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DIA NACIONAL DO FUTEBOL: MAIS DO QUE UM ESPORTE, UM FENÔMENO SOCIAL

17 / julho / 2025

por Marcos Luz

Foto: Alex Ribeiro

O Brasil celebra em 19 de julho o Dia Nacional do Futebol, data criada para homenagear o esporte mais popular do país. O futebol, no entanto, transcende as quatro linhas. É uma paixão que pulsa nos estádios, nas ruas, nos campos de várzea, nos corações de milhões de brasileiros. Esporte que carrega papel social, cultural e econômico de proporções imensas. Neste dia de celebração, é fundamental refletir também sobre os desafios que rondam essa atividade esportiva no Brasil.

Os clubes de futebol não são apenas times que disputam campeonatos, mas sim instituições com forte enraizamento comunitário, muitas vezes nascidas em bairros populares ou ligadas a imigrantes, operários e movimentos sociais. São agremiações que ajudam na formação de crianças e jovens, oferecendo acesso ao esporte, à educação e a valores como disciplina, trabalho em equipe e respeito.

Os clubes funcionam como espaços de convivência, de identidade e pertencimento, ao criar um vínculo estreito com seus torcedores. Vestir a camisa de um time é participar de uma cultura, de uma história coletiva, de uma memória afetiva transmitida entre gerações.

O futebol é uma força cultural gigantesca no Brasil e influencia a moda, a música, a linguagem popular e até o humor nacional. Afinal, o que seria do Rio de Janeiro sem o gol de placa de Fio Maravilha. Ídolos do esporte tornam-se celebridades, modelos de comportamento e influenciam decisões de consumo, opinião pública e engajamentos sociais.

O adolescente que veste a camisa do time repete a gíria utilizada pelo craque do time e exibe nas redes sociais a estética das arquibancadas, das torcidas e dos uniformes. A publicidade sabe que é isso que vende e vai nesta direção. Tudo gira em torno do futebol e bilhões são movimentados.

O velho esporte bretão se reinventou ao logo do tempo e hoje impulsiona setores como o turismo, o comércio, a indústria do entretenimento e a mídia. Clubes bem-sucedidos geram emprego, atraem investimentos e movimentam economias locais. Cidades com clubes de massa se transformam em polos econômicos e culturais por conta da presença do futebol.

É preciso, no entanto, um alerta. A má gestão ainda é um gargalo que compromete o potencial do esporte como ativo econômico de longo prazo. Muitos clubes seguem endividados, com modelos de negócios ainda frágeis. Há claros avanços com a transformação de clubes em Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), mas a grande maioria das agremiações nada em mares revoltos sem horizonte limpo à vista.

Times que ostentam modernos estádios ainda convivem com má gestão, escândalos, baixa estrutura para categorias de base e dificuldade de manter talentos diante do assédio financeiro do exterior.

Paralelamente à questão financeira e na direção contrária da evidente paixão do brasileiro pelo futebol está a crise institucional instalada por aqui. A Seleção Brasileira, outrora símbolo de excelência mundial, vive um momento de instabilidade, sem títulos importantes há anos e sem uma identidade clara dentro de campo. O distanciamento entre seleção e torcedores aumentou, e a confiança da população na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é cada vez menor.

A eleição recente para a presidência da entidade foi marcada por manobras políticas, disputas judiciais e suspeitas de interferência externa. A entidade, que já foi comandada por dirigentes envolvidos em esquemas internacionais de corrupção, como revelado pelo FBI na operação “FIFAGate”, continua sendo alvo de desconfiança da sociedade e do Ministério Público.

A proximidade com figuras políticas e o jogo de poder entre federações estaduais e clubes contribuem para um sistema que privilegia acordos de bastidores em detrimento de uma gestão técnica, transparente e voltada para o bem do futebol brasileiro.

Sob o comando destas instituições está uma atividade esportiva que vê sua credibilidade arranhada por recentes casos de manipulação de resultados envolvendo jogadores e criminosos.

É necessário que a CBF entre em campo em todas as posições para que o futebol não seja ferramenta de interesses escusos e continue a ser somente espaço de alegria, cultura e transformação.

Neste Dia Nacional do Futebol, é hora de reafirmar que o futebol brasileiro é um patrimônio imaterial da nossa cultura. Mas esse patrimônio está sob risco. A paixão do torcedor, o talento de nossos jogadores e a história gloriosa não bastam diante da atual conjuntura.

É preciso uma renovação de valores, de práticas e de governança. O futebol deve ser tratado com seriedade, ética e profissionalismo. O povo brasileiro merece uma CBF transparente, clubes bem administrados, um ambiente seguro e, sobretudo, um futebol que seja novamente motivo de orgulho nacional.

Porque, no fim, o futebol é mais do que um jogo: é uma expressão da alma brasileira. E cuidar dele é também cuidar de nós mesmos.

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