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INTER DE LIMEIRA 1986

por Marcelo Mendez


Não dá para falar de 1986 sem pensar no que aconteceu naquele setembro, naquele dia 03, na noite em que tudo aconteceu.

De repente, o Brasil descobriu que no interior de São Paulo existia a cidade de Limeira, que por lá se jogava futebol, que um time havia sido formado e que aqueles caras estavam voando no Campeonato Paulista.

Quando Dulcidio Wanderlei Boschi lia apitou o final daquele jogo, a dor que doeu no Palmeiras durou muito tempo, mas não estamos aqui para tratar da dor alheia. Viemos para falar de um Esquadrão que veio do interior…

Senhoras e senhores, o ESQUADRÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO traz hoje a Internacional de Limeira de 1986. 

SEU MACIA EM LIMEIRA

A história de tudo que rolou começou com a montagem do time.


Contando com a grande ajuda do Prefeito Jurandyr Paixão de Campos Freire, a Inter de Limeira teve tempo de pensar uma equipe forte para poder disputar o parrudo Campeonato Paulista. De primeira, vem a contratação de Pepe, o Seu Macia, o lendário Pepe, multi campeão pelo Santos, um dos maiores jogadores da história do futebol mundial que agora se firmava como treinador.

A partir de sua chegada a Inter aproveita os bons jogadores do interior, casos de Juarez, João Luiz, aliado aos jovens Tato, Lê, Pecos, e mais um arsenal de jogadores experientes, com passagens por vários clubes. Casos de João Batista (ex-meia da Portuguesa), Bolivar (Zagueiro, ex-Grêmio, Portuguesa, etc..) Manguinha (Ex-Guarani, onde foi campeão brasileiro em 1978), Gilberto Costa (Ex-Santos), Kita (Ex-Juventude e Internacional) e Silas (Goleiro, ex-Santos).


Com todo esse time azeitando a máquina, a Inter fez um segundo turno primoroso, terminando em primeiro lugar com duas rodadas de antecedência. Na semifinal, duas vitórias em cima do Santos, 2×0 na Vila Belmiro e 2×1 em Limeira. Faltava apenas a hora da glória e ela veio… 

DIA DA GLÓRIA

Na verdade, a Inter já tinha feito uma grande partida no 0x0 da primeira decisão. Na noite de quarta-feira, com 105 mil Palmeirenses no Morumbi, aquele time que tinha voado no segundo turno tinha a certeza absoluta que faltava pouco, bem pouco. Uma obrigação quase protocolar.


O time de Pepe se segurou bem na pressão do começo do jogo sem quase sofrer sustos. Passou todo nervosismo para o Palmeiras que não vencia títulos há 10 anos e foi tocando o jogo. Na segunda etapa, quando Kita abriu o placar, ninguém mais se surpreendeu. O mesmo com Tato ampliando. O Palmeiras diminuiu, mas já era.

O ano de 1986 sacramentou a conquista de um time que se firmou por excelência e por querer jogar um belo futebol.

Esquadrões do Futebol Brasileiro homenageia este timaço. Inter de Limeira, campeã paulista de 1986.

Djalminha

DE LAMBRETA E TUDO

entrevista: Marcelo Mendez e Paulo Escobar | texto: Marcelo Mendez | vídeo: Johnny Jamaica 

A vida num era muito animada em 1996. O Palmeiras que havia vencido tudo no começo dos anos 90 começava a viver uma espécie de ressaca, o plantel estrelado tinha ido embora e a nós, torcedores, parecia que uma era pragmática e chata viria pela frente.

Mas aí, veio 1996.

Com ele, chegou o mago que veio da Gávea, que antes tinha tirado uma onda em Campinas e então tudo mudou.

Djalminha foi o camisa 10 que veio para o Parque Antártica para restabelecer o riso e o sonho. O verso e o lúdico estavam de volta, via a perna esquerda dele, que foi sem dúvida o último dos românticos.

O Museu da Pelada foi atrás dele e a resenha segue aí.

Grande Djalma!
 

 

MANIPULAÇÃO DE UM SONHO

por Marcos Vinicius Cabral


Após colocar as luvas, uma breve folheada em algumas fotos antigas o faz voltar ao passado.

Nelas, histórias e mais histórias que o fazem lembrar das vitórias, dos amigos, da bola que jogava e porque não dizer, das injustiças que o futebol lhe proporcionou.

Lembrar disso se tornou uma rotina em sua vida, já que por pouco, muito pouco mesmo, Ricardo Concísio Sampaio, não seguiu adiante com o desejo de se tornar jogador profissional.

Com o capacete já colocado, o niteroiense acelera sua Honda Fan 160, desce a rua Plinio Gaia no Boa Vista em São Gonçalo e vai ao bairro Zé Garoto, onde trabalha há dez anos numa farmácia de manipulação como motofretista.


– Desde muito novo que sou apaixonado por futebol -, se declara o camisa 8 do Grêmio Recreativo e Esportivo Barabá, desde 2017.

E sempre foi mesmo.

Nascido em 1981 no Hospital São Paulo em Icaraí, Niterói, o habilidoso lateral-esquerdo chamava atenção no Campeonato Comunitário do Vila Lage, com apenas oito anos de idade.

Jogando pela equipe do Azulão Futebol Clube, exibiu um futebol vistoso no Campo do Cortume, do Gerdau, Do Zero, no extinto Jacarezão e no campo que leva o nome do time que jogou por quatro anos e onde acumulou respeito, apesar dos títulos não conquistados.

Com uma canhota produtiva, recebeu do professor José Augusto o convite para ingressar no time de futsal do Vila Lage.

– O salão me ajudou a aliar técnica com rapidez no raciocínio -, diz.

Mas era necessário alçar voos maiores e deixar de desfilar o talento apenas em solo gonçalense.


– Com onze anos treinei no Fluminense Futebol Clube e os treinos eram no Campo da Marinha na Avenida Brasil. Fui reprovado pelo técnico JJ – lamenta.

Não se deu por vencido.

– Voltei no mesmo ano e fui aprovado – recorda aos risos.

Porém, vestir a camisa 6 do tricolor na categoria infantil e treinar todos os dias em Xerém, se tornou um sonho impossível.

Desistiu.

Mas a bola não desistiria dele.

Dois anos depois, em 1994, incentivado pelos colegas Sérgio Lopes e Rômulo, que estudavam na sexta série na Escola Municipal Altivo César, chegou ao Canto do Rio Foot-Ball Club.

Lá, pelas mãos do treinador Jorge Tibau disputou o Campeonato Estadual Infantil como zagueiro, onde enfrentou o filho mais velho de Zico, Thiago Coimbra, que defendia o Barra da Tijuca Futebol Clube.

No tempo em que comandou a zaga do Cantusca, se dividiu como pôde entre os estudos e a bola.

Não deu.

Acabou indo parar no América/RJ em 1997 e não conseguindo conciliar mais uma vez os treinos com as salas de aula, sepultou de vez a possibilidade de ser jogador de futebol, aos dezesseis anos.


Em compensação, fez história em São Gonçalo com o bicampeonato de 2001 e 2002, defendendo as cores do Ferrazão Futebol Clube.

– Ricardo era um jogador simples, de toques fáceis, dribles curtos e com uma virada de jogo como se fosse jogada de vídeo game -, elogia o ex-lateral do Ferrazão, Fabiano dos Santos Souza, de 42 anos.

Ainda teve fôlego para jogar nas equipes niteroienses do Barril Futebol Clube e do Rua 5 no ano seguinte e em seguida, em 2005, vestiria a camisa do Real Madrid do Boaçu.

– Tive o prazer de jogar com Ricardo. Jogador com uma habilidade incrível e uma personalidade muito forte dentro de campo – diz Flávio Henrique, meio campista do Rua 5, da Ilha da Conceição em Niterói.

Assim foi Ricardo, que teve sua história abreviada num esporte que nem sempre basta ser craque.


Atualmente, desfila elegantemente nas manhãs de domingo no Campo da Brahma, no Porto Velho em São Gonçalo.

E com quase 38 anos e envergando a 8 às costas, continua sendo o canhoto que produz um futebol aprazível aos olhos de quem Deus concedeu o privilégio de enxergar.

MUSEU, MALOCA E BOTECO

por Paulo Escobar


Mantendo a linha do Museu da Pelada, que visa preservar a memória do futebol e ao mesmo tempo torná-lo acessível à população, trazemos o “MUSEU, MALOCA E BOTECO”, novo programa transmitido ao vivo via página do Museu da Pelada no Facebook. Uma iniciativa da galera do Museu de Sampa.

Quinzenalmente, Marcelo Mendez e Paulo Escobar chamarão figuras do futebol, dos esportes em geral, da música, do Jornalismo e das artes para um bate papo descontraído, regado à informação e descontração.

A estreia do programa é dia 14 de Março, quinta feira, às 20 horas.

Museu, Maloca e Boteco

Museu que visa justamente a memória e a história, Maloca pra não esquecer da origem da nossa equipe de Sampa e de muitos ídolos e boteco por ser lugar de resenha. 


Luis Ricas é o diretor geral da resenha toda e os convidados da estreia serão: 

Vampeta: Ídolo do Corinthians e Seleção brasileira

Basílio: Ídolo do Corinthians

Ataliba: Juventus e Democracia Corintiana

Juliana Cabral: capitã da seleção brasileira

Rosely: Uma das maiores jogadoras da história da seleção

Lu Castro: Jornalista e especialista Futebol de mulheres


Mauro Beting: Um dos maiores jornalistas esportivos.

Helvidio Matos: Ícone do jornalismo esportivo de cunho social.

A gravação será no boteco Repancho’s bar na Mooca, rua André de Leão 330, Travessa da rua da Mooca e da Radial leste, próximo a estação do Brás saída da rua Piratininga, e da estação Mooca da CPTM. O bar terá seu funcionamento normal.

DOIS CONTRA A MEDIOCRIDADE

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Amigos, é impressionante como torcer pela desgraça alheia é o passatempo de muita gente. Vejam, por exemplo, o que acontece atualmente no futebol. Apenas dois, e não mais do que isso, dois treinadores tentam chutar o balde da mesmice fazendo seus times jogar um futebol vistoso, ofensivo, de toque de bola e ousadia. Vocês sabem que falo de Fernando Diniz, do Flu, e de Jorge Sampaoli, que está no Santos. Mas, PC, o Santos foi desclassificado e o Fluminense empatou com um time que nunca ouvimos falar. E daí?

Como os adversários jogaram, escondidos atrás de uma pedra, acuados, atuando covardemente? Isso é futebol? Mas, PC, Flu e Santos não era para terem vencido? E venceram! Venceram porque estão apresentando propostas para fugir desse marasmo em que se transformou o nosso futebol, com um bando de “professores” que entram em campo para não perder.

Querem um bom exemplo? Dou dois! Na semana passada, Felipão e Carille, os queridinhos, ganharam utilizando a velha fórmula: jogando por uma bola. O Corinthians nem isso conseguiu e se classificou nos pênaltis. Já o Felipão, disse que precisou reforçar a defesa do Palmeiras contra o poderosíssimo Ituano para deixar o Ricardo Goulart solto com o Borja e ganhou no sufoco. Faz sentido? Nem um pouco!

Na minha época, esses jogos eram nossa oportunidade de brigar pela artilharia do campeonato e aumentar o saldo de gols. Os roupeiros nem precisavam lavar o uniforme do nosso goleiro. Kkkkkk! Temos que insistir em nossa verdadeira forma de jogar, apostar todas as fichas em nossa escola. A força física não pode prevalecer.

Por pensar diferente de todo o resto, apenas Fernando Diniz topou trazer Ganso de volta. “Ganso é lento”, “Ganso não consegue acompanhar o ritmo atual”. Gente, o Gerson fumava em 70 e o preparo físico dos europeus era bem mais avançado do que o nosso.

Pior de tudo foi ver os comentaristas da ESPN comentando a atuação do Ganso em um jogo que ele nem entrou em campo por não estar inscrito! Parece brincadeira, mas não é! Como um profissional do jornalismo pode analisar um jogo que nem assistiu? Fazer uma análise baseada no chutômetro é no mínimo imprudente.

A verdade é que Santos e Fluminense ainda não encontraram os jogadores certos para botar em prática o estilo dos seus treinadores. A qualidade técnica ainda é um grande desafio e que deve ser consertada na base, como já repetimos aqui. E eles dois estão usando muitos garotos, apostando, colocando para jogar sem melindres. Essa mentalidade de “jogar por uma bola” é o que vem destruindo nossa arte.

Agora, entendam o tamanho da encrenca de Diniz e Sampaoli, são dois contra todo o sistema da mediocridade. Fico por aqui torcendo para que Diniz e Sampaoli coloquem os “professores” engessados na rodinha de bobo e que jamais desistam de valorizar o futebol arte.