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Ô, TORCEDOR CHATO!

por Valdir Appel 


No estádio Durival de Brito e Silva, do Paraná Clube, nada é diferente dos demais estádios de futebol brasileiros. Por exemplo: atrás do banco de reservas do time da Vila Capanema, sempre se posicionam os torcedores mais chatos, são os famosos cornetas que, na falta do que fazer, preferem passar as suas tardes e noites esportivas, xingando o técnico. 

O Levir Culpi até que fazia uma boa campanha, dirigindo o Paraná no campeonato estadual, o que não impedia um torcedor de azucriná-lo em todas as partidas disputadas em casa. O cara nem olhava pros lados e pro jogo. Ficava ali, coladinho no alambrado, bem atrás do Levir, repetindo o tempo inteiro:

– Buuuurro! Buuurro! Buuurro!

Levir, equilibradíssimo, fazia de conta que não era com ele. 

Outro domingo: mesmo campo, mesmo corneta, mesmo técnico…

O jogo empatado, complicado e chegando ao final. Levir, na dele; o torcedor, também:

– Buuurro! Buuurro!

Aos 40 minutos, Levir ousa uma última cartada, buscando a vitória. Saca um zagueiro e coloca mais um atacante. Aos 46 minutos, já nos acréscimos, uma bola alçada na área encontra a cabeça do centroavante que acabara de entrar.

Golaço!

Vitória suada e de alívio pro Levir, que se vira para trás, buscando o olho do torcedor, seu desafeto. 

Antes que Levir possa desabafar, o torcedor emenda:

– Burro!… E com sorte!

“AS MELHORES CABEÇAS”

por José Passarelli


‘O Rio de Janeiro do meu tempo…’

Início dos anos 70, e eu estava em todos os lugares da cidade, ora estudando ora passeando, muito mais passeando do que estudando. Me lembro que o ‘Pasquim’ nasceu com uma proposta bairrista, era para ser um jornal de Ipanema. Acontece que Ipanema foi um conjunto de circunstâncias felizes por que o bairro tinha também uma conotação até mesmo política. Naquele momento tudo era político- aliás ainda é- e Ipanema era uma síntese política, cultural, social, tudo muito entrelaçado. Em quatro números o jornal de Ipanema transformou-se num veículo nacional.

Ele surgiu na hora do sufoco mesmo, seis meses depois do AI-5. A imprensa brasileira estava muito trancada, o ‘Estadão’, a ‘Folha de São Paulo’, o ‘Jornal do Brasil’, ‘O Globo’ estavam dando manchetes absolutamente idiotas e inúteis. Uma porção de coisas fantásticas estavam acontecendo aqui no país e a imprensa não refletia nada disso por que estava muito censurada. e aí, em julho de 69, sai o ‘Pasquim’ com uma tiragem desabrida, publicando o que dava na telha, falando muito, muito. Era uma linguagem muito aberta para a época e que fez muito sucesso. Não era uma forma política de protesto, no sentido direto, mas era sim um protesto como o sufoco. O ‘Pasquim’ virou veículo de todas as pessoas  que não estavam suportando aquele estado de coisas , e além disso havia a novidade da linguagem naquela hora em que toda a imprensa estava travada, totalmente travada. Foi um sucesso fantástico e o jornal chegou a vender 226 mil exemplares.


Tiraram 10 mil exemplares do primeiro número para vender no Rio de Janeiro e rodaram mais  20 mil. O segundo número foi distribuído para o Brasil inteiro, e antes mesmo de completar seis meses estava vendendo 226 mil exemplares, o que ainda nos dias de hoje seria uma tiragem fantástica, já que os de hoje não vendem mais nada, estão falidos devido à Internet. O ‘Pasquim’ representava assim um espaço para as pessoas realizarem oposição e a indignação delas. Mas esse espaço não foi meramente político, mexeu também com os costumes, teve a entrevista da musa Leila Diniz, aquela coisa toda…

Foi mais uma revolução de costumes do que uma revolução política. Mas as coisas se confundiam porque a repressão que existia na época pressupunha também uma repressão aos costumes. Aí vem Leila Diniz dizendo que ninguém tem que casar virgem, que a mulher pode ter o homem que quiser, quantos homens quiser, que pode falar da experiência sexual dela. O ator Anselmo Duarte vem e fala o que quer, e tudo isso numa linguagem absolutamente liberada, nessa hora de fechamento. O pessoal ficava fascinado…


De lá para cá muita coisa mudou, eu, era um simples estudante, andava pelas ruas e bairros da imensa cidade com o uniforme do Vasco da Gama-RJ, apostilas de cursinho embaixo dos braços, enfiava a mão no bolso e só tirava 5 dedos, mas era muito feliz, e conheci o Rio de Janeiro todo só andando de ônibus…434, 444, 477, 479, 542, 555, 638, 777, 342, 796,…etc.

O Roubo da Taça

O ROUBO DA TAÇA

Na noite de 19 de dezembro de 1983, dois homens invadiram o prédio da Confederação Brasileira de Futebol, no Centro do Rio de Janeiro, e roubaram a Taça Jules Rimet. Um acontecimento que revelou a negligência com que o troféu mais importante da história do futebol era guardado e mostrou também os métodos com que a polícia da época “solucionava” os crimes.

No cinquentenário do tricampeonato mundial de futebol, um livro conta a história real do roubo da Taça Jules Rimet. Quem planejou o crime? Quem roubou? Quem derreteu a Taça? Quem desvendou o caso? Como foi o trabalho da polícia? Qual o fim dos personagens? “O Roubo da Taça – Preconceito, Tortura, Extorsão”, do jornalista carioca Wilson Aquino, autor de “Acima de Tudo Rubro-Negro, o Álbum de Jayme de Carvalho” (2007) e “Verão da Lata” (2012), narra o lendário roubo da Jules Rimet, episódio que marcou a crônica policial brasileira e se perdeu na memória com o tempo. Uma trama engendrada por mera vingança. Um crime que abalou o Brasil e o mundo.

O livro, de 140 páginas, tem projeto gráfico da maraca.rio.design e é ilustrado com documentos e fotos da época. O impresso está sendo vendido apenas no Brasil. Acesse: https://charlieblackeditora.com.br/ O e-book pode ser adquirido na Amazon do Brasil: https://www.amazon.com.br/dp/B086XKYBY1/ref=sr_1_3?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&keywords=O+Roubo+da+Ta%C3%A7a&qid=1586475785&s=books&sr=1-3 Ou na loja Amazon do país em que o leitor reside.

Mais informações: : charlieblack@charlieblackeditora.com.br ou (21) 99634-6246

 

RARA APARIÇÃO

por André Luiz Pereira Nunes


Os discos voadores parecem mesmo terem voltado à moda. Recentemente causou bastante impacto a notícia acerca de filmagens de um OVNI por parte de caças do Pentágono. E no começo dessa semana as mídias sociais se alvoroçaram com a suposta queda de um objeto espacial desconhecido no município de Magé, na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro. O que pouca gente sabe é que há 38 anos a aparição de um disco voador quase interrompeu uma partida de futebol válida pelo Campeonato Brasileiro.

Na noite de sábado, 6 de março de 1982, o Operário, cinco anos após ser semifinalista do Campeonato Brasileiro, vencia o badalado Vasco, de Roberto Dinamite e companhia, por 2 a 0, com direito a dois gols de Jones, pela abertura da segunda fase da Taça de Ouro, nome pelo qual era chamado o Brasileirão naquela época. Porém, o que mais ficou registrado na memória dos torcedores sul-matogrossenses foi a visão de um estranho objeto cilíndrico que cruzou os céus do estádio Morenão exalando luzes, contudo sem nenhuma emissão de ruído. 

Um dos personagens daquela peleja foi o lateral-direito Cocada, eternamente lembrado com muito carinho pela torcida cruzmaltina por ter sido o herói do título carioca de 1988 em cima do Flamengo. Na ocasião, atuando pelo time da casa, participou dos dois gols e ainda foi uma das testemunhas do tal objeto. O árbitro José de Assis Aragão também presenciou o ocorrido, mas não chegou a parar a partida. Já o lateral-direito Pedrinho disse não ter visto nada por estar totalmente concentrado no jogo.

De acordo com o ufólogo Ademar José Gevaerd, um dos mais renomados do país e criador e editor da Revista UFO, não foi feita nenhuma filmagem do ocorrido, uma vez que os cinegrafistas da TV Globo, que transmitiu a partida ao vivo com direito à narração de Galvão Bueno, não tiveram tempo de virar os pesados equipamentos para o céu. Afinal, eram os anos 80. O acontecimento inclusive serviu de inspiração e estímulo para que o jovem Gevaerd, então um mero professor de química, passasse a dedicar a sua vida inteiramente à ufologia. 

Vale relembrar que naquele certame ambos os times conseguiram se classificar, chegando à terceira fase, mas foram eliminados  no mata-mata. No fim, o Operário ficou na décima-terceira colocação geral e o Vasco na décima.

MINHA PASSAGEM PELO VASCO

por Nielsen Elias (@nielsen_elias)


Muitos não sabem, mas eu vesti a camisa do Vasco e a história bem curiosa da minha passagem pelo clube vocês vão saber agora! 

Depois de deixar o Fluminense, assinei com o Flamengo por dois anos e tudo ia muito bem até a chegada de um supervisor que eu havia me desentendido alguns anos antes no tricolor. Novamente tive problemas com ele, dessa vez no rubro-negro, meu contrato acabou e o passe ficou preso no clube.

Foi aí que veio o convite do Botafogo para treinar em General Severiano. Comandado por Paulo Amaral, o alvinegro contava com três goleiros, mas Zé Carlos sofreu um acidente e teve que abreviar a carreira, Luiz Carlos havia acabado de subir da base e Paulo Sérgio era o titular.

Por conta da minha experiência, fui contratado para ser sombra do Paulo por seis meses. Apesar de estar há quase dois anos sem jogar, estava treinando forte até que a oportunidade surgiu. Um dia antes do clássico contra o Vasco, Paulo Sérgio sofreu uma lesão e eu fui escalado às pressas.

O cenário era o pior possível: longo tempo sem atuar, um adversário fortíssimo com Dinamite, Pintinho, PC Caju e cia. e, para completar, uma forte chuva castigava o gramado do Maracanã. Mesmo com tanta adversidade, tive uma atuação de gala, com destaque nos principais jornais no dia seguinte, apesar da derrota.


Nielsen e Schumacher

Logo depois disso, meu contrato acabou e fiquei com meu passe na mão. Para manter a forma, costumava correr com meu amigo Doval nas Paineiras. Em uma dessas atividades, encontrei o time do Vasco treinando por lá também e, durante aquele papo de boleiro, o saudoso prepador Hélio Vigio me perguntou qual era a minha situação.

Expliquei cada detalhe e ele levantou a possibilidade da minha participação em uma excursão que o clube estava prestes a iniciar na Europa. A brecha se deu porque Mazzaropi teria que cumprir suspensão e não poderia viajar por conta de uma confusão que ocorreu na excursão anterior.

Iniciei os treinos no Vasco, fiz alguns amistosos e acabei ganhando a confiança do clube. O curioso é que abri a cabeça às vésperas da viagem ao me chocar com a trave, mas peguei o avião no sacrifício mesmo. Fomos disputar o Troféu Joan Gamper, em Barcelona, e enfrentamos os timaços do Barcelona e do Colônia, que era a base da seleção alemã. Tive a oportunidade de conhecer o goleiro Schumacher e, além de tirar uma foto com ele, ainda fui presenteado com seu par de luvas.

Durante quase 30 dias de viagem, passamos ainda por Iugoslávia e Portugal, acumulando muitas histórias. Dividi o quarto da concentração com o lendário locutor Cezar Rizzo, algo impossível de se imaginar nos tempos atuais, sentei na poltrona cativa do Dinamite no ônibus sem saber e muito mais!

Foi uma passagem curta, mas inesquecível!

Quem se lembrava dessa?

Instagram: @nielsen_elias