Lima e os Porteiros
LIMA ABRE AS PORTAS DO SUCESSO
A convite do parceiro Lima, a equipe do Museu foi conferir de perto o evento de encerramento da Liga dos Porteiros com uma pelada entre o Treze, time campeão, e a seleção do campeonato, entrega de troféus e muita resenha, no campo da UFRJ!
– Eu sou ruim de bola, mas tenho muito amor pelo futebol! – confessou Lima.
Apesar de hoje só jogar a pelada dos veteranos, a fera deixou seu nome marcado na história da Liga vestindo a camisa do Casa Alta, onde ganhou inúmeros troféus!
Durante a resenha, Lima revelou seu segredo para reunir jogadores tão bons ao seu lado:
– Alguns que jogavam até profissionalmente! Quando entravam de férias no futebol, eu convocava para trabalhar de vigia e jogar o nosso campeonato!
Na última edição, 12 times participaram e a final foi disputada entre Treze e o 99, da Rocinha! Comandado pelo xerifão Ari, o Treze parou o 99, do goleador Diego, e levantou a taça:
– Tive uma chance só, mas perdi o gol! É difícil jogar contra ele. Preferia que estivesse ao meu lado! – confessou o atacante.
A equipe do Museu só foi embora após a premiação, momento em que Diego recebeu o troféu de artilheiro e Ari o de campeão!
Assista ao vídeo acima e confira a resenha completa
MUITO MAIS QUE UM TÉCNICO
por Marcelo Soares
Após inúmeras tentativas por vários clubes de futebol, eu tinha mais uma oportunidade. Faria testes no Guarani Futebol Clube durante uma semana. O primeiro dia, foi justamente no dia 30 de maio de 2016, dia em que completava 18 anos. Uma semana depois estava na equipe sub-20 do clube.
Meu pai quando soube por quem eu seria treinado, já veio me falar:
– O técnico é o Renato “pé murcho”, conhece?
Eu não conhecia, mas logo tratei de saber mais sobre o técnico que fez meu pai vir me contar todo surpreso.
Desde o primeiro dia aprendi uma lição, “pé murcho” não! Ninguém o chamava assim e ele com razão não gostava nem um pouco do apelido recebido durante os treinos de finalização na época de Seleção.
As lições eram diárias quando se tratava de um ex-jogador que disputou Copa do Mundo em um dos melhores times de todos os tempos, era campeão brasileiro e também estadual por diversos clubes que passou.
Nos treinos sempre citava o que Telê Santana fazia com os jogadores, dava exemplos, mostrava na prática o que falava. Com um passe, uma lição sobre posicionamento, nos fazia ter confiança no que ele passava. Era diferente de todos os outros técnicos que eu já tinha trabalhado.
Me lembro muito bem do dia em que cheguei com uma chuteira toda preta para treinar. Logo de cara reparou. Em meio à tantas coloridas, ele notou justo uma preta. Fosse saudade talvez dos tempos em que jogava.
Em outro treino, durante o coletivo, ao me virar para o lado em que ele estava durante uma jogada, vejo ele conversando com outro cara. Era o Careca! Porra, o Careca assistindo um treino nosso. Sei que ele foi lá para ver o Renato, para conversarem e se reverem, mas era o Careca na beira do campo de braço cruzado vendo o time sub-20 do Guarani treinar. Nunca vou tirar essa cena da cabeça.
Durante os treinos físicos, Renato sempre corria pelo campo, fazia questão de manter a forma para as peladas.
Estávamos disputando o Campeonato Paulista sub-20 e dois jogos me marcaram muito. Guarani x Corinthians na Arena Barueri e São Paulo x Guarani em Cotia. Três clubes que tinham uma importância para ele e para mim. No primeiro deles, contra o Corinthians, era o meu time do coração contra o time que eu defendia. Era o time que ele amava e tinha feito história, contra o time em que ele declarou antes do jogo no vestiário:
– Não tinha nada mais gostoso do que ganhar do Corinthians!
Via ali ele lembrando mais uma vez dos tempos em que jogava.
No segundo jogo contra o SPFC, era o time em que ele tinha feito história sendo campeão e o time que eu cresci vendo bater o meu clube de coração nos clássicos. Jogo duro, ótima partida e mais um dia que marcou.
Após os treinos, poder dividir a mesa para almoçar com Renato, escutar suas histórias e opiniões me dava certeza de que tinha sido um atleta muito profissional. Sua conduta honesta e simples era incrível. As cobranças, os elogios, as convocações para os jogos, tudo ficará guardado.
A primeira entrevista para o Museu da Pelada foi com ele, após rodar por outros clubes depois do Guarani, deixei o futebol, mas apenas como profissão e busquei entrar no Jornalismo. O Museu e o Renato foram os que me abriram as portas para a realização do primeiro trabalho. Agradeço ao Renato e ao Guarani por esses momentos como atleta e ao Museu por mais essa oportunidade de poder vivenciar algo incrível.
Renato foi campeão brasileiro pelo Guarani em 1978, jogando todos os jogos. Disputou a Copa do Mundo de 1982. Foi técnico das categorias de base do clube e da equipe profissional
“E SE”? “SE” NÃO GANHA JOGO
:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::
O que grande parte da imprensa sonhava aconteceu: Fernando Diniz foi demitido. Agora para a comemoração ser completa só falta o Palmeiras, de Felipão, ultrapassar o Santos, de Sampaoli, e vamos continuar nessa robotização do futebol.
Digo e repito, não torço para quem tem medo de vencer. Sigo com Sampaoli, Roger, Rogério Ceni, Tiago Nunes, Cuca e Luxemburgo. Mas acho que perder gols como o Fluminense perdeu e pênaltis como ocorreu com o Vasco em parte é culpa do treinador, sim, afinal aprimorar fundamentos é responsabilidade deles. Tudo bem que hoje ninguém mais fica depois da hora, por conta própria, treinando batidas de faltas e pênaltis. Isso é coisa dos velhinhos do passado, Kkkk!
O próprio comentarista da tevê disse que no futebol atual não há mais espaço para o romantismo de Fernando Diniz. E se o VAR tivesse apontado os dois pênaltis a favor do Flu? E se o jogador do Santos não tivesse sido expulso no início do jogo? E se? E se?
Adoro uma canção de Francis Hime chamada “E se?”, que diz “e se o oceano incendiar, e se cair neve no verão, e se o urubu cocorocar e se o Botafogo for campeão…”. Se não ganha jogo, PC!!! Mas é bom os treinadores ficarem ligados porque dois estrangeiros lideram o campeonato.
E seria bom o Jesus, do Flamengo, baixar a crista de alguns jogadores do Flamengo, que ficam com caras e bocas para os adversários, como se fossem Messis. É bom lembrar que Gerson e Gabigol, por exemplo, não arrumaram nada na Europa. Tirar onda com esse futebolzinho daqui é fácil!
O jornalismo esportivo está bem parelho com o futebol atual. Hoje um time jogar bonito é visto como romantismo. Quer dizer que nosso futebol permanecerá nesse nível? Que devo achar legal a convocação do Fágner? Por falar em convocação, Tite premiou a indisciplina ao chamar Neymar. Não sei que privilégio ele tem, mesmo sem nunca ter conquistado algo relevante com a amarelinha!
Será que só eu não vinha acompanhando as espetaculares apresentações do goleiro Ivan, da Ponte Preta? Interior de São Paulo quem deve conhecer muito bem é Juninho Paulista, recém chegado à CBF.
Já disse aqui algumas vezes que muitas ligas europeias, acho que a inglesa é uma delas, só contrata jogadores após passagem pela seleção. Será que não é esse o caso desse goleiro e de todos os convocados anteriormente? Será que isso não é uma troca de favores entre a CBF e os tantos empresários que hoje mandam e desmandam na confederação? Por que a imprensa não mergulha nesse tema? Qual o empresário com mais jogadores na seleção? Qual a relação deles com os dirigentes? Será que vamos continuar aceitando esse balcão de negócios de bico calado?
Alguém acredita que a CBF queira apenas promover uma experiência com esses jogadores mais jovens? Se é isso por que não fazem um trabalho sério com as seleções de base? Posso ser romântico mas não sou imbecil!
Esquece, deixa eu ouvir “E se” porque é bem mais saudável viver em meu mundo imaginário.
EXEMPLO DE LIDERANÇA
por Luis Filipe Chateaubriand
Em Setembro de 2013, o Eduardo Conde Tega, CEO da Universidade do Futebol e meu amigo, me liga e me passa a boa nova:
– Chateau, está surgindo um movimento no futebol brasileiro, liderado pelos jogadores, que vai marcar história! Eles querem tua ajuda para elaborar uma proposta de modelo para o calendário do futebol brasileiro. Você topa?
Eu topei, imediatamente.
A partir daí, comecei a interagir com Paulo André Benini, o bom zagueiro Paulo André, do Corinthians, que era o líder do grupo de jogadores.
Foram telefonemas e e-mails em série, ao longo de quase três meses seguintes. Paulo André e eu, primordialmente, e outros colaboradores, complementarmente, nos dedicamos a uma tarefa sagrada: escrever a proposta do movimento, depois nomeado Bom Senso Futebol Clube, para o calendário de nosso futebol.
Ao conviver com Paulo André, conheci uma pessoa completamente diferente do estereótipo que se faz do jogador de futebol: inteligente, culto, determinado, sabia exatamente o que queria acerca de nosso futebol e de nossa proposta, fazendo valer o que pensava.
No entanto, isto estava bem longe de significar autoritarismo, pois era bastante flexível no pensar e aberto a opiniões.
Habilidade rara, a de aceitar contribuições, sem “abrir mão” do que está convicto ser o melhor.
E, ao longo da convivência, fui descobrindo outras facetas dele: generosidade ímpar em relação aos colegas de trabalho, determinação para construir consensos, capacidade de refletir além da acomodação, vontade de alterar paradigmas ultrapassados, predisposição de dialogar com todos os segmentos.
Paulo André Benini acaba de “pendurar as chuteiras”, tornando-se diretor de futebol do Athletico Paranaense. Tenho certeza de que será um ótimo dirigente, distinto das muitas nulidades que se tem por aí.
Boa sorte, bom amigo!
Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”.
UM SÁBADO EM QUE A VÁRZEA BEIJOU MEU ROSTO…
por Marcelo Mendez
São tempos obtusos para quem quer um pouco de emoção verdadeira…
Foto: Reprodução
Acordei pensando nisso em um sábado que não era de muito sol. O céu meio acinzentado, o vento indeciso que ora era frio, ora era Caetano, os risos escondidos atrás de algumas horas que insistiam em passar, me fez inquieto. Era sábado…
Sábados são por si só singulares em sua existência.
São dias alegres, risonhos, espevitados como diriam os antigos, dia de acordar um tanto mais tarde, de curtir a aurora do final de semana, de se ter a esperança de divertimentos nababescos. Expectativas que não combinavam com o que a minha janela me mostrava e então, liguei a televisão para ver um desses campeonatos europeus, essas ligas suntuosas.
E pela minha TV vi então um estádio lotado de absolutamente nada.
Eram selfies, “stewarts” a vigiar os torcedores, locutores oficiais das arenas para tutelar as paixões e para não deixar que nada fugisse à regra barata e manjada do que se calhou chamar por aí de, “espetáculo”. Um teatro de frio, de almas robotizadas em prol de um jogo que agrada apenas a uma meia dúzia de estetas, que do futebol querem muito mais as moedas do que os gols. Resolvi sair.
E como sempre faço nessas horas, tomei rumo para o único lugar de onde consigo tirar o encanto necessário para me redimir de todas essas tralhas elitistas, de todo esse engodo objetivista; O campo de várzea.
Como que por magia minhas pernas me guiaram para lá. Um sábado turvo como falei, de pouco sol e um vento indeciso, porém intenso o bastante para varrer com o terrão do Campo do São Paulinho, aqui no meu Parque Novo Oratório. Desci pela rua de terra que dá acesso ao estádio e caminhei por entre árvores que são cada vez mais raras no meu bairro.
Ultimamente o povo tem preferido uma garagem, ante a sombra e o ar fresco. Dizem que é a modernidade…
Sentado no concreto duro da arquibancada vi um jogo de dois times, cujo nome não sei. Um vestia roupa amarela e preta e o outro, vermelho. A bola do jogo não era da patrocinadora do campeonato chique que passava na TV, era uma coisa amarelada de terra, de bicudas e de vida. As chuteiras não eram novas, as meias das equipes arriavam até os tornozelos de gastas, nas canelas não havia a proteção das caneleiras, em campo não havia craques e o jogo era deplorável de ruim.
Pois bem:
Está o caro leitor aí do outro lado a pensar; “Mas oras o que diabo tem de bom nesse cenário descrito? Por que haveria eu de largar o conforto de meu sofá para ver isso?” Oras…
É justamente por isso tudo, por esse desconforto anunciado todo, que vos afirmo que a várzea salva!
Em tempos onde a regra é a prevenção a qualquer coisa que seja intensa, onde se tem os pés atrás com qualquer coisa que aproxime o cidadão do encanto e do sonho, em um mundo que cada vez mais, programa robôs tristes para apenas dizer sim, a várzea é a contra mola que resiste.
O seu espetinho de carne banhando na farinha, sua cerveja de litrão, seu salgadinho recheado de alguma carne, seus drinks psicodélicos vendidos a preços justos e negociáveis são a redenção.
Sua bola quase de capotão, suas camisas coloridas cheias de estampa, seus árbitros improváveis, seus artilheiros de panças homéricas e zagueiros botinudos são a nossa vingança contra esses elitistas que não conseguem entender que um beijo no rosto vale mais que cem mil réis, Amém Wally Salomão e seu verso aqui citado de novo Poeta!
Em tempos de Poesias escassas, a várzea é quem me beija o rosto…