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Vasco da Gama

DUDU “DENTÃO” E O VASCO DA GAMA

por Luis Filipe Chateaubriand

Carlos Eduardo Alberigi foi um futebolista que teve sucesso na primeira metade dos anos 1980.

Apelidado de Dudu “Dentão”, por ter os dois dentes de frente proeminentes, jogou no Vasco da Gama entre 1980 e 1982, exercendo o papel de volante.

Dudu era ótimo no desarme, conseguia recuperar bolas para o clube que defendia com frequência.

Dudu fazia bons lançamentos, era capaz de municiar os atacantes companheiros com ótimos passes.

Dudu era bom para chutar em gol, algo que fazia com naturalidade e eficácia, resultando em tentos para seu clube.

Em 1983, Dudu foi jogar em Portugal, no Belenenses, onde, do mesmo modo que aconteceu no Vasco da Gama, teve uma carreira bem-sucedida.

Em 1981, Dudu foi convocado para a Seleção Brasileira pelo técnico Telê Santana, mas não chegou a jogar com a “amarelinha”.

Carlos Eduardo Alberigi faleceu em 2020, aos 60 anos, devido a um câncer.

ESCRAVO DA SAUDADE

por Rubens Lemos

Sou escravo da saudade no Futebol. O atual Vasco jamais será o meu. Meninos são iludidos por contratações de bagulhos que não merecem a camisa agrada vestida por astros de primeira grandeza. O Vasco do meu tempo era cinematográfico, sempre liderado pelo proprietário das emoções, Roberto Dinamite. Comecei a ser escravo das lutas cruzmaltinas em 1977, time com Zé Mário, Zanata e Dirceuzinho no meio-campo, Wilsinho ou Fumanchu, Roberto Dinamite.

Ainda que passássemos cinco anos sendo vice-campeões, era justo assistir os combates porque perdíamos com honra,sem jamais tomar goleadas. Éramos inferiores ao time de Zico, mas também sofríamos com arbitragens sacanas que marcavam pênaltis surreais e invertiam faltas para atrapalhar nossas reações.

No passeio ao passado, nada me emociona mais do que o time bicampeão em 1987 e 1988. Sou devedor daqueles caras. Sou admirador número 1 de Geovani(foto), o melhor meia-armador do clube, com todo respeito a Jair Rosa Pinto, Zanata e Juninho Pernambucano. Aos três, faltava a ginga do baixinho trazido do Espírito Santo aos 17 anos.

Geovani era um mágico. Descobria espaços invisíveis para encontrar Roberto Dinamite e Romário livres para balançar as redes adversárias. Geovani dava canetas em Renato Gaúcho, humilhava o maravilhoso Andrade em fintas secas, costurava Ailton e Adílio em espaços milimétricos na relva do Ex-Maracanã, o estádio dos desdentados da Geral. Até Zico tomou lençol.

Em 1988, quando comecei no jornalismo, o Vasco deu cinco surras seguidas no Flamengo. A primeira, no segundo turno, 1×0, gol do falecido volante Henrique. A segunda, um baile de 3×1 sem Romário e com Geovani jogando pelos dois.

Depois, a sensacional virada de 2×1 na primeira partida das finais, Bebeto abrindo o placar para os rubro-negros, Bismarck empatando e Romário dando lençol para definir o placar, com o goleiro Zé Carlos desesperado, tentando esmurra-lo.

Na última do Campeonato Carioca, o Flamengo sufocou o Vasco. Até que o lateral-direito reserva Cocada, que havia sido dispensado pelo adversário, arrancou do seu campo e fuzilou o goleiro Zé Carlos(1×0). O quinto triunfo foi no Brasileiro, 1×0, gol do então menino Sorato.

Aquele time é um sonho que volta para mim em pensamento e imagens de arquivo. Nunca mais haverá outro igual. Forte, cheio de personalidade e talento.

O Vasco de verdade que acabou faz 35 anos e me faz chorar a cada reencontro no Youtube. Acácio, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Zé do Carmo, Henrique e Geovani; Vivinho, Romário e Bismarck. São onze lendas, nada de 11 nomes banais.

Portanto, reencontrar o que balançou meu coração não é pecado, é amor. Genuíno, sofrido, cheio de suspiros de nostalgia. Agradeço a todos os heróis do Vasco, eternizados na mente de um homem envelhecido e triste, mas orgulhoso escravo da saudade.

COMO CONSTRUÍ UM AMOR

por André Felipe de Lima

Eu tinha, sei lá, uns quase seis anos. Vivo confundindo minha idade. Ter nascido em um dia 31 de dezembro sempre deixou-me um pouco (às vezes até muito) confuso. E é assim até hoje. Só tenho certeza de que o ano era 1974 e o mês era julho. Ano e mês em que comecei a compreender que o futebol entrara em minha vida para não mais sair dela. Um dia em que, ao lado do meu pai, assisti, numa TV colorida (raridade na época), da tribuna dos profissionais do Hipódromo da Gávea, o jogo em que o Brasil perdera da Holanda, sim, a “Laranja mecânica”, de um tal “Cruyff”. Meu pai via o jogo e conversava comigo como se eu lá entendesse alguma coisa daquilo que se passava na TV. Solitários, eu e papai, em um jóquei clube completamente vazio, sem vivalma sequer, vimos o Brasil tomar um baile. Eu, e faço questão de frisar, não entendia nada do que acontecia em campo, mas achava do cacete aquele monte de maluco (sim, para mim todos uns doidos varridos) cabeludo (sim, cabeludos, porque era moda, na época, ostentar cabeleiras) chutando a bola um para o outro e os que vestiam camisa de cor azul tentando roubar a bola do pé dos camaradas que vestiam blusa laranja. Comecei a me dar conta de que aquilo ali, além de ser muito divertido, chamava-se futebol. Essa emoção aumentaria no mês seguinte. Eu explico o porquê. Meu pai tinha tudo para ser botafoguense. O pai dele, meu avô, o levava a jogos do Botafogo, isso lá nas décadas de 1940 e de 50. Mas havia um certo “Expresso da Vitória”, cuja camisa era ora branca, com faixa diagonal preta e uma cruz de malta no coração, ora o contrário, ou seja, preta com faixa branca, porém com a cruz sempre em vermelho. Havia também naquele “Expresso da Vitória” um cara chamado Ademir, com um queixo proeminente, mas com uma imagem quase bíblica nas fotos. Papai mostrou a foto dele para mim. Bom, por causa do tal Ademir o meu pai ignorou a “pressão” do vovô, deixando para lá o Botafogo. Voltando a minha particular história, eu, no mês seguinte aquele jogo dos caras de azul contra os caras de laranja, voltei a me empolgar com o futebol. Estavam em campo, aquele time da cruz de malta e outro com cabeludos de azul. Sabia que meu pai gostava do time que tinha a cruz de malta. Tentara me explicar isso algumas vezes, a história dele com o vovô. Mas não demoraria para que eu a compreendesse. Daquela vez não assistimos ao jogo pela TV. Não tínhamos TV em casa. Ouvimos, então, pelo rádio. E, naquele dia de agosto de 1974, passei a amar três coisas, e todas, harmoniosamente como uma trova, entrelaçadas: o time da cruz de malta, o futebol e as transmissões pelo rádio. O jogo terminara e recordo a alegria do meu pai, que gritava: “É campeão! É campeão! O Vasco é campeão!”. Eu não entendia rigorosamente nada, mas gritei com ele. “Campeão, papai! Campeão, papai! Vasco! Vasco! Vasco!”. No dia seguinte, logo cedo, pela manhã, peguei minha caixinha de lápis de cor e desenhei, tentando copiar o que via no jornal do meu pai, o escudo que se tornaria amor da minha vida, e encantei-me com a foto, em especial, de um cabeludo, de proeminentes dentes frontais e de sorriso farto, que no jornal se encontrava. As imagens daquele escudo e do cabeludo de sorriso farto jamais saíram da minha memória. E da minha caixinha de lápis de cor nasceu o que eu entendia como “O meu Vasco, o meu amor”. Obrigado, Ademir, pelo meu pai; obrigado Roberto Dinamite, por mim.

EM 1982, O FIM DE UMA ESCRITA

por Luis Filipe Chateaubriand

No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o Vasco da Gama vivia uma sina: era vice-campeão quase sempre.

Era muito chato, para o torcedor vascaíno, ser sempre derrotado exatamente ao final dos certames.

No Rio, o Vasco da Gama era vice de Flamengo ou, quando não era o Flamengo, era vice do Fluminense.

Ao nível nacional, o Vasco da Gama foi vice do Internacional de Porto Alegre, no Campeonato Brasileiro de 1979.

Mas, no Campeonato Carioca de 1982, essa sina chegava ao fim!

Final do Campeonato, Flamengo x Vasco da Gama.

Primeiro tempo, jogo equilibrado.

Mas, no início do segundo tempo, Pedrinho Gaúcho bate escanteio pelo lado esquerdo, Marco Antônio Rodrigues, o Marquinho, roça a cabeça na bola e esta vai “morrer” no fundo do gol do goleiro rubro negro Raul.

Vasco da Gama 1 x 0 Flamengo.

Depois do gol, a equipe vascaína se manteve firme, “segurou” o resultado e, com a vitória, veio o título.

Desde 1977, o Vasco da Gama não era campeão.

Mas, em 1982, a torcida pode dizer: “Vice é o… Flamengo!”.

ISSO AQUI NÃO É VASCO

por Marcos Eduardo Neves

No clássico entre Vasco x Sampaio Correa, deu a lógica. O Vasco não tem, hoje, equilíbrio emocional para disputar decisões. Ainda assim, o Vasco vai subir. Clube que lidera o ranking dos grandes que mais caíram, o Vasco vai voltar.

Foram – até agora, claro – quatro rebaixamentos, o que o faz superar Botafogo, Grêmio e Fluminense (este último, com direito a asteriscos). Todos, porém, vice-colocados no bizarro recorde, por terem sido rebaixados três vezes.

Mas o que importa é que o Vasco vai voltar. Para alegria dos vascaínos. E dos flamenguistas, palmeirenses, tricolores, corintianos, santistas. Acho até que de quem é Fortaleza. Se bobear, alegria até mesmo de cruzeirenses e gremistas.

Mas a volta do Vasco abalará muitos clubes. Como Botafogo, América-MG, Goiás, Bragantino, Coritiba, Ceará, Atlético Goianiense, Cuiabá. Acredito que somente Juventude e Avaí estejam mais aliviados. Por não o terem como adversário no ano que vem.

O Vasco voltará, talvez amanhã ou na próxima rodada, deixando saudades. Nos torcedores da Tombense, do Brusque, Novorizontino, Operário, CSA, Ituano, Londrina, Vila Nova e por aí vai. O próprio Sampaio Corrêa sofrerá: sua torcida amava encarar o Vasco em casa; imagina ganhando deles fora, com o país inteiro vendo. São muitas famílias felizes.

Cada vez mais, a SAF é a salvação bíblica, a âncora a que a Cruz de Malta precisa se agarrar em fé. Se o Botafogo briga pela Libertadores em seu primeiro ano após subir, por que não o Vasco em 2023?

Porquê que também questiono. Não sei a resposta. Sei que árduo será o caminho de preparação para que o Vasco volte a ser do nível de Flamengo, Palmeiras, Fluminense, Corinthians, Atlético Mineiro ou o Paranaense. Clubes que não estão nem um pouco preocupados com esse mais novo retorno do clube grande ioiô.

Preocupado quem tem que ficar, desculpe ser sincero, é quem é Vasco.