por Paulo-Roberto Andel

Edino Nazareth Filho, o Edinho, eterno zagueiro do Fluminense, completa 70 anos nesta quinta-feira e isso é inacreditável porque outro dia mesmo ele estava no Maracanã fazendo o impossível no gramado: dribles, passes e gols a granel, tudo isso jogando como defensor.
Desarmava, criava e concluía com a mesma categoria. Era fisicamente um touro. Corria feito um louco. Com suas arrancadas, ele levava o Fluminense a vitórias e a torcida ao delírio. Não aceitava a derrota de jeito nenhum. Craque de garra infinita: depois dele, somente Romerito e Conca chegaram perto em termos de aliar talento e vigor na mesma intensidade.
Numa tarde de 1975, Seu Pinheiro – eterno ídolo tricolor, então maior zagueiro da história do FFC e homem forte das divisões de base, foi à sala do eterno presidente Francisco Horta – que fazia questão de ouvi-lo em tudo:
“Doutor, o menino tem que jogar!”
Dito e feito: entrou e só saiu do time titular sete anos depois, quando foi vendido para a Udinese. Com 20 anos, tornou-se titular da Máquina Tricolor, o mais emblemático time tricolor em todos os tempos. Aos 21, chamava Carlos Alberto Torres e Rodrigues Neto de você. Aos 25 era o líder do maravilhoso Fluminense campeão de 1980. Jogou três Copas do Mundo e foi um monstro no México em 1986.
Depois, como treinador do Flu, levou o clube a duas finais do Campeonato Carioca com times modestos, mostrando a sua vocação para a disputa de títulos.
Os garotos tricolores que hoje têm cerca de sessenta anos de idade ficaram loucos com Edinho em campo. Ele foi uma força da natureza, uma explosão e uma presença que se eternizaram no ideário tricolor. O craque que não aceitava perder, o craque da garra infinita, que salvava um gol certo e cinco segundos depois arrancava para marcar o gol da vitória. Quando perdia um jogo, era aplaudido pelo esforço para tentar impedir o revés. A torcida sabia que ali estava um jogador inigualável. Sim, o Flu teve zagueiros fantásticos e inesquecíveis a seguir, todos no Olimpo de Álvaro Chaves – Ricardo Gomes, Torres, Válber, Thiago Silva e outros – mas coube a Edinho o título de maior zagueiro da história do Fluminense porque só ele encarou de frente a Zico, Mendonça, Adílio, Roberto Dinamite, Arthurzinho, Doval, Reinaldo, Éder, Sócrates, Zenon, Jorge Mendonça, Pita, Tita, Aílton Lira, Falcão, Joãozinho, Uri Geller e Muller sem contar super craques em times estrangeiros.
Edinho é um eterno escudo do Fluzão, conturbado no peito e tatuado no coração. Aqueles garotos sessentões de 1975 carregam o craque consigo há muitos anos e continuarão para sempre.
@p.r.andel
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