por Elso Venâncio

O gol mais bonito da carreira do atacante Washington César dos Santos foi marcado diante do Vasco, no Campeonato Carioca de 1987. Um momento especial do futebol-arte, admirado também pelos adversários, entrando para a história dos grandes lances do Maracanã. Deveria ser mais lembrado, reconhecido como um verdadeiro gol de placa.
A cena é emblemática. Leomir disputa pelo alto, e a bola espirra e sobra para Washington. Este, saindo do seu campo, no grande círculo, dribla o zagueiro Donato, que tenta agarrá-lo. O baiano de Valença perde o equilíbrio com seu 1,88m, mas dà sequência à jogada em velocidade. Em seguida, engana Marrone e dribla duas vezes, para um lado e para o outro, o goleiro Acácio, antes de concluir. O goleador Washington já havia marcado no primeiro tempo, e o golaço definiu o placar na etapa final: Fluminense 2 x 0 Vasco.
Junto a Assis, Washington formou no Fluminense o famoso Casal 20 — apelido dado pelo colunista social Ibrahim Sued. O interesse tricolor inicial era ter apenas Washington, de 23 anos. Assis, com 30, foi contratado devido ao entrosamento e histórico de gols da dupla no Atlético Paranaense. Desta forma, Assis e Washington chegaram juntos às Laranjeiras, em 1983.
Antes, um fato marcou o prenúncio dos anos vitoriosos para o Fluminense. O Papa João Paulo II realizava em 1980 a primeira das três visitas apostólicas que fez ao Brasil, e a torcida tricolor passou a cantar nas arquibancadas: “A bênção, João de Deus…”. Dentro de campo, o jovem time reagiu e chegou à conquista do Carioca. Edinho balançou a rede na final, em cobrança de falta, garantindo a vitória por 1 a 0 sobre o favorito Vasco.
Novas conquistas viriam com o Casal 20. Logo no primeiro ano com a dupla em ação, o Fluminense conquistou a Taça Guanabara. No triangular decisivo do Campeonato Carioca, após empate por 1 a 1 com o Bangu, o adversário foi o Flamengo. Mais um jogo histórico, em que Duílio cobrou falta rápida, e Deley lançou para Assis marcar o gol do título, tornando-se um carrasco dos rubro-negros.
Em 1984, o Flu sagrou-se campeão brasileiro após dois jogos com o Vasco. No primeiro, vitória por 1 a 0, com gol do paraguaio Romerito, que chegou como reforço. Já na finalíssima, o empate por 0 a 0 confirmou o título nacional. Faltava ainda o bicampeonato carioca, em que Assis voltou a decidir contra o Flamengo, escorando de cabeça um cruzamento do lateral Aldo para vencer o goleiro Ubaldo Fillol, campeão do mundo pela Argentina em 1978.
Em 1985, após vencer a Taça Guanabara, o Fluminense disputou outro triangular decisivo com Flamengo e Bangu. O Fla-Flu terminou empatado em 1 a 1, e o jogo contra o Bangu teve caráter de final. Romerito e Paulinho, de falta, fizeram os gols tricolores na vitória por 2 a 1, de virada. Um tricampeonato carioca histórico, conquistado por um esquadrão com Paulo Victor; Aldo (Beto), Vica, Ricardo Gomes e Branco (Renato Martins); Jandir (Leomir), Delei (Rene) e Assis; Romerito, Washington e Tato (Paulinho).
Personagem central deste período, Washington morreu em maio de 2014, aos 54 anos. Com Assis ao seu lado, conquistou nove títulos pelo Fluminense. Além de um Campeonato Brasileiro, três Campeonatos Cariocas e duas Taças Guanabara, a galeria também inclui o Torneio de Seul, a Copa Kirim e o Torneio de Paris. Nada mais justo do que os ídolos Assis e Washington estarem eternizados na entrada principal da sede das Laranjeiras, com bustos de bronze ostentando a frase “Recordar é viver”.
Bons tempos. Casal 20 me deu muitas alegrias. ST 🇮🇹