VOZES DA BOLA: ENTREVISTA ALEMÃO
Muito antes de receber o apelido de ‘Alemão’ e se consagrar no futebol mundial, o menino Ricardo Rogério de Brito, veio ao mundo naquele 22 de novembro de 1961, para lutar bravamente pela sobrevivência.
De família humilde e quase beirando a pobreza, dividia o casebre com mais quatros irmãos, que se viravam como podiam para ajudar o pai nas despesas de casa.
Muito antes de ser exímio marcador no meio de campo com as camisas do Botafogo, Atlético de Madrid, Napoli e São Paulo, o tradicional ‘carregador de pianos’ foi ajudante de pintor, e explorado, buscou pintar em cores as paredes de um mundo em preto e branco no qual vivia.
A vida era dura mas o pequeno Ricardo não era mole.
Virou engraxate e por muitas vezes chegava em casa com o dinheirinho do pão com o suor de seu rosto.
Resiliente, passou uma fase da vida sendo garçom e servindo em bandeja bebidas e comidas que matavam a fome e a sede de muita gente.
Eram muitos em um e seu destino seria outro quando arrumou suas coisas e partiu.
“Minha mãe, estou indo para o Rio de Janeiro jogar bola, ganhar dinheiro e comprar uma casa para a senhora”, disse ao pegar suas coisas e ir tentar a sorte no Botafogo já como Alemão, apelidado dado pelo pai.
A bola, ah, sempre ela, seria a tentativa para aquele sujeitinho de fala mansa chegar a Marechal Hermes e ficar por lá durante quinze dias treinando.
Era hora de pôr em prática tudo o que aprendera na cidade de Lavras, em Minas Gerais, ou seja, fazer jogadas consideradas pinturas, dar um brilho na bola como fazia nas ruas da cidade mineira em vários sapatos dos lavrenses e servindo como garçom com passes para os atacantes saciarem a fome e a sede por gols.
Se viveu os infortúnios no Botafogo antes da profissionalização, a glória maior foi estrear em 1981 em um amistoso contra o Fluminense de Feira de Santana, substituindo o habilidoso Mendonça, estrela maior da constelação que levava no peito uma estrela, a Estrela Solitária.
Com um futebol eficiente e produtivo, se tornou o preferido de um conterrâneo exigente e não menos famoso chamado Telê Santana (1931-2006), com quem jogou a Copa do Mundo em 1986, no México e no São Paulo, em 1994.
Evangélico, há 26 anos, mantém em sua terra natal um trabalho social importante chamado ‘Casa de Transformação Betânia’, que atende dependentes químicos em seu sítio.
O Museu da Pelada entrevistou Alemão, nosso personagem da semana na série Vozes da Bola.
Por Marcos Vinicius Cabral
Pobres, você e seus quatro irmãos, ajudavam a família da forma que podiam. Você, por exemplo, foi engraxate, garçom, além de pintor. Como surgiu o futebol na sua vida?
O futebol entrou na minha vida por acaso. Eu não sonhava em ser um jogador de futebol, porque eu não pensava que isso poderia acontecer. Eu jogava em um time que na época ainda era amador, chamado Fabril Esporte Clube e não almejava realmente ter essa carreira no futebol. Mas acabou que aconteceu, foi um convite de um amigo que jogava no Botafogo nessa época e ele era conhecido aqui em Lavras-MG, pelo apelido de Mulato. Já no Botafogo, ele era chamado de Alemão, porque era namorado de uma menina suíça e em virtude disso era chamado por esse apelido. Coincidentemente, eu já tinha esse apelido também e assim ele me convidou e eu fui fazer um teste de vinte dias. Foi dessa forma que o futebol entrou e a partir desse teste, fez parte da minha vida.
Você foi revelado pelo Fabril, time de Lavras, em Minas Gerais, sua cidade natal. Como foi esse começo de carreira?
Muito complicado. Eu nunca havia saído da minha cidade para tão longe. E numa quinta-feira após o carnaval, acabei indo e conheci um Rio de Janeiro muito legal com aquela festa toda. Mas na segunda-feira me apresentei em Marechal Hermes, onde já dava início aos treinamentos para poder ser aprovado nesse teste. Dedicado, lembro que foram quinze dias de muitas lutas, muitas dificuldades e não existia uma boa estrutura naquela época no Botafogo. Então, posso afirmar que a fase de juniores foi uma das melhores que vivi no clube, sem dúvida nenhuma.
De onde vem o apelido Alemão?
Esse apelido foi colocado por meu pai quando eu tinha 5 anos de idade. Ele era ferroviário e vieram uns alemães e montaram algumas máquinas aqui na cidade de Lavras-MG e eles tinham o cabelo bem loiro, assim como o meu quando criança. E certo dia, meu pai chegou em casa e me chamou de Alemão, aí o apelido ficou e poucas pessoas hoje me chamam pelo meu verdadeiro nome.
Você foi tesoureiro dos Atletas de Cristo, grupo de jogadores evangélicos que fez sucesso no Brasil durante a década de 1980 e 1990. Como foi essa fase?
Essa informação de tesoureiro não procede, pois eu apenas fazia parte do grupo dos Atletas de Cristo, já que eu tive um encontro com o Senhor e a partir desse momento, passei a frequentar o grupo dos atletas cristãos.
Na sua passagem pelo Botafogo, faltou título. O que você atribui a isso?
Nessa época o Botafogo vivia um momento financeiro muito difícil. Havia perdido os direitos de continuar em General Severiano e estava se transferindo para Marechal Hermes e as coisas eram complicadas. A questão do título está ligada à questão econômica, e acho que o Botafogo tentava montar grandes times, porém, faltavam recursos para isso. Mas naquela época, o Rio de Janeiro tinha o melhor futebol do país com Flamengo, Vasco e Fluminense, em evidência, enquanto o Botafogo vinha em quarto lutando para sobreviver. Mas não foi uma fase fácil, foi uma período onde a gente enfrentava excelentes times com grandes jogadores e vencê-los era difícil.
Em 1985, a Bola de Prata, prêmio concedido pela revista Placar, foi parar em suas mãos como o melhor volante do Campeonato Brasileiro daquele ano. Qual foi a emoção em receber um prêmio como esse?
Olha, na verdade, foi um dos momentos mais inesquecíveis e emocionantes da minha carreira. Ganhar uma Bola de Prata no futebol carioca, jogando pelo Botafogo, que estava passando por dificuldades financeiras como falei anteriormente, naquela época e sem conquistar um título há muito tempo, não era tão simples assim. Tínhamos grandes jogadores na posição, tanto no Fluminense, no Vasco e no Flamengo, e eu fui premiado com a Bola de Prata. Até hoje eu tenho ela aqui em casa e é uma recordação muito especial para mim.
Qual derrota em Copas do Mundo doeu mais no Alemão: a de 1986, para a França de Michael Platini ou a de 1990 para a Argentina de Diego Maradona?
Sem dúvidas, que a derrota mais dolorida foi na Copa do Mundo do México em 1986, nos pênaltis contra a França. E o motivo é simples: em 1990, nós éramos uma seleção totalmente desorganizada, bagunçada, sem nenhum tipo de recurso e uma falta de liderança absurda! Então, em 1990, nós lutávamos para chegar longe naquela Copa do Mundo, mas era tanta confusão, tanto problema, que aquilo para quem jogava há um bom tempo, e no meu caso, eu já havia disputado um Mundial, e vi como foi bacana essa experiência. Mas na verdade, nada daquilo estava acontecendo lá em 1990, e mais cedo ou mais tarde, aconteceria a eliminação. Eu acho que a organização faz parte de um planejamento para se conquistar um título e se você não for organizado ou preparado, suas chances diminuem. E foi o que aconteceu conosco!
No Atlético de Madrid, da Espanha, você fez uma temporada de estreia tão boa que ganhou o prêmio Don Balón de melhor estrangeiro do campeonato e ainda convenceu os colchoneros a contratarem seu compatriota Baltazar, ex-parceiro no Botafogo, que vinha se destacando pelo Celta de Vigo. Mesmo com moral, por que não renovaram com você?
Como você mesmo disse na pergunta, no Atlético de Madrid, da Espanha, talvez tenha sido o melhor momento da minha carreira, tecnicamente falando. Ganhei o prêmio de melhor estrangeiro realmente, algo sensacional, mas o clube vivia um momento político conturbado. Para se ter uma ideia, o presidente eleito na época, não queria nenhum estrangeiro e não me queria por esse motivo, não foi nada pessoal. No entanto, ele teve bastante dificuldade para me vender, pois mesmo ele tendo contratado Paulo Futre, a maior transferência do futebol português à época, eu fui o melhor jogador estrangeiro e isso dificultava me vender. Todavia, o Napoli apareceu e a gente decidiu em conjunto, que era a hora de sair. Eu entendo que era uma opção política dele, tanto que depois disso estivemos juntos e nos encontramos algumas vezes e mantivemos um bom relacionamento. Na verdade, foi bom também, porque eu acabei indo para um grande clube e o Baltazar veio para o meu lugar como estrangeiro.
Em 1988, você foi contratado pelo ambicioso Napoli-ITA do presidente Corrado Ferlaino e do diretor geral Luciano Moggi. Foi o maior desafio na sua vida como atleta profissional?
É verdade, foi o maior desafio, porque eu estava indo para um clube que almejava realmente conquistar títulos importantes e jogar com o maior jogador do mundo, no caso o Maradona, eu teria que manter um nível de excelência que não seria fácil. E, para complicar mais ainda, logo na minha chegada, eu peguei uma hepatite B, no qual acabei ficando cinco meses parado. Em virtude dessa doença, as coisas ficaram difíceis, perdi 10 kg e para recuperar não foi fácil, no entanto, com muita luta e força de vontade, recuperei em 30 dias e voltei em uma Copa UEFA, fazendo grandes partidas e podendo dar continuidade nesse desafio.
E o gol na final da Copa Uefa de 1989, contra o Stuttgart-ALE. Quais são suas recordações daquele jogo no belíssimo Estádio de Niedersachsenstadion, em Hannover, na Alemanha, tomado por 67 mil pessoas?
Realmente, esse jogo foi marcante na minha carreira, porque era um título muito importante para mim. Lembro que eu tinha acabado de me lesionar alguns minutos, tipo um ou dois minutos antes, e aquela jogada foi o último esforço que eu poderia fazer na partida. Então, foi naquela arrancada que acabei chegando até o gol, bati na bola, ela pegou um efeito, bateu no goleiro e acabou entrando. Posso afirmar que foi um gol importante no qual nós acabamos saindo na frente e isso aumentou consideravelmente a chance de vitória. Esse gol na verdade foi muito, mas muito importante mesmo.
Como foi jogar com Careca e Maradona? Eram realmente jogadores diferenciados?
Sem dúvida. Tive a felicidade de jogar com dois fenômenos do futebol mundial: Maradona e Careca. A velocidade de raciocínio dos dois era uma coisa absurda e para nós, que jogávamos atrás, era divertido vê-los trocando passes, fazendo jogadas maravilhosas e gols espetaculares. Foi um privilégio enorme para mim e ter jogado com eles foi algo sensacional. Mas era uma época de grandíssimos jogadores, como Van Basten, atacante do Milan-ITA e que era um fenômeno também.
Em quatro anos pelo Napoli, você fez 93 jogos e 9 gols pela Série A, e entrou para a história com a conquista do segundo campeonato italiano azzurro (1990). Foi a melhor fase que você viveu em quinze anos como jogador?
Foi sim. Foi uma fase de realizações, onde estava realizando o sonho de conquistar campeonatos e jogar num nível muito alto, jogando na Champions League e Copa UEFA, por exemplo. Realmente foi uma fase maravilhosa e acho que qualquer jogador que não jogou ou conquistou tais competições, gostaria de ter vivido tudo isso aí que eu vivi.
Maradona foi um divisor de águas na sua carreira: com ele, você conheceu o céu em títulos conquistados no Napoli-ITA e viu o inferno de perto ao ser considerado um dos principais culpados da derrota brasileira para a Argentina, na Copa do Mundo de 1990. O que tem a dizer sobre isso?
Na verdade, eu não me sinto nem um pouco culpado pela derrota da seleção. Quem assistiu aquele jogo e que seja uma pessoa séria e sensata, vai fazer a mesma análise que eu faço, que é dizer que eu tomei o drible do Maradona no meio de campo e depois disso ele passou por mais quatro ou cinco jogadores, ou seja, são jogadas normais de um gênio que conquistou um espaço e acabou na finalização do Caniggia. Aquela Copa do Mundo, na verdade, estava complicada, porém, antes daquele jogo, já estava comprometida e ali, naquele lance específico, foi uma gota d’água em um oceano de problemas a seleção. Mas vale frisar, que me sinto honrado em ter participado daquele mundial, porque foram duas Copas do Mundo no qual fui agraciado por Deus, não é simples e nem para qualquer um, jogar duas Copas do Mundo como titular. Na verdade, é um feito bem difícil.
Ainda sobre 1990, sua última partida pela Seleção Brasileira foi na Copa do Mundo da Itália, no qual a Argentina venceu por 1 a 0, gol de Caniggia. Você fez parte de um time que ficou marcado como a ‘Era Dunga’. Alguns deram a volta por cima em 1994, sendo campeões mundiais, como Taffarel, Jorginho, Branco, Muller e o próprio Dunga. Por que o Alemão não fez parte do time tetracampeão?
Aquela Copa do Mundo de 1990, na Itália, foi um mundial que marcou a vida de muita gente, inclusive a minha. Disputar um torneio da relevância de uma Copa do Mundo é o auge na carreira de qualquer atleta de futebol e comigo não seria diferente, já que eu estava esperando muito por aquela Copa e ela acabou sendo desorganizada e complicada para nós. Digo isso em todos os sentidos e obviamente, o final da seleção não poderia ser diferente, ou seja, nós saímos da maneira que saímos, jogando um futebol muito melhor que a Argentina e perdendo de 1 a 0, numa partida que merecíamos ganhar de 3 ou 4. Infelizmente, foi uma decepção para todo mundo e a CBF deveria fazer mudanças, que pediam atitude, liderança e foi o que ela fez trazendo Carlos Alberto Parreira como técnico e escolhendo outros jogadores para poder fazer parte do mundial seguinte, o de 1994. Ali, seria a grande mudança no futebol brasileiro, seria a reviravolta de tudo de errado, pois há mais de 20 anos que o Brasil não ganhava. Eu acho inclusive, de verdade, que o ciclo do Alemão terminou em 1990, confesso que houve desgaste, já que eu mesmo tive um pequeno problema com o presidente da CBF, e enfim, não dava mesmo para prosseguir. Acho que assim como eu, outros jogadores tinham condições de estar em 1994 nos Estados Unidos e não foram chamados, no entanto, acho que foi uma experiência bacana ter jogado duas Copas do Mundo.Sem demagogia, sou muito feliz por isso.
Em 1992, você foi vendido ao Atalanta-ITA, na qual jogou por dois anos. Por qual razão o Napoli-ITA te vendeu?
O meu contrato havia terminado e eu acabei sendo contratado pelo Atalanta-ITA, no qual passei dois anos bem diferentes da experiência em Nápoles em tudo, cidade, torcedor, time, e joguei em uma equipe bem modesta. Hoje é uma equipe com uma força incrível, mas na época, não era assim. Mas foram dois anos de experiência e mesmo sem títulos, foi importante na carreira.
No meio do ano foi comemorado o Dia Nacional do Futebol. O que esse esporte representou para o Alemão?
Na minha vida profissional o futebol representou absolutamente tudo. Foi um esporte que me levou a um lugar que eu jamais chegaria se não tivesse sido jogador. Foi sacrificante? Claro que foi, pois nada é fácil na vida, mas o sacrifício valeu a pena, porque eu joguei em lugares especiais na carreira, como no Fabril, Botafogo, Atlético de Madrid, Seleção Brasileira, Napoli, Atalanta, São Paulo e Volta Redonda, onde todos os jogadores gostariam de ter jogado. Então, eu acho que o futebol foi realmente muito importante na minha vida.
Você voltou ao Brasil em 1994, então com 33 anos, e passou duas temporadas pelo São Paulo, que tinha Telê Santana como técnico. Por que o São Paulo e por que Telê Santana?
Sempre tive um excelente relacionamento com Tele Santana. Na Copa do Mundo de 1986, ele optou por mim, como titular, dez dias antes de começar o mundial, já que eu vinha fazendo uma pré-temporada excelente, tanto na questão física como na tática e do esquema que ele queria implantar na seleção. A gente estabeleceu ali, naquela competição, um relacionamento de profissionalismo que foi muito bom e criamos um laço de amizade. Quando eu estava para voltar ao Brasil, ele era treinador no São Paulo, acabei sendo convidado para jogar no time comandado por ele. Foi uma experiência muito boa, em um time organizado, com profissionais do mais alto gabarito.
Quem foi seu ídolo do futebol?
Difícil responder essa pergunta e mais difícil ainda é falar de um ídolo apenas. Muito difícil. Eu joguei com jogadores que passaram a ser meus ídolos devido as experiências que tivemos juntos, devido ao tempo que vivemos juntos, mas o que eu presenciei tanto como caráter e como jogador foi o Zico. Ele foi um um ídolo incomparável, sem dúvida! Mas antes dele, eu conheci o Mendonça, que também foi um cara sensacional e um cracaço de bola. Ah, não posso deixar de falar de outros, que foram o Júnior na seleção brasileira, o Maradona e Careca, ambos no Napoli, e o Platini. Então, não dá para falar de um apenas. Talvez o Zico seria ao lado de Maradona, os meus maiores ídolos, porque eu me relacionei com eles e conheci o Zico, um cara que aprendi a gostar não só pelo jogador que foi mas pelo caráter, pelo homem, pelo ser humano e amigo de todos, uma pessoa séria e um profissional dedicado. Falar dele é difícil, pois era uma pessoa de bem e a gente se tornou amigos e hoje posso te assegurar que fui privilegiado em ter o Zico, Júnior, Maradona, Platini e Careca, como amigos. São esses que marcaram minha carreira e se tornaram meus ídolos de verdade.
Como tem enfrentado esses dias de isolamento social devido ao Coronavírus?
Eu moro na cidade de Lavras, em Minas Gerais, que tem uma população estimada em 110 mil habitantes, onde tenho um trabalho social em um sítio a 7 km próximo do Centro da cidade. Ultimamente minha vida tem sido de casa para o trabalho e do trabalho para casa e é claro, saio para fazer algumas coisas, mas com o devido controle. Mas graças a Deus eu tenho muito cuidado e não tem sido fácil enfrentar essa pandemia que não é agradável. Mas ter que ficar a maior parte do tempo em casa não é muito agradável, mas é um momento e a gente vai superar isso. Acredito que vamos sair dessa e se Deus quiser, em breve vai sair essa vacina.
Você pendurou as chuteiras em 1996, pelo modesto Volta Redonda, não foi?
O término da minha carreira aconteceu inesperadamente. Lembro que eu havia terminado um contrato com São Paulo, na verdade nem terminou, pois a gente rescindiu antes e eu fiquei aguardando o contato por parte de alguns clubes, pois a intenção era poder jogar um ou dois anos. Mas esse clube não apareceu e surgiu na minha vida a oportunidade de conhecer o ex-prefeito Neto, à época, ligado ao futebol do Volta Redonda. Fui convidado para jogar o campeonato carioca de 1996, aceitei e foi uma experiência maravilhosa, no qual conheci amigos maravilhosos e uma cidade encantadora.
Defina Alemão em uma única palavra?
O Alemão é uma pessoa que procura viver uma vida simples, tranquila e não tem ligação com a fama. Confesso, que nunca me relacionei bem com essa questão de ser um cara conhecido e procuro viver dentro das minhas raízes. Valorizo pessoas que são meus amigos de infância, as que conheço desde pequeno e sei quem são. Gosto de assistir futebol, apesar de ter pouco tempo para ver, jogo um tênis de vez em quando, e tenho alguns objetivos e um deles é esse trabalho que venho fazendo há 26 anos, que é tentar ajudar pessoas com problemas de dependência química. É isso, sou uma pessoa bem normal e isso me define, acho eu, bem.
Que legal! Nos conte um pouco desse seu trabalho social. Onde funciona e qual o propósito dele?
Esse trabalho social existe há 26 anos e foi iniciado quando eu jogava no São Paulo, em 1994. Na verdade, começou nas marquises debaixo dos viadutos da cidade paulista e foi estendido para Lavras, em Minas Gerais, onde eu tinha um sítio que recebia pessoas para serem cuidadas com a finalidade de deixarem o vício da dependência química. Desde então, são 26 anos em que trabalhamos na vida das pessoas pregando a palavra do Senhor para que eles possam ter um encontro pessoal e verdadeiro com Deus, libertando-os desse vício terrível da dependência química. Eu tenho um prazer enorme em fazer isso, é uma coisa que eu gosto muito, me envolve bastante e dedico a maior parte do meu tempo fazendo esse trabalho. Na ‘Casa de Transformação Betânia’, eu conto com pessoas maravilhosas que me ajudam, como a Socorro, que é a minha parceira desde a época da fundação, assim como os outros parceiros como o Dr. Ranieli, que é o cirurgião dentista que nos dá uma mão muito grande, o Dr. Acácio, Dr. Rubens e o Dr. Sebastião, outros que nos dão uma força enorme e se juntam a nós, para ajudar pessoas necessitadas de apoio e que estão próximas da morte. Vale ressaltar que a gente passa o dia praticamente todo lá, conversando, aconselhando, orando e pregando, para que eles possam ter essa chance de mudar.
TITA, O CRAQUE QUE NÃO É VALORIZADO
por Luis Filipe Chateaubriand
Milton Queiroz da Paixão, o Tita, é um dos maiores jogadores de futebol que o Brasil já conheceu. Por algum motivo inexplicável, não é considerado como tal.
Jogador que unia ótima técnica com uma raça incomum e de raríssima inteligência tática, fez a diferença na maioria dos clubes que defendeu.
No Flamengo, jogou, e bem, em todas as seis posições que abrangem meio campo e ataque. Quando, em 1979, Zico se machucou e ficou muito tempo fora, o substituiu com maestria, jogando no mesmo nível que o Galinho de Quintino. Foram muitos anos de bons serviços prestados ao rubro negro.
No Grêmio de Porto Alegre, ficou pouco tempo, mas jogou barbaridade, tchê! Foi o principal jogador do clube na conquista da primeira Taça Libertadores da América do clube gaúcho, em 1983.
No Vasco da Gama, marcou época. Além de ter feito o gol do título do Campeonato Carioca de 1987, uma série de boas atuações o levou a ser decisivo em diversas ocasiões.
Jogou na Alemanha, na Itália e no México, dentre outros países, sempre com sucesso.
Na Seleção Brasileira, começou muito jovem, fazendo um golaço contra a Argentina em sua estreia, em 1979.
Contudo, prejudicou sua carreira com a “amarelinha” com uma decisão equivocada, um arroubo de juventude, como ele próprio diz: ao não aceitar ser escalado na ponta direita na Seleção, pediu, em 1981, para não ser mais convocado, se não fosse para atuar como meia atacante; com isso, ficou fora da Copa do Mundo em 1982, aquela que, possivelmente, seria a sua Copa.
Como não se encontrava em fase das melhores em 1986, quando jogava no Internacional de Porto Alegre, também não foi à Copa do Mundo do México. Finalmente, foi convocado para a Copa do Mundo de 1990, na Itália, mas, já no ocaso da carreira, não foi titular.
Seja como for, tendo desperdiçado a chance de uma carreira prolongada na Seleção, fez a diferença com as camisas de Flamengo, Vasco da Gama e Grêmio. Merece ser, assim, mais lembrado do que é.
Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!
E AGORA, QUEM NOS SALVA?
por Wendell Pivetta
A Inglaterra, mãe do futebol brasileiro, que mandou por um navio Tomas Miller, com uma bola em sua bagagem, desembarcar em São Paulo, vive dias de caos fora dos gramados. Inquieta é a situação, acredito estar assim pelo impacto da morte de um jovem de 17 anos, devendo causar uma consciência maior nos segmentos esportivos da terra da rainha e pelo mundo todo.
A Premier League, uma das ligas exemplares no combate ao racismo, se posicionou de forma veemente em apoio à campanha Black Lives Matter há alguns meses atrás, contando com a frente de Richard Matters, CEO da Premier League, comentando sobre o ato de atletas em campo estarem unidos contra o racismo no mundo: “Eu acredito que é bom que os jogadores usem suas vozes para fazer o que eu acho que são julgamentos éticos de valor, e não declarações políticas. São mensagens unificadoras, e nós (a Premier League) os apoiamos e os clubes também”.
A liga inglesa na luta contra o racismo vem desde 1990 nesta batalha, temporada após temporada, tentando coibir ações dentro da sua competição rica de culturas através de seus jogadores, de diversos cantos do mundo. Porém, como apontado pela Kick In Out, em levantamento realizado em julho do ano passado, houve aumento de 43% nos casos de racismo, em comparação com a temporada 2017/2018. Esse contexto, portanto, reitera a necessidade de seguir na busca por conscientizar e punir corretamente quem realiza esse tipo de crime.
Nesse sentido, mais recentemente, alguns casos tornaram-se emblemáticos, como por exemplo, envolvendo Raheem Sterling, estrela da seleção inglesa e do Manchester City. Em partida contra o Bournemouth, o inglês foi alvo de insultos racistas por parte do torcedor Ian Baldry. Após julgamento, ele foi condenado a cinco anos sem poder frequentar estádios no país, além de receber um banimento vitalício por parte do Manchester City.
Se tratando de Manchester City, o assunto do momento pode ser ainda mais preocupante. O zagueiro Jeremy Wisten, de 17 anos, se suicidou em um fim de semana após entrar em depressão pela demissão do clube. Esta situação agravou a uma pesquisa mostrando que menos de 1% das crianças que ingressam nos clubes ingleses, aos 9 anos, chegam aos times principais. Mais de 3/4 são descartadas entre as idades de 13 e 16 anos. Quase 98% dos meninos que recebem seu 1º contrato aos 16 anos não permanecem em nenhuma das 5 primeiras divisões.
Oito em cada 400 jogadores de futebol, que assinam um contrato profissional com uma equipe da Premier League aos 18 anos, permanecem quando completam 22 anos. No total, apenas 180 crianças dos mais de 1 milhão e meio que jogam futebol federado na Inglaterra chegam à Premier League: a taxa de sucesso é de 0,012% ( Fonte iG)
A Premier League é um dos poucos campeonatos que têm uma liga especial para os jogadores mais jovens. Assim como é na profissional, a Liga Juvenil é extremamente organizada e conta com duas divisões com o mesmo sistema das competições oficiais da FA. Mesmo assim, não consegue concretizar um futuro maior para seus jovens atletas, cada vez mais iludidos com seu sonho.
Além do fato deste mercado inteiramente escasso para quem busca oportunidades no profissionalismo, temos o agravante da COVID-19. A pandemia é causadora de depressão entre homens e mulheres que vivem de jogar futebol, e os motivos apontados pela Federação Internacional de Jogadores Profissionais (FIFPro) são o isolamento social. A entidade publicou em seu site oficial o resultado de uma pesquisa, realizada entre 22 de março a 14 de abril, com 1602 atletas em confinamento na Inglaterra, França, Austrália e Estados Unidos.
Dentro do universo pesquisado, foram ouvidas 468 jogadoras de futebol, das quais 22% responderam que apresentam sintomas de depressão. Entre os homens, 13% admitiram manifestações da doença. O transtorno de ansiedade generalizada foi apontado por 18% dos jogadores e 16% das jogadoras. Mesmo sem dados levantados, no Brasil tivemos casos de depressão não elencados, e estamos sofrendo ainda, devido a fraca valorização do futebol do interior. Por mais profissional que seja, os clubes contam com pouco investimento, e perderam inúmeros patrocinadores, deixando de participar de competições como, por exemplo, da Copinha, competição que dá o sonho do clube campeão ter acesso a série D do Brasileirão ou a Copa do Brasil, restando a outra vaga para o vice-campeão. Neste ano, no Rio Grande do Sul, a Copinha terá apenas 8 equipes participantes, competição que ano após ano sempre contava com 20 equipes participantes de todo o estado.
Um dos agravantes de depressão nacional esportiva é o número de desemprego dos atletas. No Rio de Janeiro tem em um levantamento feito pelos 12 clubes de menor expressão que disputam a Série A do Campeonato Carioca, apresentado à Federação de Futebol do Rio, que 250 jogadores estão desempregados desde o mês de abril, quando a maioria dos contratos se encerrou. O cálculo é que mil pessoas das respectivas famílias destes atletas estejam sofrendo com a paralisação dos jogos e a consequente ausência de receitas oriundas das partidas. A previsão é que ao longo do ano, o número chegue a 350 jogadores sem emprego e 1.400 parentes impactados.
Além dos direitos de televisão, os clubes também não receberam boa parte de seus patrocínios. Estes números podem ser equiparados ao país inteiro, beirando cada vez mais perto de um precipício mortal. Tendo em vista a falta de apoio a cultura e desporto neste momento tão difícil, tem se tornado natural a morte de clubes, encerrando ali, o sonho de milhares de jovens chegarem um dia, a trilhar sua jornada no futebol mundial.
CHICÃO E PAQUETÁ
por Rubens Lemos
Uma das seleções menos charmosas com a camisa brasileira existiu em 1978. Uma seleção sem tempero, uma seleção assexuada. Frígida. Tinha tudo para ser até melhor que a de 1982. Nos anos 1970, escalávamos quatro escretes fortíssimos, pela quantidade de craques. Colocados todos juntos, fechariam um anel de arquibancada de Maracanã.
Nem foi quatro anos antes, na Copa da Alemanha, o pior momento. O caos veio em 1990, com Sebastião Lazaroni convocando cinco zagueiros, esnobando Geovani do Vasco e João Paulo do Guarani e inventando um líbero, enchendo a equipe de defensores.
Em 1974, faltavam jogadores de ataque. Não havia um só centroavante de brilho. A convocação de Mirandinha do São Paulo (ex-ABC de Natal em 1981) e de César Maluco, do Palmeiras, carimbam a certeza.
Em 1978, o Capitão Cláudio Coutinho contava com o manjar das artes em suas mãos. Vou escalar um time: Raul; Orlando Lelé, Carlos Alberto Torres, Luís Pereira e Marinho Chagas; Carpeggiani, Falcão e Paulo César Caju; Paulo Isidoro, Juary do Santos e Joãozinho do Cruzeiro. Esse time teria ficado entre os quatro. Permaneceu quase inteiro no Brasil. Capita Torres oferecia classe no Cosmos (EUA).
A constelação que lembrei como quem sai retirando livros de um armário, não agradaria ao Capitão Coutinho pela técnica fantástica. Ninguém daria um pontapé. Nem tanto unânime Luís Pereira, ainda que melhor zagueiro da Europa na época, porém Marinho Chagas, Falcão e Paulo César Caju foram mortos em vida. Caberiam entre os 11 titulares, embora as circunstâncias políticas barrassem rebeldes. Craques. Punidos.
A ditadura dos treinadores chegava ao seu ponto máximo. Palpitava ainda o Almirante Heleno Nunes, presidente da falecida Confederação Brasileira de Desportos e o médico Lídio Toledo era usado para justificar cortes inaceitáveis.
Havia excesso. Nesse vai-e-volta, concentração em 1978. O Brasil jogou mais feio do que com Zagallo e os buracos da Argentina tiraram de combate os três maiores solistas: Rivelino, Zico e Reinaldo, o pequenino centroavante do Atlético Mineiro, um suprassumo, sem hífen desde a Reforma Ortográfica de 2009.
O Brasil empatou as duas primeiras jogando mal. Contra a Suécia(1×1) e 0x0 com a Espanha. Na terceira, o Almirante Heleno Nunes tirou a farda militar e se impôs um agasalho imaginário de comissão técnica, sacando Zico por ranço vascaíno, escalando Roberto Dinamite por paixão cruzmaltina e justiça e o lateral-esquerdo Rodrigues Neto no lugar do improvisado Edinho, de origem quarto-zagueiro. Edinho de lateral-esquerdo revoltou o país.
Com um gol de Roberto Dinamite, matando no peito e virando com um arremate de direita, o Brasil se classificou passando pela Áustria em angustiante 1×0. Empatasse, estaria fora na primeira fase, copiando o fracasso de 1966.
Brasil caiu no grupo da Argentina e o duelo aconteceu na Batalha de Rosário:0x0. O nosso principal nome, o truculento volante Chicão. Ele entrou no time, segundo o ponta-direita Búfalo Gil, porque o hábil Toninho Cerezo simulou uma contusão. Estava com medo dos Hermanos.
Toninho Cerezo é um jogador que nunca entrará em minhas predileções. Aquele jeito mamulengo, elástico e de meiões arreados, coreografia de peladeiro, escondia um frouxo. Em 1982, entregou dois gols, o segundo e o terceiro (bola dominada, cedeu escanteio do 3×2) da Itália e chorou em campo, sendo esbofeteado pelo lateral-esquerdo Júnior.
Retorno para 1978. O Brasil terminou com a seguinte formação: Leão; Nelinho, Oscar, Amaral e Rodrigues Neto; Batista, Cerezo (Chicão) e Jorge Mendonça; Búfalo Gil, Roberto Dinamite e Dirceu, terceiro melhor jogador do Mundial. Time que perderia para o que escalei acima. Brasil invicto e “campeão moral”, no desejo de Cláudio Coutinho, rei do neologismo.
A recordação de 1978 e sua mediocridade me surge quando tento dedilhar alguma linha sobre o sujeito intitulado Lucas Paquetá, convocado pelo técnico Tite para as Eliminatórias 2020.
Lucas Paquetá espelha a escassez técnica de um país que produzia (bons) caras em modelo de manufatura. Hoje, cata duvidosos. Lucas Paquetá é a cara do Brasil. Vivo, Cláudio Coutinho o convocaria, ele jogando em 1978. Ele e Chicão no meio-campo. Uma tragédia.
AH, LAN, POR QUE VOCÊ SE FOI?
por Marcos Vinicius Cabral
Enquanto o Flamengo vencia por 3 a 2 o Athletico Paranaense na noite desta quarta-feira (4/11) e avançava às quartas de final da Copa do Brasil, Lanfranco Aldo, conhecido no humor gráfico brasileiro como Lan, perdia a luta pela vida.
Internado há dois meses no Hospital da Beneficência Portuguesa em Petrópolis, o italiano mais brasileiro que as folhas de papéis e tintas nanquim conheceram enfrentava problemas de saúde.
Normal para um senhor com quase um século de vida (na verdade, aos 95 ele disse tchau e simplesmente partiu).
Partiu sem que eu pudesse dizer meu muito obrigado.
Mas lembro com os olhos marejados que o mais próximo que eu cheguei do mestre de voz suave, cabelos e bigode brancos foi na faculdade Estácio de Sá, em Niterói.
Morador há mais de 40 anos do bairro Pedro do Rio, em Petrópolis, Lan buscava sossego longe da Cidade Maravilhosa, onde viveu por muitos anos.
Nascido em 1925 na cidade de Montevarchi, na região italiana da Toscana, o craque da caricatura trabalhou como jornalista gráfico na Argentina, França e Uruguai.
Entre idas e vindas em solo verde e amarelo, em 1952, convidado por Samuel Wainer, começou a trabalhar no Última Hora, onde publicou um de seus trabalhos mais marcantes: uma caricatura do político Carlos Lacerda, em que retratava o arqui-inimigo de Getúlio Vargas como um corvo.
Mais tarde, o animal foi incorporado pelo próprio Lacerda a suas peças de propaganda.
Mas desenhar figuras emblemáticas da nossa política e corvos, não era a sua praia, embora mergulhasse em qualquer tipo de mar e surfasse com maestria nas ondas políticas, culturais, esportivas e figuras humanas.
Antes de se transformar no chargista _hors concours_ no humor gráfico nacional, entrou no departamento de artes do Jornal do Brasil pela primeira vez em 1962 – onde permaneceu por 33 anos – e em seguida, retratou com a percepção aguçada o cotidiano dos cariocas sempre bem ilustrado na coluna ‘Cariocaturas’, no O Globo.
Desbravador do caminho tortuoso dos cartuns, charges e caricaturas na imprensa carioca, foi ele com seu imenso talento e altruísmo peculiar, que abriu caminho para Henfil e Ziraldo.
Já o paulistano Chico Caruso – a quem trouxe para o Rio de Janeiro, em 1978 -, titular do O Globo desde 1985 e o matogrossense Ique – único chargista bicampeão do prêmio Esso em 1991 e 1992 – devem muito ao velhinho de cabeça branca e bigode fino que escondia o sorriso sincero de quem fez muito por muita gente.
Mas sua verdadeira paixão era pela boemia carioca e pela beleza das mulheres, sem dúvida!
No caso dele, especialmente as negras, desenhadas a exaustão por suas mãos que faziam como ninguém das curvas a marca mais inconfundível de seu estilo.
Há seis décadas, era casado com Olívia Marinho, ex-passista do Salgueiro e da Portela, era integrante da Velha Guarda.
Lan será enterrado na tarde desta quinta-feira (5/11) no Cemitério de Itaipava, em Petrópolis.
Mas antes de fechar os olhos para a eternidade, o italiano mais rubro-negro do mundo pôde ver – graças a Deus no céu e a Jesus à beira do campo – os títulos do Brasileirão, Libertadores, Supercopa do Brasil, Taça Guanabara, Recopa Sul-Americana e o Campeonato Carioca.
Morreu feliz.
Lan não deixa filhos, porém, deixa órfãos nos quatro cantos do mundo pessoas que o consideravam o pai do humor gráfico.
Obrigado Lan, precisava escrever isso!