Escolha uma Página

CHICO, DO VASCO, 100 ANOS

por André Felipe de Lima


Os gaúchos não se destacam apenas pela garra e pelo espírito combativo — muito pelo contrário — se as gerações mais novas deleitaram-se com a habilidade de um Ronaldinho Gaúcho, outras podem dar testemunhos de um craque gerado no sul. Chico, que era destro e iniciou a carreira como ponta-direita, foi ponta-esquerda do Vasco e daquele escrete da Copa de 1950, que tinha nada menos que seis titulares oriundos do time de São Januário. Era o Expresso do Vasco. Tinha todas as qualidades de um craque, com técnica, velocidade, drible fácil e chutes potentes e certeiros, com ambas as pernas. E, claro, a tal raça comum aos gaúchos: apanhou de sabre dos policiais argentinos na briga generalizada do Sul-Americano de 1946, em Buenos Aires, depois de revidar uma entrada maldosa de um zagueiro argentino. Naquela partida, teria um gol legítimo anulado pela arbitragem, que alegou impedimento. Marcou quatro gols na Copa de 50. Atuou no Vasco de dezembro de 1942 a 53.


Francisco Aramburu, o grande Chico, faria 100 anos neste dia 7 de janeiro de 2022. Ele nasceu em 1922, em Uruguaiana, e travava duelos memoráveis com Biguá, lateral do Flamengo, paranaense de Irati, no time rubro-negro desde 1941. Pareciam ferrenhos inimigos, mas atuaram juntos nas seleções carioca e brasileira. Em São Januário, o Vasco recebia o Flamengo, que tentava o “tetra”. Com o placar apontando 1 a 1, aos 43 do 2º tempo, Biguá ficou de costas para o gol, espreitando o que Chico faria, e Lelé bateu para o gol. A bola bateu na trave, na nuca de Biguá e entrou no gol. O lateral caiu chorando, ainda tonto com a pancada.

“A própria torcida do Vasco não festejou o gol com muita alegria, em respeito ao drama que eu vivia. E a primeira mão que se ergueu para me ajudar foi a do meu grande adversário, Chico. Ele me levantou, me abraçou com carinho, me consolou.” Respeito comum a outro futebol, de outro tempo, confirmado pelo depoimento de Chico: “Eu fui lá ajudá-lo, disse-lhe que erguesse a cabeça, porque ele não tinha culpa nenhuma. A dor de Biguá me feria. Naquele momento, chorei junto com ele. Naquela época o futebol tinha rivalidade dentro do campo, assim mesmo, se respeitando os adversários”. Biguá, grande amigo de Chico, morreu em 9 de fevereiro de 1989.

Chico também defendeu o Ferrocarril, de Uruguaiana, de 1939 a 41, e Grêmio, de 1941 a 43, antes do Vasco da Gama, pelo qual foi campeão carioca em 1945, 47, 49, 50 e 52, e campeão do primeiro Sul-Americano de clubes, pelo Vasco, em 1948. Jogou pela seleção na Copa contra a Iugoslávia, em 1º de julho de 1950, Suécia, no dia 9, Espanha, no dia 13, e Uruguai, no dia 16, a grande final.


Como todos os craques que estiveram em campo naquele Brasil e Uruguai de 16 de julho de 1950, no Maracanã, Chico sofreu e… denunciou. Ele confidenciou ao repórter Geneton Moraes Neto que o técnico Flávio Costa assumiu a responsabilidade pela derrota ao pedir ao lateral Bigode que mudasse o seu estilo [viril] de jogar. “Nosso treinador disse a Bigode que exigia disciplina. Se houvesse derrota com indisciplina, o indisciplinado seria o responsável. Se houvesse derrota com disciplina, ele, o treinador, seria o culpado. Bigode, então, modificou o estilo de jogo”, confirmou o ponta, que “pressentiu”, logo após o Brasil fazer 1 a 0, que, caso ele, Chico, não “parasse” Obdúlio Varela, o jogo estaria perdido. Pediu apoio a Ademir de Menezes e a Zizinho e ouviu dos dois que deveria seguir a recomendação de Flávio Costa.

O mesmo Bigode — descreveu Chico, sem citá-lo nominalmente à Geneton — levou um tapa de Obdúlio, o que todos os outros jogadores do escrete negaram: “Não posso deixar de dizer, porque vi: um jogador do Brasil levou um tapa de Obdúlio Varela. Por que ele diz que não levou, eu não sei. Mas levou, eu vi. Aliás, Obdúlio deu um cascudo. Os uruguaios tinham essa maldade. Davam um tapa, davam soco e cuspiam. Depois, diziam que estavam acariciando. Mas nunca admiti essa carícia comigo. Eu estava próximo do lance quando tudo aconteceu. Cheguei a pedir a Obdúlio Varela que fizesse comigo.”


Chico também cita um fator extracampo como aditivo para o fiasco diante dos uruguaios: a divisão do dinheiro que se obteria com a venda do lustre de cristal, conquistado por Jair Rosa Pinto, por ser considerado o melhor em campo em um dos jogos da seleção naquela Copa. Chico reclamou de barriga cheia porque saiu do Mundial com um terreno por ter feito um dos gols da campanha do Brasil. Outros jogadores ficaram a ver navios, sobretudo os da defesa. Os propalados terrenos eram concedidos apenas aos atacantes.

Pela seleção brasileira, Chico entrou em campo 21 vezes, conquistando 12 vitórias, 3 empates e marcando 8 gols. Encerrou a carreira em 1953, no Flamengo, e, durante muitos anos trabalhou como corretor autônomo de seguros.

Um dos melhores pontas da história do Vasco, Chico, morreu no dia 1º de outubro de 1997, no Rio de Janeiro.

OBDULIO VARELA, O CAUDILHO URUGUAIO

por Elso Venâncio


Obdulio Jacinto Muiños Varela é um “Deus” para o futebol uruguaio. “El Jefe Negro” foi o principal responsável pelo pesadelo que atormentou o futebol brasileiro, derrotado no dia 16 de julho de 1950 em plena final de Copa do Mundo disputada no recém-inaugurado Maracanã.

O “Caudilho de Nervos de Aço”, como era chamado, disputou dois Mundiais e nunca perdeu um jogo sequer defendendo a “Celeste”. Em 1954, na Suíça, a desclassificação, diante da poderosa Hungria de Puskas, aconteceu após o líder uruguaio se contundir.

Era volante, número 5, e sua garra, força e amor à camisa o transformaram em mito nacional. Uma espécie de sinônimo da seleção de seu país.

Nelson Rodrigues escrevia:

“Obdulio ganhou do nosso escrete no grito e no dedo na cara.”

A vitória do Uruguai de virada, 2 a 1, diante de uma multidão que jamais será reunida novamente em um estádio esportivo, representa a maior zebra da história do futebol. O próprio Obdulio disse, quando recebeu a taça das mãos do presidente da Fifa, Jules Rimet, que em 100 jogos disputados entre ambas as equipes o Brasil venceria 99. O dirigente, sem esconder sua surpresa, declarou que realmente tudo o que aconteceu ao longo do Mundial já era previsto, menos a derrota dos donos da casa.

Prefeito do Rio de Janeiro, o general Mendes de Moraes discursara antes de a bola rolar:

“Brasileiros, vós que sereis campeões; vós que não tendes rivais no planeta… cumpri minha palavra construindo este estádio. Cumpram agora o seu dever, ganhando a Copa do Mundo!”

Curiosamente, o carrasco brasileiro achava que, aos 32 anos de idade, estava velho. Não atendia às convocações. Sequer queria vir ao Brasil. Foi necessária a intervenção pessoal do presidente do país, Luís Batlle Berres. Em troca, Varela pediu um emprego público. Com o título, conseguiu colocações especiais para todos os companheiros.


– Temos que pelear!!! – Varela gritava no vestiário. E urinava nos jornais que apontavam o Brasil como campeão.

– Pelear, pelear!!! – o grito ecoava pelos corredores do Maior do Mundo.

Na entrada em campo, ordenou:

– Ninguém olha pra arquibancada. O jogo é no campo.

Deu certo: 0 a 0 no primeiro tempo, com direito a um tapa de leve dado em Bigode, após falta violenta cometida pelo lateral brasileiro. Esse tapa, na lenda do futebol, acabaria virando bofetada.

O Brasil jogava pelo empate e tinha marcado 21 gols em cinco jogos. Apenas Ademir Menezes, o “Queixada”, pernambucano ídolo do “Expresso da Vitória”, timaço do Vasco que servira como base para a seleção nacional, fez nove.

Friaça abre o placar no início do segundo tempo. Obdulio coloca a bola embaixo do braço e caminha até o bandeirinha. Depois chama o árbitro inglês, George Reader, para conversar. A torcida brasileira, temendo a anulação, para de comemorar. Na verdade, o uruguaio queria esfriar o jogo. O gol, contudo, foi confirmado.


Aos 21 minutos, Schiaffino empata. Treze minutos depois, Ghiggia promove um silêncio sepulcral no Maracanã, àquela altura tomado por mais de 200 mil pessoas. No final, Brasil nocauteado no campo e na arquibancada.

Zizinho, craque brasileiro que era o ídolo de Pelé, disse que ao chegar em casa, após o jogo, encontrou todo mundo chorando. Teve que falar duro, para não enlouquecer. As noites seguintes foram terríveis. Não conseguia dormir, tinha pesadelos, acordava espantado. Os lances da tragédia não saíam da cabeça. Os pais apontavam para ele na rua e diziam aos filhos:

– Aquele ali é o Zizinho, da Copa.

O próprio, porém, pensava:

– Sim, sou Zizinho, Um perdedor.

Tempos se passam e a Rádio Globo fazia uma tarde esportiva aos sábados. Início dos anos 90, estou no estúdio como âncora e toca o telefone interno. O porteiro me diz que um ex-jogador uruguaio pedia para conhecer a rádio. Desço e me deparo com um senhor alto, mulato, de cabeça e pescoço enormes, um pouco corcunda, cabelos crespos e brancos, que se apresenta sorrindo, educadamente:

– Sou Obdulio Varela.

Eu estava diante do grande carrasco do futebol brasileiro, causador da maior depressão nacional provocada por um jogo. Levei-o ao estúdio e ele concordou em bater um papo ao vivo. Disse que às vezes, em Montevidéu, sintonizava à noite na Rádio Globo para ouvir notícias do nosso futebol. Era amigo de Zizinho e, sempre que vinha ao Rio, os dois se encontravam para por o papo em dia e falar da vida.

Gostava, sim, de mandar, de gritar, de ser capitão. Mas não sabia o porquê.

– Eu dei somente um empurrão no Bigode. Preferiram dizer que o agredi.

Tinha mágoa dos dirigentes, que, segundo ele, sempre usaram os jogadores e o futebol. Pedia maior participação dos atletas profissionais nas decisões. Ele, que em 1948 liderou uma greve, paralisando o Campeonato Uruguaio. A Argentina logo copiaria o movimento.

Varela se hospedava no Hotel Paysandu sempre que vinha ao Rio. No mesmo local a delegação uruguaia se concentrou durante a Copa de 50.

Obdulio revelou que havia uma ordem para ninguém sair do hotel após o jogo. Porém, ele chamou o massagista para tomar umas cervejinhas e caminhou pela Rua Paissandu – não foi a Copacabana, como dizem – e dobrou na Senador Vergueiro. Perto da Praça José de Alencar, entrou em um restaurante e percebeu muita gente aos prantos. Ficou meio sem jeito, preocupado com alguma reação intempestiva, já que não demorou a ser reconhecido. Silêncio por alguns segundos. Em seguida, aplaudido por alguns, se comoveu. Esboçou um choro, que tentou conter a todo custo. Mas ninguém foi agressivo com ele.

Pelo contrário. Comeu e bebeu até se embriagar. E de graça. Foi um dos últimos a deixar o local. Ali, segundo ele, nasceu uma profunda paixão pelo Rio e por nosso futebol.

O Hotel Paysandu, que ficava na esquina da Praia do Flamengo com a rua Paissandu, foi fechado há um ano. Ele serviu também de concentração para a seleção brasileira entre o final dos anos 50 e meados dos 60. Atualmente retrofit, lançará aparts no mercado carioca. Já Obdulio faleceu em 2 de agosto de 1996. Mas seguirá sendo imortal na História do esporte.

ROBERTO DIAS, O MAIOR

por André Felipe de Lima


Como quarto-zagueiro ou volante, ele funcionava, e muito bem. Clássico. Talvez o mais clássico de todos os zagueiros que o São Paulo Futebol Clube já teve. Podemos citar Mauro Ramos de Oliveira, o capitão do bi mundial. Tudo bem. Mauro foi um gigante, um zagueiro técnico, maravilhoso, clássico também. Mas Roberto Dias foi, para muitos tricolores, fundamentalmente os da velha-guarda, o melhor que já despontou nas fileiras do Morumbi. Mais emblemático que o uruguaio Dario Pereyra, inclusive.

Roberto Dias chegou ao São Paulo em 1960. Deixou-o somente em 1973. Verdade que ficou parado ao longo de 1971. Na noite de 7 de dezembro daquele tortuoso ano, Dias voltou ao campo. Matou bola no peito, deu carrinho, desarmou e lançou. Também chiou com o juiz. Obviamente natural. Fez o mesmo com os bandeirinhas e os gandulas. O velho Dias estava de volta. O coração permitira o show, a emoção de ouvir o estádio inteiro gritar seu nome: “Eu sou um ex-cardíaco. Quem consegue suportar todas estas emoções que eu tive hoje não pode ser um doente. Jogar não é nada. Difícil é sentir tudo isso outra vez.”


Dona Rosita, a esposa, chorava copiosamente ao lado da filhinha do casal. A festa para o marido foi inesquecível. Quem esteve no Morumbi sabe bem o que escrevo. Não estive lá, mas costume ler com atenção a emoção descrita por outras penas. A do jornal O Estado de S.Paulo do dia seguinte prova minha tese: naquela noite um ídolo foi reverenciado como pouco se viu ou veria depois na história do velho Morumbi. O coração dera uma trégua ao Dias, e a torcida agradeceu ao céu, ao coração. Agradeceu por Roberto Dias estar ali, na grama, fazendo misérias com a bola.


É inegável a longeva época de brilho intenso que imprimiu no Tricolor paulista. Foi o maior ídolo do clube na década de 1960, embora escassa de troféus para o clube. Em 14 anos exclusivamente são-paulinos, marcou 76 gols em 523 jogos, como aponta o Almanaque do São Paulo, assinado por Alexandre da Costa. Pergunto: qual zagueiro marcou tantos gols como Dias? Acho difícil que tenhamos outro Dias no futebol brasileiro. Pelé, por exemplo, era seu fã confesso. Dizia a todos que nenhum outro o marcou como Dias.

Roberto Dias Branco, bicampeão paulista em 1970/71 pelo Tricolor, faria anos hoje.

PÓ DE ARROZ, A VERDADE

por Idel Halfen


O primeiro artigo de 2022 abordará dois temas bem atuais: a diversidade e as fake news, para isso utilizaremos como ilustração o esporte num contexto histórico.

Uma pergunta sumariza bem o que será narrado: por que o pó de arroz foi associado ao Fluminense?

Nossa história começa em 1914, quando o jogador Carlos Alberto, que tinha o hábito de passar pó de arroz em sua pele. passou a fazer parte do elenco tricolor. Todavia, o fato foi deturpado sob a alegação de que o Fluminense não permitia negros em sua equipe e, através do pó de arroz, encontrava uma forma de disfarçar a cor da pele de seus atletas.

Suposição canalha e mentirosa, além de insustentável, para isso basta lembrar que: (i) desde os tempos em que o Carlos Alberto jogava no América, ele já usava o produto como um cosmético pós-barba; (ii) antes disso, em 1910, o Fluminense tinha em sua equipe o jogador Alfredo Guimarães que era negro – e nunca usou pó de arroz.

O que se tira desta história é que a propagação de mentiras não é uma questão de época ou de geração. Hoje o termo “fake news” parece agora mais popular pelo fato de as mídias sociais terem uma maior capacidade de reverberação, porém, a origem do mal não é a plataforma de divulgação e sim a falta de caráter daqueles que, para atacarem algo ou alguém, apelam para a invenção e/ou distorção de acontecimentos.

Coibir tais práticas através de mecanismos que evitem a divulgação massiva das mentiras é apenas um paliativo que, em termos concretos, não acaba com o problema. O cerceamento às redes também não parece fazer muito sentido, ao contrário, a existência delas é um fator de extrema importância para se rastrear os criadores e divulgadores de informações falsas.


A solução, segundo alguns, passa pela educação, ao defenderem que quanto mais educada a população menos mentiras existirão, o que faz até algum sentido no que diz respeito à reverberação, já que as pessoas mais educadas, em tese, desconfiarão do que estão recebendo e pesquisarão antes de repassar qualquer informação suspeita. Reside aqui, no entanto, um erro crasso: reduzir o conceito educação à mera formação através dos bancos escolares, abdicando da importância dos princípios e dos valores que deveriam ter origem no lar, independentemente de classe social.

Corrobora para essa dedução, a significativa quantidade de pessoas que toleram e defendem as fake news, quando essas o favorecem, é claro.

Diante dessa complexidade relativa à educação, é provável que, no curto prazo, as punições venham a ser a melhor forma de combater a proliferação de mentiras, o que é lamentável, mas, pelo menos pode ser uma forma de preservar a honra de pessoas e instituições inocentes.

O caso do pó de arroz, ao envolver uma acusação de racismo, prática abominável sob todos os sentidos, é apenas um exemplo de como uma mentira irresponsável pode trazer consequências na vida das pessoas e das instituições e, como tal, não deve ser tolerada.

VIVA O COLETIVO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Na primeira coluna do ano reitero para que a população siga se protegendo, usando máscara e tomando os cuidados necessários, pois esse vírus maldito segue contaminando muita gente. Tomem a terceira dose, enfim, cuidem-se, pois a esperança é de um 2022 menos traumático e com mais aproximação, abraços e encontros.

Torço para que o futebol também nos traga boas surpresas. Pelo menos Guardiola segue mantendo sua coerência, seu Manchester City continua me agradando e segue na liderança da Premier League, com 10 pontos a frente do Chelsea, do alemão Thomas Tuchel, adepto do futebol defensivo. Um retranqueiro, em bom português! Guardiola sabe montar times porque seus jogadores tem as mesmas características e o mesmo peso. Quem é o craque do City? Não sei dizer, mas sei que sai jogador, entra jogador e o rendimento é exatamente o mesmo. Isso é futebol coletivo de altíssima qualidade e deve ser valorizado!

O Brasil já dependeu de Romário e dos Ronaldinhos. Amo o termo “coletivo” porque ele consegue nos levar adiante com mais segurança, em tudo, na vida, inclusive. Hoje, dependemos de Neymar e não tem dado resultado. A Argentina há tempos vem dependendo de Messi e Portugal, de Cristiano Ronaldo. Isso atrapalha um bocado. “Dá que ele resolve…”. Essa história de melhor jogador do planeta complica demais porque o escolhido vira um salvador da pátria e não tem bagagem para tanto! Vinicius Junior vem passando por isso. Li que ele, hoje, é um dos jogadores mais valorizados no mundo. Ou seja, deve entregar o melhor futebol do mundo e não entregará, óbvio. Gosto dele, mas essa responsabilidade é danosa.

No futebol coletivo tudo flui, a entrega é melhor o torcedor sai ganhando porque ao invés de assistir uma apresentação solo ele verá uma orquestra bem entrosada. Guardiola segue sendo esse grande condutor, um maestro exemplar. Por conta disso, me lembrei quando Carlos Alberto Torres treinava o Flamengo e falou que o time era Bigu e mais 10! Bigu é meu amigo, uma figuraça, e admite que a declaração foi uma bigorna em sua carreira. A tentativa de criar ídolos pode ser o início do fim. Viva o coletivo!

Sobre as pérolas dos analistas de computadores, já ouvi uma boa em 2022: “Time que propõe o jogo com um meia que fatia a jogada por dentro, tentando, à base da intensidade, quebrar a segunda linha de quatro”.