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Antônio Lopes

CONSELHOS DE MESTRE

entrevista: Sergio Pugliese | fotos e vídeo: Daniel Planel 

Como muitos já sabem, um dos trabalhos do Museu da Pelada é revitalizar os acervos dos ex-jogadores e o craque Vitor nos deu essa honra no dia em que fomos entrevistá-lo. No meio de tanta relíquia, encontramos cartinhas motivacionais do treinador Antônio Lopes. Maravilhados, fomos atrás do delegado para relembrar essas mensagens e viajar no tempo.

“Dê carrinho, chutão (…) Não conduza muita a bola, cuidado com o Arthurzinho no campo de defesa, dê mais atenção a cobertura dos laterais (…)”. “Leia várias vezes até antes da partida”

– Eu fazia essa cartinha para todos os jogadores e entregava na noite anterior ao dia do jogo. Era uma forma de motivá-los!

O lado psicólogo não demorou a surtir efeito e o treinador logo ganhou o respeito do grupo, montando um timaço do Vasco na década de 80.

– Eu comecei a fazer isso em 1985, organizando o Vasco! Promovi um monte de garotos (Lira, Mazinho, Romário…) e comecei a formar um novo time. Dispensei muita gente também. No ano seguinte, já deu frutos e fomos campeões da Taça Guanabara!

O fato de Vitor guardar até hoje as cartinhas mostra o quanto elas eram importantes para os craques e hoje, no dia do aniversário de Antônio Lopes, publicamos esse vídeo para homenageá-lo! Vida longa ao delegado!!
 

 

É PRECISO MUDAR A MENTALIDADE

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Há tempos venho falando de minha admiração pelo trabalho de Fernando Diniz, Jorge Sampaoli e Roger. Também gosto de alguns times formados por Cuca, mas ele corre o risco de cair na mesmice generalizada em que se transformou o futebol brasileiro. Agora, o mais espantoso dessa minha preferência é o fato desses três treinadores estarem tentando resgatar o nosso estilo envolvente de tocar a bola. Eles não estão inventando a roda, mas bombeiam o peito do futebol para que ele não morra de vez.

Na verdade, esse trio está em busca de nossa essência. Seus ensinamentos deveriam ser aplicados na base. Precisamos de mais “Dinizes”, “Sampaolis” e “Rogers” “degengessando” a meninada.

Quem viu o último Fla x Flu percebeu a diferença nítida entre um time bem treinado e o outro sem qualquer graça. E Cruzeiro x Corinthians, uma espécie de concurso para saber quem é o “professor” mais retranqueiro, Fábio Carille ou Mano. Que tédio!

Bom ver que o Vasco já tem outra postura com Vanderlei Luxemburgo, por quem torço muito. Mas ele terá que fazer um intensivão com a garotada, caprichar nos fundamentos, porque eles ainda pecam na troca de passes e finalizações. Meu Botafogo continuo achando sem novidade alguma, igual a Palmeiras e todos esses times covardes que entram em campo para não perder.

O problema desses três técnicos é que nenhum deles faz questão de bajular jornalistas, são anti-marketing. O Sampaoli é até mais falante, mas sofre por ser estrangeiro, assim como sofreu Osório e sofrerá Jesus, do Flamengo. Mas acho bom que venham outros treinadores de fora para abaixar a bola dos nossos que se acham o último biscoito do pacote, mas não conseguem se renovar.

É necessário mudar a mentalidade. Todos sabem o quanto eu odeio a escola gaúcha e torço para que ela desapareça do mapa. Digo a escola, seu pensamento, não os gaúchos. Roger é cria de Porto Alegre e se especializou em montar times leves, bons de se ver jogar. Se hoje o Grêmio tem um estilo de jogo muito deve-se ao seu trabalho. O mesmo com Fernando Diniz, no Audax, e Sampaoli na seleção chilena.

Vou mais longe. Esse tipo de treinador não faz bem apenas ao conjunto dos times, mas influencia diretamente na carreira do jogador. Quem sair do Fluminense para outro clube levará esse aprendizado junto, carregará um pouco da magia, da ginga, do improviso, do toque de bola, da velocidade de raciocínio, ingredientes necessários para transformar o futebol em uma grande atração.

E o que o jogador treinado pelos Carilles, Felipões e Manos da vida aprenderão? A correr, desarmar, dar carrinhos, chutões e vibrar com a vitória de 1×0, gol de pênalti.

Mas, PC, a seleção do Tite enfiou sete na Costa Rica! Kkkkkkk, me engana que eu gosto, se a Costa Rica jogar contra o Fla Master, de Adílio e Júlio Cesar Uri Geller, vai perder de 20 e no final ainda vai agradecer pela aula de futebol.

SÓCRATES, O PENSADOR DA BOLA

por Luis Filipe Chateaubriand 


Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o Sócrates da Fiel, não parece ter recebido nome de filósofo à toa. Jogador que exercia seu oficio mais com a cabeça do que com os pés, pensava o jogo, antes de jogá-lo. 

Sua máxima de que “quem tem que correr não são os caras, mas sim a bola” já mostrava que o raciocínio deveria não só ser incorporado à peleja, mas que seria fundamental para decidi-la. 

O esguio Magrão, que tinha um andar parecido com a mítica Pantera Cor de Rosa, concebia os passes de forma inteligente, e os executava com maestria. 

Ao fazer uso frequente do calcanhar, se habilitava para jogar tanto de frente como de costas, frequentemente ludibriando os adversários. 

Não fazia gols com frequência, mas os fazia com extrema classe, pois tinha uma frieza glacial ao concluir em gol. 

Politizado ao extremo, também era craque fora de campo, onde fazia da luta pela cidadania uma diretriz preciosa. 

No jogo da vida, perdeu para o álcool. Mas o exemplo de sua classe e da inteligência engajada fazendo a diferença serão eternos.

CORINTHIANS 1998/1999

por Marcelo Mendez


São vários os aspectos que formam um bom time de futebol.

Grana, sorte, uma geração privilegiada, uma boa gestão, planejamento ou absolutamente nada disso. O time de hoje, por exemplo, vem formado por uma das grandes magias do Futebol Brasileiro e assim se fez.

O Brasil queria um time como esse que falaremos aqui.

ESQUADRÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO chama todo mundo para falar do Corinthians de 1998/99

O COMEÇO

Na metade dos anos 90 as coisas mudaram para o Corinthians.

O time de Parque São Jorge que vinha tropeçando pra tudo que era canto, foi pra uma decisão de Campeonato Paulista em cima do Palmeiras. Se perdesse seria o terceiro vice pro arquirrival e de todo jeito tinha que mudar a coisa. Conseguiu…

Um gol de Helivelton em Ribeirão Preto fez a torcida do Palmeiras silenciar e a Fiel fazer a primeira festa de 1995. A segunda seria a Copa do Brasil em cima do Grêmio e tudo rumava para o futuro brilhante.

Veio em partes.

O mesmo Grêmio tirou o Timão da Libertadores em 1996, as campanhas de Paulista e Brasileiro também não foram boas e em 1997, Alberto Dualib dá o primeiro sacode na gestão administrativa do clube.

O BANCO DO TIMÃO


Eis que no dia do torcedor surge um tal Banco Excel despejando um tanto de grana em cima do Corinthians. No começo deu ruim, o time com Tulio Maravilha e Donizete Pantera venceu um Paulista e depois foi ladeira abaixo no Brasileirão. Foi mal. Mas serviu para algo muito bom.

Em 1998 o Banco liberou as contratações de Edílson, Rincón, Ricardinho, Gamarra e afins. Também trouxe Vanderlei Luxemburgo e pronto:

Daí pra frente a história seria outra…

A MÁQUINA

As contratações, somadas a Vampeta, Mirandinha, Silvinho e outros que lá estavam, criaram uma base sólida, forte, parruda. O Corinthians passou a ser visto de uma outra maneira e seus jogos, verdadeiros espetáculos. Força, aliada a muita tecnica, Marcelinho Carioca voando, goleada pra todo lado e o título inevitável.

Em três partidas contra o Cruzeiro, um título vencido com excelência.

Em 1999, mais títulos

Paulista, Bi Brasileiro, bailes de bola. O Corinthians que teve como base Dida, Indio, Gamarra, Batata, Kleber, Rincón, Vampeta, Ricardinho, Marcelinho, Luizão e Edilson fez história e merece estar aqui.

Corinthians 1998/99 um baita time em ESQUADRÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO.

SE PORÉM FOSSE PORTANTO

por Eliezer Cunha


Polêmicas à parte vamos aos fatos. Foi ou não pênalti nos últimos minutos na decisão do estadual em 1985 a favor do Bangu contra o Fluminense? Teria ou não Maurício empurrado o lateral Leonardo na decisão do Estadual entre Botafogo e Flamengo em 1989, encerrando um jejum de 21 anos do time Alvinegro? Na decisão do estadual de 1971 teria mesmo o lateral Marco Antônio deslocado o goleiro Ubirajara dentro da área?

Fatos recheados de controvérsias e questionamentos que alimentam como matéria prima até hoje os programas de tv, debates entre torcedores nos bares da vida e, ainda, conteúdos para discussões nesta e outras páginas ligadas ao esporte.

Vivemos em um momento de tecnologia avançada e disso poucos seres e atividades não podem se esquivar. Mas… A arte, o artista e público, digo no futebol, estão hoje reféns desta tecnologia designada como VAR. Nenhum espetáculo ao vivo é passível de edição, seja uma peça de teatro ou um show de música. É como que a história fosse sempre reredicionada para um óbvio. Assistimos passíveis decisões serem alteradas por conta de opiniões “extra campo”. Se a adoção do Árbitro de Vídeo fosse um consenso no esporte já tinha se estendido a outras modalidades. Como disse Caetano “Alguma coisa acontece em meu coração quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João”. E é essa emoção que nos foi sucumbida.


E ainda pergunto: A reputação do esporte, sua mágica, e as histórias dos clubes foram atingidas sem a prática do VAR?Não.

Imaginemos o Árbitro de vídeo decidindo um Campeonato Brasileiro aos 45 minutos do segundo tempo. Seria hilário, não é mesmo? Para torcedores, jogadores, imprensa e juízes.

Os árbitros de vídeo se tornaram deuses e simplesmente comandam as decisões. Raramente o árbitro da partida vai de encontro com uma solicitação do VAR. Os artistas deixaram de ser a peça principal do espetáculo e se tornaram coadjuvantes. 

Será que tecnicamente e tecnologicamente os questionamentos do VAR possuem consistências? Isso já foi meramente comprovado? Será que não existe o chamado erro de paralaxe nas decisões, entre outros possíveis erros?

Agora temos que alterar aquela famosa frase de uma música: Domingo tem Maracanã e o árbitro de vídeo.