BFR – ACABOU O CHORARE
por Leymir Moraes
Quando alguém julga uma Instituição mais que centenária com olhos travados no presente, e em seu passado recente, desconfie!
Quando alguém tentar lhe vender que a historicidade e significância de um clube, é a relação fria entre faturamento X dívida, desconfie!
Um dos maiores ataques do Flamengo alinhava com Zizinho, Pirillo, Jair da Rosa Pinto e Vevé, um dos maiores meio de campo de todos os tempos, alinhava com Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico, se alguém tentar desqualificar algumas dessas linhas, desconfie!
Já de mim desconfie menos, pois antes de entrar propriamente no assunto eu já cometerei sincericídeo. Eu não amo o BFR, e não amei o GRB, muito embora seja eternamente grato aos garotos que o iniciaram e roubavam já em seus primórdios as meninas do bairro vizinho.
Eu cresci ouvindo meu pai lamentar e admirar a geração de Gerson, PC Caju e Jairzinho, meu avô dizer que entrava no Maracanã para torcer, mas saía de lá rindo, por intermédio do maior de todos os ponteiros que nasceram e nascerão, o excelentíssimo senhor Mané Garrincha, que gostava de andar bem acompanhado por Zagallo, Amarildo, Didi, Manga, Nilton Santos e Quarentinha.
Desconfie muito quando alguém disser, que o BFR se distancia do imaginário popular futebolístico! Poucas são as construções mais impossíveis que essa. Se lamentavelmente confesso que não conseguimos aprender com Mimi Sodré e seu jogo limpo, nossa obsessão pelo improviso e o drible, foi solidificada com o brilhantismo de Garrincha e nenhum clube foi mais importante do que o BFR em 58 e principalmente 62, ao dizimar nosso complexo de vira latas e nos transformar no país do futebol.
Talvez desconfie de mim, porque o primeiro título que me lembro em detalhes foi o de 1989, o cruzamento de Mazolinha, a conclusão de Maurício e as lágrimas do meu amado pai. Eu não tenho nenhum motivo para falar bem do BFR, excetuando-se a verdade e a humildade de reconhecer que o tamanho do meu clube também passa pelo gigantismo de seus rivais, nesse caso o Botafogo.
Quando você, Botafogo, ouvir de um irmão de camisa, que teu clube caminha para seguir os passos de Bangu ou América, (como todo respeito a estes) o repreenda e lembre o orgulho e sorte de torcer para o clube de Carvalho Leite, Heleno de Freitas, Mimi Sodré, Nilton Santos, Didi e Garrincha.
Quando um torcedor rival tentar lhe diminuir, sorria e saiba que é só o infantilismo da rivalidade e do clubismo, nem todos saem da puberdade.
Quando for a imprensa sempre “imparcial”, olhe para o céu e repita “oh pai, eles não sabem o que fazem”
Nada mais posso escrever ou caçam por aí minha carteirinha de Flamengo… Querido torcedor alvinegro, desconfie de mim, desconfie da imprensa, desconfie de tudo e todos, menos da imortalidade do teu Botafogo.
PELOTICÍDIO
por Rubens Lemos
Izabel nem percebeu minha tensão explícita. Dentro de casa e impaciente por um motivo a mais: o pânico de, na seleção brasileira de todos os tempos da Revista Placar, constar o nome do lateral-direito Cafu, que disputou três Copas do Mundo, foi o capitão de 2002 sem apresentar nada que o fizesse diferenciado.
Cafu marcava bem, era voluntarioso, não tremia, apoiava com timidez e cruzava de tornozelo, bola saindo pela linha de fundo antes de chegar à área para o confronto entre artilheiros e beques.
O currículo vitorioso não dá camisa a ninguém quando é para se escalar os melhores, sejam eles em qualquer posição. Anderson Polga, Paulo Sérgio, Baldochi e Dadá Maravilha nada jogaram e foram campeões em Copas.
Cafu perde para pelo menos oito laterais na minha avaliação: Leandro (sobrenatural), Carlos Alberto Torres (modelo de capitão), Djalma Santos (melhor lateral-direito de 1958 tendo jogado apenas a final), Nelinho do Cruzeiro e do Galo, canhão de Minas Gerais, Jorginho do Tetra, Mazinho, que era surreal nas laterais e na meia-cancha e Paulo Roberto, do Grêmio campeão mundial e do Vasco melhor do Vasco: nos anos 1980.
Quase omitia Luiz Carlos Winck, do Inter e do Vasco, seleção profissional e olímpica. Ou seja, oito antes de uma vaga que, nem tenho tanta certeza, seria de Cafu, afinal ainda tivemos Toninho Baiano do Flamengo e Zé Maria, tricampeão mundial em 1970 na reserva de Carlos Alberto e um dos ídolos eternos do Corinthians.
O anarquista Josimar, saltimbanco da Copa de 1986, De Sordi de 1958 e Edevaldo, o Cavalo, reserva de 1982, força e velocidade, características de Cafu. Cruzava divinamente.
Bicampeão mundial de clubes, Cafu foi invenção de meia marcador de Telê Santana e foi descendo até a defesa por falta de talento para ocupar posições que foram de Raí, Palhinha, Juninho Paulista e do bonitinho Leonardo. Foi ficando na lateral-direita e impressionou Zagallo e Parreira pelo empenho, no vigor, na ausência total do medo. Mas melhor de todos os tempos, Não.
Enfim, saiu a lista oficial elaborada por 170 jornalistas escolhidas pela Revista Placar. Tomei um remédio para pressão. De felicidade. Os escolhidos foram Taffarel; Carlos Alberto Torres, Bellini, Aldair e Nilton Santos; Falcão, Didi e Pelé; Garrincha, Ronaldo e Romário. Um aumentativo de time, sensacional.
Com Zagallo de treinador eleito, mandando-os recuar e sendo desobedecido sem puderes: “Cala a boca, mala, deixa a gente fazer o que sabe!”, Romário gritaria sem o menor constrangimento.
Constrangimento, aliás, é um termo que as escolas da Vila da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro e berço do Baixinho, jamais pronunciaram nas aulas dele, que deveria ser o maior gazeteiro do seu tempo.
A seleção é espetacular e ganharia de qualquer esquadrão mundial. Mesmo Cafu na reserva. Ruim a ausência de Leandro. No meu time dos sonhos, com direito a reservas, escalo Taffarel; Leandro, Carlos Alberto Torres, Aldair e Nilton Santos; Gerson, Didi, Pelé e Zico; Garrincha e Romário.
Os reservas seriam Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando e Marinho Chagas; Falcão, Sócrates, Rivelino e Rivaldo; Ronaldinho Gaúcho e Tostão. Não protesto contra a Placar a não ser pela falta de Zico.
Quem viu Zico jogar, canta-o em oração ou o descreve em homilia pelos altares do velho Maracanã das gerais. Zico perdeu Copas, problema delas. É o maior brasileiro com a bola da história dos campeonatos brasileiros, ganhou um Mundial e é um dominador impecável de cada fundamento do futebol.
Pior será a chegada na lista de Casemiro, Fernandinho e Douglas Costa, quando nós formos caquéticos e os meninões de hoje resolverem escolher.
Tempo conspirando contra luminares: Leônidas da Silva, Zizinho, Danilo Alvim, Ademir Menezes. Julinho Botelho. Ademir da Guia, Dirceu Lopes. Perdendo para Roberto Firmino. Que o século dos modernos demore 200 anos. A bola se recusaria a maus tratos. Reagiria, furor feminino, ao peloticídio.
Bom
Maycon Douglas é um finalizador. Quem me agradou no ABC foi Marcos Antônio, camisa 10 com bossa e passes certeiros.
Comparando
Sem gracejo: o Vasco não mostrou mais do que o ABC na estreia.
Wallyson no América
O América do Rio de Janeiro sondou Wallyson. Não deu certo.
Mataram o filme
Tanta expectativa e o filme sobre Pelé na Netflix é ruim. Enredaram o Rei numa teia ideológica onde até a ex-governadora incompetente Benedita da Silva(RJ) aparece a dizer bobagens.
Gols
Golaços e um encontro com remanescentes do Santos evitam a nota zero da produção mais militante do que biográfica.
Juca e Trajano
Juca Kfouri e José Trajano, há anos deixaram o jornalismo para exercer raivoso discurso de esquerda. Parece uma lei em que filme sobre futebol tem que ter os dois, saudosos das verbas do Governo Federal.
Outro fracasso
O documentário se nivela em mediocridade a Isto É Pelé, de 1974, este sob tutela da repressão, do Brasil Grande na mensagem e torturante na vida real.
Pelé Eterno
De Aníbal Massaini, é o filme antológico do Rei.
COMBINADO QUE DEU CALDO
:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::
O esquadrão que vestiu o uniforme do Vitória: Andrada, Carlos Alberto Torres, pintinho, Joãozinho, altivo e Rodrigues Neto. Em baixo, Osni, Rivelino, PC Caju, Fischer e Dirceu ./Reprodução
Ronaldo Fenômeno ou Romário? Figueiroa ou Reyes? Leandro ou Carlos Alberto Torres? Vivo fugindo desses desafios, na verdade nessas tentativas de provocações. Mas o que seria das resenhas se não fossem essas brincadeiras. Ontem, por exemplo, estava trocando ideias com Dr. Rômulo, rubro-negro, a cruzeirense Maria Celinha, conselheira do Juventus, da Mooca, quando recebi pelo zap uma foto, de 1976, de um combinado montado entre Fluminense e Vitória para jogar um amistoso contra uma seleção estrangeira. Vencemos por 3×1. Abri o link, rimos juntos e, claro, surgiu o inevitável questionamento: PC, esse combinado é melhor que a seleção do Brasileirão 2020?
Não lembrava dos eleitos, conferi e apostaria todas as fichas no combinado. O grupo atual é Weverton, Fagner, Cuesta, Gustavo Goméz, Guilherme Arana, Edenílson, Gerson, Claudinho, Vina, Gabigol e Marinho. O combinado era Andrada, Carlos Alberto Torres, Joãozinho, Altivo e Rodrigues Neto, Carlos Alberto Pintinho, Rivellino e Dirceuzinho, Osni, Fischer e eu. Olha, um timaço! Podem chamar de nostalgia, do que for, mas essa foto retrata, de forma incontestável, como o nível do futebol vem despencando ao longo dos anos. Nessa época, a nossa querida Revista Placar montava até três seleções se quisesse.
E é bom deixar claro que no combinado foram escalados jogadores de apenas dois times, sendo um do Nordeste. O Osni, baixinho daquele jeito, seria barrado em todas as peneiras de hoje. Era um excepcional atacante! Não vou comparar jogador por jogador porque não tínhamos posições fixas. Por exemplo, eu, Rivellino e Dirceuzinho podíamos jogar tanto na ponta-esquerda quanto no meio. Imagine esse jogo no campo antigo, com as dimensões maiores!! Os velocistas iam cansar rápido, hein! Mas deixa para lá….me despedi dos amigos, entrei no Uber e abri a foto novamente.
Estava totalmente mergulhado no túnel do tempo quando fui despertado pelo motorista, que me reconheceu: PC, desculpa incomodar, mas no seu time joga Gabigol ou Cláudio Adão? E a resenha continuou, afinal ela é o combustível do torcedor. Para fechar, os estaduais começaram e já ouvi uma pérola do comentarista: “o São Paulo é um time horizontal que tem um estilo de jogo vertical”. Como explicar?
O PAPEL DOS ESTADUAIS NO SÉCULO XXI
por Wilker Bento
Morumbi, 13 de outubro de 1977. O Corinthians vence a Ponte Preta por 1×0, gol de Basílio, e conquista o título paulista após 23 anos de espera.
Maracanã, 22 de junho de 1988. Vasco e Flamengo decidem o título carioca. Cocada entra aos 41 minutos do segundo tempo, marca o gol da vitória aos 44 e é expulso em seguida. O Vasco vence por 1×0 e é bicampeão.
Morumbi, 12 de junho de 1993. Palmeiras vence o Corinthians na prorrogação, com gol de pênalti de Evair, e encerra o jejum de 17 anos no Campeonato Paulista.
Maracanã, 25 de junho de 1995. No Fla-Flu valendo o título estadual, Renato Gaúcho desvia com a barriga o chute de Aílton e o tricolor vence por 3×2, conquistando o Campeonato Carioca no ano do centenário do rival.
Os relatos acima contam histórias sobre títulos estaduais marcantes para os clubes envolvidos. Decisões com estádios lotados, desfechos emocionantes e espaço especial no coração do torcedor. Mas há um outro elemento em comum: todas essas finais ocorreram no século XX. Não conseguiremos lembrar de nenhum título estadual recente com importância parecida, exceção feita ao tri carioca do Flamengo em 2001 – e mesmo assim, lá se vão vinte anos do inesquecível gol de falta de Petkovic contra o Vasco aos 43 do segundo tempo.
Incômodo para os grandes, insuficiente para os pequenos e rentável apenas para as federações, será que está na hora desse tipo de torneio chegar ao fim?
Contexto
Até a metade dos anos 1980, a grande maioria dos clubes de elite do futebol brasileiro tinha em seu calendário apenas o estadual e o Campeonato Brasileiro. A Copa do Brasil ainda não existia e a Libertadores, único torneio de clubes organizado pela CONMEBOL, era restrita a dois times por país. Mesmo o Brasileirão era mal organizado, durando apenas um semestre e com regulamentos que mudavam a cada edição. Assim, ser campeão estadual era mais importante que nos dias de hoje.
Na atualidade, o cenário é diferente. Os clubes grandes têm mais o que fazer além de disputar o título estadual, que fica pequeno diante das outras taças que uma equipe pode conquistar na temporada, não sendo mais uma prioridade. Infelizmente, os organizadores dos estaduais estão demorando a reconhecer isso. Por exemplo: em sua apresentação no São Paulo, o técnico Crespo afirmou que “provar jogadores no Paulistão não parece correto”. Uma declaração compreensível, em tom político, de um treinador estrangeiro que acabou de chegar em um clube que não ganha um título desde 2012. No entanto, a FPF repercutiu a fala como se transformasse o Campeonato Paulista na coisa mais importante do mundo.
Episódio ainda mais lamentável foi a publicação do regulamento do Campeonato Carioca desse ano. No documento, a FERJ prevê multa para o clube que, a partir da terceira rodada da Taça Guanabara, “deixar de utilizar sua equipe considerada principal sem motivo justo”. Uma cláusula completamente subjetiva e que interfere na autonomia dos técnicos em escolher os jogadores que bem entender.
Somente com as federações admitindo sua atual pequenez e cuidando do seu valor histórico é que a tradição dos estaduais jamais se perderá.
Preparação e revelação
Um dos argumentos mais comuns na defesa da manutenção dos estaduais é a revelação de atletas. Boa parte dos craques que o futebol brasileiro teve surgiram nesses torneios. É a oportunidade que jogadores de times menores têm de aparecer na mídia e dar um salto em suas carreiras.
Para os clubes grandes, os estaduais devem ser vistos como um espaço de experiência aos garotos da base, que terão a chance de mostrar serviço e ganhar vaga no time principal. O Athletico-PR entendeu isso e vem há alguns anos disputando o Campeonato Paranaense com a equipe sub-23.
Jogadores veteranos, que custam milhões aos clubes, devem ficar reservados apenas aos clássicos e fases decisivas, e não se desgastando fisicamente e correndo o risco de até mesmo sofrer uma lesão em partidas de pouco valor. O estadual não é o Santo Graal, mas um brinde. Aí entra a parte da colaboração do torcedor, que deve ter paciência. Não adianta reclamar dos estaduais o ano inteiro e pedir a cabeça do técnico após o primeiro empate contra um time pequeno.
Regulamento
O Campeonato Carioca virou piada nos últimos anos por adotar uma fórmula esdrúxula: um time poderia cair e subir no mesmo ano, ou vice-versa; uma seletiva entre os piores da primeira divisão e os melhores da segunda foi inventada; alguns jogos tinham vantagem do empate para quem tivesse a melhor campanha, e outros não; e ganhar os turnos passou a não ter valor nenhum. Uma criança jogando videogame faria melhor. O primeiro passo para que os estaduais sejam minimamente atrativos é a elaboração de regulamentos simples, de fácil entendimento.
O tamanho da competição também precisa ser repensado. O Palmeiras em 2020 venceu a Libertadores após 13 partidas disputadas, mas para ser campeão paulista precisou de 16. É muito tempo gasto em um campeonato pouco importante. O excesso de jogos sem dúvidas pesou no final da temporada, onde o Verdão teve que se desdobrar para disputar Copa do Brasil, Libertadores e Brasileiro de forma competitiva, chegando no Mundial de Clubes em frangalhos. A pandemia contribuiu para essa situação, mas o calendário do futebol nacional já era caótico antes do surgimento do novo coronavírus.
Existem várias soluções possíveis para isso. A mais óbvia delas é a redução dos estaduais para torneios de no máximo 10 datas. Uma competição não necessariamente precisa ser grande para ser atrativa: com menos jogos, a margem de erro diminui e cada partida ganha um peso maior. Um time pequeno pode emendar uma sequência inspirada e brigar pelas primeiras posições; um time grande não pode dar bobeira, sob o risco de ser eliminado na primeira fase ou até mesmo parar na zona de rebaixamento. É nos menores frascos que se encontram os melhores perfumes… Para compensar a redução e não deixar os clubes menores a ver navios, seria necessário um aumento nas datas das copas estaduais.
Outra possibilidade seria manter o número de datas atual, mas espaçando o torneio ao longo da temporada. Atualmente, os estaduais ocupam os quatro primeiros meses, com o Brasileirão ocorrendo nas datas restantes. Seria mais interessante se ao invés disso ambas as competições ocorressem paralelamente, durando o ano inteiro, com uma rodada do estadual ocorrendo a cada duas ou três do Campeonato Brasileiro. Dessa forma, os técnicos administrariam melhor o rodízio do elenco, e os clubes pequenos teriam mais tempo de atividade, deixando de serem “times de aluguel”.
É viável propor até mesmo o aumento para no mínimo 30 datas ao longo do ano. Nesse caso, as equipes que estivessem nas primeiras divisões do Brasileirão disputariam o estadual com times B ou a base do início ao fim.
Mando de campo
Os estaduais existem por causa dos times pequenos, sendo a oportunidade de clubes do subúrbio e do interior enfrentaram os gigantes do futebol nacional. Se o estadual acontece para contemplar os clubes menores, os jogos devem ocorrer na casa deles.
Flamengo x Madureira? Jogo em Conselheiro Galvão. Corinthians x Ferroviária? Jogo em Araraquara. Grêmio x São Luiz? Jogo em Ijuí. Com essa medida, o campeonato fica mais equilibrado, pois os pequenos teriam o fator casa sempre a seu favor.
Além disso, os torcedores que moram em locais mais afastados do estádio do seu time teriam a chance de acompanhar o clube de coração mais de perto. Por exemplo, um vascaíno que more em Bangu tem mais facilidade para se deslocar até Moça Bonita que São Januário; um cruzeirense de Governador Valadares veria um jogo contra o Democrata no Mamudão de maneira mais especial que alguém que mora em Belo Horizonte e pode ir ao Mineirão toda semana.
Outra vantagem seria a redução de custos, sem a necessidade de abrir os grandes estádios para partidas de pouco apelo, com palcos como o Maracanã e o Morumbi reservados para os jogos mais importantes.
Conclusão
A época de ouro dos estaduais, com gênios como Pelé e Garrincha desfilando seu talento, não vai mais voltar. A cena de torcedores invadindo o gramado e parando o trânsito para comemorar o título também não – com exceção de cidades como Campinas, onde Guarani e Ponte Preta esperam pelo troféu estadual há mais de um século.
Ainda assim, existe sobrevida. Unindo tradição e modernidade, charme e organização, os campeonatos estaduais podem se reinventar e render boas histórias por muitos anos
O PORQUÊ DO MEU AMOR PELO VASCO DA GAMA
por Paulo Souto
O que leva uma pessoa torcer incondicionalmente por um clube de futebol e esquecer o mundo. Domingo ao findar o clássico do Maracanã, senti falta de alguém que me contou o que viu em sua existência de torcedor. Falou-me de Jaguaré, Barbosa, Jair da Rosa Pinto, Ipojucan, Danilo Alvim, Lelé, Ademir e outros jogadores do VASCO. Foi aí que descobri meu amor pelo GIGANTE DA COLINA. Era tanto amor do meu pai pelo seu clube do coração, que me inebriei com suas façanhas de ser o primeiro time a ter um elenco só de negros, de ser o maior time do Brasil nos anos 40 e 50, de ser o primeiro campeão sul americano e a base da seleção brasileira de 1950. Esse era meu pai, um apaixonado pelo clube do seu pai.
O meu amor pelo VASCO se fez presente quando ouviu seu grito de campeão, quando se tornou super, super campeão no final dos anos 50 em cima do nosso maior rival e tinha Bellini, Orlando, Vavá e outros craques que fizeram meu VASCO ser o melhor, mesmo que meu pai sonhasse com um novo campeonato, só comemorado 12 anos depois.
Anos de tristezas se foram, esperanças e o ouvido colado no rádio de pilha, curtindo as resenhas comandadas pelo vascaíno ORLANDO BATISTA, que nunca negou sua preferência pelo clube da cruz de malta. Esse era meu pai, que em 1970, gritou e comemorou o campeonato com um gol de Silva, nos devolvendo o orgulho de sermos VASCO DA GAMA. Esse amor teve outros capítulos de conquistas e emoção, como o primeiro Campeonato Brasileiro comemorado cheio de emoção pelo meu ídolo de sempre. Meu pai parecia um menino e não escondia a alegria com esse feito, repetido com outro Campeonato Carioca e de forma invicta. Esse amor aumentou, quando perdemos nosso maior ídolo, que tempo depois retornou e ouvi cinco vezes os gritos do meu pai, comemorando os gols de Dinamite contra o CORINTHIANS nos 5×2 memoráveis no Maracanã, que o amava quando jogava bem e o odiava quando jogava mal.
Assim era meu pai, o maior torcedor do VASCO que conheci e também o maior crítico de quem considerava ruim. Vitórias muitas, campeonatos outros e o mesmo amor que meu velho pai nutria pelo seu time do coração.
Com o passar do tempo, o entusiasmo diminuiu, mas seu amor não. Mais um Brasileiro e finalmente o silêncio de quem amou e vibrou com o CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA. Morreu meu pai, morreu um pouco de mim, morreu em parte o gostar de escutar os gols do meu time, que nos uniu e separou em comemorações e opiniões. Onde ele chamava o maior ídolo do VASCO de perna de pau. Contraditoriamente ele me ensinou a amar o VASCO, como faço desde os anos 50. Diante de tudo isso, senti uma falta enorme do meu pai e não pude gritar com ele: É CAMPEÃO!