por Paulo-Roberto Andel

Tudo está vivo demais na memória: o velho Maracanã com mais de 100 mil pessoas, um clássico imortal, feras da Seleção como Branco e Renato, monstros como Romário, estilistas como Djair. E um clássico que ficou lembrado para sempre.
O Fla x Flu que decidiu o título carioca de 1995 estava escrito nas estrelas. Não era a final, mas o último jogo do returno em sua fase octogonal. Parecia realmente programado para a história.
No fim deu Fluminense: 3 a 2, naquela que para muitos foi a decisão mais eletrizante da história do Mário Filho. Um jogo de enlouquecer. No primeiro tempo o Flu esmagou o Fla em plena chuva, fez 2 a 0 e podia ter feito outros dois. Depois que Branco acertou um balaço no travessão cobrando falta, o Fla reagiu loucamente, fez dois gols que lhe garantiam o título e levou a massa rubro-negra à loucura, esperando uma provável virada no marcador. Havia ainda mais de dez minutos para o fim da partida, só que o Fluminense não desistiu e chegou à vitória imortal com o gol mais inusitado de sua história – o de Renato Gaúcho, marcando de barriga. Os minutos finais foram enlouquecedores, com Flamengo e Fluminense fazendo do Maracanã o Coliseu de Roma. Ao término do jogo ensopado de emoção, as torcidas aplaudiram o espetáculo que, até aqui, foi único. Desde então, o Rio teve grandes clássicos e decisões emocionantes – vide a de 2001 com o gol de Pet -, mas nenhum jogo tão intenso quando o definitivo quanto o Fla x Flu de 25 de junho de 1995.
Trinta anos depois, o mundo e o Maracanã mudaram. Não há mais clássicos com 100 mil torcedores, nem a geral enlouquecida. Ver o melhor jogador do mundo no campeonato carioca virou sonho. Mas as imagens de 1995 são páginas eternas do livro dos dias do Fluminense, do Rio e do Brasil. Quatro Fla x Flus na competição, três vitórias tricolores e a última que vale por uma vida inteira. Viva os heróis tricolores de 1995, que podem ser representados por um ícone do Fluminense, que conquistou seu único título justamente neste jogo inesquecível: Ézio, melhor dizendo, Super Ézio.
Livros foram escritos, filmes foram produzidos, a internet contém todos os registros, inclusive a integra da partida. Tudo isso é de arrepiar, mas ainda é pouco para descrever o que foi o 3 a 2 do gol de barriga. Foi algo que só se vive uma vez e se carrega para sempre no coração. O jogo dos jogos.
@p.r.andel
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