por Elso Venâncio

A primeira edição da Copa do Mundo de Clubes mobiliza torcedores no Brasil e no exterior, como sempre aconteceu na versão do torneio para seleções. O brasileiro, que esfriou o interesse pela Seleção nos últimos anos, faz movimentos com seus clubes que remetem aos anos 1980/1990, quando as ruas eram pintadas e a multidão se reunia para torcer pelo Brasil.
A volta do intercâmbio internacional valoriza nossas marcas, e, com as boas atuações, adquirimos o respeito dos torcedores e analistas mundo afora. Este novo Mundial vai refletir positivamente na Seleção Brasileira, que no ano que vem igualará o seu maior jejum sem conquistar a Copa do Mundo (1970-1994). Nosso último título mundial foi em 2002, na Copa do Japão e da Coreia do Sul. Já se passaram quase 24 anos…
É conversa fiada a insinuação de que os clubes da Europa não estão levando a sério a disputa. Isso também vale para o argumento de que estariam sendo prejudicados por estarem no fim da temporada. As Copas do Mundo de seleções quase sempre são disputadas nesta época do ano. Alguns velhos pessimistas fazem questão de dizer: “Eles têm colocado reservas em campo”. Na verdade, quem tem elenco roda o time, como faz no Flamengo o Filipe Luis. É um técnico moderno, corajoso, que se preparou para a profissão, sepultando as eternas viúvas do português Jorge Jesus.
No confronto entre clubes brasileiros e europeus, temos mais vitórias. O Vasco mostrou a sua força em 1957, quando venceu o Real Madrid por 4 a 3, na final do primeiro Torneio Internacional de Paris. “Los Merengues” eram considerados o maior esquadrão do mundo, já tendo se sagrado bicampeões da Liga dos Campeões da UEFA (1955-56 e 1956-57). Nos anos seguintes, o Real chegaria ao pentacampeonato na maior competição da Europa, feito até hoje inigualável, garantindo também os títulos de 1957-58, 1958-59 e 1959-60. Na partida contra o Vasco em Paris, porém, o astro argentino Alfredo Di Stéfano foi anulado por Brito, que tinha 18 anos incompletos.
Era comum os grandes clubes brasileiros conquistarem os títulos de torneios disputados no exterior. Foi assim com o Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Palmeiras de Ademir da Guia, o Flamengo de Zico…
Nosso futebol sentiu um baque quando Pelé parou de jogar, em 1977. Pelé não era só o Rei do Futebol, mas uma entidade dos gramados. Já no final dos anos 1980, com o fim das excursões e dos grandes torneios internacionais (Paris, Teresa Herrera, Ramón de Carranza e outros), ficamos carentes dos confrontos com os famosos clubes da Europa.
A partir de 1995, a Lei Bosman favoreceu o poderio financeiro das equipes do Velho Continente. Contudo, o Brasil segue como o único país com cinco Copas do Mundo conquistadas, além de ser o maior exportador de talentos. Apesar disso, para chegarmos ao tetracampeonato, em 1994, precisamos deixar a arte de lado, jogando pelo resultado e apostando em Bebeto e Romário, os dois maiores atacantes do mundo na época. Desde então, outros técnicos brasileiros passaram a imitar o esquema usado por Carlos Alberto Parreira, mantendo os seus empregos, e alguns conquistaram títulos dessa maneira. Por isso, a concorrência dos treinadores de fora é importante. Com a volta do intercâmbio internacional, há sinais de um futuro melhor para o país do futebol.
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