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O CORINGA

26 / maio / 2025

por Elso Venâncio 

O excelente livro “O negro no futebol brasileiro”, do jornalista Mário Filho, sugere reflexões sobre a luta e a importância dos negros, que sofrem historicamente com a discriminação

Em boa hora, o Flamengo tem valorizado um ídolo negro, agora com importância também reconhecida pelo italiano Carlo Ancelotti. Gerson teve o contrato renovado com seu clube até dezembro de 2030 e, nesta segunda-feira (26), apareceu na primeira convocação do novo técnico da Seleção Brasileira. Mesmo com Arrascaeta sendo um dos destaques e o artilheiro do Campeonato Brasileiro, o Coringa simboliza hoje o torcedor rubro-negro em campo. O estafe do camisa 10 uruguaio queria prorrogar seu contrato, que termina em dezembro de 2026, assim como ocorreu com Gerson, cujo acordo anterior era até o final de 2027. Porém, a negociação do Flamengo com Arrascaeta saiu de pauta, pelo menos no momento. Por mais que Arrasca tenha sido o goleador, Gerson é o capitão e líder do time. Raçudo, carismático e sempre lembrado para a Seleção, tem apenas 28 anos, com enorme potencial para continuar fazendo história.

O excelente livro “O Negro no futebol brasileiro”, do jornalista Mário Filho (que empresta seu nome ao Maracanã), sugere reflexões sobre a luta e a importância dos negros, que sofrem historicamente com a discriminação. Nos cinco títulos mundiais conquistados pelo Brasil, os maiores nomes foram Didi (1958), Garrincha (1962), Pelé (1970), Romário (1994) e Ronaldo Fenômeno (2002), todos eles negros.

Numa demonstração de apoio ao movimento antirracista, o Flamengo tem lançado campanhas relacionadas ao tema. O projeto Fla Master 2025, por exemplo, promete resgatar o passado, incluindo ídolos negros que não podem ser esquecidos. Jarbas “Flecha”, Domingos da Guia, Dr. Rúbis, Adílio, só para lembrar poucos e evitar injustiças. Fio Maravilha já foi exaltado, mas três craques eternos deixaram a Gávea precocemente, magoados.

Figura marcante no primeiro tricampeonato carioca do Flamengo, em 1942, 1943 e 1944, o gênio Zizinho sucedeu Leônidas da Silva, outro fera da bola, inventor da bicicleta. Sem ser consultando, o Mestre Ziza acabou negociado com o Bangu, que passou a ser tratado como time grande a partir da chegada do ídolo de Pelé. 

Outro caso emblemático é o de Silva, que, na década de 1960, após quatro anos e muitos gols no Corinthians, foi emprestado ao Flamengo, clube que se tornaria sua paixão e pelo qual conquistou o Carioca de 1965. Natural de Ribeirão Preto, Walter Machado da Silva foi convocado para a Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, chegando a formar o ataque brasileiro com Jairzinho e Pelé. O eterno Jorge Curi, na época locutor da Rádio Nacional, o apelidou de “Batuta”. Mas Silva não se sentia prestigiado no Flamengo,  a ponto de ir para o Racing Club, onde se tornou o único brasileiro a ser artilheiro do Campeonato Argentino, em 1969. Antes da adaptação para o chamado padrão FIFA, o Estádio Presidente Perón (El Cillindro), em Avellaneda, tinha um enorme pôster fotográfico do craque: “El Ídolo Machado da Silva”.

Não se pode esquecer de Paulo Cézar Caju, apontado por Pelé, no fim da carreira, como seu substituto. Revelado pelo Botafogo, Caju foi tricampeão mundial pela Seleção Brasileira em 1970 e, em 1972, comprado pelo Flamengo. Fez história ao vencer o Fluminense de Gérson, o Canhotinha de Ouro, no Fla-Flu decisivo daquela temporada, encerrando o jejum rubro-negro de sete anos sem o título carioca. Dois anos mais tarde, Paulo Cézar acabou vendido para o Olympique de Marseille em plena Floresta Negra, na Alemanha, na Copa do Mundo de 1974. Com isso, o Flamengo (que tinha Zico, Caju e Geraldo Assoviador) passou a ter dois craques. Após o falecimento precoce de Geraldo, com apenas 22 anos, em 1976, Zico assumiu a liderança da sua geração, imortalizada com o maior título da história rubro-negra: o do Mundial de Clubes de 1981, em Tóquio.

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