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DESTA VEZ, VIVA ZICO

por Luis Filipe Chateaubriand

No texto anterior ao atual, este signatário teve a desfaçatez de criticar Zico.

Como criticar Zico?

Dos maiores ídolos do futebol que este mancebo tem, não faria sentido criticar quem tanto se admira.

Sucede que Zico defendia a ideia de que deveria haver menos jogadores estrangeiros no futebol brasileiro.

Discordei.

Ou, ao menos, não achei que esse fosse o principal problema do nosso futebol.

Mas, desta feita, Zico “acertou em cheio”!

O presidente da CONMEBOL, instigado pela presidente do Palmeiras, Leila Pereira – que afirmou que os clubes brasileiros poderiam deixar de jogar a Copa Libertadores da América em razão do racismo –, declarou que “Libertadores sem clubes brasileiros é como Tarzan sem a Chita”.

Para quem não sabe, Chita era a macaca de estimação do Tarzan.

Uma fala racista do presidente da CONMEBOL.

Zico não deixou barato…

Criticou duramente o presidente, a CONMEBOL e a situação.

Palmas, “Galo”!

E a pergunta que não quer calar é…

Zico não poderia ser o presidente da CONMEBOL?

Trocaríamos o racista pelo craque.

Não parece ser um mau negócio!

“DEZ, CAMISA DEZ DA SELEÇÃO”

por Ivaneguinho

Conceitos e pareceres sempre foram, dentro do futebol, motivos de debates saudáveis. Hoje, resolvi escrever, motivado por opiniões que tenho lido, assistido e escutado sobre o futebol atual, que dizem ser “super moderno”. Algo com o qual não concordo.

Laterais apoiando o ataque? O que diriam os “alas” Nilton Santos, Marinho Chagas, Carlos Alberto, Rodrigues Neto, Júnior, Leandro, Toninho Baiano, Vladimir e tantos outros do nosso futebol, hoje classificado como arcaico? E os “cabeças de área” de tempos atrás, que são rotulados como truculentos? Posso citar vários com mais técnica e classe do que os que atualmente são “endeusados” como jogadores modernos. Só para mencionar alguns: Zito, Dino Sani, Carlinhos Violino, Clodoaldo, Carbone, Falcão, Cerezo, Andrade, Carlos Roberto, Nei Conceição…

E os goleiros? Os de hoje são realmente melhores do que Gilmar, Castilho, Veludo, Barbosa, Manga, Lev Yashin, Sepp Maier, Dino Zoff e tantos outros?

Agora, os atacantes… Aí é que não dá para comparar mesmo! Só para ficar nos brasileiros: como explicar que, hoje, se um jogador recuar a bola para o goleiro, ele não pode mais pegá-la com as mãos? Antigamente, quando o “dianteiro” encurralava o zagueiro, este rapidamente devolvia para o “arqueiro”, que segurava a bola. Na regra atual, o goleiro não pode mais pegá-la. Dentro desse panorama, a tarefa dos atacantes deveria ser muito mais fácil.

No entanto, não consigo entender como, com toda a proteção que os cartões amarelo e vermelho dão aos jogadores de frente, um atacante consegue terminar um campeonato com 30 rodadas ou um ano com 60 jogos e se sentir satisfeito por ter marcado apenas 13, 15, no máximo 25 gols! Esse número era a quantidade mínima que atacantes do Bangu, América, Olaria, Madureira, Bonsucesso, São Cristóvão e Portuguesa costumavam fazer jogando contra grandes equipes.

De uns tempos para cá, criaram a frase: “Não há mais bobo no futebol!”. Principalmente quando clubes brasileiros e a Seleção Brasileira perdem para times ou seleções inexpressivas. Eu digo: nunca houve e nunca haverá bobo no futebol! O que sempre existiu – e sempre existirá – são os “pernas de pau”, “perebas”, “pés de chumbo”, “arranca-tocos”, entre outros.

Dizem que o futebol está igualado. Concordo! Mas não por excelência, e sim por precariedade. O nível se homogenizou pela falta de talentos! Agora me expliquem: se o futebol melhorou, por que não vemos surgir jogadores do nível de Zico, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Reinaldo ou, no mínimo, um artilheiro como Dadá Maravilha? E olha que nem estou sendo exigente, não citei Pelé, Garrincha, Rivelino, Tostão, Gérson, Jairzinho ou PC Caju!

Eles não melhoraram. Nós é que pioramos!

VERGONHA MONUMENTAL

por Marcos Eduardo Neves

Depois de quase 11 anos, voltamos a sentir a mesma sensação dos 7 a 1. Que humilhação os primeiros 15 minutos de ontem, em Buenos Aires, quando monumental foi a Argentina, que nos apequenou na ‘síndrome de vira-latas’ tão bem descrita por Nelson Rodrigues. A líder das Eliminatórias deitou e rolou para cima do bando juntado pelo desacreditado Dorival Jr. 4 a 1 foi pouco.

Quando o nosso goleiro caiu, ainda no primeiro tempo, achei que era ‘migué’, para tirar o corpo fora e sair ‘por cima’, antes do caos. Não foi. Ele falhou no terceiro gol, ao sair catando borboletas diante de Mac Allister. Contudo, quem não sabia onde estava foi Murilo – bem substituído no intervalo. O azarado zagueiro já tinha participado de forma decisiva dos dois primeiros gols hermanos.

Se nos 7 a 1 não tivemos Neymar (poderia ter sido 7 a 2 ou 7 a 3 com ele), que sorte demos de Messi estar machucado. Aliás, que sorte tem Neymar. Até parece que com ele o resultado seria diferente, a nosso favor. Vai ter sorte no jogo e azar no amor assim… na casa dos amigos.

Após o intervalo, até o herdeiro de Simeone fez gol. Ainda bem que as filhas de Maradona não foram convocadas.

Que baile, ou melhor, que tango a gente viu, ouviu e entubou. Aula, com direito a olé, jogadas ensaiadas, coletividade plástica e zoeira da torcida, pedindo um minuto de silêncio para nós.

Wesley, Arana, Léo Ortiz e Vini Jr. irreconhecíveis. Rodrygo idem. Joelinton, o que é isso? Marquinhos, tão péssimo quanto. Raphinha caiu na casca de banana posta por Romário e virou chacota. Ainda bateu uma falta na trave, num jogo em que não tivemos um córner sequer.

Ah, já ia esquecendo, fizemos um gol! Com Matheus Cunha. Falha do zagueiro e não mérito do time.

Nunca torcemos tanto para não ter acréscimos. Prova de que, Dorival, na seleção, já deu. Ontem ele honrou literalmente o sobrenome, sendo realmente júnior. Pra não dizer infantil.

Palmas para Ednaldo, reeleito por unanimidade na CBF. A máfia impera e, pelo visto, quebraremos novo recorde, ultrapassando 24 anos sem conquistar outra Copa após ter levantado a taça. Parabéns e meus pêsames.

O CICLO CHINÊS

por Idel Halfen

Quando vimos o futebol árabe iniciar sua política de investir fortemente na contratação de expoentes do futebol mundial, certamente nos lembramos do futebol chinês que passou por um movimento similar na década passada.

Sob a influência do presidente Xi Jinping e dos Jogos Olímpicos realizados em Beijing em 2008, o governo da China resolveu apostar no desenvolvimento do futebol e para isso elaborou um planejamento visando se tornar uma potência até 2050.

Os chineses projetaram criar 50 mil escolas de futebol no intervalo de dez anos, porém, não se atentaram para uma questão: como fazer com que mais crianças se envolvessem como praticantes e não apenas como torcedores, afinal, o futebol não faz parte da cultura do país. Não vamos entrar aqui nos problemas relacionados à má gestão e corrupção.

Paralelamente, algumas academias privadas foram criadas, valendo destacar a do Guangzhou com 50 campos de futebol, construída em dez meses ao custo de £ 140 milhões.

Resolvidos os problemas estruturais, faltava convencer os pais de que o futebol poderia proporcionar um bom futuro para os filhos, para isso as academias operaram em formato de internato, propiciando também educação, o que remetia de alguma forma ao modelo norte-americano.

Como parte do processo de fomento, grandes corporações, principalmente as do setor de real estate, compraram equipes, visando, entre outros objetivos, estreitarem o relacionamento com o governo.

Diante dessa maior capacidade de investimentos, contratações caríssimas foram feitas, atraindo tanto técnicos como jogadores, ainda que parte destes estivessem no ciclo final de suas carreiras, como foi o caso do argentino Tevez. Posteriormente, num movimento parecido com o da MLS, a liga chinesa passou a atrair profissionais desejados pelas grandes equipes do mundo, Hulk, por exemplo, custou £ 48 milhões, já o Oscar, com 25 anos, foi adquirido por £ 60 milhões. 

A presença de público nos estádios chineses, que era de 10 mil pessoas em 2006, cresceu para 24 mil em 2018, uma média muito boa, superior aos campeonatos português e holandês, por exemplo. Os direitos de TV, que em 2015 foram comercializados por £ 6 milhões, chegaram a £ 195 milhões anuais no contrato assinado em 2016 com a duração de cinco anos.

Apesar dos expressivos números, a seleção local – vetor importante para solidificação da modalidade -, não conseguia deslanchar mesmo com a naturalização de alguns jogadores, o que levou a associação chinesa de futebol (CFA) a adotar medidas que restringiram o número de estrangeiros, inclusive taxando em 100% a contratação deles cujos valores fossem superiores a £ 5 milhões. Além dessa iniciativa, incentivavam a utilização de jogadores locais com idade inferior a 23 anos e instruíram os clubes a adotarem um teto salarial para as novas contratações.

Como consequência dessas medidas, a audiência baixou a níveis que levaram os valores dos direitos de transmissão à casa dos £ 8 milhões por temporada em 2021, uma queda de 95,8%.

Mas não parou por aí, a CFA determinou ainda que os clubes não poderiam mais ostentar o nome do seu patrocinador, ou seja, de uma hora para outra o Guangzhou Evergrande se tornou o Guangzhou FC, por exemplo. Tal fato, evidentemente, afastou os patrocinadores que também sofriam com o efeito da pandemia, visto que o segmento de real estate foi um dos mais atingidos, o que fez com que as dívidas se avolumassem, contratos com jogadores foram rescindidos e muitos times fossem descontinuados.

Tentei ser bem sucinto no artigo, mas recomendo aos que gostam e acompanham gestão esportiva pesquisarem e lerem sobre todo o ciclo chinês.

As lições que podem ser extraídas são ricas, mas para finalizar vou assinalar duas situações que podem ser derivadas para inúmeras situações.

1 – O esporte, de forma geral, precisa ser visto de forma macro, para daí trabalhar todas as componentes, sendo que a dependência entre elas jamais deve ser desprezada. Um campeonato forte, não necessariamente redunda numa seleção forte, sendo que essa tem bastante importância para a atração de praticantes, fãs e, consequentemente, para a sustentabilidade da modalidade.

2 – Sem o correto entendimento dos benefícios do esporte como ferramental de marketing, a atração de patrocínios ficará dependente à mera exposição da marca ou de interesses políticos. No primeiro caso, passam a ter os veículos de comunicação como concorrentes e no segundo ficam à mercê da conjuntura política.

APREENSIVO

por Elso Venâncio

O semblante fechado do técnico Dorival Júnior na beira do campo reflete o atual momento da Seleção Brasileira. Rafinha, Vinicius Júnior e Rodrygo são astros mundiais e titulares em qualquer time ou seleção do planeta, assim como Neymar, ainda fora por lesão. Mas, falta ao Brasil confiança, que só se constrói com um esquema de jogo definido. Por isso os craques em questão são decisivos nas equipes, mas não na Seleção. Ainda temos Endrick, principal goleador no início da era Dorival. Uma recente postagem nas redes sociais de Cíntia Souza, mãe do atacante, indica problemas do filho com a comissão técnica. Ela fala de forma enigmática em “dias difíceis”. A história de esquentar o banco para Matheus Cunha, por ter 11 centímetros a menos, é ridícula.

Sob comando de Raphinha, que pode resgatar a importância do camisa 10 no futebol brasileiro, a Seleção começou bem contra a Colômbia. Mas surgiu o apagão e, com ele, o gol do empate. No segundo tempo, os colombianos foram melhores, ainda que Vinicius Júnior tenha garantido a vitória brasileira nos acréscimos.

O código de ética da CBF permite que pai e filho trabalhem juntos? Sim, o auxiliar do Dorival é Lucas Silvestre. Os dois estão lado a lado há 10 anos. Aliás, o gaúcho Tite já teve o seu primogênito, Matheus Bachi, como assistente em duas Copas. Segundo Tite, ele é quem cuida do setor defensivo nos seus times.

Voltando a Dorival, é natural que esteja apreensivo, pois a Copa do Mundo já é ano que vem. Por mais que tenha subido da quinta para a terceira colocação nas Eliminatórias, a Seleção continua travada, sem conseguir convencer mesmo nas vitórias.

No futebol, é fundamental ter esquema e time definidos. Basta lembrar o que fez João Saldanha, em 1969, quando assumiu a Seleção Brasileira. Logo na primeira coletiva veio a pergunta: “Você já pensou em quem convocar para as Eliminatórias?”. O “João sem medo” tirou do bolso da calça um papel amassado, colocou os óculos e apontou o dedo para os jornalistas:

— Anotem aí os titulares! Félix; Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel Camargo e Rildo; Piazza e Gérson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu. Quero 11 feras em campo!

Assim nasceu a equipe imortalizada como “As Feras do João”, abrindo o caminho para a conquista do tricampeonato mundial, México, em 1970.

Vamos agora enfrentar a Argentina, nosso maior rival. Você apostaria no Brasil?