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AS MESAS QUE DESINFORMAM

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Em muitos de meus textos culpo a imprensa esportiva pela decadência moral de nosso futebol. Os jornalistas são bairristas, criam falsos heróis, incentivam a retranca e são desinformados. Nem falo sobre os comediantes. Fico zapeando pelo simples fato de não conseguir parar em nenhuma mesa-redonda.

Ontem, por exemplo, tive que ler e reler aquela chamada que fica na tela enquanto os “especialistas” vão despejando bobagens: “Corinthians mantém invencibilidade. Time de Fábio Carille não perdeu após a Copa América”.

Peraí, Kkkkk!!! Vem cá, o Ceará empata após estar perdendo de 2×0 e no último minuto acontece um gol olímpico, de trivela, e o destaque é a invencibilidade do Corinthians?

Isso é vergonhoso! No mínimo, a postura covarde de Carille deveria ser questionada. Semana passada, os jornais também destacaram Botafogo sem água e Vasco sem luz. Flamengo, só alegria! Será que o Flamengo já pagou as indenizações dos meninos mortos no CT? Está com o INSS em dia? Não tem ações trabalhistas pendentes? Esse desequilíbrio nas coberturas beira a covardia.

Mas o bom é que a imprensa está tendo que engolir dois técnicos estrangeiros na liderança do campeonato. Eu adoro e torço, mas torço muito! Não querem que eu torça para Mano no Palmeiras, né! Igualzinho a Felipão e sendo salvo pelo bom de bola Scarpa, que já já volta para o banco. Que golaço do Rafael Vaz. Gosto dele!

Já disse aqui que gosto de Rogério Ceni como técnico, mas agora ele sente na pele o que já fez muito no São Paulo, tentar derrubar técnicos. Faz parte da trajetória e aquela panela cruzeirense precisa ser desestabilizada.

Ceni não é bobo e já identificou os personagens principais. Eu também já fiz campanha para derrubar “professor” e Paulinho Almeida não suportou a pressão. Queria mudar o horário de treinamento, chegou cheio de novidades e dançou, Kkkk!!!!

E a seleção do Tite? Meu Deus, nenhum esquema tático. Mas para que esquema se ele aposta todas as suas fichas em Neymar. E só nele. E ainda sou obrigado a ouvir ele atestando que Neymar é imprescindível. Ninguém é imprescindível, ainda mais nessa seleção.

Futebol é coletivo e sempre será. Imagina se Zagallo pensasse assim na escalação de 70? E em 58 quando Pelé saiu Amarildo resolveu. Ele não estava na Copa América e quando esteve não resolveu.

Claro que é um craque, mas se Phillippe Coutinho estivesse três meses sem jogar será que seria convocado? Nossa seleção continua sem cara, mas a imprensa segue maquiando essa mesmice, tentando nos vender gato por lebre. Eu não compro.

Enquanto isso, sigo com o controle-remoto, meu fiel escudeiro, o parceiro tecnológico que muda de canal assim que se iniciam as coletivas. Ele vive me poupando. Imprescindível para mim só o controle-remoto, o resto é o resto.

O FUTEBOL VIROU UMA ETERNA SEGUNDA-FEIRA

por Mateus Ribeiro


Quando eu era moleque, uma das razões da minha existência era meu time do coração. Eu vivia para estudar e assistir futebol, principalmente jogos do meu time. A relação entre eu e meu time era algo que me fazia sentir dois extremos: se vencia, eu era a pessoa mais feliz do mundo; se perdesse, eu me tornava um demônio.

Porém, com o tempo, fui aprendendo a desviar a tristeza e as dores da derrota utilizando o que chamamos de “migué”. Pois é, eu sempre tinha uma conversa fiada para utilizar na segunda-feira quando meu time perdia no final de semana. Invariavelmente, eu falava que “jogamos melhor”, que o juiz havia prejudicado ou arrumava qualquer culpado. Falava e fazia de tudo, mas jamais assumiria em praça pública que o adversário fez por merecer a vitoria. 

Desde aquela época, eu era uma pessoa sensata o suficiente para saber que apenas uma coisa decide o futebol: o gol. Acredite se quiser, mas a bola na rede ainda vale mais que qualquer outra coisa no esporte bretão.

Saindo um pouco da máquina do tempo, voltemos ao maravilhoso ano de 2019. Eu já não acompanho futebol mais com tanto afinco, por achar que tudo hoje está uma tremenda chatice, principalmente no que se refere ao debate. Vamos supor que você aí do outro lado do monitor passou vinte anos dentro de uma bolha e resolveu assistir alguma mesa redonda. A chance de você achar que as regras mudaram é enorme. Afinal de contas, a vitória deixou de ser a principal razão do jogo.

A posse de bola e o insuportável conceito de jogo se tornaram a menina dos olhos da crônica esportiva. Obviamente, esse comportamento que beira o patético, chegou até o torcedor, que estufa o peito para falar sobre as “ideias de jogo”. Por sinal, essas tais ideias raramente são destrinchadas pelos entendidos, a não ser quando se utilizam da tecnologia para congelar UM lance da partida para tentar explicar como um time joga.

A vitoria não vale mais nada. O importante é saber falar para se justificar. Nenhum time precisa mais vencer, já que mais vale perder e ter a bola do que cometer o crime hediondo de ganhar “jogando feio”, lembrando que feio mesmo é achar que ficar tocando bola pra goleiro e zagueiro resolve alguma coisa.

Quando eu justificava minhas derrotas falando de forma vazia que meu time havia jogado melhor, jamais imaginei que depois de vinte e poucos anos isso se tornaria padrão para algus profissionais da bola, desde jogadores até palpiteiros.

De fato, o futebol virou uma eterna segunda-feira. Chato, cheio de desculpas e pautado em bobagens sem importância cometidas nos dias anteriores.

Um abraço e até a próxima!

COMO RENATO SÁ ENTROU PARA A HISTÓRIA DO FUTEBOL BRASILEIRO

por Luis Filipe Chateaubriand


O meio campista e ponta esquerda Renato Sá nasceu em Santa Catarina. Ao longo dos anos 1970 e 1980, o bom jogador atuou por clubes de seu estado e também por grandes clubes brasileiros, como Grêmio, Botafogo e Vasco da Gama.

Quis o destino que ficasse conhecido como o maior destruidor de invencibilidades do futebol brasileiro.

Entre os anos de 1977 e 1978, o Botafogo montou um time de jogadores extremamente talentosos mas muito indisciplinados, o chamado “time do camburão”. 

Os caras ficaram nada menos do que 52 jogos sem perder para ninguém – a maior invencibilidade da história do futebol brasileiro!

Vieram, enfim, a ser derrotados, no Campeonato Brasileiro de 1978, pelo Grêmio, em categóricos 3 x 0 no Maracanã. 

O gremista Renato Sá marcou dois dos três gols e deu passe para o terceiro, sendo o exterminador da invencibilidade.

Mais ou menos na mesma época, o Flamengo começou uma série invicta de jogos, que duraria até 1979. 

Se sucederam, igualmente, 52 jogos sem perder, igualando a série botafoguense.

Para tentar o jogo número 53 de invencibilidade, o Flamengo foi jogar com… o Botafogo, pelo Campeonato Carioca de 1979.

E quem, agora, jogava pelo Botafogo?

Ele: Renato Sá!

Apesar de imenso “bombardeio” flamenguista, o goleiro botafoguense Borrachinha “fechou o gol”. 

E o Botafogo fez o gol dele, venceu o jogo por 1 x 0 e quebrou a série invicta de 52 jogos do Flamengo, a maior da história do futebol brasileiro junto com a sua, mas não maior do que a sua, um feito épico.

A pergunta que não quer calar… 

Gol de quem? De quem? De quem?

Dele! Renato Sá!

Jogando pelo Grêmio, Renato Sá quebrou a invencibilidade do Botafogo, a maior do Brasil em todos os tempos!

Jogando pelo Botafogo, Renato Sá quebrou a invencibilidade do Flamengo, a maior do Brasil, junto com a do Botafogo que ele também quebrou, em todos os tempos!

Renato Sá, aposentado do futebol, torce… pelo Flamengo! E é um predestinado!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.

‘SOU O PIOR QUE TODOS GOSTAM,PRINCIPALMENTE MEUS COMPANHEIROS’. QUE SAUDADE DO MÁRIO SÉRGIO..

por André Felipe de Lima


O carioca Mário Sérgio Pontes de Paiva começou sua carreira no futebol em 1966, nos infantis do Flamengo. Em 1971, quando cursava o antigo curso científico, seguiu para Salvador, onde defenderia o Vitória. Permaneceu no clube até 1974. Foi Campeão Baiano de 1972 e conquistou duas vezes a Bola de Prata da revista Placar, sempre defendendo o Vitória, em 1973 e 1974. Formou o ataque mais famoso da história do clube: com Osni e André Catimba. É até hoje lembrado como o melhor ponta-esquerda da história do clube baiano.

No Internacional, foi o grande ponta canhoto do time tricampeão brasileiro, em 1979, comandado por Falcão, com os cobras coadjuvantes Batista(volante), Benitez (goleiro), Mauro Galvão (zagueiro), Jair (meia) e Valdomiro (ponta). Timaço campeão invicto do Brasil.

No São Paulo, Mário Sérgio foi o astro principal de um time de estrelas. Do gol ao ponta-esquerda, só havia cobra criada. Olhe só que escalação conquistou o bicampeonato paulista em 1981: Waldir Peres; Getulio, Oscar, Dario Pereira e Marinho Chagas; Almir, Renato e Everton; Paulo Cesar, Serginho e Mário Sérgio.

Dois anos depois, o Grêmio montou um time só de feras. Mário Sérgio estava nele, ao lado de Renato Gaúcho, Paulo Cézar Caju, Mazzaropi, Tarciso, Osvaldo, Baidek, Paulo Roberto, China e Hugo De León. A missão da “legião estrangeira” era fazer do Grêmio campeão mundial de clubes. O “Vesgo” e seus companheiros engoliram o alemão Hamburgo na final e trouxeram a taça para o Brasil. Era o “Vesgo” porque fazia o que quisesse com a bola nos pés sem precisar olhar para ela. Ou melhor: mirava um lado e dava o passe para o outro. Só vi três jogadores fazerem o mesmo e com a mesma precisão: Sócrates, Giovani (do Vasco) e Ronaldinho Gaúcho.


Mário Sérgio foi um jogador espetacular e imprevisível. Seu pavio era igual ao seu drible, ou seja, curtíssimo. Quando jogava no São Paulo, em 1981, o time perdeu de 1 a 0 para o São José, no campo do adversário. Na saída do estádio, a torcida local cercou o ônibus dos são-paulinos. Seria tragédia anunciada não fosse o Mário Sérgio, que sacou o seu revólver e disparou, pela janela do veículo, vários tiros para o alto. A moçada meteu o pé e deixou os tricolores irem embora. O craque reconheceu o erro publicamente e alegou que as balas eram de festim. Ninguém apareceu para dizer o contrário. No jogo de volta contra o São José, no Morumbi, o placar eletrônico anunciava “11, Mário Sérgio, o Reio do Gatilho”. A torcida enlouqueceu no estádio com apiada pronta. Nunca mais o jogador conseguiria se desvencilhar do apelido. O locutor Silvio Luiz, com quem Mário trabalharia na TV, comentando jogos, chamava-o carinhosamente de “Cisco Kid”. Mário Sérgio sempre levou as brincadeiras numa boa. Até certo ponto.

Bem antes do episódio no Tricolor Paulista, houve um no Fluminense, que mostrou a dimensão exata da personalidade forte do jogador. O ano era 1975. O Tricolor das Laranjeiras tinha uma verdadeira máquina, com jogadores espetaculares, destacando-se, claro, Rivellino. Mário acabara de ser contratado. A história a seguir só viria a público em 2015, contada pelo próprio Mário Sérgio, em entrevista ao canal Fox-Sports: “Fomos excursionar pela Europa. Na Alemanha, os jogadores resolveram fazer uma festa no hotel depois da partida, com mulheres, bebida e tudo mais. No outro dia, o presidente Francisco Horta deu um esporro em todo mundo, mas direcionou a maior parte das críticas em mim. Mas quem fez a merda toda no hotel, foi o Rivellino. Ele me chamou de moleque e tudo mais. Deitou e rolou. Fiquei com aquele negócio atravessado na garganta. Quando a excursão acabou, nós voltamos para o Rio e o campeonato estadual estava por um fio. Nós ficamos em uma situação de chegar e ganhar todos os jogos para ir à final. Se perdêssemos um ou empatássemos, estaríamos fora. Antes de entrar em campo, o presidente Francisco Horta, no vestiário, deu mais um esporro: ‘Cambada de moleque. Vamos ver se vocês conseguem apagar aquela imagem negativa lá da Alemanha’. Ele dava o esporro e sempre olhava para minha cara”.


Será que o Mário Sérgio deixaria isso barato? Ele mesmo narrou o desfecho: “Subimos para o campo, começamos perdendo por 1 a 0, eu peguei a bola e acabei com o jogo. Viramos por 3 a 1”. “O Francisco Horta, acompanhado do Carlos Eugênio Lopes, que era o auxiliar dele, e hoje é diretor jurídico da CBF, veio em minha direção com a mão esticada e disse: ‘Meu craque’. Quando ele chegou perto, agarrei a mão dele, puxei para baixo e enfie ele debaixo do chuveiro com roupa e tudo. O Carlos Eugênio Lopes falava: ‘Ele é o presidente’ e eu respondi: ‘Foda-se! Moleque é o caralho! Moleque é a puta que o pariu!’. Só voltei ao time porque existia um companheirismo que hoje em dia eu não vejo. O elenco exigiu a minha volta, mas não aliviaram nas piadas relacionadas à minha temporada com os juniores”.

No Fluminense, entre 1975 e 1976, Mário Sérgio conquistou duas vezes o Campeonato Carioca.

O jeito arredio do Mário Sérgio pode ter origem na infância. Ele nunca justificou dessa forma, mas disse abertamente, em uma entrevista no começo dos anos de 1980, que apanhava do pai até os 10 anos, quando o progenitor separou-se da mãe dele. “Ele me batia, me pegava forte com cinto. O diálogo do meu pai comigo era o da pancada. Aos 10 anos, ele abandonou minha mãe, que passou a trabalhar o dia inteiro, e fui criado por minha avó no bairro das Laranjeiras. Família pobre”. Mário, pelo menos até aquela entrevista, realizada em 1985, nunca mais vira o pai. Sobre si e o seu gênio intempestivo, definia assim: “Não sou o fino que satisfaz. Sou o pior que todos gostam,principalmente meus companheiros. Pergunte a eles”.

Que saudade do desbocado mais sensacional do futebol brasileiro. Que saudade do Mário Sérgio, um senhor craque de bola.

 

ÍNDIOS, BRANCOS E A BOLA NO MEIO DE TUDO

por Alberto Lazaroni

A visita fez parte das ações pedagógicas do CIEP 449 Gov. Leonel de Moura Brizola Intercultural Brasil-França e juntou dois projetos da referida escola: o Clube de Ciências, coordenado pelo prof. Alberto Lazzaroni (Biologia) e o de Esportes, coordenado pelo prof. Flavio Cândido (Educação Física). O Clube de Ciências possui um projeto chamado RefugiArte no qual ciência, arte, cidadania, cultura e saúde são tratados de forma interdisciplinar tendo o tema Refugiados como eixo norteador (pano de fundo).

Dentro dessa ótica, realizar atividades com grupos indígenas faz parte dos objetivos do projeto pois podemos considerar que eles são refugiados dentro do seu próprio país. Além disso, nossa escola é intercultural desde a sua origem. Faz parte do projeto político pedagógico dela. Assim, ao sermos informados pelo prof. Flavio que na referida aldeia os indígenas possuem equipes de futebol, tanto masculina quanto feminina, pensamos na possibilidade de realizar um jogo de futebol entre eles e nossos alunos. Na oportunidade pudemos contar também com a presença do ator Jefter Paulo que ministrou uma oficina de teatro para os presentes, tanto alunos da escola quanto indígenas.

Foi um dia intenso, de muitas trocas, de muitas experiências vivenciadas. Os relatos foram altamente gratificantes e esse é o grande objetivo: o conhecer aproxima, estimula a empatia, diminui-se os preconceitos.