JOGA A LUVA, GOLEIRÃO!
por Victor Kingma

Costumeiramente, nas transmissões esportivas pela TV, nos habituamos a ouvir a expressão “joga a luva, goleirão!”, criativo bordão popularizado pelo narrador Gustavo Villani.
Isso acontece quando a bola chutada ou cabeceada pelo atacante vai lá no ângulo, impossibilitando qualquer possibilidade de defesa do goleiro. Quer dizer: nem jogando a luva ele seria capaz de impedir o gol.
No passado, entretanto, esse bordão não seria possível de ser usado, pois os goleiros não usavam luvas. Aliás, isso causava muita dificuldade para defender as pesadas e escorregadias bolas de capota de couro.
No Brasil, essa novidade foi implantada pelo goleiro Jaguaré, do Vasco da Gama, em 1931. Ele adotou esse hábito após sua passagem pelo Barcelona, da Espanha, onde utilizava as luvas para se proteger do frio europeu.
Com o passar do tempo, o uso das luvas passou a ser imitado por outros goleiros no futebol brasileiro.
O folclórico e irreverente Jaguaré teve uma carreira brilhante defendendo o Vasco da Gama, Corinthians e Olympique de Marselha, na França, onde foi um grande ídolo. Jogando pelo time francês, inclusive, protagonizou um feito histórico ao se tornar um dos primeiros goleiros a marcar gol numa partida oficial de futebol, em 1938.
MARCAS ESPORTIVAS NO FUTEBOL – 2025/2026
por Idel Halfen

Realizado pelo 12º ano consecutivo, o estudo produzido pela Jambo Sport Business acerca das marcas esportivas que fornecem para os times das 20 principais ligas do mundo nos mostra que a liderança conquistada pela Adidas na temporada 2022-23, quando desbancou a Nike, vem sendo ampliada.
Ao todo foram analisados 382 times – dois a mais do que na temporada anterior – e setenta e quatro marcas, agrupando todas as marcas próprias em uma. Vale notar que quatro times estão sem fornecedor de material esportivo e cinquenta e um vestem uniformes de fornecedores diferentes dos que usaram na temporada passada, aqui considerando os que estiveram presentes na anterior e atual.
A marca alemã aparece com 32 times a mais do que a norte-americana. Em 2022-23 a diferença era de apenas um time, em 2023-24 subiu para nove e na temporada passada chegou a dezesseis, valendo ressaltar que a maior diferença imposta pela Nike, quando líder, foi de 19 times em 2019-20.

Tais números parecem indicar que a Adidas voltou a acreditar fortemente no futebol como plataforma de marketing ao vestir 87 times da amostra.
Além da expressiva quantidade, a qualidade também se faz presente em sua estratégia, fato que pode ser constatado tanto na análise referente à participação entre os 30 clubes que mais arrecadam como também entre os que jogam as cinco ligas mais valiosas, onde também lidera. A conquista de clubes como Liverpool, Sevilla, Eintracht Frankfurt, Fenerbahçe e América do México corroboram para essa afirmação.
A propósito, até no que tange às seleções, a marca das três listras assumiu a primeira posição.
A Nike, agora com 55 times, permaneceu na 2ª colocação, mesmo tendo ficado com cinco times a menos do que em 2024-25. No 3º lugar, vem a Puma se consolidando na posição que ocupa desde 2017-18 e diminuindo sua diferença para a marca norte-americana.
As três primeiras somadas atingiram 47,9% de participação, um índice de concentração considerável, mas abaixo do alcançado em 2013-14, que foi de 54%.
Completam a relação das TOP 10, na verdade TOP 11, já que há um empate na 10ª colocação: Macron, Kappa empatada com a Umbro, Joma, Hummel, New Balance, Castore e Robbey.

No Brasil, a liderança também pertence à Adidas, empatada com a Umbro, porém, deve ser destacada a queda no número de marcas próprias, apenas duas, sendo que na temporada passada eram três e na retrasada quatro.
O declínio detectado ganha traços de tendência ao olharmos para a série B, que em 2023 tinha sete times vestindo marca própria, quantidade que caiu para cinco em 2024 e quatro na atual.
Esse movimento, caso se confirme, não significa que as marcas globais voltaram a aportar verba indistintamente nesse formato de patrocínio. Na verdade, mais parece fruto de uma eventual decepção dos clubes com o modelo de marca própria, atrelado aos projetos das marcas regionais visando esse mercado.
Entre tantas outras informações interessantes do estudo, finalizamos o artigo citando duas:
i – no campeonato mexicano, o Pachuca trocou a Charly pela Skechers, marca norte-americana que sempre aparece entre as maiores do setor, mas, até então, pouco ativa no futebol;
ii – no campeonato belga, o Sporting Charleroi passou a ter como fornecedora a Decathlon, gigante francesa do varejo esportivo. Tal iniciativa mostra a importância da ação de patrocínio para os objetivos de branding das marcas, reforça essa conclusão o fato de que anteriormente o time vestia uniformes da Kipsta, que vem a ser a marca da categoria futebol da Decathlon, ou seja, diante da identificação dos benefícios de marketing proporcionado pela modalidade, os franceses optaram por colocar a marca guarda-chuva como destaque e assim fortalecer o institucional.
O estudo que embasou o artigo pode ser acessado através do link, https://www.linkedin.com/posts/halfen_marcas-esportivas-nas-20-ligas-mais-valiosas-activity-7369651130198323203-6SRk?utm_source=share&utm_medium=member_desktop&rcm=ACoAAACD-eABK0DvJGc4PVDfwKxXTT_RQjZkKo4
REFLEXÕES SOBRE O FUTEBOL BRASILEIRO
por Luis Filipe Chateaubriand

Ao se analisar a situação do futebol brasileiro, tem-se a nítida noção que há uma série de problemas a serem enfrentados.
O primeiro deles é o calendário, desde sempre confuso, anacrônico e irracional. É preciso tomar medidas como adequação ao calendário europeu, disputa do Campeonato Brasileiro ao longo de toda a temporada e as Datas FIFA ou não tendo jogos de clubes ou os tendo, mas em relação a certames de menor importância.
O segundo deles é a necessidade de criação da Liga. Não duas Ligas fragmentadas e inconclusas, mas sim apenas uma Liga, que englobe os clubes de cinco (e não quatro) divisões do Campeonato Brasileiro.
O terceiro deles é o combate à violência. Há que se pensar estratégias, junto às polícias militares e civis estaduais, para mitigar esse desalento.
O quarto deles são as sofríveis arbitragens. É preciso profissionalizar e remunerar os árbitros de forma fixa e com bons salários, para que sejam incorruptíveis e tenham melhor desempenho.
O quinto deles são os gramados. Ou todos os gramados devem ser sintéticos, ou todos os gramados devem ser naturais e bem tratados.
O sexto deles são os técnicos. Com as devidas exceções, técnicos brasileiros têm pensamento indigente e são mal preparados – o que requer a contratação de técnicos estrangeiros.
A lista é ampla, dir-se-ia mesmo interminável.
Os gestores do futebol brasileiro farão algo, ou “cruzarão os braços”?
NOSSO XERIFE NOS DEIXOU
por Zé Roberto Padilha

Perdemos, no fim de semana, nosso querido e amado Merica. Uma figura adorável, sempre lembrado pelo sorriso fácil fora de campo e pela seriedade com que defendia dentro dele. Cabeça-de-área de raça, protegia Rondineli e Jaime com firmeza, e tinha à sua frente Tadeu, Geraldo e Zico para criar aquilo que ele, incansavelmente, desconstruía. Chegou ao Flamengo ao lado do Dendê, formando parte de um grupo que marcou época e conquistou o respeito da torcida.
Lembro bem daquele Fla-Flu em que Carlos Froner, nosso treinador, pediu para ele não deixar o Rivelino jogar. Merica não apenas cumpriu a missão, como foi além, colocando o nosso “Príncipe das Laranjeiras” para voar. Resultado: ficamos com 10 em campo, o Fluminense também. Ou vocês acham que Rivelino voltou para o jogo?
Era assim: destemido, dedicado, companheiro de todos. Dentro das quatro linhas, nunca deixou de lutar pelo Flamengo; fora delas, conquistou amigos e admiradores com sua humildade.
Hoje, fica a saudade de um guerreiro que honrou o Manto. Descanse em paz, Merica.
VOCÊ APOSTA NO HEXA?
por Elso Venâncio

Tudo bem que a Seleção Brasileira estava classificada para a próxima Copa do Mundo desde o dia 10 de junho, quando venceu o Paraguai por 1 a 0 e conquistou o seu objetivo com duas rodadas de antecedência. Mas a impressão que se tem, a nove meses do Mundial, não chega a ser animadora. Apesar da vitória por 3 a 0 sobre o Chile, o jogo seguinte foi preocupante, fechando as Eliminatórias com derrota para a Bolívia — algo que não ocorria desde 1993.
Com o aumento de participantes de 32 para 48, estar na Copa do Mundo não é mais do que obrigação para países como Brasil, Argentina e Uruguai. Considerando o nível técnico de seleções inferiores da América do Sul, seria mais difícil ficar de fora do que se classificar. Dito isso, não se pode normalizar que o Brasil se classifique apenas como quinto colocado. Os 28 pontos somados em 18 partidas representaram o pior desempenho brasileiro na história das Eliminatórias, com 51% de aproveitamento. Tudo bem que Ancelotti poupou titulares no último compromisso. Mas também é verdade que o quinto lugar nos obrigaria a disputar uma repescagem no antigo formato de classificação.
Desde a chegada do técnico italiano, a Seleção Brasileira soma duas vitórias, um empate e uma derrota. Como têm sido promovidos testes de vários jogadores, ainda é cedo para uma projeção do que veremos em 2026. É mais justo lembrar que os problemas se acumularam durante todo o ciclo para a Copa. Desde 2022, Ancelotti é o quinto técnico a comandar o Brasil. Depois que Tite deixou o cargo, Ramon Menezes teve uma passagem rápida, com dois jogos interinamente. Fernando Diniz foi outro técnico interino, mas por um ano e meio, se dividindo entre a Seleção e o Fluminense. Dorival Júnior, por sua vez, teve status de treinador efetivo, mas não resistiu à acachapante derrota por 4 a 1 para a Argentina. Enfim, chegou Ancelotti, encerrando uma novela respaldada pelo presidente anterior da CBF, que acabou afastado.
Se os erros foram muitos, é hora de deixá-los no passado. Por mais que incomode, a campanha ruim não tirou do Brasil o direito de ser cabeça de chave na Copa do Mundo. Isso já indica um grupo tranquilo na primeira fase, abrindo caminho para se classificar ao mata-mata sem sustos. Da segunda fase em diante, não tem mais jogo fácil, e se quiser ser hexa, em algum momento o Brasil terá que superar uma grande seleção europeia — o que não acontece em um jogo eliminatório de Copa desde 2002.
Por falar em 2002, as Eliminatórias para aquele Mundial eram justamente as de pior desempenho do Brasil até agora. Só que o terceiro lugar da época, com 30 pontos, não impediu que a Seleção se reestruturasse e fosse em busca do pentacampeonato, no Japão e na Coreia do Sul. Para você, Ancelotti é capaz de repetir Felipão e nos trazer o hexa?