por Zé Roberto Padilha

Alguém precisa contar para Carlos Ancelotti o que João Saldanha, treinador da Seleção Brasileira, fez para que o Brasil conquistasse o tricampeonato. Algo inédito e corajoso.
Pela primeira vez um técnico teve a ousadia de levar ao mundial a prática comum de um treinador de peladas. Aqueles que escalam os melhores jogadores e eles mesmo que criem um sistema tático. Não que um sistema tatico se sobreponha, se coloque acima e sacrifique um dos melhores.
Enquanto muitos gostariam de ver a camisa 9 com Dario, artilheiro do Brasil e com o carisma que agradava ao regime militar, João Saldanha não abriu mão de levar a campo os melhores jogadores em atividade no país.
E escalou um ataque com os quatro camisas 10 que reinavam em seus clubes. Jairzinho, do Botafogo, Tostão, do Cruzeiro, Rivelino, do Corinthians e Pelé, do Santos. E disse: “Se virem!:
Jairzinho foi para uma ponta, Rivelino precisou se adaptar a outra, Tostão deu um passo à frente e Pelé…bem, ninguém seria capaz de mexer o seu trono de lugar.
Todos marcaram gols durante a Copa do Mundo e tivemos, graças a sua coragem, o maior ataque de todos os tempos.
Alguém precisa contar essa passagem para Carlos Ancelotti. Quem sabe ele pare de procurar em Richarlison, Igor Jesus e outros valorosos centroavantes, a solução para a camisa 9. E a entregue ao nosso maior craque, Neymar.
Tostão, na ocasião, também não gostou de deixar a 10, da criação, para ser o 9, da finalização. Como todos os 10, precisavam de uma referência à sua frente para criar espaços para desenvolver sua arte. Muito menos, Rivelino, o Garoto do Parque, convidado a ocupar uma ponta. Mas logo se adaptaram porque a arte circulava por todos os pés.
Neymar não pode estar de fora da seleção. E se a seleção não pode contar mais com o Neymar que deixou o Santos, melhor se adaptar ao que voltou ao Santos.
Com menos pernas, para circular, mas com todo o domínio do mundo para ser o maior pivô de todos os tempos.
O nosso camisa 9 da próxima Copa do Mundo já está em campo. Falta apenas contar para o italiano quem foi o jornalista, que se tornou treinador, que teve o bom gosto de não deixar de fora da seleção nenhum craque.
“Se virem!” E eles meteram 4×1 na decisão contra a Itália.
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