por Zé Roberto Padilha

Em meio aos seguidos escândalos da CBF, as denúncias de atletas envolvidos com venda de resultados, o desapontamento de todo brasileiro que viu desaparecer quem honrasse a camisa 10 da nossa seleção, abria as páginas do meu jornal à procura de um bom exemplo. Uma boa notícia.
E nada.
Aí eu lembrei deste cidadão aí da foto: Carlos Alberto Parreira. Uma das pessoas mais estudiosas, educadas e corretas que conheci. Quem trabalhou no futebol, treinado ou preparado por ele, sabe do que estou falando.
Impossível esquecê-lo porque foi o único treinador que nos deu um livro de presente. O nome ” O milagre da Rua 43″. Em meio aos churrascos que nos convidavam às segundas, o chope do domingo após as partidas, que ninguém é de ferro, quem pensaria em nos presentear com um livro?
Parreira sabia que, depois da aposentadoria, todos nós precisaríamos de um outro ofício. Se assinamos o primeiro contrato aos 20 anos, e o último com 35 anos, temos que buscar no mercado mais 20 anos para ter direito à aposentadoria. E foram poucos os avisos perante o fascínio da profissão.
Alguns, bem relacionados, viraram comentaristas. Outros, tentam a carreira de treinador. Mas a maioria vai precisar correr atrás de emprego. E passar por uma entrevista. E como alcancar esse cargo graduados em churrascos e pós doutorados em Chope da Brahma?
Moro na Rua 14 de Dezembro, onde milagres não ocorrem, mas as lições vindo das páginas de uma outra rua, a 43, foram preciosas e definitivas na minha vida.
Mesmo porque para ser um escritor você precisa se abastecer com livros. Eles, sim, é que vão abrir novas avenidas na vida da gente.
Seremos sempre gratos a ele.
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