O ERRO DO GÊNIO – PARTE 2
por Luis Filipe Chateaubriand
Que Romário foi um jogador espetacular, um artilheiro como pouquíssimos, o gênio da grande área, como Cruiff o batizou, não há dúvidas.
Mas nosso craque cometeu outro erro crucial na carreira.
Aos 28 anos, no esplendor de sua forma física e técnica, resolveu voltar a jogar no Brasil, “abrindo mão” de atuar na Europa.
Do ponto de vista sentimental, é compreensível: o mancebo queria estar com sua gente, com as praias cariocas, com o futevôlei, com as belas mulheres, com a noite efervescente e com a cultura carioca ímpar.
Mas, em termos de carreira, fez um péssimo negócio.
Imagine Romário ficando mais uma quatro ou cinco temporadas no futebol europeu.
Quantas Bolas de Ouro ganharia?
Quantas Chuteiras de Ouro ganharia?
Quantas vezes seria visto pelos quatro cantos do mundo, liderando um time espetacular como o Barcelona de então?
É possível afirmar que Romário é um dos 20 maiores jogadores de todos os tempos.
Se tivesse ficado na Europa, seria um dos dez melhores jogadores de todos os tempos.
Indubitavelmente.
Sem contar que não teria as seguidas contusões na panturrilha que teve ao voltar a jogar no Brasil, pois estaria jogando em um local onde há um calendário decente…
Romário ficaria mais uns anos na Europa e, depois, poderia desfrutar a vida no Rio de Janeiro.
Não o fez, acabou se prejudicando.
Ah, Baixinho, “deu mole”, peixe!
O BRASIL CHORA A PERDA DE RENÊ WEBER
Por André Luiz Pereira Nunes
O ex-meio-campo e técnico, Renê Carmo Kreutz Weber faleceu na manhã desta quarta-feira (16), em decorrência da Covid-19. O gaúcho, radicado no Rio, tinha 59 anos e seu último trabalho profissional foi o de auxiliar-técnico de Paulo Autuori no Botafogo, clube pelo qual se sagraram campeões brasileiros em 1995. Ele estava hospitalizado desde o início deste mês na unidade de terapia intensiva do Hospital São Lucas, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O falecimento ocorreu às 5h50 de hoje. Weber havia apresentado sintomas da doença no último dia 23 de novembro. Diagnosticado com coronavírus, foi internado cinco dias depois e teve o seu quadro de saúde agravado nos últimos dias.
Botafogo, Fluminense, Cruzeiro, America, Sporting Cristal, São Paulo e Internacional foram alguns clubes que manifestaram o seu pesar pelas redes sociais. O Tricolor das Laranjeiras relembrou os títulos de Renê como atleta, entre os quais, o de campeão brasileiro, em 1984, e tricampeão estadual em 1985.
“O Botafogo lamenta profundamente a morte de Renê Weber, ex-auxiliar do clube nesta temporada e campeão brasileiro em 95. Profissional de alto nível, Renê era querido por todos, zelava pela excelência no trabalho e manutenção do bom ambiente. Ele foi mais uma vítima da Covid-19″, declarou o clube, no Twitter. Renê deixara a comissão técnica do time alvinegro em outubro, após o contrato do técnico Paulo Autuori ser rompido.
Como atleta, defendeu times como Internacional, Fluminense e America. Encerrou a carreira no Arraial do Cabo, agremiação pela qual passou à função de treinador. Anteriormente jogara por anos no futebol português, defendendo as cores do Vitória de Guimarães. Como técnico, comandou a Seleção Brasileira sub-20. Ainda foi coordenador técnico do São Paulo. Em 1997, participou da conquista da Copa Libertadores da América pelo Cruzeiro como auxiliar de Autuori.
Sem dúvida, o seu auge como jogador foi mesmo pelo Fluminense a ponto de na época ter sido convocado para a Seleção Brasileira que se sagrou medalhista de prata, em 1984, nas Olimpíadas de Moscou.
O Museu da Pelada se solidariza com a dor da família, amigos e amantes do futebol bem jogado que hoje choram a perda do profissional e amigo.
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O CORAÇÃO QUENTINHO DO PORTUGUÊS PALMEIRENSE
por Marcelo Mendez
A boca da noite faz o prenúncio de algo muito bom que está por vir.
Mesmo com a minha boemia em concordata, vivendo hoje um momento diferente em que os deliciosos pecados da noite já não mais fazem parte do meu viver, devo dizer que o sereno me faz falta. Os sons da noite, as possíveis paixões, os flertes e a expectativa de se viver na pele as bendições de quem se joga ao luar, são coisas que sempre carregarei comigo.
E entre essas coisas têm as noites de futebol também.
Lógico que em tempos pandêmicos se perde muita coisa. Não tendo o estádio, a ida até a cancha, sem o grito em favor do time e sem o berro nervoso contra o perna de pau da vez, o futebol fica um tanto quanto melancólico, mas se definiu que será esse o futebol possível de se ter e assim seguimos. Teve ontem à noite o Palmeiras.
O Palmeiras que recentemente se arvorou a ter arrotos de caviar, jogando na cara de todo mundo uma grandeza a partir de um contracheque alheio com o dinheiro de Dona Leila de Crefisa, teve nos últimos anos frequentes choques de realidade, amealhando derrotas e desclassificações seguidas que interromperam seus delírios de grandeza. A realidade bateu forte em Palestra Itália, se descobriu que o histórico técnico Vanderlei Luxemburgo já não mais poderia ser e depois de uma coleção de nãos recebidos por parte de sua fanfarrônica diretoria, eis que no caminho do Verde surgiu Abel Ferreira.
E diga-se:
Em sua “descoberta” não houve mérito algum por parte dessa direção. Nada se pesquisou, nada se planejou, tampouco eles sabiam da trajetória do jovem treinador Português. Foi um empresário que sugeriu a contratação e os cartolas de lá, sem outras opções, toparam a coisa. Daí vem a grande surpresa dos últimos anos no Palmeiras.
Abel Ferreira é o sopro de um novo tempo que ousa chegar em Palestra Itália.
O técnico chegou implantando novas metodologias de trabalho, recuperando jogadores execrados pela torcida como Roni, Zé Rafael, Scarpa, Lucas Lima, sugerindo um novo modelo de gestão definido junto com os jogadores que de imediato compraram a ideia do Professor. Ja são 20 gols marcados e nenhum sofrido em 9 jogos dentro da Arena. Mas o que mais me chama não são os números do time de Abel Ferreira. O que me enche os olhos é o seu entendimento do futebol a partir do viés humano.
“Quando se tem a mente aberta e o coração quentinho, fica tudo mais fácil”.
O Homem disse isso após o Palmeiras amassar o Libertad do Paraguai ontem, no 3×0 pela Libertadores. O Palmeiras está entre os quatro melhores times do continente e não é absurdo seus torcedores pensarem em algo maior pra essa competição. A vida será dura para o Verde, que luta em três frentes, decerto terá muita dificuldade, mas que tem chances nas três competições que disputa porque Abel Ferreira trouxe de volta para a Academia o direito de sonhar. O caminho bom.
Desde que os corações sigam quentinhos.