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Nielsen Elias

“IR NO ARPOADOR E NÃO VER O MAR”

por Nielsen Elias (@nielsen_elias)


Nesse fim de semana, o futebol alemão voltou a atividade. Claro, preparei a Giullietta e coloquei a linguiça pra queimar. Entre um gole e outro, liguei rapidinho a tv, não ia perder essa, né!? Futebol de novo e ao vivo! Ainda por cima o campeonato alemão…

Logo surgiram as primeiras imagens, e dois fatos me chamaram a atenção: o primeiro foi ver os jogadores em campo, de agasalhos e máscaras fazendo o reconhecimento da “relva”, como diria o nosso querido Jorge Jesus, e o segunda, foi não ver qualquer sinal da torcida muralha amarela nas arquibancadas do estádio do Signal Iduna Park, do Borussia Dortmund. Como diria o grande Januário de Oliveira: “tudo muito sinistro!!!!”.

Linguiça pronta pela churrasqueira elétrica Giullietta, um presente muito útil da Patrícia, minha irmã. Não tem fumaça, show de bola! Jogado no sofá, comecei assistir ao jogo. A linguiça, numa mão e a taça na outra. A linguiça de frango estava muito boa, especialmente entre os goles do Pinot Noir, enquanto jogo rolava na telinha. Rapidamente o Borussia fazia 2×0, em menos de 10 minutos. 

O narrador se esforçava para dar a emoção, mesmo com pequenos tropeços, afinal ficou muito tempo em quarentena. Mas faltava alguma coisa, apesar da partida ser bem movimentada, além do entusiasmo da transmissão. Fiquei encucado que não estava com a minha atenção totalmente voltada pra telinha e comecei a procurar o motivo. Foi nesse momento que tocou no rádio uma música da banda de rock Skank, que diz assim: “é como ir Arpoador e não ver o mar..”. Aí estava o motivo, futebol sem torcida é igual: “Romeu sem Julieta”, “no ar sem mergulhar“ e como “mergulhar no rio e não se molhar”.


A torcida é o grande combustível do futebol! Por mais que o narrador grite “goooooooooollllll”, sempre faltará os abraços na arquibancada, a alegria estampada no rosto de cada torcedor e, finalmente, a explosão frenética no grito de gol da torcida. Faltou a alma do futebol, o torcedor! Só assim a transmissão ganhará a real emoção.

Futebol sem torcida é igual ir no Arpoador e não ver o mar!

MINHA PASSAGEM PELO VASCO

por Nielsen Elias (@nielsen_elias)


Muitos não sabem, mas eu vesti a camisa do Vasco e a história bem curiosa da minha passagem pelo clube vocês vão saber agora! 

Depois de deixar o Fluminense, assinei com o Flamengo por dois anos e tudo ia muito bem até a chegada de um supervisor que eu havia me desentendido alguns anos antes no tricolor. Novamente tive problemas com ele, dessa vez no rubro-negro, meu contrato acabou e o passe ficou preso no clube.

Foi aí que veio o convite do Botafogo para treinar em General Severiano. Comandado por Paulo Amaral, o alvinegro contava com três goleiros, mas Zé Carlos sofreu um acidente e teve que abreviar a carreira, Luiz Carlos havia acabado de subir da base e Paulo Sérgio era o titular.

Por conta da minha experiência, fui contratado para ser sombra do Paulo por seis meses. Apesar de estar há quase dois anos sem jogar, estava treinando forte até que a oportunidade surgiu. Um dia antes do clássico contra o Vasco, Paulo Sérgio sofreu uma lesão e eu fui escalado às pressas.

O cenário era o pior possível: longo tempo sem atuar, um adversário fortíssimo com Dinamite, Pintinho, PC Caju e cia. e, para completar, uma forte chuva castigava o gramado do Maracanã. Mesmo com tanta adversidade, tive uma atuação de gala, com destaque nos principais jornais no dia seguinte, apesar da derrota.


Nielsen e Schumacher

Logo depois disso, meu contrato acabou e fiquei com meu passe na mão. Para manter a forma, costumava correr com meu amigo Doval nas Paineiras. Em uma dessas atividades, encontrei o time do Vasco treinando por lá também e, durante aquele papo de boleiro, o saudoso prepador Hélio Vigio me perguntou qual era a minha situação.

Expliquei cada detalhe e ele levantou a possibilidade da minha participação em uma excursão que o clube estava prestes a iniciar na Europa. A brecha se deu porque Mazzaropi teria que cumprir suspensão e não poderia viajar por conta de uma confusão que ocorreu na excursão anterior.

Iniciei os treinos no Vasco, fiz alguns amistosos e acabei ganhando a confiança do clube. O curioso é que abri a cabeça às vésperas da viagem ao me chocar com a trave, mas peguei o avião no sacrifício mesmo. Fomos disputar o Troféu Joan Gamper, em Barcelona, e enfrentamos os timaços do Barcelona e do Colônia, que era a base da seleção alemã. Tive a oportunidade de conhecer o goleiro Schumacher e, além de tirar uma foto com ele, ainda fui presenteado com seu par de luvas.

Durante quase 30 dias de viagem, passamos ainda por Iugoslávia e Portugal, acumulando muitas histórias. Dividi o quarto da concentração com o lendário locutor Cezar Rizzo, algo impossível de se imaginar nos tempos atuais, sentei na poltrona cativa do Dinamite no ônibus sem saber e muito mais!

Foi uma passagem curta, mas inesquecível!

Quem se lembrava dessa?

Instagram: @nielsen_elias