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COMO RENATO SÁ ENTROU PARA A HISTÓRIA DO FUTEBOL BRASILEIRO

por Luis Filipe Chateaubriand


O meio campista e ponta esquerda Renato Sá nasceu em Santa Catarina. Ao longo dos anos 1970 e 1980, o bom jogador atuou por clubes de seu estado e também por grandes clubes brasileiros, como Grêmio, Botafogo e Vasco da Gama.

Quis o destino que ficasse conhecido como o maior destruidor de invencibilidades do futebol brasileiro.

Entre os anos de 1977 e 1978, o Botafogo montou um time de jogadores extremamente talentosos mas muito indisciplinados, o chamado “time do camburão”. 

Os caras ficaram nada menos do que 52 jogos sem perder para ninguém – a maior invencibilidade da história do futebol brasileiro!

Vieram, enfim, a ser derrotados, no Campeonato Brasileiro de 1978, pelo Grêmio, em categóricos 3 x 0 no Maracanã. 

O gremista Renato Sá marcou dois dos três gols e deu passe para o terceiro, sendo o exterminador da invencibilidade.

Mais ou menos na mesma época, o Flamengo começou uma série invicta de jogos, que duraria até 1979. 

Se sucederam, igualmente, 52 jogos sem perder, igualando a série botafoguense.

Para tentar o jogo número 53 de invencibilidade, o Flamengo foi jogar com… o Botafogo, pelo Campeonato Carioca de 1979.

E quem, agora, jogava pelo Botafogo?

Ele: Renato Sá!

Apesar de imenso “bombardeio” flamenguista, o goleiro botafoguense Borrachinha “fechou o gol”. 

E o Botafogo fez o gol dele, venceu o jogo por 1 x 0 e quebrou a série invicta de 52 jogos do Flamengo, a maior da história do futebol brasileiro junto com a sua, mas não maior do que a sua, um feito épico.

A pergunta que não quer calar… 

Gol de quem? De quem? De quem?

Dele! Renato Sá!

Jogando pelo Grêmio, Renato Sá quebrou a invencibilidade do Botafogo, a maior do Brasil em todos os tempos!

Jogando pelo Botafogo, Renato Sá quebrou a invencibilidade do Flamengo, a maior do Brasil, junto com a do Botafogo que ele também quebrou, em todos os tempos!

Renato Sá, aposentado do futebol, torce… pelo Flamengo! E é um predestinado!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.

‘SOU O PIOR QUE TODOS GOSTAM,PRINCIPALMENTE MEUS COMPANHEIROS’. QUE SAUDADE DO MÁRIO SÉRGIO..

por André Felipe de Lima


O carioca Mário Sérgio Pontes de Paiva começou sua carreira no futebol em 1966, nos infantis do Flamengo. Em 1971, quando cursava o antigo curso científico, seguiu para Salvador, onde defenderia o Vitória. Permaneceu no clube até 1974. Foi Campeão Baiano de 1972 e conquistou duas vezes a Bola de Prata da revista Placar, sempre defendendo o Vitória, em 1973 e 1974. Formou o ataque mais famoso da história do clube: com Osni e André Catimba. É até hoje lembrado como o melhor ponta-esquerda da história do clube baiano.

No Internacional, foi o grande ponta canhoto do time tricampeão brasileiro, em 1979, comandado por Falcão, com os cobras coadjuvantes Batista(volante), Benitez (goleiro), Mauro Galvão (zagueiro), Jair (meia) e Valdomiro (ponta). Timaço campeão invicto do Brasil.

No São Paulo, Mário Sérgio foi o astro principal de um time de estrelas. Do gol ao ponta-esquerda, só havia cobra criada. Olhe só que escalação conquistou o bicampeonato paulista em 1981: Waldir Peres; Getulio, Oscar, Dario Pereira e Marinho Chagas; Almir, Renato e Everton; Paulo Cesar, Serginho e Mário Sérgio.

Dois anos depois, o Grêmio montou um time só de feras. Mário Sérgio estava nele, ao lado de Renato Gaúcho, Paulo Cézar Caju, Mazzaropi, Tarciso, Osvaldo, Baidek, Paulo Roberto, China e Hugo De León. A missão da “legião estrangeira” era fazer do Grêmio campeão mundial de clubes. O “Vesgo” e seus companheiros engoliram o alemão Hamburgo na final e trouxeram a taça para o Brasil. Era o “Vesgo” porque fazia o que quisesse com a bola nos pés sem precisar olhar para ela. Ou melhor: mirava um lado e dava o passe para o outro. Só vi três jogadores fazerem o mesmo e com a mesma precisão: Sócrates, Giovani (do Vasco) e Ronaldinho Gaúcho.


Mário Sérgio foi um jogador espetacular e imprevisível. Seu pavio era igual ao seu drible, ou seja, curtíssimo. Quando jogava no São Paulo, em 1981, o time perdeu de 1 a 0 para o São José, no campo do adversário. Na saída do estádio, a torcida local cercou o ônibus dos são-paulinos. Seria tragédia anunciada não fosse o Mário Sérgio, que sacou o seu revólver e disparou, pela janela do veículo, vários tiros para o alto. A moçada meteu o pé e deixou os tricolores irem embora. O craque reconheceu o erro publicamente e alegou que as balas eram de festim. Ninguém apareceu para dizer o contrário. No jogo de volta contra o São José, no Morumbi, o placar eletrônico anunciava “11, Mário Sérgio, o Reio do Gatilho”. A torcida enlouqueceu no estádio com apiada pronta. Nunca mais o jogador conseguiria se desvencilhar do apelido. O locutor Silvio Luiz, com quem Mário trabalharia na TV, comentando jogos, chamava-o carinhosamente de “Cisco Kid”. Mário Sérgio sempre levou as brincadeiras numa boa. Até certo ponto.

Bem antes do episódio no Tricolor Paulista, houve um no Fluminense, que mostrou a dimensão exata da personalidade forte do jogador. O ano era 1975. O Tricolor das Laranjeiras tinha uma verdadeira máquina, com jogadores espetaculares, destacando-se, claro, Rivellino. Mário acabara de ser contratado. A história a seguir só viria a público em 2015, contada pelo próprio Mário Sérgio, em entrevista ao canal Fox-Sports: “Fomos excursionar pela Europa. Na Alemanha, os jogadores resolveram fazer uma festa no hotel depois da partida, com mulheres, bebida e tudo mais. No outro dia, o presidente Francisco Horta deu um esporro em todo mundo, mas direcionou a maior parte das críticas em mim. Mas quem fez a merda toda no hotel, foi o Rivellino. Ele me chamou de moleque e tudo mais. Deitou e rolou. Fiquei com aquele negócio atravessado na garganta. Quando a excursão acabou, nós voltamos para o Rio e o campeonato estadual estava por um fio. Nós ficamos em uma situação de chegar e ganhar todos os jogos para ir à final. Se perdêssemos um ou empatássemos, estaríamos fora. Antes de entrar em campo, o presidente Francisco Horta, no vestiário, deu mais um esporro: ‘Cambada de moleque. Vamos ver se vocês conseguem apagar aquela imagem negativa lá da Alemanha’. Ele dava o esporro e sempre olhava para minha cara”.


Será que o Mário Sérgio deixaria isso barato? Ele mesmo narrou o desfecho: “Subimos para o campo, começamos perdendo por 1 a 0, eu peguei a bola e acabei com o jogo. Viramos por 3 a 1”. “O Francisco Horta, acompanhado do Carlos Eugênio Lopes, que era o auxiliar dele, e hoje é diretor jurídico da CBF, veio em minha direção com a mão esticada e disse: ‘Meu craque’. Quando ele chegou perto, agarrei a mão dele, puxei para baixo e enfie ele debaixo do chuveiro com roupa e tudo. O Carlos Eugênio Lopes falava: ‘Ele é o presidente’ e eu respondi: ‘Foda-se! Moleque é o caralho! Moleque é a puta que o pariu!’. Só voltei ao time porque existia um companheirismo que hoje em dia eu não vejo. O elenco exigiu a minha volta, mas não aliviaram nas piadas relacionadas à minha temporada com os juniores”.

No Fluminense, entre 1975 e 1976, Mário Sérgio conquistou duas vezes o Campeonato Carioca.

O jeito arredio do Mário Sérgio pode ter origem na infância. Ele nunca justificou dessa forma, mas disse abertamente, em uma entrevista no começo dos anos de 1980, que apanhava do pai até os 10 anos, quando o progenitor separou-se da mãe dele. “Ele me batia, me pegava forte com cinto. O diálogo do meu pai comigo era o da pancada. Aos 10 anos, ele abandonou minha mãe, que passou a trabalhar o dia inteiro, e fui criado por minha avó no bairro das Laranjeiras. Família pobre”. Mário, pelo menos até aquela entrevista, realizada em 1985, nunca mais vira o pai. Sobre si e o seu gênio intempestivo, definia assim: “Não sou o fino que satisfaz. Sou o pior que todos gostam,principalmente meus companheiros. Pergunte a eles”.

Que saudade do desbocado mais sensacional do futebol brasileiro. Que saudade do Mário Sérgio, um senhor craque de bola.

 

ÍNDIOS, BRANCOS E A BOLA NO MEIO DE TUDO

por Alberto Lazaroni

A visita fez parte das ações pedagógicas do CIEP 449 Gov. Leonel de Moura Brizola Intercultural Brasil-França e juntou dois projetos da referida escola: o Clube de Ciências, coordenado pelo prof. Alberto Lazzaroni (Biologia) e o de Esportes, coordenado pelo prof. Flavio Cândido (Educação Física). O Clube de Ciências possui um projeto chamado RefugiArte no qual ciência, arte, cidadania, cultura e saúde são tratados de forma interdisciplinar tendo o tema Refugiados como eixo norteador (pano de fundo).

Dentro dessa ótica, realizar atividades com grupos indígenas faz parte dos objetivos do projeto pois podemos considerar que eles são refugiados dentro do seu próprio país. Além disso, nossa escola é intercultural desde a sua origem. Faz parte do projeto político pedagógico dela. Assim, ao sermos informados pelo prof. Flavio que na referida aldeia os indígenas possuem equipes de futebol, tanto masculina quanto feminina, pensamos na possibilidade de realizar um jogo de futebol entre eles e nossos alunos. Na oportunidade pudemos contar também com a presença do ator Jefter Paulo que ministrou uma oficina de teatro para os presentes, tanto alunos da escola quanto indígenas.

Foi um dia intenso, de muitas trocas, de muitas experiências vivenciadas. Os relatos foram altamente gratificantes e esse é o grande objetivo: o conhecer aproxima, estimula a empatia, diminui-se os preconceitos.

Lico

A PEÇA QUE FALTAVA NO ROLO COMPRESSOR

A atual fase do Flamengo, no topo da tabela do Brasileirão e semifinalista da Libertadores depois de 35 anos, faz os torcedores mais empolgados lembrarem do timaço que conquistou o mundo em 81. Comparações à parte, a equipe do Museu atendeu os pedidos dos parceiros Diogo Maia, Wagner Dantas e Pablo Lima, e foi atrás de Lico, peça fundamental daquela geração de ouro, para um papo divertido em Búzios!

Nascido em Imbituba, município no litoral sul de Santa Catarina, o craque começou sua carreira no América de Joinville em 1970. Depois de fazer sucesso em equipes do Sul, como Grêmio, Figueirense, Avaí e Joinville, despertou o interesse do Rubro-Negro carioca e desembarcou no Rio em 1980, aos 28 anos.

– Quando o jogo estava apertado, complicado, era só dar bola no Lico que ele resolvia! – revelou o zagueiro Mozer em uma resenha recente com a nossa equipe.


Vale ressaltar, no entanto, que o Flamengo já contava com grandes astros e Lico teve que esperar pacientemente pela titularidade. Um dia, ao notar o jogador cabisbaixo, o técnico Paulo César Carpegiani o chamou no canto e pediu para que ele não desistisse porque a oportunidade ia aparecer.

A hora realmente chegou e o craque não deu mole. Em um duelo contra o Campo Grande, entrou quando o Flamengo perdia por 1 a 0 e, com um gol e uma assistência, foi o grande responsável pela virada. A segunda grande oportunidade surgiu contra o Botafogo e entrou para a história: o inesquecível 6×0 no Maracanã.

– Fiz o terceiro gol daquela partida! – orgulha-se a fera.

A partir dali, Lico deslanchou no Rubro-Negro e caiu nas graças da torcida. É bem verdade que o craque chegou com uma idade avançada ao clube, já que naquela época os jogadores se aposentavam mais cedo, e as lesões abreviaram sua trajetória, mas o período em que vestiu a camisa do clube foi o suficiente para se tornar ídolo da Nação.

Para abrilhantar a resenha, a equipe convidou Jorginho Bessa e Nilo Santos, que não escondiam a felicidade por estar diante de um ídolo. O primeiro, inclusive, lembrou da importância de Lico para a equipe:

– Era ele que resolvia a jogada toda! A habilidade dele era coisa de outro planeta! O dia que o Lico jogava mal, o Flamengo não jogava bem!

Apesar de ter vivido a época áurea do futebol brasileiro, com uma grande variedade de craques pelos clubes, Lico conseguiu eleger aquele que mais admirava:

– O Gerson! O domínio, a organização que ele fazia no campo, o jeito de bater na bola…

Durante a resenha, o craque ainda fez questão de comparar os bons tempos com o futebol moderno:

– O futebol era diferente! Antigamente, a gente jogava para fazer gols…

Que saudades do Lico! Assista ao vídeo e confira a resenha completa com o craque!
 

 

PRAZER, MARCIO! PARA OS APAIXONADOS POR FUTEBOL, EMERSON SHEIK

por Marcelo Sores


Mudanças, talvez Emerson Sheik seja acostumado a elas desde o começo da sua carreira. Ele talvez precisasse que elas acontecessem para só assim mudar a vida dos apaixonados pelo futebol.

No início de sua carreira, no São Paulo, teve sua saída do time apressada por dirigentes com medo de que o clube fosse punido ao descobrirem a primeira mudança que marcava a vida de Marcio. Seu nome e ano de nascimento foram mudados para que tivesse maior destaque com os garotos da sua categoria no futebol.

Logo se mudou para o futebol japonês e teve muito sucesso pelos clubes por onde passou. Mais uma mudança chegava na sua vida, futebol árabe. O sucesso por lá foi tão grande, que foi parar na Europa. Na França, foi uma das apostas do clube para a disputa do campeonato. Não teve o desempenho esperado e em mais uma mudança importante, retornou ao Brasil para defender o Flamengo. Começava ali sua história vitoriosa no futebol brasileiro e a levar alegria para milhões de torcedores.

Foi campeão brasileiro colocando seu nome na história do clube e voltou para o futebol árabe. Nesse momento de sua carreira, talvez a idade nem o seu nome verdadeiro importassem tanto. Estava entre os grandes, seria lembrado eternamente pela massa rubro-negra.

Na sua segunda volta ao Brasil, foi para o rival do clube e novamente foi campeão brasileiro. Dessa vez, ele marcava seu nome na história do Fluminense. Com gol decisivo e trazendo de volta um título que o clube não ganhava há mais de duas décadas. E após uma polêmica acabou saindo do clube de uma maneira que não esperava.

No Corinthians, chegava para mudar de vez a história do clube. Ele que passou por várias mudanças ao longo de sua carreira dessa vez seria ele quem mudaria as coisas para a equipe alvinegra. Ganhava seu terceiro campeonato brasileiro e de forma consecutiva. Iniciava uma trajetória gloriosa pelo clube.

Em 2012, com um desempenho de destaque na Libertadores, colocava o Corinthians em outro patamar. As reações mais distintas foram provocadas por ele naquele 4 de julho de 2012. Após marcar dois gols na decisão contra o Boca Juniors, deu aos corinthianos o aval para soltarem o grito que estava guardado há muitos anos.

De tanto a torcida gritar vai Corinthians, Sheik foi junto com ele conquistar o mundo naquele mesmo ano. Ali, se consolidava como um dos maiores jogadores da história do Corinthians.

No final da sua carreira, a idade de Marcio não importava em nada. Correndo mais que os novatos, fez com que todos no futebol brasileiro jamais esquecessem seu nome, esse sim, o seu nome verdadeiro para os apaixonados por futebol, Emerson Sheik.