Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

O PAPA E O FUTEBOL

21 / abril / 2025

por Cláudio Lovato Filho

Falecido nesta segunda-feira, 21 de abril, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, era torcedor do San Lorenzo de Almagro e apaixonado pelo esporte mais popular do planeta

O portenho Jorge Mario Bergoglio assumiu como papa num período em que a Igreja Católica enfrentava uma queda de popularidade mundo afora, e um acentuado afastamento de fiéis.  

Escolhido em 13 de março de 2013 para substituir Bento XVI, que havia renunciado ao papado, Bergoglio optou pelo nome Francisco, numa decisão que teve participação de um grande amigo seu, o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes.  

“Não se esqueça dos pobres”, disse Dom Cláudio ao abraçar o novo papa assim que se confirmou a eleição. Francisco de Assis foi a inspiração, porqueisto queria o novo papa: “Uma Igreja pobre, para os pobres”.

Ele desafiou os limites sabidos e conhecidos da Igreja Católica ao nomear mulheres para cargos mais altos no Vaticano e enfrentar questões como o preconceito contra os homossexuais. Criticou publicamente o russo Vladimir Putin e o israelense Benjamin Netanyahu pelos ataques à Ucrânia e à Palestina. Defendeu imigrantes e refugiados.

Era amante da música, das letras, das artes em geral; um homem do mundo e da vida, conectado com o povo e com seu tempo, e uma das formas como essa conexão se revelava era o futebol. 

Torcedor apaixonado do San Lorenzo de Almagro,teve momentos marcantes de sua trajetória como hincha relatada por Michael Part no livro O Papa que Ama o Futebol – A inspiradora história do menino que se tornou o Papa Francisco (Editora Valentina, Rio de Janeiro, 2014, tradução de Heloísa Leal).

Em certa passagem do livro, Part narra um momento da chegada do então cardeal Bergoglio a Roma, em março de 2013, para o conclave que escolheria o novo papa.

O cardeal fechou a porta, e então foi até a mesa de cabeceira e ligou o rádio, sintonizou em algumas estações e parou para ouvir uma ária. O som da ópera encheu o quarto. Ele pegou um jornal que tinham posto na escrivaninha e procurou a seção de esportes. Esquadrinhou a página por um bom tempo, e então tornou a fechar o jornal, frustrado. Caminhou depressa até sua valise, retirou o celular e digitou uma mensagem de texto:

Cheguei bem a Roma. Pode me dizer qual foi o placar do San Lorenzo hoje?

Procurou entre os contatos o número do padreAlejandro Russo, reitor da Catedral Metropolitana de Buenos Aires e um de seus auxiliares, e então lhe enviou o torpedo. Só demorou alguns segundos para receber a reposta: 

Derrotou o River por 2 a 0!

Ele sorriu e respondeu:

Que bom! Obrigado!

O amor pelo San Lorenzo foi transmitido pelo pai, Mario. O menino Jorge jogou muita bola em Boedo e Flores, os bairros da sua infância, sempre com acamisa 4. Seu grande ídolo era o atacante René Pontoni. Em 1946, Pontoni formava o célebre El Terceto de Oro com Armando Farro e Rinaldo Martino quando o San Lorenzo conquistou oCampeonato Argentino, vencendo o Ferro Carril Oeste na última rodada e deixando o Boca Junios nasegunda posição da tabela. Foi uma temporada inesquecivelmente mágica para o pibe Jorge Mario. 

No epílogo do livro, Michael Part escreve:

No dia em que o Cardeal Jorge Bergoglio foi eleito papa, ocorreu a extração da Loteria Nacional da Argentina. O número vencedor foi o 8235. Alguém comentou que essa foi uma coincidência e tanto, já que o número de inscrição do papa Francisco no San Lorenzo de Almagro é 88235. Alguém mais relembrou a célebre declaração de Einstein: “As coincidências são o modo como Deus permanece anônimo.

TAGS:

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *