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VIVA A DIVERSIDADE!

16 / julho / 2018

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


França campeã, impossível não me emocionar. Fui o primeiro brasileiro campeão mundial a jogar naquele país. Tinha algumas opções, mas escolhi o Olympique de Marselha por ter um clima parecido com o do Rio de Janeiro.

Quando jogava pelo Flamengo e fazia uma excursão na Alemanha, Daniel Stern, fundador do Paris Saint-Germain, e o lendário Just Fontaine, me visitaram na concentração e me convidaram para o PSG, que acabara de subir para a Primeira Divisão. Neguei porque o frio parisiense me assustava. Depois, acabei indo para o Olympique.

Não imaginei que pudesse voltar ao Brasil porque era tratado com muito carinho pelo torcedor, na verdade pelo povo francês em geral. Mas Francisco Horta me convenceu e voltei ao Flu. De qualquer forma me sinto um dos responsáveis por abrir essa porta ao mercado brasileiro. Indiquei Jairzinho, o Furacão, e jogamos juntos. O sucesso foi tanto que o estádio do Olympique precisou ser ampliado para receber mais torcedores.

Aprendi a língua, fiz amigos, como os atores Jean Paul Belmondo e Alain Delon, o tenista Yannick Noah, e o príncipe Albert de Monaco. Colecionei gravuras de Picasso, Monet, Salvador Dali e uma revista de arte fez uma capa com o título “De Paul Cezanne a Paulo César” exaltando a poesia do futebol brasileiro.

Era convidado para os grandes eventos e recentemente fui consagrado com a Legião de Honra, importante comenda do governo francês. Vi muitos imigrantes correndo nas ruas da França. Fugiam da polícia que os impedia de vender suas bolsas “Louis Vitton” nas áreas turísticas.


Guarda Negra

Nessa época, apenas dois negros atuavam da seleção, Tresór e Jean Pierre Adams, apelidados pela imprensa de “la garde noir”, a Guarda Negra. Muita coisa mudou de lá para cá, ocorreram avanços na política e a França, com certeza, deve ser a seleção mais miscigenada.

Sobre essa grande variedade de origens, Matuidi, descendente de angolanos e congoleses, disse que a diversidade é uma das belezas da seleção francesa e, por isso, sentia orgulho em representá-la. Matuidi, Griezmann e outros 17 jogadores são filhos de imigrantes ou nasceram em outros países e se naturalizaram. As raízes são as mais diversas: Filipinas, Haiti, Congo, Senegal, Mali, Angola, Guiné, Togo, Mauritânia, Argélia, Camarões, Ilha de Guadalupe, Martinica, Alemanha, Espanha e Portugal. Isso faz bem ao futebol? Para a França fez. E muito!

Não sou historiador e a Croácia também teria seus motivos extra futebol para ganhar o título, mas falo da França por minhas ligações sentimentais. Se pudesse escolher a campeã da Copa seria a Bélgica, que apresentou o futebol mais bonito, técnico e veloz. Entre França e Croácia, a França. Tem muito mais jogadores técnicos e Didier Deschamps se deu ao luxo de não precisar usar todos os seus reservas, alguns muito bons de bola, como Thomas Lemar e Dembelé.


Essa Copa foi uma vitória do futebol porque as três primeiras mereciam o título e mesmo Didier Deschamps, uma espécie de Dunga francês, curvou-se ao futebol ofensivo. Claro que não surgiu um novo Platini, nem um novo Zinedine Zidane, mas podemos dar mil vivas a essa escola maravilhosa, que encanta o mundo não é de hoje.

Viva, Just Fontaine, Lilian Thuram, Thiery Henry, Marcel Desailly, Cantona, Mbappé, Griezmann e Pogba! Viva o futebol! Viva a diversidade!   

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