Escolha uma Página

Paulinho Ladrão de Bola

UM CRAQUE NÃO TÃO ESQUECIDO

entrevista: Sergio Pugliese e Ygor Lioi | texto: Ygor Lioi | fotos e vídeo: Daniel Planel

Hoje o Museu da Pelada tem a honra de homenagear e registrar um dos maiores jogadores da década de 50, cria do Madureira jogando com Nayr, Nelsinho e fazendo dupla de ataque com seu amigo Evaristo de Macedo no início dos anos 50. Em 53, especificamente, foi a revelação do Campeonato Carioca de futebol, chamando atenção de clubes grandes como Santos, Vasco e Botafogo.

Pelas atuações de gala contra o alvinegro de General Severiano naquele ano e por ser um amor de infância, acabou optando por levar seus talentos ao Clube da Estrela Solitária, com a missão de substituir ninguém menos que Geninho, o cara do time, o responsável por ter desbancado o Expresso da Vitória em 1948. O Botafogo desembolsou o maior ordenado por um jogador de futebol até aquele momento de sua história, 400 mil cruzeiros. Paulinho valia tudo isso? Valia, e muito mais que isso! 
Para se ter uma ideia, o valor pago só foi superado com a compra do inesquecível Didi, que custou aos cofres alvinegros cerca de 1 milhão de cruzeiros.


Desfilou seus talentos durante 3 anos em General Severiano, chegando à quase ser vendido para Juventus em 1955. Não quis ficar na Europa por causa da família, e na ocasião Dino e Vinícius acabaram sendo os sortudos da vez. Na época, alguns jornais diziam que Paulinho e um outro garoto chamado Garrincha haviam se revelado nos gramados europeus. Mas, quis o destino que o então técnico do Botafogo Zezé Moreira o deixasse de fora se uma excursão e com o fim de seu contrato, rumou à Pernambuco para jogar pelo Náutico.

Um ano depois, já em 58 voltou ao Rio de Janeiro para jogar pelo Canto do Rio. Lá, pelo atraso de pagamentos, conquistou o passe livre em 1959, sendo um dos primeiros jogadores do futebol brasileiro a conseguir tal proeza. Já com 26 anos, pensando em se aposentar e sem clube, o meia então recebeu um convite de ninguém menos que Zezé Moreira para ir jogar no Fluminense.

Chegou ao tricolor no posto de reserva e logo foi alçado ao time titular. O “Timinho”, como ficou conhecido aquela escrete, levantou o carioca de 59, foi vice em 1960, eliminado nas semifinais da Taça Brasil de 60 pelo Palmeiras com um gol feito na bacia das almas em pleno Maracanã. Além, é claro, do título do Rio São Paulo de 1960.

Durante os quase 4 anos de Laranjeiras, Paulinho colecionou inúmeros gols e muitas atuações elogiadas por torcedores e jornalistas. Ganhou pela crônica futebolística especificamente pelo saudoso Luís Mendes, o apelido de Ladrão de Bola, pela facilidade que tinha de roubar bola de seus adversários. Saiu em 1963 para jogar no Bonsucesso ao lado de seu amigo Pinheiro e de Sabará.

Em 1966 encerrou a carreira e continuou sendo funcionário público da Marinha. De lá para cá, muitos esqueceram de Paulinho, que foi esse homem que na época era conhecido como Ladrão de bola. Aquele que tinha como virtudes ser canhoto, ser rápido, onde ajudava a defesa e apoiava o ataque. Roubava a bola, dava passes e fazia gols. Uma grande disposição e a habilidade incontestável, onde adorava colocar a bola “por baixo” das canetas dos adversários. 


Esse personagem do futebol brasileiro ficou “esquecido” até 2018, quando seu neto, Ygor Lioi, rodou o seu primeiro documentário chamado “Um Craque Esquecido”, através de um projeto social da Portela, o Por Telas. Hoje Paulinho tem 87 anos, ainda reside em Marechal Hermes e tem Alzheimer. Não era lembrado pela torcida, dirigentes, clubes e pela mídia. E ele mesmo não se lembra mais das coisas.

O célebre Paulo Roberto Falcão uma vez disse que o jogador de futebol tinha duas mortes: A primeira quando para de jogar bola e a segunda a morte física. Não seria a segunda o esquecimento? Como um jogador que esteve lado a lado com Garrincha, Geninho, Juvenal, Danilo Alvim, Pinheiro, Castilho, Escurinho, Gérson, Telê, Waldo, Jair Marinho, Jair Francisco, Maurinho, Clóvis, Edmilson, Arlindo, Altair e entre outros pode ter sido esquecido?

Hoje Paulinho não é mais esquecido, depois de seu curta passar no Cinefoot de 2018, agora está eternizado no Museu da Pelada. Que o primeiro Ladrão de Bola do futebol brasileiro tenha vida longa, viva Paulinho o nosso “Crack” do dia.”

 

CINCO ANOS SEM MARINHO CHAGAS

por Rubens Lemos


Marinho Chagas nasceu para o futebol em 1970. Ajudou, com o Rei Alberi, o ABC de Natal a quebrar um jejum de três anos para iniciar a jornada do grande tetracampeonato. Marinho nasceu para ser cometa da bola e no ano seguinte, no Náutico, tornou-se o melhor de sua posição para sempre em Pernambuco.

Surgia a nova e definitiva versão de Nilton Santos, o lateral jogando para o ataque, subvertendo as ordens táticas, reescrevendo a história no campo, que transformou em floresta para as suas elegantes passadas de gazela.

Do Náutico ao Botafogo em 1972. Primeiro ano, primeira Bola de Prata da Revista Placar, menino de sorriso remanescente das peladas de terra batida, ao lado de craques consagrados como Figueroa, Piazza, Ademir da Guia, Paulo Cézar Caju e Alberi, o seu igual em grandeza e exclusividade dos vesperais potiguares.

Francisco das Chagas Marinho foi para a Copa do Mundo em 1974 e brilhou feito um holandês de carrossel vestindo a camisa da retrancada e fracassada seleção do quarto lugar na Alemanha. O mundo o considerou o melhor, em sua posição. Júnior, do Flamengo, declarou e declara que gostava de imitá-lo.

O esporte em Natal é dividido em antes e depois de Marinho. Sempre afirmei com ele vivo, confirmo agora e não discuto mais. Do Botafogo, a estrela loira do Ex-Maracanã, a “bruxa” alegre, tornou-se obsessão do cartola tricolor Francisco Horta, da famosa Máquina do Fluminense que deu ao alvinegro três craques de seleção só pra ficar com Marinho: Rodrigues Neto, Gil e Paulo Cézar Caju.


Quando Pelé seguiu para o Cosmos de Nova Iorque, para ensinar futebol a ianque apaixonado por basquete e beisebol, 150 entre 100 boleiros sonhavam vestir a camisa branca do clube mais rico do planeta. Depois de Pelé, por lá desfilaram Cruijff, Carlos Alberto Torres,Beckenbauer, Chinaglia e Marinho.

Entre 1981 e 1982, Marinho conquistou sua terceira Bola de Prata e o Campeonato Paulista pelo São Paulo de Oscar, Dario Pereyra, Everton, Renato, Mário Sérgio, Serginho e Zé Sergio.

Já estava na fase do prazer. Suas incursões pelo meio-campo rendiam passes precisos, arrancadas em direção ao gol e patadas que sacudiam o Morumbi inteiro. A biografia de Marinho é universal. Ele é adorado pelo mundo afora.

Nos dias finais, estava ainda mais criança e feliz, pelas proximidades da Copa do Mundo de 2014. Se dizia embaixador de uma função que não lhe rendia um mísero centavo.

Natal, péssima mãe, adorável madrasta. Marinho participava de eventos bem menos condizentes com sua história. Lançava camisas, frequentava troca de figurinhas onde era o centro das discussões e apresentava uma lucidez luminosa.

O destino, meia-armador malandro, levou Marinho para João Pessoa. Cercado de carinho paraibano, teve uma crise, sangrou e morreu. Seu organismo de touro já não resistia. Enquanto agonizava, abutres da internet bizarra enviavam comentários desclassificantes contra sua honra.

Há pessoas incompatíveis com caixões. Marinho é desse time. Não fui vê-lo morto. Nem ouvir os discursos compungidos e hipócritas de quem se aproveitou do luto.

Marinho, incorporou Clara Nunes e Paulo Gracindo em Brasileiro, Profissão, Esperança, espetáculo baseado em crônicas de Antônio Maria e canções compostas com Dolores Duran. Marinho, brasileiro, profissão e esperança(perdida). “Dorme, Menino Grande”, é o poema de Antônio Maria ao descanso e paz de Marinho Chagas.

*08/02/1952

+01/06/2014

Neto

NETO, O XODÓ DA FIEL

por Marcelo Soares

Como na maioria dos momentos mais marcantes da sua carreira, no encontro com o Museu da Pelada ele “chegou chegando”.

Natural de Santo Antônio de Posse, cidade do interior de SP, ao chegar no Guarani de Campinas, um dos clubes mais tradicionais do futebol brasileiro, logo conquistou fãs com seu futebol e sua personalidade.

Taxado como rebelde em algumas situações e em outras um tanto quanto polêmico. Há quem critique-o e diga até mesmo que não desejaria ver jamais ele vestindo as cores do time do coração. Porém o que não se pode negar é o talento dentro das quatro linhas e principalmente como era decisivo nas jogadas de bolas paradas.


Vice-campeão paulista em 1988 pelo Guarani marcando um gol antológico contra o Corinthians, clube que viria a marcar mais uma pintura de bicicleta. Desta vez em cima da equipe campineira. Medalha de prata nos jogos olímpicos de Seul em 1988 com uma seleção recheada de craques.

No melhor momento de sua carreira, ficou de fora do escrete da seleção brasileira que foi a Copa do Mundo em 1990. Deixando muitas pessoas sem entender a escolha do técnico Lazaroni.

Campeão brasileiro em 1990 pelo Corinthians dando ao clube seu primeiro título da competição nacional e marcando seu nome na história com atuações que estão eternizadas na memória dos torcedores. Bola de prata da revista Placar em 1991, jogou nos quatro grandes clubes de São Paulo e recebeu o apelido de xodó da fiel pela torcida do Corinthians.

Hoje, como apresentador do programa Os Donos da Bola, por onde anda nos corredores da Bandeirantes, fala com todos e o carinho é notório. Aquela agitação que mostra durante a apresentação dos seus programas dá espaço a uma conversa tranquila.

Sincero desde o primeiro contato e firme nas respostas, nos contou um pouco mais sobre sua infância, histórias como jogador e sobre a carreira de apresentador.

Confira mais uma resenha para o Museu da Pelada com um dos maiores jogadores da história do Corinthians. Como dizia Oscar Ulisses, “Láááá vem Neto! ”.
 

 

AOS CRUZEIRENSES

por Fernando Rodrigues Resende


Foi com muita tristeza que vimos nos últimos dias nosso clube ser alvo de diversas denúncias, algumas delas já amplamente divulgadas no Fantástico e outras que, segundo os autores das primeiras, ainda estão por vir. No dia seguinte à reportagem eu, assim como a maioria dos cruzeirenses, fui alvo de diversas piadas: cavalinho do Cruzeiro atrás das grades, memes envolvendo a possibilidade de rebaixamento, músicas satirizando as denúncias, entre outras situações ridicularizando a imagem quase centenária do clube. Amigos mais próximos sabem que sou conselheiro do clube e me perguntavam, mesmo que por brincadeira, se eu seria preso ou estava envolvido nos fatos.

Entre as diversas perguntas, recebi um questionamento que realmente me fez pensar. Meu pai, o grande responsável por eu ser cruzeirense e também apaixonado por este clube, me perguntou: Você não pode fazer nada? Claro que posso! O Cruzeiro é nosso! Dos Diretores, dos Conselheiros e de mais de 9 milhões de cruzeirenses espalhados pelo mundo. Todos podemos e devemos fazer alguma coisa para ajudar!

Depois de toda a repercussão negativa, foi criada uma Comissão Transitória de Apuração que terá acesso a todos os documentos e fará juízo do que está sendo feito dentro do nosso Clube. Essa comissão deve ser nosso foco. A ela foi designada a responsabilidade de fiscalizar os documentos e apurar as possíveis irregularidades. Em caso de comprovação de fatos ilícitos, os responsáveis devem ser exemplarmente punidos. Temos que dar exemplo e mostrar para todos que, no Cruzeiro, o conselho fiscaliza e toma as medidas cabíveis.


Estamos passando por um momento onde podemos “virar a chave” da forma de administrar o Cruzeiro. Precisamos estar vigilantes e ativos para que isso se concretize. Possivelmente não teremos outra OPORTUNIDADE como esta. Temos diversas pessoas de bem engajadas, temos a opinião pública aguardando respostas, patrocinadores esperando posicionamento do clube para reavaliar seus contratos. Apesar de ter sido criada da pior maneira possível, essa OPORTUNIDADE pode ser a solução para que tenhamos uma administração mais moderna e transparente. Não podemos deixar passar, sob pena de termos que passar por novos constrangimentos em um futuro bem próximo.

Essa foi a maneira que encontrei de ajudar. Me dirigir aos meus amigos conselheiros, diretores e torcedores que, assim como eu, no final das contas, decidimos o rumo do Cruzeiro. E essa decisão é uma enorme responsabilidade. Aos diretores e membros da Comissão Transitória, que fiscalizem com seriedade de retidão. Aos amigos conselheiros, que sejamos firmes e cobremos transparência na apresentação dos resultados. E aos milhões de torcedores, mantenham a vigilância e façam barulho. Cada um, à sua maneira, também é responsável pelo futuro do clube.

Conforme devem ter notado, a palavra OPORTUNIDADE está escrita com letras maiúsculas. Aprendi com meu pai que elas são poucas e precisamos ficar atentos para que não passem.

“As oportunidades nunca são perdidas. Alguém sempre vai aproveitar as que você perdeu.”

GOLAÇOS

por Rafael Case


Hoje é dia de pergunta difícil.

Qual o gol mais marcante da sua vida? Tenho certeza de que você não vai precisar de muito tempo pra pensar. Todo mundo tem um gol assim guardado na memória e no coração.

Você estava lá? Viu pela televisão? O que foi que mais marcou, um drible sensacional, uma bomba no ângulo, um gol no último minuto ou até mesmo um gol sem muito glamour, mas que garantiu um título? E como é que você descreveria o lance?

Cada gol é diferente, mesmo sendo o mesmo gol. A bola vai estufar a rede do mesmo jeito, mas a emoção de cada um é que vai fazer com que o lance seja visto por diversos pontos de vista e não estou falando do local onde cada um estava sentado no estádio, falo de emoção à flor da pele, daquela expectativa no nascer do lance, no olhar vidrado a cada passe trocado, na respiração suspensa no momento do arremate e na explosão do grito quando a bola vence o goleiro. Nunca é igual. Uma sensação, ao mesmo tempo, única e coletiva

Em tempos multimidiáticos como o que vivemos, os gols são registrados por vários ângulos, do alto, de lado, de perto, de longe ou até com microcâmeras dentro do gol. Não me espantarei se, em breve, cada jogador portar sua própria câmera para que o espectador possa ter uma visão ainda mais “realística” do jogo. Além do mais, hoje é possível acompanhar campeonatos do mundo todo, de torneios de pelada a decisões da Champions League. Cada vez que alguém altera o placar, mais um gol é registrado. Arquivos digitais que, mais facilmente do que os antigos filmes ou videotapes, vão construindo a história do futebol mundial.

O acesso a esses momentos também ficou bem mais fácil. Está aí o YouTube para nos auxiliar. Foi-se o tempo em que para assistir gols de partidas antigas e marcantes tínhamos que assistir ao programa “Gol, o grande momento do futebol”, com a narração clássica de Alexandre Santos, na Band. E como era bom ver nossos ídolos de novo em ação…

Pode parecer estranho para quem não viveu esses tempos, mas a limitação das emissoras de TV fazia com que apenas os jogos mais importantes ou de maior apelo popular fossem transmitidos, muitos não tinham seus lances nem mesmo registrados. Sendo assim, para acompanhar seu clube você tinha duas opções: comprar um ingresso e sentar na arquibancada ou ouvir pelo radinho de pilha.

O Rádio ainda tem sua importância no futebol, até por sua mobilidade. Dá pra dirigir e acompanhar o desenrolar de uma partida, mesma possibilidade tem quem está longe de um televisor ou sem acesso à Internet. Mas há muito tempo um dos slogans da Rádio Globo, que já foi campeã de audiência nos tempos de Jorge Cury, Waldir Amaral, João Saldanha e Mário Vianna, é: “Veja o jogo ouvindo a Rádio Globo”.


E se voltarmos ainda mais no tempo, a coisa complica. Saber os detalhes de uma contenda futebolística, só mesmo nos jornais. Os repórteres ou cronistas da época é que levavam ao torcedor as “emoções” de uma partida e só no dia seguinte.

Foi assim em 1919, quando o Brasil derrotou o Uruguai no recém-inaugurado Estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro e conquistou seu primeiro título internacional, o Sul Americano de seleções, hoje, Copa América. Oito jornais descreveram o épico gol de Friedenreich, na segunda prorrogação, que deu a vitória e a taça ao Brasil. Foram oito jornais e oito descrições diferentes do lance.

Para marcar o centenário dessa conquista, o jornal O Globo lançou, nessa quarta-feira, 29 de maio, um documentário de 30 minutos sobre aquele campeonato, aquela partida e, principalmente, sobre aquele gol. Um feito que só quem estava lá naquela tarde pôde realmente saber como aconteceu e que mexeu com o imaginário de uma população inteira. Um gol que rendeu até música; o chorinho 1×0 de Pixinguinha foi composto depois daquela vitória. No documentário, com o auxílio de altíssima tecnologia, o tento anotado por “El Tigre”, como Friedenreich passou a ser chamado a partir daí, foi recriado. Através da realidade virtual, toda aquela narrativa tomou forma e com a locução de Luiz Penido, o gol se materializa de forma atual na tela. Uma belíssima homenagem. (Só pra ser chato, há um pequeno erro quando, ao mostrar o estádio, a animação coloca edifícios de apartamento ao redor, coisa que simplesmente não existia, na época, naquele local. Mas, de modo algum, isso desmerece o trabalho maravilhoso).

Link: https://oglobo.globo.com/esportes/video-documentario-sobre-centenario-do-sul-americano-refaz-gol-decisivo-de-friedenreich-23701180

Essa não foi a primeira vez que um gol importante que quase ninguém viu foi recriado por computador. Falo daquele que é considerado o gol mais bonito dos mais de mil marcados pro Pelé. Ele aconteceu em 1959, no acanhado estádio do Juventus, no bairro da Mooca, em São Paulo. Registros, só através dos jornais, como nesse texto de Ari Fortes: “Aos 42 minutos ocorreu o tento-jóia de PELÉ, que fez vibrar a grande assistência. Em manobra de Dorval e Coutinho, a pelota se ofereceu ao ‘scrathman’ que, num de seus lances característicos, encobriu Homero, colhendo a bola à frente. Clóvis interveio e também foi superado com idêntico golpe. Por último saiu da meta o arqueiro Mão de Onça e, igualmente Pelé o encobriu, ficando com o arco vazio à sua disposição. Antes da aproximação de qualquer outro defensor juventino, o atacante santista lançou o corpo ligeiramente para diante e, com sutil golpe de testa atirou a esfera às malhas. Lance realmente espetacular que valeu ao autor do tento. Como se disse, os cumprimentos de vários elementos do próprio conjunto antagonista e os aplausos em massa de todo o estádio!”. De Vaney, outro importante jornalista, sintetizou bem a sensação de quem presenciou o feito: “O gol de Pelé fez lembrar, até, a anedota do cidadão que após olhar demoradamente para a girafa, no jardim zoológico, comentou: ‘Isso não existe’”. A recriação desse gol foi incluída no DVD Pelé Eterno.

As duas inciativas são sensacionais e válidas, claro, mas um gol é uma experiência única. O gol que emociona você não necessariamente vai causar a mesma sensação em outro torcedor e, por isso mesmo, é mágico. Com o passar dos anos, vamos criando em nossa cabeça o nosso próprio acervo afetivo, nossa galeria de momentos inesquecíveis. Aqueles que lemos, ouvimos ou vimos, mas que para sempre vão nos vão fazer arrepiar só de lembrar.

Gol é, mesmo, o grande momento do futebol.