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“COM AS REDES SOCIAIS, ACABOU O FUTEBOL”

por Idel Halfen

A frase que dá título ao artigo tem como autor o ex-treinador do Fluminense, Renato Gaúcho, e foi proferida em seu  pedido de demissão na semana passada.

Apesar do erro ao decretar a morte do futebol, pois ele vive e até com mais pujança em termos de fortalecimento da indústria, é fato que as redes sociais estão assumindo um protagonismo que beira às raias do absurdo. E não só no futebol.

A tão propalada liberdade de expressão tem formado sumidades no direito, na economia, no futebol, no marketing, na nutrição, aliás, até na medicina com suas cloroquinas e remédios infalíveis.

O desejo de estar incluído em conversas/debates e a preguiça de pesquisar explicam bem esse fenômeno de crescimento. Poderíamos também incluir entre as causas, a ignorância proporcionada pela paixão, que faz com que muitas pessoas queiram ter acesso apenas às publicações que expressem o que concordam. 

Reitero que o sentimento do ex-treinador é bastante legítimo,  afinal, ler pessoas, que não acompanham os bastidores de um time, criticando seu trabalho é, de fato, ruim.

Entretanto, esses “apedrejamentos” não se restringem aos técnicos no caso do futebol. Executivos de marketing, por exemplo, também são bombardeados nas redes quando o time vai bem. Isso mesmo, no futebol a reclamação vai sempre existir, se o desempenho esportivo está bom, pancada no marketing, se está mau, sobra para o técnico, jogador, presidente…até preparador físico.

Saindo da esfera esportiva, vale citar que, mesmo sem a leitura de autos e a devida formação acadêmica, as redes sociais estão repletas de “juízes” opinando sobre os julgamentos mais populares. 

Parece que o que importa é opinar, até porque, mesmo os maiores absurdos, arrebanham defensores. 
Esperar que as redes sociais caiam em desuso como aconteceu com o telex e o fax, exigiria muita paciência e fé numa improvável mudança no comportamento da população.

Regulá-las? O direito à opinião é sagrado, já as mensagens ofensivas são inaceitáveis. A discussão passa, então, pelo prazo para eliminá-las: antes de reverberarem, o que caracterizaria regulação, ou depois de tramitações nas esferas judiciais, quando pode ser tarde demais.

Certamente os que agridem defenderão a opção pelas vias judiciais, até porque acreditam que nada de grave acontecerá. Os agredidos preferirão a “regulação”. O problema é o dinamismo da sociedade, visto que os que agridem hoje, serão agredidos amanhã e vice-versa.

Assim, para evitar maiores celeumas, penso ser mais fácil ignorar as redes sociais. 

Os que defendem o acompanhamento das redes como forma de se medir a “temperatura” da opinião pública trazem um bom argumento, falta, contudo, nessa equação avaliar se os que se posicionam nas redes possuem credenciais que realmente agreguem valor e o quão volátil é a convicção dos que vão consultá-los. 

Evidente que se fechar na própria convicção sem ouvir contrapontos é errado, porém, estes precisam partir de quem possua capacitação tanto técnica como moral para emiti-los.

Acho que todos concordam com os possíveis malefícios das redes, principalmente os advindos de mentiras e críticas com pouco ou nenhum embasamento, todavia, pedidos de demissão em função  delas, deixa o demissionário sem espaço para exercer qualquer função pública.

Aguardemos os próximos passos do treinador.

A FALTA QUE UM CAMPEONATO FAZ

por Zé Roberto Padilha

Essa geração trirriense (foto), do meu irmão Mauro, ainda teve esse privilégio de disputar um campeonato de futebol infantil no Entrerriense FC. Talvez tenha sido uma das últimas a ter o esporte, e suas competições, como escudo e proteção para o resto da vida.

Se o esporte educacional lhe ajuda a entender as regras do jogo, e o alto rendimento filtra os maiores talentos, é na competição que todos ganham. Em busca de uma melhor desempenho na próxima partida, mesmo que seja para se apresentar melhor diante da namorada, o garoto se cuida mais.

Se alimenta melhor, treina, não bebe, nem fuma e quando vê, para qualquer lado que conduza seu ofício, vai levar hábitos saudáveis de vida em direção a um dedicado profissional e um ótimo pai de família.

Mauro, como eu e o Flavinho (Brasa), trabalha muito e não esquece as corridas e a musculação. Somos viciados na prática esportiva cotidiana e na cerveja gelada, uma dádiva servida às sextas aos filhos de Deus.

Reparem, na foto, o quanto esses meninos se tornaram pessoas importantes e responsáveis em nossa sociedade. Só o treinador foi condenado por escalar o Betão, filho do prefeito, como capitão do time. Nem isso evitou que nosso amado Alberto dos Santos Lavinas se tornasse o empresário maior de todos os shows que povoaram nossos sonhos.

Sendo assim, que os clubes reabram suas portas, que a Liga Esportiva seja reativada, para que outros campeonatos aconteçam.

Meus netos estão aguardando a vez de dar sequência à saga de uma família que, se fez no futebol suas histórias de vida, na vida fez do esporte lições definitivas de ter uma vida melhor.

O ÍDOLO EDINHO

por Elso Venâncio

Edino Nazareth Filho — ou simplesmente Edinho — é um dos maiores ídolos da história do Fluminense. Com 19 anos, já era titular, substituindo o zagueiro paraense Assis, que marcou época sendo campeão da Taça de Prata em 1970, além da Taça Guanabara em 1969, 1971 e 1975, e do Campeonato Carioca em 1969, 1971, 1973 e 1975. 

Edinho surgiu na Máquina Tricolor formada pelo presidente do “Vencer ou vencer”, Francisco Horta. Foi Horta o responsável por montar um time histórico, com Félix; Toninho, Silveira, Assis (Edinho) e Marco Antônio; Zé Mário, Paulo Cézar Caju e Rivellino; Gil, Manfrini e Zé Roberto, resultando no título carioca de 75. No Campeonato Brasileiro, logo após golear a Academia do Palmeiras de Ademir da Guia por 4 a 0, o Fluminense tropeçou no Internacional, no Maracanã, pela semifinal. Vitória por 2 a 0 dos gaúchos, que se tornariam os campeões nacionais derrotando o Cruzeiro na final, por 1 a 0, gol de cabeça marcado por Elias Figueroa.

Como Francisco Horta sonhava com a conquista da Libertadores e também com o título mundial, resolveu tornar a Máquina ainda mais forte em 1976. Entre vendas, compras e trocas, o time passou a contar com Renato; Carlos Alberto Torres, Miguel, Edinho e Rodrigues Neto; Pintinho, Paulo Cézar Caju e Rivellino; Gil, Doval e Dirceu. Essa formação-base rendeu ao Fluminense o bicampeonato estadual, além de vencer torneios mundo afora e novamente chegar à semifinal do Brasileiro. Dessa vez, o adversário foi o Corinthians, no famoso jogo da invasão da Fiel ao Maracanã. Dos 146.043 ingressos que se esgotaram rapidamente, pelo menos metade foi comprada pelos paulistas. Além disso, um verdadeiro dilúvio encharcou o campo, prejudicando a habilidade e a técnica dos tricolores. A partida terminou 1 a 1, com o Corinthians avançando ao fazer 4 a 1 nos pênaltis, apesar de Rivellino, o astro tricampeão do mundo, ter se omitido na disputa por penalidades.

Decepcionado, Francisco Horta voltou a fazer os chamados “troca-trocas”. Para ter Marinho Bruxa, cedeu Rodrigues Neto, Gil e Paulo Cézar Caju ao Botafogo. Assim ocorreu o desmonte do esquadrão tricolor, que deixou saudade.

Em 1978, Edinho foi à Copa do Mundo, na Argentina, improvisado na lateral-esquerda pelo técnico Cláudio Coutinho. Disputou ainda os Mundiais de 1982, na Espanha, e 1986, no México, sendo escolhido capitão por Telê Santana na sua última Copa. No Fluminense, em 1980, liderou uma equipe que contava com nove jogadores formados em Xerém. E o Flu foi novamente campeão carioca, com o próprio Edinho marcando o gol do título na finalíssima, com mais de 110 mil torcedores presentes. Numa cobrança de falta, ele viu a bola quicar na pequena área e enganar o goleiro argentino Andrada, do Vasco, garantindo a vitória tricolor por 1 a 0.

Com 1,80m e força física que impressionava, Edinho unia habilidade e garra em campo. Teve dois mestres: Pinheiro, o lendário zagueiro, que apostou nele, e o Mestre Didi, que treinou a primeira Máquina Tricolor. 

Em 1982, Edinho foi negociado com a Udinese, clube pelo qual marcou muitos gols. Inclusive, era o cobrador de faltas e pênaltis do clube italiano, até Zico ser contratado. No seu retorno ao Brasil, jogou no Flamengo, onde conquistou a Copa União de 1987, antes de voltar ao Fluminense. Encerrou a carreira de jogador obtendo destaque no Grêmio. Como técnico, dirigiu várias equipes, inclusive o Fluminense e o Flamengo, ambos em dois períodos. Foi comentarista do SporTV, e hoje, com 70 anos, mora em Tombos/MG, sendo coordenador técnico do Tombense.

SOBERANIA NA LIBERTADORES

por Elso Venâncio

Pela primeira vez na história, o Brasil está soberano na Copa Libertadores da América, disputada desde 1960. Conquistamos os últimos seis títulos: com o Flamengo, em 2019 e 2022; o Palmeiras, em 2020 e 2021; o Fluminense, em 2023, e o Botafogo, em 2024. Desde a criação da final única pela CONMEBOL, só os brasileiros levantaram o troféu — algumas vezes, decidindo o torneio entre si. O último campeão argentino foi o River Plate, em 2018. São reflexos de um desequilíbrio técnico causado pelo poder financeiro. Até os atletas argentinos preferem atuar no futebol brasileiro, onde as propostas salariais são melhores.

Na atual edição da Libertadores, temos dois confrontos entre clubes do Brasil e da Argentina, com os brasileiros tendo construído vantagem de 2 a 1 no jogo de ida. Agora, o Flamengo vai a La Plata enfrentar o Estudiantes, enquanto o Palmeiras, que vive o seu melhor momento no ano, recebe o River Plate no Allianz Parque.

Desde os áureos tempos da extinta Copa Roca, os hermanos não admitem perder para brasileiros, sobretudo em jogos decisivos. Quando derrotados, costumam partir para a briga. Há ainda armações históricas, como a “água batizada” que o lateral Branco bebeu na Copa de 1990, em Turim, na Itália. No ano seguinte, Flamengo e Estudiantes empataram em 1 a 1 no Maracanã, pela Supercopa dos Campeões da Libertadores. Houve promessa de vingança a e hostilidades no jogo de volta, em La Plata.

Com a missão de acalmar os ânimos, Narciso Doval foi o chefe da delegação rubro-negro na viagem à Argentina. Édson Mauro “Marque o Tempo”,  locutor bom de bola da Rádio Globo-RJ, passou o maior sufoco, e eu estava ao seu lado. O operador contratado era argentino e recebeu orientação para nos colocar na arquibancada, no meio dos “hinchas”. Alegou que não havia cabine disponível. Édson, com sua experiência e técnica vocal, narrou baixo e de forma veloz, mas estávamos atentos a qualquer reação contrária. Dentro de campo, Zinho e Gaúcho fizeram os gols da vitória do Flamengo por 2 a 0. Imaginem! Gritar gol no meio da galera argentina! No fim, sobrou para a equipe de arbitragem, que foi agredida.

Na chegada ao Galeão, dia 12 de outubro de 1991, época sem internet, a delegação e os jornalistas receberam a notícia de que o ídolo Doval tinha sofrido um enfarte em Buenos Aires, durante a madrugada. Assim morreu o mais carioca dos argentinos, que naturalizou-se brasileiro em 1976.

Em 1995, uma partida entre Flamengo e Vélez Sarsfield terminou em pancadaria, em Uberlândia. Era mais um confronto decisivo pela Supercopa dos Campeões, e o Fla havia vencido o jogo de ida por 3 a 2, de virada, fora de casa, na estreia do Apolinho Washington Rodrigues como técnico. Na volta, o time rubro-negro venceu por 3 a 0, e Edmundo foi agredido por Zandona pelas costas. A forra veio com Romário, que apareceu de surpresa e acertou uma voadora no lateral do Vélez.

Três meses depois, antes do primeiro jogo da final contra o Independiente, surgiu uma ameaça velada no ônibus que levava a delegação do Flamengo. Um homem, com arma em punho, desceu misteriosamente na entrada do estádio em Avellaneda, demonstrando o clima tenso que cercava o confronto.

Na atual Libertadores, Palmeiras e Flamengo têm boas chances de avançar às semifinais. Mais difícil será a missão do São Paulo no Morumbi, precisando reverter o placar parcial de 2 a 0 para a LDU, do Equador.

REPASSE DA INCOMPETÊNCIA

por Zé Roberto Padilha

Após a derrota para o Grêmio, o presidente do Internacional, que deveria marcar uma reunião, hoje, segunda-feira, com todos do futebol, já com a cabeça mais focada na razão do que na emoção, recorre, para desviar responsabilidades que são suas, a mais covarde das “soluções”.

E anuncia, em entrevista coletiva, que seu treinador, Roger Machado, estava sendo demitido.

E aí faço as perguntas que não fizeram a ele na coletiva. Como já dizia Pedrinho, antes de perder o cargo no SporTv, “os repórteres que cobrem os clubes não questionam seus dirigentes. Têm receio de perder o acesso às dependências do clube e as informações privilegiadas que precisa passar em primeira mão”.

1) O senhor o contratou quando realizava um grande trabalho no Juventude. Será que o seu treinador desaprendeu futebol neste período?

2) Será que foi ele, e não seu camisa 10, que perdeu o pênalti no final da partida?

3) O senhor jogou futebol?

Enfim, Roger Machado, um baita lateral-esquerdo e um competente treinador, é mais um a deixar um clube de futebol pela porta dos fundos. Como tantos, levando sozinho toda a incompetência administrativa que ninguém mais no clube precisará se responsabilizar.

Até quando esses “figurantes” vão ficar impunes?

Alcançam a presidência de um clube de futebol não por currículo, mas por vaidade. E deixam o anonimato, primeiro, adquirindo um título de sócio proprietário. O passo seguinte é se juntar ao grupo da sauna. E, com seguidos churrascos para o grupo do tênis, formar uma chapa.

Eleito, sai distribuindo seguidos atos de desconhecimento de causa para, finalmente, ufa!, “tenho dinheiro mas não tenho fama” aparecer na televisão.

Como ontem, onde despejou total desconhecimento dos princípios e objetivos do grande clube que preside: Internacional Futebol Clube.

Até quando?