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mateus ribeiro

SEM EMPREGO, SEM CARISMA E SEM AUTOCRÍTICA

por Mateus Ribeiro


José Mourinho era um grande treinador. Era.

O começo de sua carreira indicava um futuro brilhante, principalmente por conta do trabalho que desempenhou no Porto. Foram temporadas vitoriosas, com destaque para as conquistas da Copa da Uefa (2002-03) e da Liga dos Campeões da Europa (2003-04). Após conquistar o velho continente, foi para a Inglaterra, treinar o recém-milionário Chelsea.

Enquanto foi técnico dos Blues, além de conquistar a Premier League duas vezes, faturou duas vezes a Copa da Liga, uma Copa da Inglaterra, e uma Supercopa da Inglaterra. Ganhou o apelido de “The Special One”. E de fato, Mourinho era especial. Ajudou, e muito, a revolucionar o conceito de defesa, sem esquecer que o importante sempre foi marcar mais gols que o adversário, mesmo que UM a mais.

Após conquistar Portugal, a Inglaterra e a Europa, Zé Mourinho foi para a Itália, tentar manter sua carreira vitoriosa na Internazionale. Mais uma vez, vieram títulos nacionais e continentais. Detalhe: nas duas vezes que venceu a Uefa Champions League, Mourinho treinou times que não estavam cotados como principais favoritos.


Nada parecia parar o treinador luso. Até que o Real Madrid decidiu contratar seus serviços…

Em Madrid, foram três anos, algumas conquistas nacionais, mas suas declarações (sempre ácidas) e seu comportamento (um tanto quanto controverso) começaram a chamar mais a atenção do que seus resultados. Saiu do Real, e então resolveu voltar para onde teoricamente era sua casa, o Chelsea. Não deu muito certo, e mesmo com a conquista de mais um Campeonato Inglês e uma Copa da Liga, sua saída não foi das melhores. Aliás, essa parece ser a tônica da “segunda fase” da carreira de Mourinho: os títulos chegam, mas sempre temperados com doses de crise.

Seu último emprego foi no Manchester United. O roteiro foi o mesmo: títulos vieram (uma Liga Europa, uma Copa da Liga e uma Supercopa), mas as brigas internas também. Aliás, dessa vez, os desentendimentos se tornaram públicos. Quando o desafeto foi Pogba, uma mala tão pesada quanto Mourinho, o mundo ficou sabendo. Resultado: demissão no meio da temporada, com um saldo negativo, ainda mais quando se leva em consideração que o treinador solicitou reforços que custaram quase 2 Bilhões de Reais ao clube de Old Trafford.

Mourinho se tornou um personagem. Na verdade, sempre foi. A questão é que quando as conquistas começaram a diminuir de patamar, e seu nome já não figurava entre os maiores do planeta, começou a atacar repórteres, jornalistas, e quem mais cruzasse seu caminho. O português se tornou uma máquina de respostas prontas e premeditadas, quase sempre, ofensivas. E isso não é legal para ninguém.


O resultado está aí… mais uma demissão, mais brigas, e nada faz acreditar que o treinador vá fazer reflexões sobre seu comportamento. Ainda mais sabendo que o Real Madrid aparentemente está negociando com o português, de acordo com alguns órgãos de imprensa. Se fazendo o errado, o melhor time do mundo está atrás dos seus serviços, imagine se ele fizesse o certo?

Como amante do futebol e da retranca, torço para que ele se recupere e saia do personagem. Como um futuro repórter, torço para que ele melhore seu comportamento, e para que os atuais repórteres deixem de dar atenção para quem é mal educado e quer confete.

GAME OVER

por Mateus Ribeiro


Eu estava empolgado para acompanhar a final da Libertadores 2018. Aposto que você também estava. Porém, a partida foi adiada duas vezes, por conta de problemas com a segurança. E pra ser bem sincero e direto: a final deveria acabar no sábado, sem a realização da partida de volta.

É claro que eu amo futebol, e gostaria de acompanhar uma final entre River Plate e Boca Juniors, da mesma forma que gostaria de ver um Corinthians e Palmeiras, um Peñarol e Nacional, ou qualquer grande clássico. Contudo, no ano de 2018, precisamos relembrar que uma partida de futebol é disputada por seres humanos. Sim, seres humanos iguais eu e você. Acreditem ou não, esses caras que endeusamos (e detonamos) também possuem famílias, também respiram, também precisam pagar contas, e tudo o mais. Dentre todas as coisas que temos em comum, vale ressaltar uma: o direito à segurança. E parece que esse direito foi ferido no último sábado.

Acontece que o estrago foi grande, a ressaca maior ainda. A chance da partida não acontecer no domingo era grande. E para o bem de todos, não aconteceu.

A Conmebol prometeu definir uma nova data para a reunião hoje. Eu não tenho ideia do resultado dessa reunião. A hora que você estiver lendo este texto, talvez os mandatários já tenham decidido o que fazer. De qualquer forma, eu coloco a minha mão no fogo que irão remarcar o jogo em uma nova data. Ou você acha que nossa estimada e sempre transparente confederação iria deixar para trás o investimento gigantesco dos patrocinadores, ou todo o espetáculo que a transmissão dessa partida poderia gerar? Pensando mais longe, você acha que em algum momento, os chefes dessa baderna irão pensar no perigo que os jogadores do Boca Juniors passaram?


Para tentar clarear a cabeça daqueles que não conseguem sentir o tamanho do problema, vamos fazer alguns exercícios de reflexão rápidos:

1 – Imagine se o ônibus perde o controle, naquele local extremamente movimentado?

2 – Tente imaginar se o Boca Juniors vence a partida, como seria o comportamento de PARTE da torcida presente no estádio.

3 – Como o trio de arbitragem iria se comportar? (lembrando que a turma do apito é composta por seres humanos).

4- Tente se colocar na pele de qualquer jogador do Boca Juniors depois do incidente.

5 – Caso seja muito difícil, tente imaginar que qualquer cara dentro daquele busão fosse um parente ou amigo seu;

6 – Esqueça esse papo de rivalidade. Lembre-se que a grande maioria dos jogadores são amigos, além de companheiros de profissão. Você realmente acha que os jogadores do River Plate conseguiriam jogar naquelas condições?

7 – Grande parte dos torcedores do River não compactua com tamanha selvageria. Como esse pessoal se sentiria durante a partida?


Creio que depois disso, fique um pouco mais fácil de entender que não há razão para a partida ser disputada. Eu não entendo nada de direito desportivo, mas em 2015, quando os times se enfrentaram, atos de selvageria aconteceram na Bombonera, o que causou a eliminação do Boca Juniors. Sim, eu sei que o Boca não cumpriu a sua pena inicial, e que teoricamente, nem deveria estar disputando essa edição da Libertadores. Porém, cabe lembrar que o River Plate teve os casos de jogador irregular (o que praticamente eliminou o Santos), além de Gallardo infringindo o regulamento.

“Ah, mas é final”. E DAÍ? Existem vidas que já correram riscos, e não precisam se arriscar mais. Que se encerre a final. Que se elimine o River. Que o Boca seja o campeão de um torneio que todos saíram perdendo.  É preferível perder um jogo do que acompanhar um velório, não é?

O que fica registrado, no final de tudo, é que a Conmebol perdeu uma bela oportunidade de mostrar o mínimo de respeito por quem realmente faz e acompanha o espetáculo.

CRAQUES INESQUECÍVEIS

#01- Romário

por Mateus Ribeiro

Romário de Souza Faria, mas pode chamar apenas de Romário. Um dos maiores atacantes de todos os tempos.

O Baixinho fez (muitos) gols por onde passou. E olha que ele passou em muitos lugares mundo afora. E nem foram só os gols que chamaram a atenção durante sua vitoriosa carreira. Romário era autêntico, não fazia média para agradar ninguém, tampouco vivia um personagem, algo tão comum para jogador de futebol atualmente.

Romário não tinha medo de nada, não tinha medo de ninguém.

Romário era um carrasco da grande área. Talvez, o jogador mais letal que eu já tenha visto na vida. Imagino que também tenha sido o motivo da insônia de muitos zagueiros que o marcaram (foram muitos, e dos bons).


Não contente em ser marcante nos clubes por onde passou, Romário marcou seu lugar na Seleção Brasileira. A camisa amarela com o número 11 foi, é, e será eternamente sinônimo de Romário. A azul também. Afinal, alguém se esquece daquele domingo que o baixinho, depois de muita birra de Parreira, voltou em cima da hora e simplesmente DESTRUIU o Uruguai? Talvez essa tenha sido a primeira grande exibição individual que eu tenha visto na vida.

Depois daquele dia, Romário poderia se aposentar da Seleção, que todos lembrariam da sua exibição de gala no Maracanã. Mas faltava completar a obra. E ele, na companhia de muita gente boa (e muita gente contestada também), terminou o quadro nos Estados Unidos. Alguns consideram essa obra, denominada Copa de 1994, um tanto pragmática. Outros, se pudessem, a deixariam para ser contemplada nos maiores museus do planeta.


Não importa, obras são obras, e Romário pintou cada detalhe ali da melhor forma possível: com o bico da chuteira, crescendo no meio dos gigantes suecos, saltando contra a Holanda, recebendo declaração de amor de Bebeto (e do resto do Brasil), batendo pênalti chorado, ajudando seu fiel parceiro de ataque a embalar Mattheus .E tudo isso sob um sol escaldante.

Romário jogava pela sombra. Não era muito chegado aos treinamentos. Talvez fosse pra mostrar que era humano, afinal, sem treinar como os demais, era um monstro, imagina se treinasse?

Romário foi vencedor. Ganhou taças por onde passou. Desde Teresa Herrera até Copa do Mundo, passando por Campeonato Carioca e Copa da Holanda. Sempre fazendo gols.

Romário é rei. Seja no Rio, na Catalunha, em Eindhoven.

Romário é inesquecível. Inesquecível para amantes do futebol. Inesquecível para torcedores de vários clubes do Brasil e do mundo. Ah, é inesquecível para o Amaral também. E para muitos outros que já tiveram o (des)prazer de ter que marcar um dos maiores atacantes da historia do futebol mundial.

Por ser tudo isso, e muito mais, Romário abre a mais nova série do Museu da Pelada: Craques Inesquecíveis!

Divirtam se com os lances dessa lenda!

TÉCNICA, SANGUE FRIO E TÍTULOS: A CARREIRA DE DANILO

por Mateus Ribeiro

Danilo é um jogador em extinção. E eu nem falo daquele papo repetitivo do jogador pensativo, do cérebro do time, e todo aquele banquete de argumentos prontos usados para defender jogador em baixa.


De fato, Danilo é diferenciado, e nem de longe representa a correria desenfreada que se tornou o futebol nos últimos anos. Realmente, Danilo é muito técnico, pensativo e muito inteligente. E foi essa inteligência que fez o pacato e ilustre filho de São Gotardo (MG) passar incólume por todas as mudanças que o futebol passou ultimamente.

A carreira de Danilo passou por muitos períodos e por diferentes gerações. Começou no Goiás, no final dos anos 90, e conquistou além de um Campeonato da Série B, quatro estaduais. O clube esmeraldino costumava revelar e preparar jogadores que posteriormente brilhariam em outros centros do futebol. Danilo foi um desses, e seu futebol despertou o interesse do São Paulo, que não pensou muito e levou o meia para o Morumbi.

No São Paulo, foi peça fundamental de um dos períodos mais vencedores da história do clube. Participou de forma ativa do Campeonato Paulista de 2005, e da conquista do Tri da Libertadores e do Mundial pelo Tricolor. Qual torcedor são paulino se esquece dos  gols contra o River Plate na semifinal da Libertadores? Ou de sua mania de sempre aparecer em clássicos, principalmente contra o Corinthians?


Em sua passagem pelo Tricolor Paulista, conquistou um Campeonato Paulista, um Brasileiro, uma Libertadores e um Mundial. Se terminasse sua carreira no final de 2006, sairia de cena como um dos jogadores mais vencedores de sua geração. Mas ainda faltava muita coisa.

Danilo então foi para o Japão, jogar pelo Kashima Antlers. Ali, foram três títulos do Campeonato Japonês, um da Copa do Imperador, e um da SuperCopa do Japão.  Em todo lugar que passou, Danilo conquistou títulos relevantes, fez gols, e saiu de cabeça erguida.


Já era 2009, e Danilo não era mais um jovem. E de repente, chega a notícia de que ele chegaria para defender meu time do coração. No início, senti que não havia mais muita lenha para ser queimada. Além disso, toda a conversa de Centenário do clube, somada a um grandioso número de contratações contestáveis fazia o cheiro de zica ficar cada vez mais forte. E assim foi em 2010, um ano que não foi exatamente bonito para o Corinthians, tampouco para Danilo.

Porém, de 2011 em diante, as coisas foram bem diferentes. Danilo deixou para trás a desconfiança de muitos torcedores, que torciam o nariz para sua presença ali, muito pela passagem vitoriosa que teve pelo São Paulo.

Aqui, aliás, vale abrir um parênteses e ressaltar que o meia participou grandiosamente do tabu que o Tricolor impôs ao Corinthians, sempre deixando sua marca ou tendo uma participação importante nos clássicos entre os clubes. E isso nunca foi suficiente para eu ter ódio de Danilo. Os motivos? Danilo nunca foi de falar muito, e quando fala, não é pra depreciar rival. Exceto uma foto de quando venceu o Mundial de 2005 (foto em que ele segura uma placa com os dizeres “isso é título de verdade”, claramente zombando com o título conquistado pelo Corinthians em 2000), não se tem notícia de Danilo esculachando qualquer torcedor ou jogador rival. Até mesmo essa foto possivelmente foi tirada em um momento de euforia, e a mensagem passada não é nada de muito ofensivo também. E vamos lá, depois de conquistar um título mundial, acho que fica difícil conter as emoções.


Voltando ao que interessa, Danilo conquistou não só a confiança da torcida, mas três Brasileiros, três paulistas, uma Libertadores, um Mundial e uma Recopa. Sempre com muita frieza, foi fundamental na grande maioria de todos esses títulos.

Não faltaram gols em cima de rivais, belas jogadas, espírito de liderança e dedicação. Danilo se tornou referência e um dos meus principais ídolos pessoais. Seja pelos dribles lentos, porém letais, pelos gols importantes, pela sua calma em momentos decisivos, Danilo conseguiu conquistar um lugar especial no hall dos imortais que passaram pelo Corinthians. E deve constar entre os grandes nomes dos outros três clubes onde passou.

Hoje, com 39 anos, deve estar nos momentos finais de sua carreira, recheada de títulos,  construída em cima de muita competência e frieza.

Danilo é canhoto. Mas sempre foi democrático: faz gol de esquerda, de direita, de cabeça, de perto, de longe. Faz gol em fase de grupos, em fase final, no começo do jogo, em momentos decisivos, em disputa de pênalti. Pouco importa a situação, o importante é aparecer, mas sem fazer a mínima questão de aparecer. Entende?

Danilo quase teve sua carreira abreviada. Danilo não fez drama. Danilo se recuperou, superou todas as adversidades, e mesmo após mais de um ano parado, voltou a jogar como se nada tivesse acontecido, com a mesma tranquilidade de sempre.

Danilo nunca atuou pela Seleção. No final das contas, pouco importa.

Talvez seu estilo não sirva para uma equipe onde a imagem é mais importante do que a bola.


Talvez seu estilo sertanejo do interior não combine com o perfil de rockstar chiliquento que a CBF tanto goste.

Talvez sua aparência simples não se enquadre no cast selecionado a dedo para aparecer em coletivas de imprensa e propagandas de patrocinadores.

Danilo nunca precisou da Seleção. Talvez, a Seleção precisasse de um Danilo. Agora, é tarde.

Mas, para cultuar o grande e silencioso Danilo, sempre é tempo.

Obrigado, Danilo, pela sua contribuição com o futebol, e por fazer tanto pelo meu clube de coração.

FUTEBOL PLAYBACK

por Mateus Ribeiro


Muitas pessoas com mais de trinta anos se lembram de um fenômeno musical chamado de Milli Vanilli. Caso você não se lembre, vou refrescar sua memória:

No final da década de 1980, um produtor musical alemão chamado Frank Farian criou um projeto musical. A princípio, tinha convocado cantores e cantoras extremamente talentosos para dar prosseguimento ao seu grande plano. Porém, Frank não considerava a imagem de nenhum desses músicos a ideal para vender o grupo. Foi aí que ele teve a (não tão) brilhante idéia de chamar dois dançarinos com pinta de modelo para levar a parada nas costas. Resumidamente: Frank Farian chamou Fabrice Morvan e Rob Pilatus apenas e simplesmente pelo visual deles.

Tudo estava dando certo demais. A dupla vendeu discos mundo afora, ganhou um Grammy, e até música em novela do Plim Plim emplacaram. Nada parecia estragar o sucesso da dupla…

… Até que depois de playbacks enroscando e muitas declarações polêmicas, o mundo descobriu que os dois dançarinos e líderes do novo sucesso mundial apenas faziam dublagem. Detalhe: dublagem de vozes que não eram deles. Saca os cantores e cantoras que falei no início do texto? Então, eles continuavam cantando, e os bonitões apenas dublavam.

A casa caiu pra todo mundo. Tiveram que devolver o Grammy, e a carreira de todo mundo ali se tornou um fracasso, afinal de contas, ficava difícil confiar em qualquer parte dessa historia.

Agora, vamos lá, por que diabos um site de futebol está veiculando um texto que tem uma introdução gigante falando de música? Bom, ao menos em minha opinião, a história dessa farsa tem muito a ver com o momento atual do futebol. Vem comigo que no caminho eu te explico.

A ditadura da imagem


Conforme dito no início do texto, Frank Farian colocou Fabrice e Rob como figuras centrais por um único motivo: o impacto visual que eles causavam. E foi justamente esse impacto que os fez ganhar o Grammy mais vergonhoso de todos os tempos. O que isso tem a ver com o futebol atual? Muito mais do que você imagina.

Ou você acha que se o Márcio Araújo tivesse a mesma pinta de integrante do Backstreet Boys que o Diego tem ele seria achincalhado como é? A não ser que você ache justo que o craque que ganha um salário astronômico pra fazer jogo bom contra time de baixo da tabela receba o valor astronômico que recebe para justificar derrotas com seu topete impecável.

Sendo um pouco mais extremo, tente imaginar que fraco e perseguido (sim, perseguido, afinal, nem na segunda divisão do Japão esquecem o cara) Muralha fosse comprado pela fortuna que o Liverpool torrou no goleiro modelo da Seleção Brasileira na última Copa. Já, por outro lado, tenha certeza absoluta que qualquer falha de Alisson sempre terá um fator externo que livre a cara do regular goleiro que saiu do Internacional de Porto Alegre. Bom, pudemos ter um exemplo no jogo entre Liverpool e Leicester. Faça um exercício de imaginação, e imagine qualquer goleiro em atividade no futebol brasileiro cometendo a presepada que Alisson cometeu. Parou pra pensar o festival de críticas e “memes” (que coisa insuportável) que começaria a brotar? Não adianta ser o sabichão e falar que isso é achismo da minha parte. Todos sabemos que o mundo do futebol, começando pela bancada da mesa redonda, até discussão de mesa de bar, direta ou indiretamente, age com esse pensamento de dois pesos e duas medidas.


Exemplos como esse existem aos montes, e basta você usar a cabeça, que vai encontrar vários deles. Apenas para terminar essa parte: imagina só se Rivaldo tivesse a mesma fachada que o David Beckham? Creio que talvez ele tivesse um busto do tamanho do Pão de Açúcar em sua homenagem na sede da CBF.

Dito isso, vamos para outra parte.

A VENDA DO PRODUTO

Voltando a falar do grupo em si, quando ficou decidido que a dupla de dançarinos estaria ali para angariar fãs com o poder da imagem, tanto o produtor quanto os outros envolvidos possivelmente não imaginaria que algo pudesse dar errado. Venderam uma idéia, muita gente abraçou, e pronto. O mundo tinha dono, e nada de ruim poderia atrapalhar.

Pois bem, é mais ou menos o que acontece por aqui. Uns montes de especialistas que nunca chutaram uma bola na vida estão dominando o universo do esporte bretão, seja com algum cargo em departamento de marketing, seja em mesa redonda. E alguns desses mestres são tratados como deuses, ou mitos, simplesmente por gastar o dinheiro (dos outros) com negociações bombásticas. E partindo disso, dá lhe “melhor elenco do Brasil”, “elenco para 120 partidas no ano” e “time para brigar em três frentes”. Uma conversa pra boi dormir, que acaba convencendo parte dos admiradores do 4-2-3-1. Pior de tudo isso: no caso de derrota, não existe problema. Afinal de contas, o que importa é poder estufar o peito e vender a ideia de que um time é bom pelo simples fato de ser caro no papel. Os títulos? Eles são conseqüência, afinal, quando um clube gasta zilhões de reais, euros, pesos, dólares, a intenção é “dar sequência ao planejamento”, e sempre pensar no ano seguinte.

Sorte de quem vive disso, e azar de torcedor que cai nesse conto do vigário, e comemora contratação cara. Vale deixar como exemplo o carnaval que muitos torcedores do Corinthians fizeram no final de 2012, quando o clube contratou o dublê de jogador de futebol, que tal qual seu xará do reino animal, não faz nada direito.

O PLAYBACK

Para encerrar, vamos para a última parte. Novamente, volto a falar do Milli Vanilli. O barraco começou a desabar quando descobriram que a dupla vivia fazendo playback, dos outros.

E isso se parece demais com o futebol brasileiro dos últimos anos. Tudo é um playback. Todos nós já sabemos o que esperar (principalmente quando se fala de Seleção Brasileira): baixa qualidade nas partidas, programas esportivos tão qualificados quanto a maioria dos jogos dos campeonatos nacionais, péssimas arbitragens, ingressos com preços pornográficos.


Tal qual a dupla do final dos anos 80, o futebol daqui segue fazendo “dublagens” do trabalho dos outros. O problema é que copiamos tudo da pior maneira possível.

E no fim das contas, sabe o pior de tudo? Fãs tontos, como eu, merecem sofrer, pois mesmo sabendo desse futebol playback, ainda se matam assistindo os times do coração.

Ah, e o Milli Vanilli? Não existe mais. De certa forma, o futebol também não.

Agora, com licença, que vou vestir minha roupa multicolorida para dançar ao som fake do Milli Vanilli.

Um abraço, e até a próxima.