futebolísticas a vocês, agora: e se pudéssemos trazer de volta tantos craques de bola extraordinários que já partiram desse mundo?
Não seria maravilhoso rever ao vivo, as descidas ao ataque do “capita” Carlos Alberto Torres? Relembrar como era o efeito da “Folha-Seca” do genial Didi? Assombrarmo-nos com o faro de artilheiro de Friedenreich? Ou com as arrancadas empolgantes de Ademir de Menezes? Sermos brindados com os dribles moleques de Dener? Os de Canhoteiro? Ou os chutes de Jair Rosa Pinto e Hércules? O domínio de bola de Dino Sani, talvez? E que tal poder testemunhar toda a categoria de Domingos da Guia ao sair da área, driblando os atacantes adversários?
Ressuscitarmos aquelas “pontes” formidáveis do intrépido goleiro Pompéia? Ou mesmo rever a garra do inesquecível Fernandão, na grande área?
Será que Zizinho seria tolamente negociado pelo Flamengo com o Bangu, outra vez? Que Garrincha terminaria a carreira como terminou? Que Heleno de Freitas acabaria num sanatório, de novo? Almir Pernambuquinho seria mais calmo? E Sócrates: após aposentar o mágico calcanhar dos gramados, ser tornaria afinal, presidente da CBF?
Barbosa deixaria de ser perseguido e responsabilizado pela Copa perdida?
Nilton Santos seria chamado de “Enciclopédia” ou “Wikipédia?”. Leônidas da Silva seria o mesmo “Diamante Negro” ou só mais um “Nutella” por aí?
E no restante do mundo, então? Yashin, Puskas, Di Stéfano, Cruyff, Gigghia e tantos outros teriam obtido feitos nos gramados, como obtiveram?
Mesmo figuras ligadas ao futebol teriam hoje a mesma importância de outrora?
Carlito Rocha e Vicente Matheus, por exemplo, seriam presidentes tão marcantes em seus clubes, novamente? Belfort Duarte continuaria sendo vital para o Amériquinha?
Cláudio Coutinho conquistaria o título mundial à frente do Flamengo? Telê Santana corrigiria os defeitos da Seleção de 1982, fazendo-a campeã mundial na Espanha?
Quais textos Thomas Mazzoni, Mário Filho, João Saldanha e Nelson Rodrigues seriam capazes ainda de produzir, durante a “prorrogação” à qual estariam tendo direito, na vida? Quais hinos de clube, Lamartine Babo ainda iria compor?
Mário Vianna exigiria tanto que seu nome fosse escrito com dois “enes”?
Quais gols Geraldo José de Almeida e Luciano do Valle ainda iriam narrar?
Impossível afirmar com absoluta certeza: para muitas dessas perguntas, talvez a resposta fosse “sim”. E são tantas as indagações…você mesmo, que está aí, parado e me concedendo a honra de sua leitura nesse momento, deve ter as suas também, decerto.
Então, um verdadeiro delírio me assalta subitamente, fruto de meus devaneios.
Uma ideia tola, ridícula até. A qual na verdade não passa da tentadora utopia pela imortalidade. Por um dia que seja ao menos! Vamos supor que pudéssemos então, nos dar esse direito. Ou melhor: concedê-lo a alguém.
A pergunta que não quer calar é: quem de nós daria um dia de sua própria vida para “ressuscitar” seu ídolo favorito? E mais: quem seria ele?
A ideia (absurda, eu sei!) é na verdade uma brincadeira, para verificarmos a popularidade de nossos gloriosos craques do passado.
Vou lhes dar um exemplo fora do futebol: quando o querido Ayrton Senna se foi, partindo de maneira tão prematura e traumática para todos nós, muita gente não se conformou.
Mas, se tivéssemos o “dom” da imortalidade (leia-se: poder “doar” um dia de nossa vida em prol dele) garanto-lhes que Senna teria recebido milhões de dias extras de vida, ofertados por fãs de todo o Brasil (e até do mundo!) promovendo uma espécie de “justiça divina”, face aquela tragédia.
Essa ideia maluca – posta em prática – seria responsável pelo piloto estar vivo até hoje (tenho certeza) e aposentado das pistas, talvez fosse dono de alguma escuderia da Fórmula 1, nos dias atuais.
Já imaginaram uma parceria dele com os japoneses? A equipe “Senna-Honda” formada por jovens pilotos brasileiros, mais ou menos como foi a Copersucar no passado? Não? Pois eu já; em um dos textos de meu primeiro livro (publicado em 2013), o qual vocês não conhecem (mas o público-leitor de Ribeirão Preto, sim).
Voltemos ao futebol: gostaria de saber se você, amigo leitor, toparia – caso isso fosse possível – doar um dia de sua existência, para reviver um craque ou figura do passado de nosso glorioso futebol brasileiro e quem seria ele.
Afinal, não há prova maior de amor por um ídolo, do que dar a vida por ele (um dia que seja ao menos).
E antes que a peraltice tome conta de vossos corações nessa brincadeira, um aviso: não vale doar para quem está vivo!
Sei que muita gente – por pura farra, mesmo – iria querer colocar “vivo” algum jogador que anda “morto” e se arrastando em campo, ultimamente (eu mesmo conheço uns por aí que já parecem ter virado “alma penada” dos gramados faz tempo e continuam “enganando” e ganhando polpudos salários).
Mas essa enquete despretensiosa pede um mínimo de seriedade, pessoal: votem naquele que deixou mais saudades em você: um verdadeiro buraco no peito, que parece não poder ser preenchido nunca e que se faça enfim, merecedor de retornar a este mundo, nem que seja só por um dia.
Pelo mero prazer de se poder revê-lo ou até mesmo, em certos casos, de conhecê-lo.
Para quem fosse rever seu craque, a satisfação seria dobrada, pois – simultaneamente – o torcedor deixaria de ser “viúva”, também.
Ah! Bem que o homem lá em cima podia atender nossos apelos e nos conceder uma dádiva dessas, uma alegria tremenda, diante do triste cenário atual do futebol tupiniquim! (que Ele me perdoe por tanta blasfêmia, nessa crônica… amém!).
Poste seu voto democraticamente aqui amigo leitor, nos comentários deste texto, na página do Museu da Pelada e desde já, receba meu afetuoso abraço e agradecimento!
Que essa divertida eleição seja uma verdadeira “festa da democracia”. Ou melhor dizendo: “uma celebração ao bom futebol”.
O que está esperando, amigão? Mãos à obra e boa diversão!
“Bora” lá, votar! E que vença o mais querido…