por Zé Roberto Padilha

Tem coisas que você escuta e, partindo de quem parte, vão te acompanhar o resto da vida. Não só o que ouviu, mas o que respondeu. E aí fica na cabeça, por entre anos e anos, e se…?
Saindo de um treino no Fluminense, dentro dos meus 13 minutos de fama, um repórter disse:
– Sabe quem admira o seu futebol? Chico Buarque! Ele ficaria feliz se você fosse lá jogar bola com ele.
Por alguns minutos vi a Banda passar. Ao vivo. Ele era, foi e será sempre meu maior ídolo. Seus discos, tinha todos. Sua ideologia, toda a minha. Era a oportunidade de saber sobre a Carolina. Aquela dos olhos fundos, que trazia tanto amor..
E o repórter completou
– Bob Marley vai jogar. Por que você não vai com o Paulo César? – E eu não fui.
Mais do que todos, sabia as razões porque era titular da Máquina Tricolor. E no banco estava o Mario Sérgio. Um gênio da ponta-esquerda. E se jogava no seu lugar era porque Marco Antônio implorava. E o Zé Mário agradecia. Pois jogar todos sabiam, e quanto a voltar para marcar?
Alcancei a camisa 11 pela minha perseverança. Ninguém se cuidava mais do que eu e só o Edinho treinava parecido. E apenas o Toninho e o Pintinho, Cafuringa de vez em quando, alcançavam, na estrada das Paineiras, o tempo que cobria nos 5km.
Não fui com medo de me machucar. De não estar inteiro para devolver, em 90 minutos, toda a alegria que ele me proporcionava.
Nem ele Chico sabe, nestes cinquenta anos em que no tive a honra de conhecê-lo, que não estava à toa na vida quando o convite chegou e a Banda, junto ao Reggae, passou em direção ao Politheama.
Estava a postos, lutando pelo nosso Fluminense.
Mas que….
vai passar
nesta crônica uma angústia popular
Que só o tempo há de apagar.
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