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A VOLTA DO ÍDOLO

8 / setembro / 2025

por Elso Venâncio

A contratação do Romário, repatriado pelo Flamengo após a conquista do Mundial pela Seleção Brasileira em 1994, nos Estados Unidos, é considerada por muitos jornalistas a maior da história do nosso futebol. No auge, com 28 anos, o Baixinho planejou e trabalhou sua negociação.

Na pequena Los Gatos, uma vila da Califórnia, ao lado de São Francisco, o Brasil se concentrava para tentar o título da Copa do Mundo, que não conquistava havia 24 anos. Num hotel de cinco andares, sendo os três últimos reservados à Seleção, estava hospedado Luiz Augusto Veloso, presidente do Flamengo, que soube dos planos de Romário. Conversou com ele e prometeu que, se fosse reeleito, iria tentar contratá-lo.

— É fácil, presidente! Ambev, a empresa de chuteiras que tenho contrato, o fornecedor de camisas do Flamengo e o Governo do Estado. Cada um dá um milhão — explicou o astro do Barcelona, entusiasmado.

A ousada ideia surgiu num período de força do real, que empatava em valor com o dólar. Após o título mundial, Romário chegou a dar declarações demonstrando o seu desejo de atuar pelo Flamengo. Como parecia apenas um sonho, o fato passou despercebido pela imprensa.

De acordo com o estatuto do Flamengo, as eleições para presidente do clube acontecem no primeiro decênio de dezembro. No pleito de 1994, o empresário e radialista Kleber Leite venceu a disputa com Veloso. No calor das comemorações, foi perguntado se contrataria pelo menos um tetracampeão mundial. “Coloca no plural”, rebateu no ato.

Um pool de empresas se formou. Paralelamente, Romário afirmou que não jogaria mais pelo Barcelona. Estava aberto o caminho para que o Flamengo contratasse o então maior jogador do mundo em 1995, ano do seu centenário. Outro personagem do tetra, o lateral Branco também foi apresentado como reforço.

De uma hora para outra, jornalistas de todo o mundo passaram a desembarcar no Rio. Queriam saber que clube brasileiro era esse, capaz de tirar o craque da Copa do futebol europeu. Nas arquibancadas, um canto mostrava a expectativa pela estreia do Baixinho. O cantor Nelson Gonçalves estava no meio da galera e soltou a voz: “Olê-lê, olá-lá! Romário vem aí e o bicho vai pegar…”. Antes entoada pela Raça Rubro-Negra com o nome da torcida organizada, a música adaptada passou a ser cantada por todos,

Com o Maracanã fechado, o Flamengo atuou por um período na Gávea e também mandava jogos fora do Rio. Era tanta gente da imprensa cercando o Baixinho que surgiu a entrevista coletiva, causando ciúmes no técnico Vanderlei Luxemburgo: “Comigo, agora é só coletiva”.

No ano de 1995, Romário não era só a maior personalidade do futebol, mas sim a maior personalidade do país. O biógrafo rubro-negro Marcos Eduardo Neves assim definiu o retorno do ídolo: “Romário voltou para ser o Chatô, o Rei do Brasil”, numa alusão ao influente Assis Chateaubriand, maior nome da imprensa nacional entre as décadas de 1930 e 1960.

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