Escolha uma Página

LIVRO RELATA A HISTÓRIA CENTENÁRIA DO NACIONAL ATLÉTICO CLUBE

por Leandro Massoni 


Fundado em 1919, o Nacional busca se reerguer e voltar aos tempos áureos, quando era o time da primeira companhia ferroviária de São Paulo /Foto: Leandro Massoni

O futebol pediu passagem pelos trilhos. Nas ferrovias, o esporte se desenvolveu com o “empurrãozinho” de notáveis personalidades do mundo da bola. Em São Paulo, mais precisamente em 1895, Charles Miller, filho de um pai escocês e uma mãe brasileira com ascendência inglesa, regressou de terras britânicas ao lugar de origem, nas proximidades onde ficava localizada a São Paulo Railway (SPR), companhia ferroviária instalada no país em 1867, através dos esforços de Irineu Evangelista do Nascimento, vulgo Barão de Mauá.

Ao ver que diversos funcionários de origem inglesa precisavam praticar um esporte como forma de recreação, Miller reuniu a “turma”, e ainda, convocou mais alguns ingleses que trabalhavam na companhia de gás local para realizar, em 14 de abril daquele ano, na região da Várzea do Carmo, a primeira partida de futebol organizada no país. O resultado foi 4 a 2 para o time da SPR diante do selecionado rival da “The São Paulo Gás Company”.

Passados quase 124 anos deste acontecimento e 100 anos após a fundação do SPR como clube profissional – em 16 de fevereiro de 1919 -, o atual Nacional Atlético Clube, nome que a antiga agremiação adquiriu após o vencimento da concessão de 90 anos da ferrovia com o governo federal, tem várias de suas histórias reunidas em um livro.


“Nacional – Nos trilhos do Futebol Brasileiro” (Editora Casa Flutuante), de autoria de Leandro Massoni, além de contar com o prefácio do jornalista Mauro Beting, traz em suas (a definir) páginas informações, dados, histórias, curiosidades e entrevistas com dirigentes do clube ferroviário, jornalistas, torcedores e pessoas ligadas à ferrovia paulista sobre os principais fatos que envolveram o time situado na Rua Comendador Souza, zona Oeste de São Paulo, durante quase um século.

De acordo com Leandro, a ideia de escrever a obra surgiu ainda quando estava na faculdade. “Estava iniciando um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e nosso grupo não tinha muita noção sobre o que fazer. Logo, um de nós falou sobre o Nacional. Mesmo descrente, comecei a fuçar e nisso, descobri que este clube é como se fosse o patrimônio do futebol brasileiro, devido a sua história e a presença de Charles Miller no jogo em 1895”, explica.

Na época, Massoni e companhia produziram um documentário audiovisual intitulado “O Futebol Nacional”, trazendo não somente o histórico do clube como também reportagens com profissionais da imprensa e antigos jogadores que marcaram época no time ferroviário. Após a faculdade, a ideia do livro começou a ganhar suas primeiras letras.


Leandro Massoni

“Depois que realizei vários cursos, como o de locução e a pós-graduação em Jornalismo Esportivo e Multimídias, em 2017, decidi que já era hora de embarcar nesta aventura de escrever meu primeiro livro, que na verdade, era meu sonho desde quando comecei a tomar gosto pelo jornalismo”, disse Leandro.

Com orientação de Benedito Rodrigues, mestre em Comunicação e Mercado e professor universitário, o livro de Massoni tem a presença de ex-jogadores como Dodô (o “Artilheiro dos Gols Bonitos”), Índio (ex-Santos), Zé Carlos (ex-seleção brasileira na Copa do Mundo de 1998), Magrão (goleiro do Sport Recife), Rubens Minelli (ex-técnico tetracampeão brasileiro), bem como dos jornalistas Milton Neves (TV Bandeirantes), Flávio Prado e Michelle Giannella (ambos da TV Gazeta), Luiz Ademar (comentarista esportivo), Odir Cunha (escritor de livros sobre o Santos), Celso Unzelte (TV Cultura) e dos historiadores John Mills (autor de “Charles Miller – O Pai do Futebol Brasileiro”) e Moysés Lavander Júnior (que escreveu a obra “SPR – Memórias de uma Inglesa”).

A obra “Nacional – Nos trilhos do Futebol Brasileiro” será lançada em 2019, na Livraria Martins Fontes (Avenida Paulista, 509), no dia 5 de fevereiro, a partir das 19h. Para mais informações, entre em contato com o autor pelo telefone (11) 99649-7828 ou pelo email: massoni.leandro@gmail.com.

CARLOS ALBERTO SILVA

por Rubens Lemos


Saber vender a própria imagem é artimanha fundamental para sobreviver hoje muito mais.

O competente retraído perde para o picareta. Morreu há dois anos (20/01), um exemplo carimbado do ermitão eficiente. O técnico Carlos Alberto Silva.

Caipirão, avesso à entrevistas, debates e almoços promocionais (o técnico pagando), com jornalistas. Para desdobrar gentilezas nas páginas e estúdios.

Fez do Guarani de Campinas (SP), em 1978, o primeiro clube do interior a vencer o Brasileirão. Derrubou como castelo de cartas, favoritos como Vasco, Internacional e finalmente o Palmeiras.

Revelou joias como o meia-armador Zenon, o meia-atacante Renato (brilhante na técnica, raridade para fazer gols) e um dos melhores atacantes da história: Careca, maior parceiro futebolístico de Maradona, no Napoli, década de 1980.

Na seleção brasileira, sempre esquivo, montou um esquadrão capitaneado pelo armador vascaíno Geovani, o último dos pensadores. Com Romário, Taffarel, Jorginho, Bebeto, João Paulo, André Cruz, ficou com a Medalha de Prata. Sem Geovani (suspenso), na decisão.

Perdeu o lugar para o abominável Sebastião Lazaroni, camelô de beira de campo.

Lazaroni formou, na Copa de 1990 um Brasil muito pior do que o do ameno Carlos Alberto nas Olimpíadas. Melhor meia da época, Geovani recebeu seu desprezo.

Carlos Alberto Silva consagrou a fragilidade dos silenciosos, dos tímidos, dos absolutamente verdadeiros. Perdeu a chance da vida, mantendo intocável o caráter.

A SUPERVALORIZAÇÃO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Confesso, ando muito impaciente. Minha natureza é essa, mas o futebol tem contribuído muito para minha intolerância atingir níveis estratosféricos. Agradeço imensamente aos amigos e leitores que pedem para eu pegar leve nas críticas, mas como aliviar, principalmente após ver as primeiras rodadas dos estaduais?

O mais irritante é a velha lenga lenga de sempre, com os “professores” culpando o início de temporada. O pior é que quando chega o final da temporada o chororô é o mesmo. Como o Zé Ricardo tem a cara de pau de citar Copa do Brasil e Sul Americana? O Botafogo não tem elenco para disputar mais do que uma competição. Com o time completo também perderia.

O que tem se visto no geral são jogadores para lá de medianos elevados ao topo da pirâmide. A supervalorização é uma estratégia dos empresários, está destruindo o futebol e tentando nos fazer de idiotas. Volto ao tema para deixar clara a minha opinião. Não quero ofender ninguém, é apenas a minha opinião.

O Arrascaeta é bom de bola? Claro que é!!!! Vale todos esses milhões? Claro que não!!!! Conversei com amigos cruzeirenses bons de mandinga que disseram que o Montillo agiu da mesma forma e não arrumou mais nada em clube nenhum…a macumba da nêga é boa, Kkkk!!! O Diego quando chegou ao Flamengo parecia o Papa! Na época, critiquei. Errei? Acho que não. O que ele fez de tão maravilhoso desde que chegou? Lembram-se do Cirino? Contratação milionária, cheia de mais mais mais. Cadê ele?


O Vitinho já começou a ser vaiado. Culpa dele ou de quem o supervalorizou? E o Fábio Carille, “professor” do Corinthians, que fala igual ao mestre Tite? Foi para um “projeto” no futebol árabe, estava no pé da tabela e volta como o salvador da pátria! Chupou laranja com quem??? Os comentaristas tem muita culpa nisso por embarcarem nessa conversa mole e criarem falsos heróis. Muitos deveriam fazer curso de técnico.

Aí, alguém me criticou: “Mas, PC, o Gabigol foi o artilheiro do Brasileiro!”. E daí??? O Henrique Dourado foi artilheiro do Brasil e a torcida até se arrepia quando ele é escalado. O cara faz uma penca de gols de pênalti, imita um ceifador na comemoração e vira gênio. Prefiro ficar vendo o veterano Ricardo Oliveira fazer seus golzinhos. Vai jogar até os 50! Também gosto de ver o Pablo, ótimo centroavante! Olha aí, como não critico tudo!!! Mas a verdade é que estou amargo mesmo, mas a culpa não é minha! É do que está aí.

O Flamengo anuncia mais uma contratação, a do Rafinha, que está há anos na Europa e não joga mais por lá. Não seria mais inteligente a CBF rever essa divisão de cotas? Dessa forma, talvez seja melhor organizar um triangular e Flamengo, Palmeiras e Corinthians ficarem jogando entre si. É tanto dinheiro rolando e o Carioca começa com aquele gramado horrível do Madureira. É uma falta de respeito generalizada, com torcedor e jogadores. Mas vai ficar por isso mesmo. Será que foi o gramado ruim que fez o jovem Marrony brigar com a bola antes de dar o passe para o gol da vitória? Tomara!


Uma dúvida. O que o Tite estava fazendo no jogo do Fluminense? Deve estar com a agenda tranquila nesse início de temporada, Kkkkkk!!!! É preciso rir muito porque anuncia-se mais um ano complicadíssimo para os cariocas. “Mas, PC, o Flamengo não pode entrar nessa lista…”, me repreendeu um amigo, no quiosque do Leblon, onde costumo parar. A obrigação do título é um peso tremendo.

O Palmeiras com um elenco gigante não ganhou a sonhada Libertadores. Essa história de muitas “estrelas” azeda de vez em quando. Mas se o torcedor do Flamengo se contenta com o time disputando finais e não levando aí é outro papo. Se o torcedor comprou a ideia de o que importa é o clube sanado, mas sem títulos importantes, e os empresários cada vez mais enchendo os bolsos e querendo nos vender gato por lebre, aí tudo bem.

Me perdoem a acidez, mas sou do tempo em que aquela frase no muro da Gávea, “craque o Flamengo faz em casa”, era praticamente um mantra.

Fausto

FAUSTO, O ‘MARAVILHA NEGRA’ DO ENCANTADO E NÃO DE CODÓ

Pelo papel essencial no resgate da memória do futebol raiz brasileiro, escolhi o Museu da Pelada para revelar a verdadeira origem de um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos: Fausto dos Santos, que muitos acreditavam, até hoje, ter nascido em Codó, no Maranhão. Confira a verdadeira origem do maior ídolo da Era amadora do nosso futebol

 por André Felipe de Lima

Há mais de 20 anos, desde que iniciei pesquisas jornalísticas sobre os maiores ídolos do futebol brasileiro, venho, dia a dia, obtendo resultados que exigem a reconstrução das biografias de grandes jogadores do passado, alterando dados considerados “oficiais”, sobretudo datas de nascimento e de morte; locais onde nasceram e morreram; enfim, uma penca de informações que precisará ser revista. Um destes ídolos cuja história revirei do avesso faz parte do primeiro volume de três da enciclopédia “Ídolos & Épocas – A Era amadora do futebol brasileiro, de 1900 a 1933”. Falo de Fausto dos Santos, que, ao lado de Friedenreich, pode ser considerado o maior craque brasileiro na fase do amadorismo.

Muito se escreveu sobre ele. Há, inclusive, duas biografias sobre Fausto contidas em duas obras monumentais da história do nosso futebol. A primeira, O negro no futebol brasileiro, tem como autor Mario Filho. Nela, um pouco da vida do Fausto é narrada pelo inigualável cronista, que empresta o nome ao estádio do Maracanã tamanha sua importância para o futebol brasileiro; a segunda, Gigantes do futebol brasileiro, impecavelmente escrita pelos mestres Marcos de Castro e João Máximo [que assina o texto sobre Fausto], apresenta, a meu ver, dados mais consistentes sobre a trajetória de Fausto dos Santos. Mas, enfim, qual a descoberta em torno de Fausto dos Santos, o “Maravilha Negra”, como chamavam os uruguaios após se encantarem com ele na Copa do Mundo de 1930?

 Até hoje falam ou escrevem que Fausto teria nascido em Codó, no interior do Maranhão, sendo ele descrito como descendente direto de ex-escravos vindos do Daomé, essenciais para a identidade cultural naquele estado nordestino. Mas essa informação não corresponde à verdadeira origem de Fausto, que realmente nasceu no dia 28 de fevereiro de 1905, porém no Rio de Janeiro, e quem confirma a informação é Rosa Eulina Judice dos Santos, a mãe de Fausto, em depoimento ao jornal carioca A Batalha, na década de 1930.

Rosa nasceu em Campos, no Norte-Fluminense, onde muitos da família Judice já não existiam no começo do século XX. Era roça. A menina impetuosa quis deixar para trás a vida do campo para conhecer o mundo de cimento da cidade grande. Chegou ao Rio de Janeiro e logo se instalou no Encantado, bairro suburbano. Foi babá e cozinheira, mas também lavava e passava. Começou assim e terminaria do mesmo modo. Casou-se com o Manoel Faustino dos Santos, pai do Fausto e de Fernando, o mais velho dos dois meninos. Manoel também morava no Encantado, onde Rosa e ele se conheceram. Ou seja, a remota Codó jamais poderia fazer parte da vida de ambos. “Mas ele se foi cedo demais, como o filho, como o nosso Fausto, que só me pregou uma peça: a de morrer antes da hora”, disse Rosa ao jornal, cuja página perdeu-se no tempo e que conseguimos resgatar para o livro “Ídolos & Épocas” e que agora revelamos em primeira mão no Museu da Pelada.

Fausto mal conhecera o pai, que morreu na segunda metade de década de 1910. A informação de que o pai e a mãe dele se conheceram no Encantado é extremamente relevante porque traz à luz a verdadeira origem de um dos maiores gênios que o futebol brasileiro já teve.  “Ao assistir as demonstrações de simpatia que o bondoso povo faz ao meu Fausto, eu já chorei sem saber por que chorava e senti um calafrio no dia em que o vi carregado pela multidão no estádio do Vasco da Gama. Quando meu filho nasceu em 28 de fevereiro de 1905, na casa número 14 da rua Fagundes Varela, no Encantado, eu jamais pensava que atingiria ele o grão de popularidade que hoje desfruta”. Bingo! Aqui a confirmação de Fausto era carioca, e da gema!

Logo após a morte de Manoel, Rosa e os dois filhos trocaram o Encantado pela antiga Aldeia Campista, região que hoje compreende áreas de Vila Isabel, Andaraí e Tijuca, na zona norte do Rio. Fausto cresceu ali. Tornou-se homem e passou a gostar do samba que exalava aquela região. Foi naquela época de rapaz nas ruas da velha Vila que se tornou fã do Noel Rosa. “Solfejava os sambas dele”, contava sempre a mãe coruja do Fausto. A recíproca era a mesma. Noel só gostava de futebol por causa do Fausto, como uma revista já extinta confirmou. Mas o menino trocaria as peladas das ruas da Aldeia Campista pelas pelejas da grama. As oficiais.

Fausto seguiu para o Bangu. O dinheiro que recebia não vinha do clube. Isso era extremamente proibido na era do amadorismo. Punia-se jogador e clube com o banimento do futebol caso rolasse salários. A grana dele vinha de um emprego que mantinha na fábrica de tecidos de Bangu. “No princípio trabalhou a sério, mas não durou muito na fábrica”, narrara Rosa.


Do Bangu foi para o Vasco, que abandonou durante uma excursão na Espanha após conquistar títulos e se tornar ídolo de várias torcidas. Assinara um contrato com o Barcelona na busca pelo salário gordo que no escravizante futebol brasileiro era uma ilusão. A doença começou a, impiedosamente, destroçá-lo, e aos poucos. Defendeu em alguns jogos um inexpressivo time suíço, o Young Fellows. Voltou ao Brasil para o Vasco, novamente. Não deu certo e foi para o Nacional de Montevidéu. Estremeceu-se por lá, com Atílio Narancio, presidente do clube uruguaio — igualmente ao que fizera com os cartolas vascaínos —,até que o Flamengo o acolheu. Mas Fausto já não era mais o “Maravilha Negra”. Cismou com o técnico húngaro Dori Kruschner e o presidente do clube, José Bastos Padilha. Perdeu todo o dinheiro que sobrara em uma refrega judicial com o Flamengo. A tuberculose também lhe roubou muito dinheiro antes de roubar-lhe a vida. O torturou durante anos. E Fausto, calado, sem fazer alarde desse sofrimento. Somente a mãe, a pobre Rosa, percebia a dor do filho.

Fausto morreu esquecido em um sanatório da antiga Palmira, atual Santos Dumond, no interior de Minas Gerais, no dia 28 de março de 1939.

A casa no Encantado, onde nasceu o grande ídolo, hoje se resume a um muro velho, de uma construção que certamente foi erguida posteriormente ao imóvel em que morou a família dos Santos na década de 1920. Esse resgate de memória sobre um dos maiores ídolos da história do futebol é inegavelmente um marco.

Mais justas e precisas são as palavras do jogador Tinoco, de quem o grande “Maravilha Negra” era grande amigo e com quem jogou pelo Bangu e pelo Vasco: “Igual a Fausto não houve. Nem antes, nem depois dele.”

Não duvido do Tinoco. Não duvido da dona Rosa. Não duvido da história.
 

 

GUARANI 1978

por Marcelo Mendez

Sou caipira pirapora nossa

Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida

Sou caipira pirapora nossa

Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida

O ano de 1978 começou da maneira mais bucólica provável na minha vida de menino de 8 anos de idade.

Havíamos acabado de nos mudar para nossa casa, só nossa, mas a saudade do quintal cheio de meus primos ainda era enorme e eu seguia por lá, junto deles na casa da Tia Leoni. As primas mais novas, Marlene, Silmara, junto de minha Tia Cida e da Tia Leoni se revezam entre afazeres de casa e outros trabalhos.

No rádio ligado, a música “Romaria” de Renato Teixeira, era sucesso na voz de Elis Regina, na trilha sonora da novela e eu que era bem afeito às coisas dos sons e do rádio já conseguia memorizar bem a canção. A vida de um só, em um destino de sonho e de pó e outras agruras que a música narrava, formava em minha mente um conjunto de imagens belíssimo.

Um orgulho enorme de ser Caipira, Pirapora Nossa. Como o time que vamos falar hoje, também do interior, também Caipira, também Gigantesco.

Esquadrões do Futebol Brasileiro volta 41 anos atrás para falar de um time esplendoroso; O Guarani de 1978.

O MINEIRO E A AVENTURA


A História do Guarani de 1978 pode ser contada por vários vieses. Mas acredito que optar por contar a coisa pelo momento em que o técnico Carlos Alberto Silva, oriundo da Caldense, chega em campinas, trazido pelo presidente Ricardo Chuffi, representa bem todas essas nuances.

Era começo de trabalho, o jovem treinador que havia feito bonito no Campeonato Mineiro, trouxe consigo o preparador físico Helio Mafía, com quem alias trabalharia a vida toda, para poder começar os trabalhos. Pelo Dirigente, foi informado que a grana era curta, que a moeda era escassa pelos lados do Bugre, mas que a base era muito boa.

Por lá, Silva encontrou jogadores como Manguinha, Renato, Mauro, Miranda, Adriano e um jovem de 17 anos que era um gênio; Careca. Juntou essas feras ao goleiro Neneca e ao meia Zenon que estavam no clube desde 1976, trouxe o zagueiro Gomes, o atacante Capitão e o craque de bola Zé Carlos, campeoníssimo pelo Cruzeiro e a partir daí montou uma base forte e sólida para a maior aventura de um time do interior do Brasil…

O BUGRE DE CAMPINAS VIRA O BUGRE DO BRASIL


O Campeonato Brasileiro de 1978 foi uma zona.

Desistências, inchaços com dezenas de clubes convidados, regulamento abilolado, um verdadeiro faroeste pelo Brasil afora. Nele, o Bugre deu lá suas osciladas para se classificar, mas chegando nas cabeças, foi passando por cima de Geral. Sport, Internacional, Santos, Vasco.. Cada qual com um épico para contar.

Contra o Internacional, o Grande Internacional dos anos 70, o Bugre foi ridicularizado por todos do sul por conta do que eles chamaram de “Ataque de Risos” em função do nome dos seus titulares; Capitão, Careca e Bozó. Resultado, um chocolataço de bola e 3×0 para os Campineiros.

Contra o Sport, Neneca garantiu o 2×0 fora e o time deu um baile de bola em casa, com um 4×0 Clássico no Brinco de Ouro. O Vasco viu Zenon calar o Maraca na semi com os dois gols do jogo sacramentando o 2×0 final. Faltava pouco, apenas a final. E aí que entra minha história…

O BRASIL DESCOBRE CAMPINAS


Em 1978 seguramente posso afirmar que é o ano de afirmação de meu Palestrianismo.

Meu Tio Bida e meu Pai me enchiam de camisa do Palmeiras, de bola do Palmeiras, de meia do Palmeiras e nem precisaria de nada disso. Eu já era Palmeirense desde muito antes deles saberem. Mas por aqueles dias eles estavam especialmente aflitos.

O Palmeiras que havia perdido a primeira da decisão do Brasileirão teria que ir decidir em Campinas sem Leão no gol, expulso por uma cabacice após agredir Careca, o que resultou em pênalti e 1×0 contra.

Do que me lembro daquela decisão foi a gente ir assistir ao jogo na casa da Tia Dete em São Matheus, na zona leste de São Paulo, onde havia por lá uma TV colorida. Isso era algo muito novo para época e então lá fomos, eu feliz da vida porque era sempre muito bom ir na casa da Tia Dete, meu Tio e meu Pai tensos, porque em campo, o Palmeiras ia ter um problemão para resolver.


O Guarani, sem o craque Zenon, suspenso por cartão, mas com todos os outros jogadoraços que fizeram essa campanha histórica deram um baile de bola no Palmeiras e coube a Careca, pegar um rebote de Gilmar para meter o gol que faria do Guarani o único campeão Brasileiro do interior do Brasil até então.

Uma festa, uma honra, uma coisa divina e ímpar poder ter visto aquele time jogar.

Esquadrões do Futebol Brasileiro os homenageia, portanto.

Guarani de 1978, um timaço!