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O GIGANTE DO FUTEBOL ESPANHOL

por Marcelo Soares


Multicampeão, peça chave de um dos maiores times de todos os tempos e campeão do mundo por sua seleção na África do Sul. Você já deve estar se perguntando, quanto um clube paga por um jogador como esse, já que as cifras atualmente são estratosféricas se tratando de grandes jogadores. Mas com Xavi Hernandez a história é diferente.

Formado em casa pelo Barcelona, foi lapidado com muita calma e quando estreou, a técnica apurada encantava a todos.

Dono de um pensamento tão rápido que velocidade física nunca foi tão necessária. No alto de seus 1,70cm, com apenas um toque na bola ou às vezes simplesmente por não tocar nela, deixava todos os adversários para trás e seus companheiros de frente para o gol.


Durante tantos anos vestiu azul e grená, cérebro de Pep Guardiola dentro de campo, peça chave do Tiki Taka espanhol, formou um dos melhores times de futebol de todos os tempos e comandava o meio-campo ao lado de Iniesta, tanto pelo clube como pela seleção espanhola. Conquistou tudo que podia, levou sua seleção ao inédito título da Copa do Mundo e fez algumas pessoas falarem que, sem ele, Lionel Messi não seria o mesmo.

Após anos desfilando sua arte e maestria, Xavi pendurou as chuteiras ou podemos dizer que ele aposentou o seu terno? Antes de sair de cena, ajeitou a gravata de seu uniforme de trabalho, mostrando a todos que para jogar futebol precisa-se mais de inteligência do que de força. Um dos melhores jogadores espanhóis, deixará saudades para os amantes de futebol.

DUELO HISTÓRICO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Há tempos não me emociono tanto com um jogo! Estava cansado, mas quando ameaçava dormir acontecia mais uma bonita tabela, um drible, um gol. Achei que estivesse sonhando e me belisquei. Um jogo sem violência, sem chutões, sem retranca. Uma partida para os amantes do futebol de verdade reverem mil vezes. E para os comentaristas reverem e se envergonharem, mas se envergonharem muito!!!

O que ouvi de atrocidades quando estava 3×0 é melhor esquecer e focar apenas no jogo, espetacular e acima de tudo emocionante, de arrancar gritos e lágrimas. Estava na sala, sozinho, mas em determinado momento fiquei de pé. Quem me acompanha sabe o quanto torço para que Fernando Diniz consiga levar adiante sua filosofia, que nada mais é do que uma tentativa de resgate do nosso futebol. Ele e Sampaoli precisam de novos seguidores.

Com a volta de Pedro a missão fica facilitada. Ainda estou muito feliz! Esse jogo entra para a lista dos históricos, como Vasco x Palmeiras, na Mercosul, e aquele Flamengo x Santos, com atuação de gala do Ronaldinho Gaúcho. No dia anterior, Felipão e Odair Hellmann nos brindaram com mais um festival de horrores e, se não assistiram, precisam ver o VT de Grêmio x Fluminense.

O Palmeiras fez mais um gol de bola parada, mas se venceu é o que importa. E é justamente esse pensamento pequeno que está contaminando a cabeça da torcida. O próprio Cássio, goleiro do Corinthians, sugeriu perguntarmos aos torcedores se eles não preferem jogar feio e ganhar. Está errado! O torcedor do Grêmio tem que ter saído feliz do estádio porque o time nos presenteou com futebol.

Como joga esse Jean Pyerre! E que tabelinha linda em seu gol! Não é possível que os professores não entendam que o caminho é esse!!! Impossível não voltar a 82. Aquela derrota fez nascer o futebol de resultado, da eficiência. Ganhamos duas Copas, e daí? Em troca, enterraram um estilo.


O Barcelona perdeu uma final para o Internacional, com gol de Gabiru. O Barcelona seguiu em frente, não mudou o estilo e continua reinando no futebol atual. O Inter parou no tempo e insiste nesse modelo ultrapassado de jogar bola. Hoje, os times brasileiros com mais dinheiro não empolgam. Enchem estádios _ se 50 mil é considerado muita gente _ mas não tocam o coração.

Minha alegria só não foi completa por conta do acidente de Mendonça, que continua sua luta contra o alcoolismo. Esse é um representante legitimo do futebol arte, camisa 8 que marcou seu nome no Glorioso mesmo sem ganhar títulos. Seu estilo romântico e poético de jogar bola também foi soterrado pelos novos astros, os velocistas e brucutus.

Também queria que Mendonça tivesse assistido a esse Gremio x Fluminense. Sei do desgosto que sente com o futebol atual. Se Deus permitir que meu amigo supere mais essa vamos rever esse jogo e celebrar juntos o seu renascimento e o do futebol. 

INTERNACIONAL 1975/1979

por Marcelo Mendez


O ano era 1969 e o Brasil não era nem de longe, algo que poderia ser exemplo de integração.

Um país de dimensões continentais sim, mas que também não fazia o menor esforço para se conhecer, para se falar e se frequentar. Era o Brasil da ditadura militar, do chumbo do AI-5, das mortes e sangues espancados em paredes de masmorras muquiadas por todas as capitais.

Era uma época que o Brasil não fazia questão de se conhecer, em linhas gerais.

Dessa forma, dá pra dizer que o Sul do Brasil era longe demais de Rio e São Paulo. Explica-se por aí, o fato de um time enorme construir um estádio gigante, à beira do Rio Guaíba e ainda assim, não ser noticia nesses grandes centros da vez.

Pois…

Foi nesse ano, que nasceu um estádio chamado pelos seus como O Gigante da Beira Rio, de onde se formou um time que uns anos depois viria a ser o melhor time do mundo. Viemos para falar desse time hoje.

O ESQUADRÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO vem para falar do Internacional dos anos 70. O Colorado de 1975/1979

A FORMAÇÃO

Lógico que o começo foi uma beleza.

Em 1969 com a construção de seu estádio, o Internacional quebrou uma hegemonia que era do Grêmio, interrompendo o hepta e começando a fila de títulos gaúchos que viriam a dar no octacampeonato de 1969/1976.


Consta ainda como sendo dessa época, a chegada de um moço catarinense para o time de cima, estreando por lá em 1973, de nome Falcão. As canteiras também trouxeram Batista, também surgiu Jair, Flavio, o lendário Valdomiro, o bom ponta esquerda Lula que veio do Rio, a zaga forte com Elias Figueroa e um jeito de jogar futebol extremamente moderno para a época, comandado por Rubens Minelli.

Não poderia dar errado e não deu.

Com Minelli, o Colorado deixa de ser apenas regional e vence de braçada dois Brasileiros, o de 1975 contra o Cruzeiro e o de 1976 sobre o surpreendente Corinthians. Do sul do país surgia um gigante, forte, jogando pra frente, dando shows em cima de shows.

O Internacional era uma realidade no Brasil.

PARA SER O MELHOR DO MUNDO

Em 1979 tudo era uma incógnita para o Colorado.


Há de se pensar que o Grêmio já havia quebrado a série de títulos colorados em 1977, que novas forças como Santa Cruz e Guarani se apresentavam para o Brasil e uma renovação tendo que ser feita deixou tudo em suspense no Sul.

Rubens Minelli deixa o comando técnico para Enio Andrade que passa a ter Benitez para o gol no lugar de Manga. Para a lateral, João Carlos, zaga composta por Mauro Galvão com 18 anos e Mauro Pastor. Lateral esquerda era de Claudio Mineiro e dele pra frente, pouco havia mudado; Falcão, Batista, Jair, Valdomiro, Bira e Mário Sérgio.

Um timaço!

O Inter não só venceu 1979, mas com requintes de máquina, amassando todo mundo e chegando de forma invicta ao título em cima do Vasco com duas vitórias, nas decisões.

Naquele final de década as forças do futebol mundial se equivaliam e tudo estava mudando. Os Alemães e Holandeses de Bayer e Ajax davam lugar a supremacia inglesa que viria com Liverpool, Notinghan Forest e Aston Villa. Pensando nisso não é loucura dizer isso que afirmarei agora:

O Internacional de 1975/1979 era um dos maiores times do mundo.

Manga, Claudio, Marinho Perez, Figueroa e Vacarria. Batista, Falcão e Jair. Valdomiro, Dario Maravilha e Lula formam a base dessa máquina.

A eles nossa homenagem.

MUSEU, MALOCA E BOTECO #5


Lá vamos pro nosso quinto programa, apesar dos sacrifícios e dificuldades para conseguir entrar ao ar em cada edição, continuamos na resistência por fazer a nossa resenha com os ídolos.

Nesta quinta, 09 de Maio, estaremos de novo no nosso boteco resenheiro, Repancho’s Bar, na Rua André de Leão, 330, na Mooca. O programa vai ao ar pela página do Museu da Pelada pelo Facebook a partir das 20 horas e quem quiser comparecer no bar para assistir a gravação será um prazer fazer aquele brinde com uma gelada.

Nesta edição estaremos com:

Gerd Wenzel: jornalista e especialista em futebol alemão.

Silvio Valente: jornalista e diretor de rádio.

Além dos nossos convidados, contaremos com nosso time com Helvidio Mattos, Marcelo Mendez e Paulo Escobar.

Assista, espalhe, nos ajude e compareça na gravação se estiver em Sampa.

LÁGRIMAS POR FOLHAS. E PELO PAPEL

por Zé Roberto Padilha


A Bienal do Livro significa, para todo autor pouco conhecido, o mesmo que a Taça São Paulo para jogadores desconhecidos: uma enorme vitrine para mostrar o seu trabalho. E em 2013, ela abriu um espaço para mim. Pela primeira vez em suas edições um clube de futebol, o Fluminense FC, montaria um estande. E como sou seu jogador que escreve livros, recebi o convite. Com quatro livros publicados, até então, descobri, decepcionado, que não tinha um só exemplar em minha casa. Faltavam três semanas para a Bienal e tratei de correr a reunir textos. E correr atrás de patrocínio.

A Copa do Mundo de 2014 estava se aproximando e saiu do forno “Arquibaldo, o Saudosista”, aquele que era do tempo em que a FIFA não mandava nos estádios da gente. Pela programação, a abertura seria na quinta feira, e mesmo fazendo plantão na Gráfica Boa União, da minha cidade, só consegui retirá-lo do forno às 15h00 da sexta feira. Entre busca de patrocínios, revisões, capa, formatação, fotos e licença junto ao jornalista Washington Rodrigues para dar vida a um personagem seu, não foram semanas de Paulo Coelho. Que apenas experimenta o terno e manda aparar o cavanhaque. Quando recebi as quatro caixas, coloquei no carro e parti para o Rio de Janeiro, estava uma pilha porque perdera justamente a festa de abertura.

Após enfrentar aquele engarrafamento na chegado do Rio, consegui estacionar no Riocentro às 18h00. E bem longe da entrada. E sai carregando uma caixa nos braços até a entrada em busca de um crachá. Quando o afixei, e perguntei pelo estande tricolor, me disseram que era no setor amarelo. O penúltimo naquela imensidão de editoras. E de livros. Após uma longa travessia, pedi desculpas à organização, deixei a caixa e voltei para buscar as outras três. Já duvidava ali se conseguiria. Ao retornar pela portaria, notei uns carrinhos de criança para alugar, e perguntei se era permitido carregar crianças-livro. Ao concordarem, coloquei duas caixas em cima e fui atravessando multidões, e alguns curiosos ainda paravam para ver se havia crianças nas caixas. Como eram duas, deveriam pensar que eram gêmeos pequeninos.


Livros entregues, carrinho devolvido, faltava ainda buscar a ultima caixa. Quando retornava e me aproximava da entrada, já não tinha nem pernas nem equilíbrio emocional. E pensava: o que é que estou fazendo aqui? Ninguém, absolutamente ninguém, foi capaz de entender minha luta para colocar aqueles livros ali. Sonhos de escritor são de uma solidão só. “-Vá vender hambúrgueres! Já me dizia um tio.” “Escrever livros? E de futebol que só tem leitores…? Esta ouvi de vários amigos.” E as despesas? Minha sábia esposa, vivendo realidades em meio a meus devaneios, sempre disse: “Você nem precisa dar mais lucro, mas já passou da idade de dar prejuízo”. Quando fiz a conta, a gasolina, o pedágio, o estacionamento,….daí me veio, ao me reaproximar da entrada, uma imensa vontade de sentar no meio fio e chorar em meio aquela confusão. Nelson Rodrigues, tricolor como eu, que estava com seus livros expostos por lá também, já havia escrito que era uma honrosa solução. Era o que me restava com aquela ultima caixa na mão, que parecia pesar 100 quilos, quando avistei a família do goleiro Félix, meu companheiro das Laranjeiras, ,recém falecido, saindo da Bienal.

Corri em direção da sua mulher e filhas e desabei. Quase em uma convulsão. Nunca chorei tanto em minha vida. Gostava dele, do Papel, seu apelido, mas, confesso, pegava ali uma carona na dor da perda e juntei a conta das minhas perdas e despesas. Lembram-se? Não havia vendido um só livro para amenizar e justificar minha presença por lá.


Quem passou naquele momento, pensou diante da cena, e as filhas imaginaram ante tamanho soluços: “Este gostava mesmo do meu pai!”. Me perdoe, Papel, o Gato Félix, por ter chorado um dia, embaralhado sentimentos, por nós dois. Você, tricampeão mundial, goleiro da nossa Máquina Tricolor, deve entender, com a visão aí de cima, o que é defender um sonho. Como se não bastasse ter defendido tantos sonhos de um ponta esquerda, se postara ali, através da sua família, a impedir que sucumbisse perante meus sonhos de escritor de esquerda. De verdade? Tenho saudades de você, das suas defesas, do cara bacana que foi e será sempre nas lembranças dos livros sofridos de um jogador que tanto lutou para ser um escritor.

• Esta crônica está no livro “Crônicas de um fracasso anunciado”, 2014, publicado logo após “Arquibaldo, o saudosista!”, de 2013. Oito livros depois feitos à mão, carregados em carrinhos, desde 1988, até que o Museu do Futebol, em São Paulo, resolveu conhecer esta história. De um ex-jogador de futebol insistente, que se formou jornalista e que mais livro publicou. Será neste sábado, dia 13/04, das 09h30 às 12h30, anexo ao Estádio do Pacaembú, na 109ª edição do MEMOFUT. Espero vocês porque a Luta não apenas vale a pena, como continua.