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COLEÇÃO DE CHAPÉUS

por Luis Filipe Chateaubriand

Pelo Campeonato Brasileiro de 1989, jogavam Vasco da Gama x Portuguesa, no Estádio de São Januário.

O atacante Vivinho recebe a bola, do lado direito da grande área.

Em seu encalço, o volante Capitão, da Portuguesa.

Vivinho lhe aplica um chapéu, da direita para a esquerda.

O volante vai arás da bola.

Vivinho lhe aplica outro chapéu, agora da esquerda para a direita.

O volante segue atrás da bola.

Vivinho, novamente, lhe aplica um chapéu, da direita para a esquerda, e chuta no gol, à meia altura, concretizando o tento!

Um golaaaaaaaaço!

Três chapéus no mesmo marcador e gol, só para finalizar a contento.

Inesquecível!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

ROCHA: UM EXEMPLO DE GARRA E DETERMINAÇÃO

por André Luiz Pereira Nunes


Detentor de longas e loiras madeixas, Rocha até hoje é lembrado e reverenciado pelos torcedores de Botafogo e Palmeiras. Podia não ser um craque. Costumava até errar muitos passes, mas era um jogador extremamente eficiente na marcação. Há quem diga que foi o maior marcador que Zico teve nos gramados brasileiros.

Fora revelado pelo Olaria, em 1978, na época em que o clube da Rua Bariri tinha o polêmico Carlos Imperial como vice de futebol. Posteriormente atuaria por Campo Grande, Bahia, Botafogo, Palmeiras, XV de Piracicaba, Juventus e Vila Nova (GO), além da Seleção Brasileira. Rocha chegou a ser convocado por Telê Santana para um amistoso contra a Bulgária, em Porto Alegre, em outubro de 1981. Ele entrou no lugar de Toninho Cerezo, na vitória brasileira por 3 a 0. Ainda desfilou seu talento na Seleção Brasileira de Masters, comandada por Luciano do Valle. Foi justamente nessa época que descobriu a leucemia que posteriormente o mataria.

– Era extremamente disciplinado, lutador. Queria ganhar sempre, revela o técnico Zé Mário, que o dirigiu no Botafogo.

No início de 1981, por intermédio de Carlos Imperial, seu passe foi negociado em definitivo com o Botafogo, que na oportunidade desembolsou 1,5 milhões de cruzeiros para contar com o seu futebol.


O ápice de sua carreira, sem dúvida, foi durante o Campeonato Brasileiro de 1981. Ao lado de Ademir Lobo e Mendonça, o médio-volante de cabeleira loura foi fundamental na ótima campanha do Glorioso no certame.

Na semifinal, o Botafogo acabaria eliminado pelo São Paulo em memorável cotejo disputado no Morumbi, em 26 de abril de 1981. O escrete carioca vencia por 2 a 0, mas acabou superado em uma discutida e polêmica virada do tricolor paulista por 3 a 2.

Negociado por 50 milhões de cruzeiros, foi apresentado aos torcedores do Palmeiras pelo dirigente Nicola Racioppi, em abril de 1982.

Entre 1982 e 1985, Rocha foi um lutador dedicado no alviverde, ainda que seu reconhecido empenho não tenha resultado em conquistas. À exemplo do Botafogo, o Palmeiras vivenciava um incômodo jejum de títulos.


Em 1986, foi transferido para o Juventus. O clube da Rua Javari também apresentou o zagueiro Juninho, o goleiro Barbiroto e o atacante Reinaldo Xavier.

Vestindo o manto sagrado do “Moleque Travesso”, arrebatou o saudoso “Torneio Início” do Campeonato Paulista, uma atraente competição de tiro curto que infelizmente não mais existe.

Ainda jogou pelo XV de Piracicaba (SP) e depois pelo Londrina (PR). Seu último clube, como profissional, foi o Vila Nova, de Goiás, em 1989.

Praiano assumido, participava sempre das peladas de fim de ano na zona sul do Rio de Janeiro. Vascaíno convicto, não teve a oportunidade de defender as cores de seu time, embora tenham acontecido sondagens.

Falecido aos 39 anos, Jorge Luís Rocha de Paula sempre será um exemplo de dedicação, obediência tática e disciplina para os amantes do futebol bem jogado.

O CRAQUE DO BRASIL EM 2005

por Luis Filipe Chateaubriand


Nunca se viu, no Brasil, um craque do ano ser argentino, certo?

Errado!

Em 2005, o porteño Carlitos Tevez conduziu o Corínthians ao título de campeão brasileiro, com muita técnica e muita raça.

Tévez era um jogador vertical, nada de passes para o lado ou para trás, evoluía com a bola sempre para a frente, em direção ao gol.

Tévez era dono de uma técnica apurada, aliando habilidade e inteligência, quando a bola chegava nele, já sabia o que iria fazer com ela, o resultado normalmente era muito bom.

Teves era raçudo, conduzia o time com garra, com vontade, apontava caminhos para os companheiros, cobrava deles e de si próprio.

Não foi à toa, portanto, que o Campeonato Brasileiro de 2005 teve em Carlitos seu principal personagem.

Carlitos e “Timão”, um a cara do outro!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada

ÉZIO, SUPER ÉZIO

por Paulo-Roberto Andel


Dez anos sem o mais gentil e humano de todos os grandes artilheiros tricolores.

Ézio foi um caso de amor com o Fluminense que começou sem grande alarde, mas que cresceu a tal ponto que se tornou eterno.

Começou em 1991. O Flu vinha de cinco anos sem títulos, uma agonia para a exigente torcida tricolor. Com seus gols e sua simpatia, o artilheiro começou no a ganhar a torcida.

Marcava de todos os jeitos, pouco importando se a finalização era comum ou maravilhosa. Alternava golaços com outros considerados mais simples.

E ia o Fluminense batendo nas traves. Quase o Brasileiro de 1991, quase o Carioca do mesmo ano, a Copa do Brasil 1992 que escapou no apito de José Aparecido, os Cariocas de 1993 e 1994. O Flu não ganhava os títulos, mas lutava por eles: a gente sentia que viria mais cedo ou mais tarde. Continuávamos como protagonistas e tínhamos um ídolo de verdade. Os jovens tricolores estudantes da UERJ mataram muitas aulas para ver o Tricolor logo ao lado, com a chama de seu camisa 9.

Em quatro temporadas, Ézio fez muitos gols e esteve presente em momentos históricos além das decisões: não há tricolor que se esqueça dos 7 a 1 sobre o Botafogo em 1994, nem dos 4 a 2 sobre o Flamengo naquele mesmo ano – Ézio marcou três gols do Fla x Flu e não lembro se outro camisa 9 do Fluminense o igualou neste sentido. Mais atrás, muitos falam da semifinal contra o Bragantino em 1991, mas poucos se lembram de que, para disputá-la, o Fluminense precisou vencer dentro e fora do campo os cinco últimos jogos – e lá estava o artilheiro marcando presença. E não se pode desprezar as duas Taças Guanabara, em 1991 e 1993, esta decidida com um gol de Ézio.

Os últimos minutos da carreira de Ézio no Fluminense foram inesquecíveis: entrou em campo naquele que, para muitos, é o maior Fla x Flu da história. E foi dele o primeiro toque na bola no campo adversário que, segundos depois, se transformaria no mais inesperado – e fascinante – gol da história das decisões no Maracanã, marcado pela barriga de Renato Gaúcho. Sua última partida pelo Fluminense é uma das maiores que o clube disputou em quase 120 anos de glórias.

Consagrado pela narração de Januário de Oliveira, amado pela torcida do Fluminense por seus gols e simpatia, Ézio é uma força, uma presença, um drama e uma intensidade que ainda povoa o Estádio das Laranjeiras. Ali ele deu muitos autógrafos, tirou muitas fotos e abraçou milhares de fãs com seu sorriso indestrutível. Ali ele treinou para fazer mais de cem gols pelo Flu. E foi ali que ele começou a escrever uma história inigualável no futebol brasileiro.

Explica-se: todos os grandes clubes do país possuem grandes títulos e monumentais artilheiros. A diferença do Fluminense para todos os outros é que só o Tricolor teve como artilheiro um eterno super-herói. O mais humano, sensível e amigo, o mais especial de todos os goleadores vestidos de grená, branco e verde.

Sinistro, muito sinistro o Super Ézio.

@pauloandel

ÍDOLOS DOS NOSSOS ÍDOLOS

A IDOLATRIA E A PRÁTICA DA ADORAÇÃO DOS ÍDOLOS

por Elso Venâncio


No início de suas carreiras, os ídolos do futebol se espelham em grandes referências. Na nossa juventude, admiramos o estilo de um determinado jogador e procuramos realizar nas peladas o que ele ousava e conseguia fazer nos jogos.

O ídolo do Pelé era Zizinho. ‘Mestre Ziza’ aconselhou o ‘Rei’ no início da carreira:

– Você, com essa genialidade, tem que ser respeitado no choque. Os adversários entram pra quebrar em quem é habilidoso.

João Máximo, nosso grande nome do Jornalismo, afirmou:

– Zizinho foi maior que Pelé. Eu e minha geração somos testemunhas.

Zico disse que se espelhava em Dida, um alagoano que comandou o Flamengo ao longo do tricampeonato de 1953/54/55. O ‘Galo’ conta que, nos rachas em Quintino, se autoproclamava Dida e fazia gol atrás do outro.

Dida, por sua vez, teve Leônidas da Silva, o ‘Diamante Negro’, como professor. Inclusive, ele era o destaque do seu time de botão.

Diego Maradona nunca escondeu de ninguém quem foi o maior para ele: Rivelino. De Zurda (de canhota), pela TV Venezuelana, na TV Sur, com Rivellino presente, ‘El Pibe’ fez uma dedicatória e assinou:

“O mestre de toda minha vida.”

O grande ídolo da infância de Ronaldo Fenômeno, eleito três vezes o melhor do mundo (1996, 1997 e 2002), foi Zico. Dois tricampeões do mundo, Gerson, o ‘Canhotinha de Ouro’, e Paulo Cezar Lima, o ‘Caju’, elegem Didi, o homem da ‘Folha Seca’, que marcou o primeiro gol no Maracanã. Gerson confessa que Didi o ensinou a lançar:

– Tem que treinar lançamentos médios e longos, revezando os lados e colocando cadeiras em campo, como referência – incitava ‘O Príncipe Etíope’.

O baixinho Romário aponta Reinaldo, maior ídolo da história do Atlético Mineiro, e completa:

– Me inspirei muito nele, principalmente na hora de definir o lance e fazer o gol.

Aqui, alguns ídolos dos ídolos

Messi: Pablo Aimar

Cristiano Ronaldo: Eusébio

Neymar: Robinho.

Mbappé: Cristiano Ronaldo

Renato Gaúcho: Zico

Mohamed Salah – Ronaldo Fenômeno

Marcelinho Carioca: Zico

Alex – Zico

Sergio Ramos – Claudio Caniggia

Lewandowski  – Raúl

Hazard – Zidane

Ronaldinho Gaúcho – Maradona

Luís Suarez – Batistuta

Daniel Alves – Cafu

Chicharito Hernández – Ronaldo Fenômeno

Pirlo – Juninho Pernambucano

Angel Di Maria – Kily Gonzalez

Roberto Baggio – Zico

Ronaldinho Gaúcho – Maradona

Iker Casilas – Oliver Kahn

Ibrahimovic – Ronaldo Fenômeno

Lamento os clubes brasileiros não reverenciarem os grandes jogadores que vestiram suas camisas. Evaristo de Macedo me contou que quase anualmente vai a Barcelona e Madri, com vários outros ex-craques, receber homenagens em solenidades festivas. Evaristo foi o primeiro brasileiro a fazer história na Espanha. Jogou nos rivais Barcelona e Real Madri, sendo ídolo das duas torcidas. Ao lado dele, Puskas, Kocsis, Gento e Di Stéfano. Segundo Evaristo, todos craques. Mas nenhum igual a Pelé.

No Rio, o Botafogo lembra de seus destaques no muro em frente à sede social. Vários personagens da história estão lá, de Heleno de Freitas a Loco Abreu, de Garrincha a Seedorf. No casarão de General Severiano há ainda mais homenagens, com fotos gigantescas destes e outros grandes craques.

O Santos dá um exemplo importante com o projeto ‘Ídolos Eternos’. O clube tem contrato com Clodoaldo, Mengálvio, Dorval, Manoel Maria, Edu, Abel e Pepe. Eles merecem ser lembrados e representam o Peixe em eventos, quando são devida e merecidamente valorizados.

Vou citar, entre tantos, dois craques que me impressionavam. Carlos Alberto Torres, o grande lateral que vi jogar, ao lado de Leandro, e Paulo Cezar Caju. O ‘Capitão do Tri’ se destacava não apenas por seu futebol, mas pela liderança exercida em campo. Já Paulo Cezar foi definido pelo comentarista João Saldanha como “um garoto grande jogando bola no meio de crianças”. Aliás, Saldanha dizia que um clube grande vive até sem títulos, mas não sem ídolos. Citava o jejum de 23 anos do Corinthians, que contratava e aumentou a paixão e a torcida durante esse longo período.

Paulo Cezar está no nível de Gerson, Zico, Rivellino, Romário, Cruijf, Beckenbauer, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e outros poucos desse nível. Acima desses: Pelé, Messi, Garrincha e Maradona.

Tantos ídolos! Todos inesquecíveis… e eternos!

Citei alguns, mas tem outros monstros sagrados da bola. E o seu ídolo, quem é?