OS MARCOS DO BRASIL NAS COPAS DO MUNDO
por Serginho 5Bocas
Em sete marcos distintos, tentamos explicar como a seleção brasileira de futebol saiu de uma posição de mero coadjuvante, ascendeu à estrela principal do maior espetáculo esportivo da terra e caminha a passos largos para o ocaso no mundo do futebol.
O texto é um misto de reconhecimento a quem foi importante neste processo e de críticas com verdades incômodas aos que sempre usaram a seleção canarinho como se fosse dono para enriquecimento em detrimento de nossa historia.
Domingos da Guia se destacou na Copa de 1938
Está aí um bom motivo para repensarmos o futebol brasileiro o quanto antes…
_______1938
Os desbravadores (Lêonidas, Domingos da Guia, Tim, Romeu,…)
Era a época da inocência, levamos um grupo muito bom, mas éramos desorganizados dentro e fora de campo e sem a mínima noção de nossa própria capacidade técnica. Após a derrota para a Itália, na semifinal, sem Leônidas em campo, ficou um gostinho amargo de decepção e asensação de que poderíamos ter ido mais longe. Estava aberto o caminho para as conquistas…
_______1950
Os Imperdoáveis (Zizinho, Ademir, Jair, Danilo, Barbosa, Bauer…)
Foi talvez a nossa maior decepção futebolística da história, um grupo de altíssima qualidade e sério candidato a melhor seleção de todos os tempos. Perdemos dramaticamente na final em casa. Ficaram feridas abertas que nunca cicatrizaram, aqueles homens morreram sem ter o perdão dos torcedores e da mídia, mas deixaram lições aprendidas muito úteis que nos deu a “casca” necessária para forjarmos os futuros campeões. Faltava pouco para a glória…
_______1958
Os Escolhidos (Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Djalma Santos, Vává, Gilmar…)
Aqueles homens, conduzidos por Pelé e Garrincha, não precisaram de psicólogos para acabar de vez com o complexo de inferioridade que tanto nos perseguia, conquistaram o mundo fora de casa, dando espetáculo e apresentando uma nova ordem no futebol. Foram escolhidos para nos dar a inédita conquista tão esperada e colocar um ponto final nos nossos fantasmas. Agora era consolidar a fama…
_______1970
Os insuperáveis (Pelé, Tostão, Gerson, Rivelino, Jairzinho, Carlos Alberto…)
Já tínhamos a noção exata do nosso valor, mas aquela seleção conduzida por Pelé chancelou nossa qualidade para os olhos do mundo inteiro. Pela primeira vez ao vivo na TV, todos puderam comprovar que era possível ganhar e jogar bonito sem perder a competitividade. Deixaram a sensação e a quase certeza de que nunca mais poderíamos fazer aquilo de novo. Ficamos anestesiados e soberbos e isto custaria caro…
_______1982
Os inesquecíveis (Zico, Falcão, Sócrates, Cerezo, Junior, Leandro…)
Foi um sonho lindo que durante cinco partidas maravilhosas, um grupo de notáveis nos livrou das amarras e mostrou um futebol solto, alegre, belo, requintado e poderoso, que nos levou da certeza da glória à tristeza profunda e improvável, marcando negativamente toda uma geração de jogadores e torcedores de uma forma que nunca mais voltou a acontecer. A derrota mudou a ordem do futebol, tornando-o mais feio e pobre…
_______1994
Os predestinados (Romário, Bebeto, Aldair, Dunga, Taffarel, Jorginho…)
Era um grupo que conhecia o caminho da vitória desde os mundiais de juniores e trouxeram de volta a glória perdida há 24 anos. Venceram com eficiência mesmo sem ser tão brilhante como outrora. Mas nem por isso faltaram jogadores de qualidade. Ficou marcada pela dureza e pragmatismo empregado em todas as partidas até o título. Tiramos um peso enorme dos ombros…
_______2002
Os últimos moicanos (Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Cafu, Roberto Carlos,…)
Saíram daqui desacreditados e voltaram nos braços da galera, pois dos pés de dois jogadores machucados (Ronaldo e Rivaldo) conseguimos garantir a última glória futebolística do País. Novamente faltou brilho e, desta vez, adversários à altura, mas serviu para consagrar o fenômeno Ronaldo e nos garantir a supremacia mundial. Não tínhamos ideia do que estava por vir…
_______2014
Os banalizados (Kaka, Robinho, Adriano, Julio Cesar, Thiago Silva, Neymar,…)
Nas últimas três Copas do Mundo fomos eliminados sem choro nem vela. Nós brasileiros fomos nos acostumando a perder sem que isso nos causasse indignação. Banalizamos as partidas e as derrotas. É lugar comum dizer que agora não tem mais bobo, que o futebol está nivelado. O triste é não ter um horizonte, uma geração brilhante para apostar no futuro. Feliz é aquele torcedor que ainda se agarra ao passado recente de glórias. Pelo visto, não aprendemos nunca a lição…
MÃO DE ONÇA
por Wesley Machado, de Campos dos Goytacazes
O número 12 na camisa remete ao ano de fundação de um dos clubes mais tradicionais do Rio de Janeiro, o Goytacaz, de 1912 e que há mais de 20 anos não consegue voltar à elite do futebol carioca. Goytacaz que chegou a disputar a 1ª divisão do Nacional na década de 70. Para Moisés Lima, de 53 anos, o clube sempre estará no coração, pois o ex-goleiro profissional guarda boas lembranças de uma modesta participação com a camisa azul na história que marcou para sempre a sua vida. Afinal, quem nunca teve o sonho de ser um jogador de futebol, de ser saudado pela torcida, de virar figurinha? Mão de Onça, como era chamado, por causa das mãos grandes, começou no futebol profissional quando já tinha 21 anos.
Mão de Onça ainda marca presença nas peladas (Foto: Wesley Machado)
Depois de agarrar em times amadores de bairros da cidade de Campos dos Goytacazes, como o Atlântida e o Rui Barbosa; e no Municipal, este último que chegou a disputar o antigo Campeonato Campista de Profissionais, que fez muito sucesso na época; Mão de Onça foi tentar a sorte no Americano. Mas não gostou do tratamento dado no Alvinegro, o qual muitos consideram como um clube de elite. Sem chances no Americano, foi fazer um teste no Goytacaz, conhecido como o time do povo, e foi acolhido pelo técnico Amadeu Crespo, descobridor de jogadores como Jussiê, revelado pelo Goytacaz, com passagem pelo Cruzeiro e vendido para a França; e Elias, que atuou pelo Botafogo em 2013 e atualmente está no Figueirense.
Mão de Onça ficou no Goytacaz e logo subiu para os profissionais devido à idade estourada. Ficou na reserva do goleiro Claudio. Daí também o significado do 12. No banco durante todo o Campeonato Carioca de 1985, teve a oportunidade de jogar os dez minutos finais da partida contra o Serrano, outro clube que fez história quando Anapolina fez o gol da vitória contra o Flamengo e que ensaia uma volta na Série C do Carioca. Neste jogo que atrapalhou os planos do Flamengo no campeonato, quem fechou o gol foi Acácio, campista que depois seria contratado pelo Vasco e chegaria à seleção brasileira, tendo sido convocado para a Copa de 1990 na Itália.
Acácio se tornou o ídolo de Mão de Onça, que comparado ao goleiro reserva da seleção na Copa de 90, não foi tão expressivo assim. Mas cada qual tem sua história particular, que pode não ser tão importante para a história em geral, mas para a pessoa envolvida fica marcada na memória. Mão de Onça conta que: “reserva não aparece muito”. Realmente, Mão de Onça não aparecia. Apareceu agora. Depois do Goytacaz, jogou ainda pela Desportiva Ferroviária, do estado do Espírito Santo; e pelo Iguaçuense, que disputou a Terceirona do Rio no final da década de 80, início da década de 90. Disputou o Campeonato das Indústrias do Rio de Janeiro pela Perdigão, de Guadalupe; e voltou para Campos para ser campeão de bairros pelo Social. Atualmente disputa aos sábados pela manhã a PeLeiJa, a pelada dos funcionários da Câmara de Vereadores de Campos, na qual trabalha como guarda municipal, concursado em 1997 e cedido ao gabinete da presidência do legislativo municipal.
MÃO DE ONÇA
por Wesley Machado, de Campos dos Goytacazes
O número 12 na camisa remete ao ano de fundação de um dos clubes mais tradicionais do Rio de Janeiro, o Goytacaz, de 1912 e que há mais de 20 anos não consegue voltar à elite do futebol carioca. Goytacaz que chegou a disputar a 1ª divisão do Nacional na década de 70. Para Moisés Lima, de 53 anos, o clube sempre estará no coração, pois o ex-goleiro profissional guarda boas lembranças de uma modesta participação com a camisa azul na história que marcou para sempre a sua vida. Afinal, quem nunca teve o sonho de ser um jogador de futebol, de ser saudado pela torcida, de virar figurinha? Mão de Onça, como era chamado, por causa das mãos grandes, começou no futebol profissional quando já tinha 21 anos.
Mão de Onça ainda marca presença nas peladas (Foto: Wesley Machado)
Depois de agarrar em times amadores de bairros da cidade de Campos dos Goytacazes, como o Atlântida e o Rui Barbosa; e no Municipal, este último que chegou a disputar o antigo Campeonato Campista de Profissionais, que fez muito sucesso na época; Mão de Onça foi tentar a sorte no Americano. Mas não gostou do tratamento dado no Alvinegro, o qual muitos consideram como um clube de elite. Sem chances no Americano, foi fazer um teste no Goytacaz, conhecido como o time do povo, e foi acolhido pelo técnico Amadeu Crespo, descobridor de jogadores como Jussiê, revelado pelo Goytacaz, com passagem pelo Cruzeiro e vendido para a França; e Elias, que atuou pelo Botafogo em 2013 e atualmente está no Figueirense.
Mão de Onça ficou no Goytacaz e logo subiu para os profissionais devido à idade estourada. Ficou na reserva do goleiro Claudio. Daí também o significado do 12. No banco durante todo o Campeonato Carioca de 1985, teve a oportunidade de jogar os dez minutos finais da partida contra o Serrano, outro clube que fez história quando Anapolina fez o gol da vitória contra o Flamengo e que ensaia uma volta na Série C do Carioca. Neste jogo que atrapalhou os planos do Flamengo no campeonato, quem fechou o gol foi Acácio, campista que depois seria contratado pelo Vasco e chegaria à seleção brasileira, tendo sido convocado para a Copa de 1990 na Itália.
Acácio se tornou o ídolo de Mão de Onça, que comparado ao goleiro reserva da seleção na Copa de 90, não foi tão expressivo assim. Mas cada qual tem sua história particular, que pode não ser tão importante para a história em geral, mas para a pessoa envolvida fica marcada na memória. Mão de Onça conta que: “reserva não aparece muito”. Realmente, Mão de Onça não aparecia. Apareceu agora. Depois do Goytacaz, jogou ainda pela Desportiva Ferroviária, do estado do Espírito Santo; e pelo Iguaçuense, que disputou a Terceirona do Rio no final da década de 80, início da década de 90. Disputou o Campeonato das Indústrias do Rio de Janeiro pela Perdigão, de Guadalupe; e voltou para Campos para ser campeão de bairros pelo Social. Atualmente disputa aos sábados pela manhã a PeLeiJa, a pelada dos funcionários da Câmara de Vereadores de Campos, na qual trabalha como guarda municipal, concursado em 1997 e cedido ao gabinete da presidência do legislativo municipal.
Rio se destaca nos “II Jogos Macabeus Escolares Pan-Americanos”
por Mauro Wainstock
Com a participação de 220 atletas cariocas, 30 integrantes de equipes técnicas e mais de 200 familiares, o Rio de Janeiro mostrou competência, esportividade e muita união nos “II Jogos Macabeus Escolares Pan-Americanos 2016”. Representando as escolas cariocas A.Liessin, Eliezer Max e TTH Barilan, os atletas foram divididos por faixas etárias de 10 a 18 anos e participaram das competições de handebol, futsal, futebol soçaite, basquete, voleibol, atletismo, natação, xadrez, tênis de campo e tênis de mesa. Das 14 modalidades coletivas disputadas, o Rio de Janeiro venceu nove.
O evento foi realizado pelo clube Hebraica-SP, em parceria com a Macabi Brasil, e contou com muitas atividades para os estudantes, além de propiciar um grande entrosamento com escolas de outros estados – Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e São Paulo, e de vários países, como Colômbia, Argentina, Paraguai e Bolívia.
Fonte: ALEF News, da comunidade judaica (www.alefnews.com.br).
O ESTRATEGISTA
por Sergio Pugliese
Se Felipão e Parreira tivessem dado um pulinho no campo do Riviera, na Barra da Tijuca, dez dias antes do fatídico jogo entre Brasil x Alemanha, o resultado certamente seria outro e a humilhação, evitada. Nessa noite, o técnico Daniel de Sá Viana do Castelo, o Coluninha, deu um show de improvisações, ousadia e, principalmente, atitude. Tudo para livrar o time do condomínio de uma derrota massacrante para o rival Parque das Rosas.
– O Coluninha é um estrategista nato e já conseguiu reverter placares aparentemente impossíveis. É o Joel Santana, do Riviera – elogiou o assessor de comunicação do Flamengo Reyes de Sá Viana do Castelo, num encontro com a equipe do Museu da Pelada para recordar o feito do primo.
A comparação com Joel Santana é por conta da histórica virada do Vasco em cima do Palmeiras, em 2000, na final da Copa Mercosul. O Verdão marcou três gols em nove minutos e no segundo tempo o Gigante da Colina ainda teve o zagueiro Junior Baiano expulso. Mas com três gols de Romário e um de Juninho Paulista, “o time da virada, o time do amor” venceu por 4 x 3. Milagre no Palestra Itália!!!! Brilhou a estrela de Joel Santana e a inseparável prancheta!! O rubro-negro Coluninha considera essa partida uma das mais emocionantes da história do futebol e de lá para cá tomou gosto por esquemas táticos e também vem surpreendendo os adversários.
– Felipão me decepcionou. Aceitou a pressão alemã, demorou a mexer e terminou humilhado – comentou ele, fã dos técnicos Telê Santana, Pep Guardiola e Klinsmann.
No embate contra o Parque das Rosas, Coluninha alterou o time logo aos cinco minutos, após o primo e goleiro Reyes de Sá Viana do Castelo, de quase dois metros de altura, ser encoberto no gol de Romã. “Sai, sai, vai para o ataque!!!”, determinou. Decisão bem mais polêmica do que a do técnico holandês Louis van Gaal, que momentos antes da disputa de pênaltis substituiu Cillessen por Krul.
– Ele deve ter se inspirado em mim, afinal fiz antes dele. E reconheço que trocar o Reyes, um gigante, pelo Márcio Gordinho foi um banho de ousadia – gabou-se Coluninha.
Mas em menos de oito minutos o Parque das Rosas marcou mais três, com Paulo Leonardo, Careca e Gugão. Humilhação, não, pensou Coluninha. Nesse momento, a atitude do grande treinador aflorou. Como a partida ainda estava no início, ele entrou em campo numa desesperada tentativa de frear o anunciado vexame: “Vamos mesclar, rapaziada, tá sem graça! Pelada desequilibrada não dá”. Os adversários, perplexos, tentaram contra argumentar, mas Coluninha prosseguia surdo: “Leva o Juvenil e me dá o Careca, manda o Talma e fica com o Edu”. Para não contrariar a fera, os coletes foram trocados e o jogo recomeçou.
– O Felipão tinha que ter feito isso. Ficou com cara de bobo ao invés de sugerir a troca do Fred pelo Muller e a do Hulk pelo Klose – comentou o “professor”.
As trocas surtiram efeito e o primo Reyes, expulso do gol, marcou dois golaços: 4 x 2. Da beira do campo, Coluninha invertia os craques de posição e corria como um bandeirinha para orientar o ponta Careca. Num desses ataques, Talma enganou os marcadores e fez o terceiro. Coluninha quase endoidou!!! Precisava manter a invencibilidade de 52 jogos. Pênalti!!! Seria o empate. Confiante, Reyes posicionou a bola e disparou. Para fora!!!! Irritado, Coluninha mandou Reyes assumir novamente o gol e colocou Márcio Gordinho de centroavante. “Tente se movimentar mais do que o cone Fred. O Walter também é cheinho e corre”, ironizou.
– Tem que mexer com o psicológico do jogador e o Gordinho precisava mostrar serviço – explicou.
E no primeiro lance, Márcio Gordinho acertou um tirambaço de fora da área e empatou o jogo! Coluninha pirou! Mas Gordinho correu tanto na comemoração que não aguentava dar mais um passo. Sentou-se, apoiado no alambrado, e nem o Carvalhão conseguiu içá-lo.
– Sem reservas, era a minha hora – lembrou Coluninha, apelido ganho por conta das insuportáveis dores na coluna.
Coluninha comemora a atuação brilhante (Foto: Reyes de Sá Viana do Castelo)
Mas nenhuma dor o impediria de entrar na vaga de Gordinho. Cracaço, no final dos anos 90 barbarizava no campinho de terra batida do Clube Marapendi, ao lado das feras Leo e Dudu, filhos de Bigode, criador do lendário Geração 2000. Entrou pedindo bola mas, ansioso, era facilmente desarmado. Sem jogar há quase um ano, buscava o fôlego mas não acompanhava o ritmo frenético da partida. Mas quem foi rei nunca perde a majestade e por um momento lembrou-se dos treinamentos no Cachoeirense, de Carlos Alberto Torres, o capitão do tri, no Clube da Aeronáutica. Dava show observado por Seu Corrêa, saudoso técnico, que o orientava da forma mais pura possível: “Joga sincero!”. Quando faltavam dois minutos para o apito do árbitro, Coluninha recebeu a redonda e após uma gingada desconcertante, deixou três adversários no chão e marcou um golaço-aço-aço!!!! Herói da resenha, empunhou a caneca de chope zero grau para a foto e aos que perguntaram sobre o segredo do sucesso do estrategista, respondia “joga sincero!”.