Escolha uma Página

OS 11 MELHORES DA HISTÓRIA

por Luis Filipe Chateaubriand

Ao se discutir os melhores jogadores da história do futebol, se entra em uma seara dificílima. Como fazê-lo, se só acompanho futebol desde 1978?

Portanto, terei que emitir opinião baseado não apenas no que vi in loco, mas no que vi virtualmente, no que li e no que ouvi falar. Não é tarefa fácil, mas já diz o adágio popular que “quem está na chuva é para se molhar”, ou, na versão do folclórico ex presidente do Corinthians Vicente Mateus, “quem está na chuva é para se queimar”…

Em décimo primeiro lugar, Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Maior jogador brasileiro que vi em ação, foi definido pelo jornalista Armando Nogueira como arco e flecha, gênio tanto para armar como para concluir.

Em décimo lugar, Cristiano Ronaldo. O português sempre foi tecnicamente muito bom, mas não excelente. A despeito disso, fez da obstinação e do perfeccionismo armas para obter um desempenho impressionante.

Em nono lugar, Alfredo Di Stéfano. Artilheiro com forte personalidade futebolística, caracterizou o Real Madrid em sua fase mais vencedora em todos os tempos.

Em oitavo lugar, Franz Beckenbauer. Dono de uma técnica e de uma intuição invejáveis, é o melhor jogador de defesa de todos os tempos.

Em sétimo lugar, Ferenc Puskás. Atacante de técnica incrível, era o cérebro da Seleção Húngara de 1954, que encantou o mundo com seu futebol técnico, vistoso e deslumbrante.

Em sexto lugar, Zinedine Zidane. A classe em forma de jogador de futebol, conduziu a Seleção Francesa a suas principais conquistas, bem como teve carreiras marcantes na Juventus e no Real Madrid.

Em quinto lugar, Lionel Messi. Com habilidade e técnica de outro planeta, conduziu o Barcelona a várias conquistas continentais e foi eleito melhor do mundo em muitas temporadas.

Em quarto lugar, Johan Cruijff. Jogador que aliava técnica a inteligência tática como nenhum outro, liderava o time em campo seja como jogador, seja como estrategista.

Em terceiro lugar, Diego Armando Maradona. Genial com a perna esquerda, fazia da inventividade absurda seu diferencial para transformar um jogo de futebol em uma obra prima.

Em segundo lugar, Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha. Alguém completamente fora dos padrões convencionais, desnorteava completamente os adversários, lhes deixando atônitos, o Charles Chaplin do futebol.

Em primeiro lugar, Édson Arantes do Nascimento, o Pelé. Gênio dos gênios, perfeito, incomparável, insubstituível, indescritível.

É interessante notar uma definição do ex grande jogador e ex grande técnico Evaristo de Macedo sobre o tema: “Existe o melhor. Abaixo dele, há os melhores. Os melhores são todos do mesmo nível, um pouco abaixo do melhor”. Nesse sentido, acredito que entre o décimo primeiro citado, Zico, e o segundo citado, Mané Garrincha, há um equilibro de capacidade enorme – dez jogadores excepcionais, de potencial altíssimo, muito próximo entre eles. Pelé, contudo, paira acima de todos.

Repare-se outro ponto: se considerarmos os 11 melhores, por esta lista, há três argentinos e três brasileiros; mas se considerarmos os dez melhores, por esta lista, há três argentinos e dois brasileiros. Ou seja, o número de argentinos entre os melhores é superior ao número de brasileiros. Talvez isso possa servir como uma boa lição de humildade à arrogância brasileira em termos de futebol – é sabido que muitos de nós acham que só brasileiro é bom de bola e que gringo não é de nada. 

Decerto, essa lista pode ser questionada. Muitos clamarão por brasileiros como Didi, Romário, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Rivelino. Outros quererão estrangeiros como Eusébio, George Best, Franco Baresi, Rummenigue, Van Basten, Iniesta. Polêmicas à vista? Sim. Que bom. Só assim o futebol é divertido!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email:luisfilipechateaubriand@gmail.com.

QUE NOSSO FUTEBOL VOLTE A SER FELIZ

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Kkkkkkk, peraí, eu não ouvi o comentarista dizer ao final do jogo contra o Brasil que o futebol do Panamá evoluiu!!!! Preciso rir mais um pouco, Kkkkk!!! Estão brincando conosco, né? A proteção ao Tite é tamanha que alguns profissionais topam passar por esse ridículo.

Mas, olha, há tempos não rio tanto. Fui assistir ao jogo em um bar de Floripa. O total desinteresse pela partida era impressionante. Muitos se espantaram quando eu pedi ao garçom que ligasse a tevê. “O Avaí joga agora?”, perguntou um desavisado. Um outro respondeu, “quase isso, é o Brasil…”.

Claro que não deu para assistir nada. “Quem são esses caras da zaga?”, um magrinho quis saber. Respondi, Fágner, Militão, Miranda e Alex Teles. “Esse Fágner ainda existe?”, rebateu. “Mas não é o cantor, não, hein!!”, alertou um bigodudo. “Vai dar empate, afinal o nosso técnico é o Empatite!”. Kkkkkkkk, com essa não me aguentei. Me senti em casa porque sempre me chamam de ranzinza e vi que não estava só.

Ontem, voltei ao bar, encontrei a mesma rapaziada e novamente me assustei com o desempenho da nossa seleção. O resultado não importa, porque novamente não jogamos nada, mas dessa vez ganhamos por falhas grotescas da República Tcheca. Na resenha, um comentário me chamou atenção, a de que uma seleção formada apenas por jogadores que atuam no Brasil despertará novamente a paixão do torcedor.

Curioso, pensei. Então, resolvi provocar e desafiei a turma do bar a montar uma. Após muita discussão, afinal não temos mais tantos jogadores de qualidade, o time ficou assim: Cássio, Marcos Rocha (Pikachu), Dedé, Geromel, Reinaldo (Léo Pelé/Egídio), Bruno Henrique, Hernanes, Dudu, Everton Ribeiro, Pablo e Everton. Técnico, Fernando Diniz.

“Essa seleção não perde para a do Tite”, atestou o torcedor do Figueirense. Só para deixar claro que acho importantíssima essa renovação da seleção, mas é importante que fique claro que a renovação principal não é a de idade, mas a de mentalidade. E o Tite com o seu discurso chato, motivacional, inspirado em livros de gestores “me engana que eu gosto” não é a pessoa certa. Já deu.


Nada contra o Paquetá e outros jovens, mas é preciso que eles joguem soltos, joguem bola, saiam da forma de gesso que enfiaram nosso talento. Não interessa se o Phillippe Coutinho não está rendendo no seu time, mas na seleção ele precisa dar as cartas, ser feliz. Nossa seleção precisa ser feliz! Bastava olhar para a cara de Tite e seus auxiliares no banco e notar o ar fúnebre, desmotivado, cansado, insosso. Os livros motivacionais não estão surtindo efeito então que tal jogarmos bola?

Querem um bom exemplo disso? O time de garotos do Fluminense jogando contra os titulares do Flamengo. É claro que Fernando Diniz falou “entrem e joguem bola, mostrem o seu valor!”. É claro que a garotada é boa de bola, o problema está nos formadores, nos medrosos, nos covardes.

Mas, valeu, há tempos não ria tanto. A felicidade e criatividade do torcedor deve ser a de nosso time. Sempre foi. Na porta do bar, limpando as lágrimas de rir, vem o magrinho e me mostra no celular a página oficial do Íbis, pior time do mundo: “Do Panamá até nós ganhávamos”,

Kkkkk, que nosso futebol volte a ser feliz! Melhor, que nosso futebol volte a nos fazer feliz.

QUANDO O PERIGO VEM DO ALTO

por Eliezer Cunha


O Brasil é uma terra abençoada “por Deus e pela mãe natureza”, mas, porém, “nem tudo que reluz é ouro”, e também nem tudo que vem do alto nos beneficia. 

Historicamente no futebol aprendemos a lidar com a pelota rolando pelo gramado e a valorizar e precisar o passe certeiro com destino ao gol, objetivo principal de um confronto esportivo. Nossas características futebolísticas nos empurraram sempre a essa regra ou tendência. Futebol é bola no chão e, através desde pensamento e característica, conquistamos o mundo durante alguns anos. 

Mas o mundo muda através das pessoas e do tempo e, as pessoas mudam formas e características. O futebol não foge a essa regra, as seleções e os times europeus são evidências contextual disso, estão dinamicamente voltadas a mudanças e aperfeiçoamentos táticos e, por isso nossa oportunidade de ganhar mais uma Copa do Mundo está se diluindo a cada ano que se passa. 

Estamos passando por vexames nunca antes visto como a goleada em casa frente à Alemanha e o empate contra o Panamá no último jogo. Fatores? … são tantos. Mas um me chama muito a atenção: gols tomados pelo alto, ou seja, gols desferidos por cabeça através de faltas, cruzamentos ou escanteios. 

Não me perguntem de quem é a culpa. Solicitem as especialistas e, acho pouco provável que encontrem algo plausível ou contundente para explicar o porquê que a seleção brasileira leva tantos gols de cabeça adversária. Recordando as histórias das Copas temos; sem ir muito longe, Paolo Rossi em 82, dois de Zidane em 98, Holanda em 2010, Alemanha 2014, Bélgica em 2018,…  E por aí vai. Gols são feitos no Brasil inclusive por pés na pequena área após escanteio, coisa rara de se ver.


Posicionamento dos zagueiros? Falta de impulsionamento dos zagueiros? Zagueiros de baixa estatura? Falta de treinamento tático? Treinadores omissos? Goleiros despreparados? Sinceramente não sei.

O desafio está lançado, por que tantos gols de cabeça tomamos que interrompem o caminho de nossas conquistas? No último amistoso com o Panamá foi mais um episódio disso na qual me conduziu a escrever este texto.

Cada falta próximo da área ou qualquer escanteio é eminente perigo de gol para a Seleção Brasileira.

Precisamos atentar para este fato e reduzir esta estatística ao mínimo possível. Treinadores, por favor, ajam!

BOTAFOGO 1957

por Marcelo Mendez


Era um outro Brasil.

O ano era 1957, a capital federal ainda era no Rio de Janeiro e por lá as coisas de um novo Brasil começavam a ser arquitetadas. Literalmente arquitetadas, no caso de Oscar Niemeyer e sua arquitetura de curvas e soluções no urbanismo e na forma de pensar as cidades, com Lúcio Costa, nos Morros Cariocas de onde a música descia para o asfalto para criar umas novas bossas…

Tudo vinha sendo preparado para um estouro que faria o mundo descobrir o Brasil. No futebol não seria diferente.

O futebol brasileiro encenava uma renovação que um ano depois daria ótimos frutos em terras escandinavas. Até então, os campos do Brasil apresentavam um pouco de como isso seria feito. No Rio de Janeiro mesmo, um Cartola supersticioso, mais um Jornalista que virou técnico, fariam história com um timaço de futebol que apresentaremos agora em ESQUADRÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO.

Com vocês, o Botafogo Campeão Carioca de 1957.

O ANO DA VIRADA

A coisa não tava boa para o Fogão naquela primeira metade dos anos 50.


Em 1955, o time fez um campeonato vexatório, ficando atrás inclusive do São Cristovão, tomando taca de tudo que era time. Faltava uma mudança, tinha que acontecer algo. Foi então que o Presidente Paulo Azeredo levantou uns tostões e conseguiu a duras penas trazer Didi, Quarentinha, renovar com Nilton Santos, encontrar Garrincha e daí sim ter uma base. Afinal, tinha Garrincha, que surgia fortemente naquele ano.

A alegria sorria para o Botafogo nas tardes quentes do Rio de Janeiro naquela época.

Não perdeu para ninguém!

Na campanha do Carioca daquele ano, com o time engrenado, o Botafogo amassou todo mundo e chegou com força na decisão contra o Fluminense. Foi o dia que o Brasil descobriu um matador:

Paulinho Valentim…

PAULINHO CINCO VEZES

Foi um dos maiores bailes de bola da história dos Campeonatos Cariocas.


Com um partidaça de Garrincha e Didi, o Fogão desde o começo deixou bem claro que não sairia sem o titulo do Maracanã. Mas nessa decisão, o brilho ficou por conta de um outro cara, uma figura lendária da história do futebol Brasileiro. Um camisa 9 típico:

Paulinho Valentim.

Valentim foi, sem dúvida, o atacante mais valente da história do futebol brasileiro. Nunca se viu um camisa 9 mais brigador que ele em todos os sentidos. Pela Seleção Brasileira, para se ter uma idéia, numa decisão de Campeonato Sul-Americano, ao lado de Almir, Pelé e das tesouras voadoras de Didi, bateu em toda seleção Uruguaia, comendo a pátria oriental toda no cacete. Quando chegava para jogar contra os botinudos no interior do Rio, já mandava o verbo:

– Meu irmão diga lá como vai ser; Vai jogar bola, ou vai querer brigar? Tem pra você o que você quiser!

Mas nessa decisão, seus outros dotes apareceram. Na decisão que terminou 6×2 para o Botafogo, Valentim meteu 5 gols! O último foi o de Garrincha. Uma goleada!

Para história, fica marcado esse time que começou a era em que o Botafogo foi um Esquadrão. Dali, vários jogadores seriam campeões mundiais na Suécia no ano seguinte. O Fogão formou outros tantos Esquadrões que aqui estarão. Mas começamos aqui:

Com o Botafogo, Campeão Carioca de 1957

 

Mauro Shampoo

O MELHOR DO PIOR

entrevista e texto: Evandro Sousa | fotos e vídeo: André Duque

Criado nas ruas de Boa Viagem, bairro nobre do Recife, engraxate, de rua, tinha o sonho de todo menino de família pobre: ser um jogador de futebol. Se alegrava quando era convidado por empresários para jogar nos times amadores, onde ganhava um trocado e comida.

Quando na sua caminhada surgem duas oportunidades, uma de tornar-se jogador de futebol profissional pelo Íbis e a outra de tornar-se cabeleireiro. Não teve dúvida, agarrou as duas, uma para sustento, cabeleireiro, outra por paixão do futebol, Íbis.

Camisa 10 do pior time do mundo da década de 80/90, Mauro Shampoo, como foi batizado no futebol, fez apenas um gol em dez anos de Íbis, mesmo assim um gol sem memória, pois não tinha público, não ouve transmissão de TV, nem rádio. R:esultado o Ìbis perdeu de 8 a 1, afinal de contas era o Íbis.

– O único título que conquistei foi o título de eleitor!

Com a marca de pior time do mundo e o preconceito de ser cabeleireiro naquela época, Mauro Shampoo tornou-se o maior ídolo da história do Íbis, o Pássaro Preto como é conhecido.

– Eu sou uma estrela, uma estrela apagada, mas sou uma estrela, eu sou 10!

Hoje, com 62 anos, com três filhos, Shampoo, Creme Rinse e Secador, casado com Márcia Pente Fino, ex-goleira de futebol, companheira desde os tempos inglórios, quando lavava o uniforme do íbis em casa. Também cabeleireira, por influência de Mauro Shampoo, tem salão na mesma galeria, que Mauro chama de CT, e o dele se chama Arena Shampoo.

– Eu tenho duas mulheres , a Márcia Pente Fino e a segunda que é a Bola!

Em uma história de superação, podemos dizer que Mauro Shampoo saiu do pior para o melhor, onde a bola e a tesoura até hoje fazem parte da sua vida vitoriosa.

É possível dizer também que a paixão (a bola) e a razão (cabeleireiro) foram os trilhos da vida de Mauro Shampoo que nunca se separaram e que até hoje conduz sua vida.

– Jogador, cabeleireiro, artista de cinema, celebridade, famoso, liso, camisa dez do pior, cabeleireiro macho!

Assim é Mauro Shampoo, camisa dez do pior time do mundo.