LELA, O SORRISO MAIS ALEGRE DO FUTEBOL BRASILEIRO
por André Felipe de Lima
Alegria tem sinônimo. E assinatura. Chama-se Reinaldo Felisbino, mais conhecido como Lela. Hoje, dia 17, é aniversário do pai dos jogadores Alecsandro (ex-Vasco, Flamengo e Palmeiras) e do Richarlyson (campeoníssimo pelo São Paulo).
Lela é um dos maiores ídolos da história do Coritiba. Nasceu em Bauru, em 1962. Foi um ponta-direita com dribles curtos, igualmente às pernas, bem curtas. E, como diz o ditado, “Mentira tem pernas curtas”, o apelido “Mentira” inevitavelmente pegaria. Mas Lela era uma festa ambulante. Alegria mesmo. Piadas como essa jamais o incomodaram.
Lela foi o ponta-direita do Coritiba naquele que é o maior título da história do clube, o Campeonato Brasileiro de 1985, conquistado no Maracanã, após a antológica final contra o forte time do Bangu.
Na campanha vitoriosa, Lela tinha apenas 23 anos e chegou ao Coxa dois anos antes, após uma troca por Leomir, que foi para o Fluminense. Mas o destino seria muito bacana no Alto da Glória. Na reta final do campeonato nacional, marcou um gol aos 42 minutos que valeu a classificação, na vitória de 2 a 1 sobre o Santos. Contra o Corinthians foi novamente decisivo e marcou o gol da vitória de 1 a 0. Fez o mesmo nos jogos seguintes, contra o Joinville (2 a 1 e 1 a 0).
Na final do Maracanã, Lela converteu o pênalti na decisão, sem chance para o goleiro Gilmar. O gol que igualou em 4 a 4 a série no Maracanã. Depois Ado perdeu e Gomes selou o título.
Inesquecível Lela, o sorriso mais alegre do nosso futebol!
FALTA DE PROFESSORES
:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::
Meu amigo Zé Roberto Padilha brilhou em Fluminense, Flamengo e vários outros clubes do Brasil. Era daqueles pontas enjoados, que além de atormentar os laterais ainda tinha fôlego para roubar a bola dos adversários no meio-campo e iniciar ótimos contra-ataques. Jogador moderno que a garotada de hoje deveria pesquisar suas atuações no Youtube para desmascarar de vez essa baboseira de que os atletas do passado não corriam.
Zé Roberto é jogador de opinião forte, que não abaixava a cabeça para os dirigentes. Formou-se em Jornalismo, é professor de História e lançou vários livros. Podia e deveria estar na bancada desses programas esportivos porque tem humor ácido e conteúdo, mas os diretores das emissoras preferem os estatísticos e os chatos que só falam em 4-5-1, 3-5-2, beira de campo, jogador agudo e ligação direta.
Bem, o Zé Roberto, assim como eu, acha um absurdo os ex-jogadores terem que se formar em Educação Física para atuar como técnico. Feliz da vida, me enviou uma mensagem informando que a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitara o pedido do Conselho Regional de Educação Física de São Paulo que havia entrado com um recurso especial para que apenas profissionais formados em Educação Física pudessem exercer a profissão de treinador de futebol. Isso, por sinal, é uma das razões de nossa arte andar tão engessada.
O Zé Roberto optou por formar-se em História e Jornalismo, o Paulo César Puruca é formado em administração de empresas e acho que em Direito, o Afonsinho é médico, o Rogério Bailarino formou-se em Teologia. Estudar é importante e fundamental para o desenvolvimento de nosso país, mas os ex-jogadores que por acaso não se formaram podem e devem treinar times.
Nas universidades, aplica-se muito o notório saber, quando professores, mesmo sem doutorado, podem dar aulas por terem conhecimentos suficiente para exercer a atividade. Existem técnicos hoje que nunca chutaram uma bola na vida!
Você encara algum dentista, que nunca extraiu um dente? João Saldanha era jornalista e assumiu a seleção brasileira. É uma exceção, claro, mas tinha bagagem suficiente para isso. Até jogou na base no Botafogo, mas meu pai dizia que ele era bem fraquinho, Kkkkk!!!
O meu grande amigo Washington Rodrigues também aventurou-se na profissão e bem antes do VAR levava uma tevê para o banco de reservas, Kkkkk!!!! Essas pessoas respiram futebol.
O que não dá para aceitar é um professor de Educação Física, que nunca assinou uma súmula, tirar o espaço de um ex-atleta. Por isso, hoje, os jogadores não sabem chutar, cabecear e trocar passes. Porque quem ensina também não sabe.
Nosso futebol precisa de mais sensibilidade, de menos Cariles e Felipões, e mais Zé Robertos, Afonsinhos, Purucas e Rogérios Bailarinos.
CRIADOR E CRIATURA
por Eliezer Cunha
Quem será Juiz, Réu ou advogado. Utilizo-me desta colocação para expor minha insatisfação com a atitude de alguns jogadores durante ou depois de uma partida em nosso principal esporte chamado; o futebol. Entre várias ações que presencio, me refiro agora sobre a insatisfação de alguns atletas em serem substituídos no decorrer de um jogo. Deixam isso bem claro, pelos seus semblantes no momento da saída ou em outras evidências como: o não cumprimento dos colegas na saída do campo, não se submeter a uma entrevista ou, pela omissão de não se dirigir ao técnico para um cumprimento final e reconciliador. O técnico de uma equipe qualquer que seja ela é estaticamente o principal responsável pelo resultado final de uma partida e, isso não deve ser desconsiderado por quem também o contribui.
Todos os técnicos de equipes em qualquer esporte possuem como principais objetivos e valores: escalar e motivar a equipe, vencer a partida, resguardar os jogadores e aprender com as vitórias e as derrotas, para isso ele é contratado e cobrado pelas diretorias e torcidas, e para isso devem tomar as atitudes necessárias para a consumação de um resultado positivo.
São os pontos principais envolvidos para a existência e sucesso de um clube, transformando e perpetuando o legado da instituição na história e contribuindo para a alegria do povo.
Não me recordo até hoje de presenciar um atacante ser dispensado por ter perdido um gol fácil. Erros acontecem? Sim, e vão acontecer a todo tempo, como acontecem em vários segmentos da sociedade que produz algo. Decisões são necessárias e isso comprovadamente move as instituições.
A ética e o respeito devem sempre ser superiores a tudo e, devemos sim, em qualquer segmento trabalhar de forma competente e deixar que esses princípios e comportamentos direcionem e comandem nossa existência e seus resultados.
Criadores e criaturas vão sempre existir, hierarquias devem ser respeitadas, de pai pra filho, de chefe para subordinados ou de treinadores para jogadores. Vivemos com esse sistema há séculos. Não temos como alterar. Conversas e debates sobre ações equivocadas devem sempre existir para o bem de qualquer organização, mas tais devem ser realizados de forma preservada, pois, ocorrendo em público, produz um aspecto de desmando ou revelia, o que não é saudável para a sociedade, para a instituição e nem para o país.
GRÊMIO 1977
por Marcelo Mendez
O ano de 1977 foi muito diferente de tudo que estava acostumando a metade futeboleira do sul maravilha.
Em se tratando de futebol, o Brasil, País imenso, continental, passou a olhar para lá por conta de um time que já já vai estar aqui nessa coluna. O Internacional ganhava tudo, tinha um monte de craques e estava tomando conta do Brasil.
Além dos títulos gaúchos conquistados entre 1969/1976, o Colorado também havia acabado de ser bicampeão Brasileiro em 1975 e 1976. Era muita afronta. O seu adversário precisava fazer alguma coisa e então chegou o ano de 1977 para mudar essa conversa toda:
Amigos de Museu da Pelada, a coluna ESQUADRÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO vos apresenta o Grêmio de 1977.
A FORMAÇÃO
A história desse time passa muito pelo o maior Presidente da história do Grêmio.
Hélio Dourado foi quem mudou o jeito amador que se tinha no trabalho e na gestão de futebol do Brasil nos anos 70. Foi ele que botou as contas em ordem, que cuidou de administrar a receita do Grêmio para dar ao tricolor Gaúcho, a alcunha de bom pagador.
Dessa forma, ele montou um time forte, aproveitando de jogadores que por la já estavam, como Ancheta, Tarcisio, Iúra, juntando esses com outros nomes que foram contratados e que se tornariam lendários na história do clube, casos de Tadeu Ricci, André Catimba, Eurico ex Palmeiras, Éder e o goleiro da seleção uruguaia, o voador Corbo.
Para cuidar disso tudo, faltava um chefe, um sujeito que tivesse o perfil que aquele momento precisava. Entra em ação novamente o Presidente Dourado que contrata Nelson Omedo para cuidar desses assuntos e a dupla traz Telê Santana, após desastrosa passagem pelo São Paulo em 1975. Pronto, a base estava formada. Faltava fazer história…
NA MINHA ÁREA, NÃO!
Para falar das grandes finais contra o Internacional, temos que falar do Xerifão do Olímpico; Oberdan.
Oberdan veio do Santos, do super Santos de Caneco, Negreiros, Toninho Guerreiro, Pelé e Edu. Jogava lá com nada mais, nada menos que Ramos Delgado. Trouxe da Vila Belmiro para o Olímpico, o espírito multicampeão que o seguia e na primeira partida da final já acabou com as conversinhas que por lá haviam…
Ao longo daquela década, ficou na lembrança do povo, os Grenais em que o Grêmio, lutava, se matava, jogava como nunca e como sempre, perdia, muitas das vezes com Escurinho, entrando no segundo tempo, correndo pra área e metendo gol no Grêmio pra fazer a festa em seguida. Pois bem…
Na primeira bola que disputou com Oberdan na partida de ida no Olímpico, o zagueirão deu-lhe uma chegada que esparramou Escurinho pra tudo que foi lado:
– Vai rebolar na casa do caralho, aqui na área você não faz gol não!
E não fez.
O Grêmio, com gol de Tadeu Ricci de falta levou a vantagem para o Olímpico. Faltava pouco…
O CORAÇÃO E O PULMÃO TRICOLOR
São dois nomes que não se pode esquecer quando falar do titulo do Grêmio de 1977; Iúra e André Catimba.
Iúra é o coração tricolor. Prata da casa, jogador apaixonado pelo Grêmio, sem dúvida, era o que mais sofria com aquela situação. Não dava mais pra aguentar aquela coisa do rival toda vez campeão e no jogo da volta, tratou logo de resolver isso. Numa rasgada do meio campo, a bola sobra para Ricci, que passa a Iúra. O camisa 10 do Grêmio mete na frente e acha André Catimba que mete a pelota pro fundo da rede.
Acabou!
A Dinastia colorada dá lugar para a catarse tricolor. O Salto mortal errado, o tombo de peito de Catimba, na hora ninguém nem ligou. O Grêmio voltava ser campeão no melhor estilo.
Corbo, Eurico, Cassiá, Oberdan e Ladinho/ Vitor Hugo, Iúra e Tadeu Ricci/ Tarciso, André Catimba e Eder.
Esses 11 caras entram aqui nessa coluna por tornar uma conquista lendária, por fazer história em um clube Gigante como o tricolor dos pampas. Então hoje a homenagem vai para eles:
O Grêmio de Futebol Porto alegrense de 1977
Adhemar
O ARTILHEIRO QUE CALOU OS GRANDES
entrevista e texto: Paulo Escobar
Na cidade de Tatuí, Adhemar começou seus passos na várzea e era lá que ele corria atrás da bola, foi lá que de uma bola medicinal encontrada chutava com um amigo e foi com aquele peso que adquiriu a potência que viria a ter no seu pé direito.
Até chegar ao São Caetano foram duros os passos e a estrada longa, jogando a terceira, a segunda até serem campeões e num fato inédito levar um time de uma cidade pequena do ABC Paulista a primeira divisão do Brasileiro. Não é fácil ser time dito pequeno no Brasil, pois tudo joga contra tanto dentro como fora de campo, é desigual em todos os sentidos.
Nem todos são reconhecidos no futebol e muitas vezes a grandeza e visibilidade dependem do time onde se joga, nem todos querem jogar nos ditos pequenos e muitos somente olham pra cima. O time dito pequeno, e digo sempre dito pequeno pois pra sua torcida é grande e com razão, muitas vezes é visto somente como aquele de passagem e se a identificação já é rara nos ditos grandes imagina nos ditos pequenos.
Aquele São Caetano que empolgou pelo seu futebol bem jogado e por aqueles que até então eram desconhecidos, mas que se dispuseram a jogar de igual a igual com todos, chegou a jogar um futebol ofensivo com três atacantes. Naquele ataque em que Adhemar fez cada golaço e que fez chorar mais de algum torcedor dos times ditos grandes, era um baixinho que incomodava e que acreditava em praticamente todas as jogadas.
A tal Copa João Havelange foi o reflexo do que é um time dito pequeno lutando contra tudo e todos, se fez de tudo para evitar o título do São Caetano. E matando um leão por jogo é que o Azulão chegou a final, inclusive numa semifinal num Maracanã com 90 mil torcedores do Fluminense na qual Adhemar faz aquela pintura de falta calando a torcida e eliminando o tricolor carioca. Como o próprio Adhemar diz:
– Três pessoas calaram o Maracanã, Ghiggia, o Papa e Adhemar!
Naquela final contra o Vasco que tinha um belo time, e que também do lado de fora tinha o Eurico, que fez de tudo em São Januário, desde pintar o vestiário do visitante um dia antes, o cheiro forte de tinta, mandou trancar a porta do vestiário e colocar mais torcedor do que o estádio comportava e assim contribuiu na tragédia que feriu muitos naquele dia. O jogo que só voltaria a ser jogado em 2001 com um time modificado do São Caetano pois muitos tinham sido vendidos, com este time remendado perderam a partida, que talvez fosse diferente se jogado no dia da tragédia no Maracanã e não em São Januário.
Naquele ano Adhemar foi artilheiro com 22 gols de um Brasileiro que tinha Romário, Tulio, Washington, Magno Alves e tantos outros. Jogou com o coração e cada jogo como se fosse o último, conseguiram unir corintianos, são paulinos, palmeirenses e santistas nos mesmos estádios.
Adhemar era o artilheiro inesperado, era aquele que os prognósticos não contavam e que nos começos de campeonato não estava sendo comentado nos jornais esportivos. Poderia ter chegado na seleção, não deixou a desejar a nenhum outro, mas os bastidores do futebol talvez impediram isso, pois tinha mais gols e era mais eficiente na época que Luizão que tinha sido convocado por Felipão.
Adhemar com seus gols contra os grandes, acredito que teve que matar um leão por jogo, que com força no pé e na alma teve que balançar e calar estádios e previsões que muitas vezes os colocavam como Zebra. Invadiu a festa dos grandes artilheiros nos tempos em que os atacantes não tinham medo de gols, e foi assim que contra tudo e contra todos colocou seu nome entre os artilheiros do brasileiro.
Daqui a 50 anos ao abrir qualquer documento ou sites pra consultar os artilheiros dos campeonatos você vai ver Adhemar, que vestiu a camisa de um dito pequeno, que calou multidões e honrou a camisa do Azulão. Lembra de quantos artilheiros de campeonatos de times ditos pequenos tem na história? Então Adhemar é um deles, e lá o seu nome foi escrito e marcado.